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Homossexual

  • 728571 passos

    Bom, conheci um garoto, o nome dele é Leandro, como ele é? ele tem um cabelo cacheado, em formas de caracol, deve ser tão cheiroso e macio, fico imaginando o cheiro todos os dias, acho que ele brigaria muito comigo, pois eu iria mexer e cheirar toda hora, aqueles olhos dele de "demônio" com os cílios enormes, aquele olhar que enxerga as profundezas que te deixa todo desconcertado, nem pode se esquecer daquela boca(deve ser tão macia e gostosa), com um sorriso que me encanta, amo os vídeos/fotos dele sorrindo, são os melhores, fico extremamente boiola, aquela altura de 1,80 , fico imaginando eu andando abraçado ou de mãos dadas ao lado dele com meus 1,65 todo baixinho, olhando para o rostinho dele ficando boiola e dando aquele sorriso bobo. Como nos conhecemos? bom comecei a seguir ele no instagram, ate que um dia ele postou um stories, que se tratava que ele usava a figurinha da xicara triste, e eu super me identifiquei e comentei, disso eu super gostei da vibe dele e começamos a conversar mais e mais, percebi que ele era um garoto diferentes dos demais pelo jeito que ele se  conversa, preocupa e se importa comigo, quando percebi virou uma rotina(Melhor rotina da minha vida) e quando não nos falamos eu fico péssimo, sempre que estamos conversando eu sempre fico dando sorriso com as bochechas vermelha, parecendo um tomate SAKFNSAFDSAKFNSA . e quando espero ele me responder, qual quer notificação que chega no celular, eu vou doido correndo atrás do meu celular( e quando é eu infarto),amo demais a nossas playlist/filme no rave, eu fico extremamente muito ansioso para que chegue a noite para a gente fazer a playlist, inclusive estou escrevendo escutando "Goodnight n go", nossa musica. fico o dia todo pensando nele, literalmente 24 horas, acordo pensando nele( me perguntando se ele esta bem ou dormiu bem), tomo café pensando nele( fanfico eu na cozinha fazendo o café de cuequinha e ele me abraçando pelas costa e me dando um beijo no pescoço e me dando bom dia, saudade de quando eu estava aprendendo a fazer café, e ele perguntava se eu tinha feito muito doce ou sem açúcar), almoço pensando nele( fico imaginando ele me ensinando a cozinhar, pois eu não sou muito bom não kfsanfksabnfsan), tomo banho pensando nele( imagino a gente tomando banho juntos, um lavando o cabelo do outro, a agua caindo sobre nossos corpos e a gente se beijando lentamente), janto pensando nele( imagino a gente jantando e conversando/dando risada de como foi o nosso dia), vou para escola e fico pensando nele( as vezes eu estou fazendo algo, eu paro e fico olhando para o nada, e começo a pensar nele, imaginando oque iriamos fazer se estudássemos juntos, durmo e sonho pensando nele( essa e a melhor parte, aonde eu mais fanfico, fico pensando e imaginando a gente dormindo, eu abraçando ele, uma mão debaixo da cabeça dele e a outro na cintura, com a cabeça no peito dele, minha perna entre as pernas dele), mas sempre tem um porem..., só de imaginar que estamos aproximadamente 728571 passos um do outro me deixa tão triste, meu maior desejo e encontrar ele, tocar ele, sentir o cheirinho dele, dar um abraço tão forte e não desgrudar, encher ele de beijinhos, ir no cinemas assistir filmes de terror, eu levando susto e te abraçando, fazer a noite do pastel, fazer skincare juntos, ir passear e fazer um piquenique no igapó, ir na  ponte de guarda chuvas, aonde ele disse que seria nosso primeiro beijo, escutar e dançar(a dança de centavos kassgdsgakfnsakfnsakn) álbuns da Lana Del Rey e ariana juntos, fazer aquele jantar surpresa para ele com a comida que ele mais ama(macarrão ao molho branco), só queria ter você por perto...
  • A perseguição fundamentalista aos homossexuais.

       A perseguição efetuada por cristãos ortodoxos aos HOMOSSEXUAIS tem uma razão, dentre várias, bem definida: uma leitura equivocada da Bíblia. Esta é uma obra escrita por diversos autores, sob várias perspectivas e em diferentes épocas. Sendo assim, é necessário analisá-la como um produto de determinadas práticas sociais, localizadas no tempo e no espaço.Ou seja, trata-se de um artefato cultural que traz consigo as qualidades e as limitações históricas dos grupos que a produziram.
      Para muitos povos antigos, dentre os quais os hebreus, a proibição à prática homossexual talvez fizesse algum sentido. Hoje, no entanto, com todas os avanços sociais conquistados, ainda considerar a HOMOSSEXUALIDADE um ato pecaminoso  é um erro, um pecado e um crime.
  • A Ponte Sobre o Rio

    Antonio estava de pé no parapeito da longa ponte estaiada. Os pés descalços tocavam no concreto frