O fim de semana passou arrastando. Muita chuva e eu fiquei mais um sábado e um domingo em casa. Mas dessa vez estava pior, difícil de arrumar qualquer coisa pra me distrair. Minha mãe, sempre muito atenta, me alertou sobre minha ansiedade, algo que eu sequer tinha notado estar sentindo até então.
Eu andava de um lado para o outro no quarto, como um leão em uma jaula.
A prova havia ocorrido no sábado e domingo já sairia o gabarito. Mesmo sem o resultado, já dava para se ter uma boa noção de como cada candidato foi.
Eu fiquei em dúvidas se devia ligar ou não para Siqueira ou Soares. Para saber como foram. Pinheiro não fez a prova. Pelo que Elias havia me contado, ele não queria seguir carreira e estava estudando para o vestibular em Enfermagem. E a prova dele seria apenas na outra semana.
No fim, por volta de domingo à tarde, não aguentei e resolvi ligar.
- Alô. Fabio? - mesmo sem o ver, deu pra sentir em sua voz que ele sorria - Não esperava.
- E aí, como foi a prova?
- Fui... Fui muito bem.
Mas havia algo de errado em sua voz naquele momento.
- Deu tudo certo? Ocorreu alguma coisa?
- Não... Eu fico muito feliz. Muito mesmo. Tirei 76 de 80 questões. Mais que o suficiente para passar. Se levar a média de aprovações.
- Então fala isso pra sua voz. Parece que você está em um enterro
Ele riu.
- Não. Só estou ainda... Atordoado... Sei lá. Obrigado por ligar.
- Não tem de que.
Silêncio
Eu não sabia mais o que falar e, pelo que parecia, ele tampouco.
- Acho que vou indo então - completei, meio sem graça - vou almoçar - menti, eu já tinha comido há horas
- ah sim... Sim... Eu vou ficar com a minha mãe agora
- Ah legal... Manda um abraço pra ela.
- Mando sim...
Então desliguei correndo.
Aquilo me aliviou um pouco, mas eu ainda estava querendo que chegasse segunda e eu pudesse ir ao colégio.
Minha ansiedade acabou me fazendo perder o sono. Custei muito a dormir aquela noite e, como resultado, não ouvi o despertador. Minha mãe, já acostumada a eu me levantar sozinho, não me chamou. Só foi dar por falta de mim na hora que eu costumo descer para o café. Então, subiu e se alarmou ao ver que eu ainda dormia. Pior, dormindo mesmo, havia desativado o despertador.
Foi aquela correria, banho, engoli uma fruta e ela me deu carona. Cheguei no colégio por um triz. Tempo apenas de jogar a mala em cima da minha cama e correr pra primeira aula antes de levar uma advertência.
Sentei na hora em que o sinal tocou. Acabou que não vi ninguém antes, como eu queria.
Pedro sentou ao meu lado.
- Dormiu demais hoje? Estava doido pra falar com você.
- Nem fala - ri - perdi o sono. Mas diz aí, como está o Soares?
- É isso que eu queria te contar. - falou baixo e correndo. Dava para ver que ele estava realmente doido pra me contar - Aquilo que você falou pra mim na sexta, acho que você estava certo. Eu o busquei no sábado, após a prova, e fomos para a casa dele. E ele quis saber como foi a semana. Não sei. Parecia até que ele sabia o que eu tinha feito. E obviamente eu contei. Resumi a princípio, mas aí ele ficou perguntando, querendo detalhes. De início, imaginei que ele estivesse ficando irritado, mas não, foi... Caramba. Ele me pegou de um jeito. Esqueceu até que os país dele estavam no andar de baixo. Eu tive de me segurar pra não fazer barulho. E ele fez com tanta força que... Uau...
Ele parou de falar e eu fiquei olhando pra ele com uma expressão que chamou sua atenção.
- O que? - seu rosto se contorceu em dúvida.
- Eu estava perguntando da prova - Expliquei, sorrindo amarelo.
Pedro ficou vermelho na hora.
- Ah... Foi ótima. - e riu.
Eu também.
- Mas que bom que deu certo. Imaginei que ele gostaria - e tentei me fazer de surpreso - Mas e você? O que achou da farra dos calouros.
Mesmo após seu desabafo, Pedro ainda era um garoto tímido e respondeu apenas com um sorrisinho acanhado. Que já era toda a resposta que eu precisava e também que eu tive. Já que o professor chegou e já começou a aula.
No intervalo, procurei o terceiro ano, mas não encontrei. Eles tiveram uma reunião de última hora com a direção e tiraram o intervalo mais tarde. Praguejei, mas a coisa não tinha acabado ali. Pois parecia que o destino estava empenhado a me impedir de falar com Siqueira. No fim da última aula, quando pensei que poderia encontrar com eles, foi a vez do inspetor aparecer na nossa sala, dizendo que teríamos uma tarefa a cumprir naquela tarde. A chuva do fim de semana havia derrubado muitas folhas no pátio e no jardim do colégio e nós, do primeiro ano, iriamos varrer tudo.
Praguejei de novo. Mas não tinha o que fazer. Então almoçamos e fomos
No almoço, também não encontrei Siqueira nem ninguém do terceiro. A reunião tinha desconjuntado todo o horário deles e eles estavam terminando a última aula ainda, que se estendeu.
Realmente, a chuva tinha causado um estrago. Nem parecia que estávamos na primavera, dada a quantidade de folhas espalhadas pelo chão e pelo gramado. Fomos divididos e nos espalhamos em duplas
Eu e Albuquerque ficamos com a área dos fundos, próximo a mata.
Ficamos a maior parte do tempo em silêncio. Eu, pelo menos.
- Capitão? Mendes? Oh diabo, responde. - Albuquerque estava na minha cara, rindo - Caramba, viajou hein.
- Oi? - parecia que eu tinha acabado de despertar - Desculpa. Falava comigo?
- Ou contigo ou com algum amigo imaginário - e riu.
- Desculpe - pedi novamente - O que falava?
- Nada demais. Estava só lembrando da noite dos Cordeiros e dos lobos
- Ah sim... Quando eu salvei seu rabo do Santos? - brinquei.
- Não. Da parte em que saímos do casarão em obras e fomos cercar o veteranos aqui nessa saída. - sorriu - se bem que aquela parte também foi memorável. Foi onde você ganhou seu título de capitão.
- Acho que só você me chama assim ainda - lembrei.
- É mesmo? Acho que não. O pessoal só fica com vergonha de falar isso na sua cara.
- Por quê? - estranhei.
- Vai entender. Acho que por você andar muito com o pessoal do terceiro ano, as vezes os calouros agem com você como se você fosse um deles. O que você fez com o Araújo no alojamento, sexta, por exemplo. Ninguém mais teria coragem. Mas geral foi na onda.
Eu pensei a respeito. Não sabia se eu queria que me vissem assim.
- Mas não se sinta mal por isso - apressou em dizer - Você é um líder querido. - e riu - as pessoas te seguem porque gostam. Não por que tem medo de você mandar pagar algum trote. Eu, por exemplo, tenho você como meu referencial.
- Sério? - fiquei surpreso e ele concordou, embora tenha ficado um pouco encabulado. Acho que ele soltou àquela última sem querer. No impulso
- Sim - falou por fim - você leva muito bem essas paradas todas e... Bem, me ajudou muito a me resolver.
Eu esperei ele continuar.
- Não sei se você se ligou, mas... Assim... Eu sou gay. Digo, antes de entrar aqui
- Não diga? - e disse aquilo de forma exagerada de propósito. Até mão no rosto eu fiz. Ele ficou sem graça na hora e eu caí na gargalhada - Desculpa. Desculpa. Não resisti.
- Mudei de opinião. Você é um desgraçado igual os outros - mas até ele não resistiu e começou a rir.
Tivemos uma verdadeira crise. Albuquerque teve de se abaixar e sentar nos calcanhares, pressionando a barriga de tanto rir.
Aos poucos, fui recobrando a compostura. Meus olhos já lacrimejando, barriga doendo.
- Desculpa. - Pedi novamente. - Continua, por favor. Prometo que não vou mais fazer piada escrota.
Albuquerque me olhou ainda rindo e então prosseguiu.
- Você, apesar de ser um idiota - completou, me olhando com malícia - me ajudou muito.
Albuquerque respirou fundo enquanto começava a pegar as folhas que juntamos e colocar no saco que eu mantinha aberto pra ele.
- Confesso que quando eu entrei aqui, fiquei apavorado. A ideia de um colégio só de garotos onde há toda essa merda de machão e tal, me apavorou. No primeiro trote então, que mandaram a gente ficar pelado... - e riu - ainda bem, na verdade, que eu estava apavorado. Pois só assim pro pau não subir. Se tivesse acontecido, acho que pedia pra sair no dia seguinte de tanta humilhação.
- Imagino - me coloquei mais solicito. Como Siqueira já tinha me alertado anteriormente, nem todos vieram de um lar tão liberal quanto o meu. E questões que pra mim eram triviais, pra outras pessoas podia ser um tabu.
- Sim. Por sorte você chamou praticamente toda a atenção do terceiro ano. Confesso. Te achei muito foda. Encarando eles daquela maneira. E... Bem... Se me permite dizer, você pelado também era uma visão muito interessante.
Albuquerque realmente estava mais confiante, quase não ficou vermelho ao falar aquilo.
- Mas então. Depois daquela noite, fui selecionado pelo Santana como subordinado. Conhece ele?
- Não - admiti - muito mal de nome.
- Não é de se estranhar. Ele é bem reservado. E não gosta muito dessa liberdade sexual que os outros curtem. Ele vivia dizendo que eu tinha sorte de estar com ele. Que se tivesse com outro, como o Santos, por exemplo, ia ser estuprado toda a noite.
- Bem provável - confirmei - Ele é do tipo que não pode ter poder nas mãos, que já abusa.
- Pois é. Mas o chato é que... Ele ia me contando as histórias, ou eu ouvia de outros calouros as coisas que rolavam na surdina aqui e confesso que fiquei me sentindo de fora. Tomando banho com a galera, vendo os majores se exercitando. Tanta oportunidade e eu não conseguia chegar em ninguém. Não leve a mal, mas eu teria gostado se meu superior fosse mais... Abusado. Entende?
Eu ri, mas assenti
- E aí chegou a noite dos cordeiros e dos lobos. Fui cercado pelo Santos e pelo Goulart. Foi... Nem sei dizer... O cara é um animal... Mas eu estava tão na seca que... Até aquilo me pareceu algo prazeroso. Embora hoje, eu não queira mais nem olhar pra ele.
- Compreendo. Desculpa, se fui duro com você no quarto, naquele dia - pedi com sinceridade.
- Aí que está. Não foi. Você estava certo. Eu de fato curti. Digo que hoje não faria, pois já consigo fazer das minhas sem precisar de um troglodita daqueles me obrigar. Mas naquela noite, eu realmente senti muito prazer. Quando você chegou, cara, fiquei humilhado. Pois você me pegou naquela posição horrorosa. Mas ao mesmo tempo me senti bem. Pois me tratou com tanta naturalidade que eu fiquei realmente grato a você.
Estávamos acabando já e eu confesso que me senti muito bem com o que ouvia. Ouvir meus feitos pela sua narrativa me encheu de um orgulho e um sentimento de autossatisfação ímpares.
- E aí você começou a liderar. Virou o jogo, ferrou com os veteranos. Cara, confesso, você ganhou um fã naquela noite.
Eu ri, mas porque estava ficando sem graça e não de desdém.
- Sério. Cara, que noite. Me senti muito bem. Transei como muito tempo não fazia. E você guiando tudo, cheio de moral. Atitude. Realmente queria ser mais como você.
- Cara... Nem sei o que dizer. Obrigado mesmo - estava sem palavras
- Então tu imagina o que foi pra mim, você chegar e admitir abertamente que deu o cu e gostou. - concluiu - isso abriu minha cabeça. Caramba, se um cara como você consegue assumir algo do tipo e aceitar de boa... O que eu estava fazendo afinal? Me escondendo. Num lugar onde praticamente todo mundo transa.
Albuquerque estava literalmente rindo à toa, achando graça dos antigos medos que o atormentavam.
- Fico feliz, amigo. Muito mesmo.
- Sou muito grato a você, Fábio. - falou com sinceridade.
Então eu percebi o que Elias tinha me falado. Era de fato uma profunda admiração o que ele sentia por mim. Algo completamente novo e incomum para um garoto de 16 anos receber.
- Não há de que - e sem saber o que fazer, ergui a mão, como que para apertar.
Albuquerque olhou para ela e fez uma cara engraçada. A pegou, mas ao invés de apertar, me puxou e me abraçou.
- Pode ficar tranquilo, capitão. - ele completou. - Pois eu não estou apaixonado por você. Sei que pensou isso - completou depressa quando eu ia responder - Não leva a mal. Você é um tesão. Mas não é o caso - e riu - E também não quero me apaixonar no momento.
- Está certo. Aproveita.
Quando terminamos de nos abraçar, percebo uma presença ao nosso lado. Ao olhar, vejo Siqueira, braços cruzados, cara de poucos amigos.
- Querem um quarto? - perguntou, cheio de ironia.
Senti Albuquerque diminuir de tamanho quase que instantaneamente. Meu coração deu um solavanco. Acho que nunca o tinha visto com aquela expressão. E fiquei preocupado.
- Albuquerque, vaza que eu quero falar com o Mendes.
Siqueira parecia empenhado em mostrar seu pior lado, sem pudores, de forma ainda mais intensa de quando éramos rivais.
Albuquerque se encolheu e foi se retirando. Na última vez, em meu dormitório, ele já tinha feito algo semelhante e eu fiquei calado. Mas naquela hora não.
- Que palhaçada é essa Siqueira? Sentindo saudades de ser um babaca? E você não vai ser enxotado assim não - adverti Albuquerque
Albuquerque arregalou os olhos e ficou parado. Olhava de mim para Siqueira, parecendo um cão que recebe o comando de sentar e fingir de morto ao mesmo tempo.
- Ah, desculpa então, Mendes - Siqueira veio cheio de ironia - Esqueci que você é capitão agora. Se já não fosse arrogante o bastante. Deixo vocês então. Pensei que quisesse falar comigo depois de tanto tempo, mas beleza...
- Chega - gritei, cortando - Para de fingir que é esse idiota. Eu te conheço. Sei que não é assim. O que houve?
Então respirei fundo e me virei para Albuquerque.
- Albuquerque, por favor, da licença pra gente. Leva só as pás e as vassouras. Deixa que eu levo o saco para a lixeira
Albuquerque se sentiu aliviado, pegou tudo e saiu correndo.
- Se ia despachar ele no fim, fez isso só pra se sentir? - e riu com deboche.
Eu não respondi. Fui andando para dentro da mata.
- Mendes - ele me chamou, mas eu não me dei ao trabalho de lhe dar atenção - Mendes. Está indo aonde? Merda
Ao fim, me seguiu. Quando entramos bem fundo, em uma parte pouco iluminada, me virei pra ele.
- Não quero imaginar que você teve uma recaída. Já me desacostumei ao Siqueira babaca e sinceramente não estou com nenhuma saudade dele - falei bem sério. Acho que minha voz demonstrou até mesmo um pouco de tristeza. Provável, pois no fundo eu estava realmente triste - pode me explicar o que aconteceu?
- Explicar o que? - e olhou para ao chão, visivelmente constrangido. Acho que minha passividade atingiu ele mais forte que minha agressividade de poucos minutos atrás. - Só não vou com a cara dele. Não sou obrigado a gostar de todo mundo.
- Mas não precisa destratar os outros.
- Mendes, olha, desculpa tá. Inferno. Eu só queria falar contigo, te contar como foi minha prova. Um tempão que não nos falamos e você ali perdendo tempo com aquele...
- E o que que tem?
- Nada... Só... Ah... Merda. Ele fica em cima de você de um jeito... Parece que está gamado.
- E qual o problema disso? - minha voz era calma. A medida que ele perdia o tom enérgico, eu também relaxava.
- Nenhum... Só...
E mais uma vez, os genes de minha mãe pareceram se impor sobre mim e as palavras saíram de minha boca antes mesmo que eu pudesse pensar a respeito delas.
- Eu também gosto muito de você - falei de supetão, cortando a frase dele.
Siqueira parou. Imóvel. Ficou me olhando sem saber o que responder. Senti meu rosto queimar.
- Eu... Eu... - Gaguejou - Eu não disse que gosto muito de você - tentou reassumir o controle.
Eu ri.
- Não precisa. Seu ataque de ciúmes falou por você.
Caminhei até e lhe dei um soco de leve no rosto.
- E também estava com saudades de você - completei.
Siqueira ficou imóvel, segurando o fôlego. Então, me abraçou de uma vez, soltando o ar de repente.
Não falamos nada. Pelo menos não enquanto não tivéssemos colocado em ordem o turbilhão de emoções que nos acometia. Era bom sentir seu corpo quente de novo. Achei que Siqueira seria capaz de quebrar meus ossos com aquela força, mas estava tão aconchegante que ignorei o risco.
- Desculpa - falou por fim. - Eu... Não sei o que me deu. Eu só... Fiquei com medo de vocês...
- Transarmos? - arrisquei com deboche, um pouco de vontade de alfinetar ele também - pois nos transamos uma vez.
- Não! - descartou de cara. Como se eu tivesse dito algo absurdo - Não me importo com quem você transa... eu só não queria que...
Paramos de nós abraçar e eu o olhei. Seu lábio tremia. Nunca o vi tão vulnerável na vida. Tão frágil. Nem na noite em que o subjuguei com minhas palmadas em sua cama.
Percebi que aquilo, para ele, era ainda mais difícil que pra mim. Então o aliviei e falei por nós.
- Você tem algo meu Gabriel, que ninguém mais têm - falei passando a mão em seu peito - Não sei exatamente o que é. É a primeira vez que me sinto assim. Não sei sequer quando foi que te dei para ser sincero, mas é seu. Essa semana me fez ver isso. Senti muito sua falta, Major.
Seus olhos se encheram de água e ele, como mecanismo de defesa, tentou rir, desviando o olhar
- Isso tá ficando piegas, Fábio. - me repreendeu
Então me olhou de novo, pegou meu rosto e me beijou.
Foi intenso. Em questão de instantes o fogo inicial se alastrou e nos varreu. Nos agarramos de forma meio desesperada, tateando e apertando como que para comprovar para nós mesmos que aquele momento era real. Nossos lábios se beijavam, chupavam, mordiam. Numa brutalidade que só a testosterona elevada as alturas era capaz de produzir.
Esquecíamos de respirar a todo instante e tínhamos que parar, só tempo o bastante de recuperar o fôlego e continuar.
Nos abraçávamos tão forte que parecia que queríamos absorver um ao outro. Nos fundir.
Então paramos, testa colada uma na outra.
Respiramos direito, sentindo o alívio em nossos pulmões.
- Você promete... Que... Isso é só meu.
Eu sorri. Ri um pouco. Mesmo naquela situação, ele não era capaz de ser direto quando o assunto eram seus sentimentos.
- Prometo.
E me beijou de novo. Mais calmo, mais carinhoso.
- Você voltou - fiquei feliz e constatar. O Siqueira que eu aprendi a gostar, tinha voltado.
- Desculpa. Desculpa mesmo. - pediu
- Você deve desculpas ao Albuquerque - lembrei, achando graça.
- Ah não - começou a protestar, mas antes que ele pudesse continuar a lamuria, eu o peguei pelos punhos, os ergui e o pus de encontro com as costas na árvore. Siqueira tomou um susto, mas logo um sorriso brotou de eu rosto
O beijei de novo, dessa vez com menos paixão e um pouco mais de luxúria.
- Não estou pedindo. - sibilei - Você fez merda e vai pedir desculpas
- Por quê? Vai me bater, Mendes? Por eu ser um mal menino? - atiçou.
- Se eu te bater toda a vez que fizer merda, minhas palmadas já não terão mais nada de especial - rebati
Ele riu. Fez menção de me abraçar, mas eu prendi seus punhos e forcei novamente.
- Mas vou te colocar em seu lugar - concluí.
Senti seu pau endurecer, contraindo minha pélvis.
Beijei de novo, mantendo suas mãos ao alto.
Mordi seu lábio, o chupei.
Entrelaçamos nossos dedos e eu pressionei todo meu corpo contra o dele. Esfregamos nossos rostos um no outro, nossos peitos, nossas cinturas.
- Fica com as mãos para o alto - mandei e as soltei.
Beijei Siqueira novamente, mas dessa vez introduzindo minhas mãos por dentro de sua camisa, acariciando suavemente sua pele com a ponta dos dedos e das unhas.
Ele arrepiou, gemendo. Levantei sua blusa e fui descendo. Lambendo seu peito, sua barriga. Cheguei apressadamente em sua cintura, desamarrando o cordão de sua calça de moletom.
O peguei pela cintura e o fiz se virar. Siqueira abraçou a árvore. Eu desci sua calça devagar, desnudando aquela bunda gostosa e carnuda. A admirei um tempo, então, com calma comecei a matar a saudade dela.
Primeiros, passei meu nariz, sentindo seu cheiro. Então, alisei com as palmas das mãos, arrepiando com o toque. Lambi a pele, apreciando seu sabor. Dei uma mordidinha na carne. Só então abri suas nádegas e introduzi meu rosto entre elas.
Siqueira se empinou para receber minha língua. Introduzi no orifício, arrancando seus gemidos grossos. Após me saciar, levantei novamente, arriei minha calça e enfiei sem aviso. Siqueira deu um pulo, mais de susto com a brutalidade do que incômodo. O abracei por trás, mordiscando sua nuca.
Siqueira ria, pois meus dentes lhe causavam cócegas. Entre risos, um gemido mais forte, quando meu pau encravava fundo em seu corpo.
- Fábio. - ele passou a mão para trás e agarrou minha cabeça. - Mete. Por favor.
- Vejo que está mais dócil - falei ao seu ouvido. - Sabe que fez merda e agora está manso, major?
E meti mais forte
- Ah... Isso - ele se envergava todo. Empinando bem a bunda.
Meti bastante, com força, com fúria. Estava com saudades daquele corpo, daquela bunda.
Siqueira abria as pernas, como que tentando permitir que eu entrasse cada vez mais fundo. Passei a mão pelo seu corpo e fui descendo até agarrar seu pau. Ele quase gritou.
- Ah. - soltou o ar, enquanto seu pau babava.
- Goza, Gabriel. Pode gozar, meu garoto.
O pau dele despejava liquido, sujando toda a minha mão. As gotas grossas caiam no chão, irrigando o solo. Siqueira tremia, pernas bambeando. Gemendo alto, livre.
O abracei e cravei mais, sentindo que eu também ia ejacular. Ele perdeu um pouco o equilíbrio, caindo pra frente e se apoiando na árvore. Eu o segui, agarrado a suas costas, enquanto meu leite era despejado em seu interior.
Ficamos em silêncio, respirando e nos recompondo. Siqueira apoiava as mãos na árvore, para se equilibrar.
Então, se virou, apoiou as costas e me beijou de novo. E ficamos assim, carinhosos. Sentindo o tempo passar e não nos importando com isso. Só então, no avançar da hora, ele lembra
- Quer ajuda para levar o saco?
Eu aceitei. Era pesado e eu havia dispensado Albuquerque. Juntos, despejamos as folhas reunidas no lixo e nos dirigimos aos nossos dormitórios. Antes de nos despedirmos, ele me olha
- Queria pedir para você dormir comigo. Mas não seria bom você levar outra advertência.
- Verdade - me lembrei - Mas eu ia gostar.
- E se... - e sorriu sem jeito - E se esse fim de semana você passasse comigo? Na minha casa? Longe desse colégio.
- E seu pai? - Questionei
- Ele vai trabalhar ao sábado a manhã toda e de noite vai viajar com minha mãe. Nem vai em casa. Vai buscar ela direto na casa de minha tia. Só terei de levar ela lá no fim da tarde. Podemos passar a amanhã com ela. Você a conheceria. - Siqueira falava rápido, nervoso e animado - Vamos ter a casa só para nós depois. E...
- Eu acho uma excelente ideia - falei, podendo enfim relaxar
Sorrimos um para o outro e nos despedimos. E fui para meu dormitório me sentindo sem peso.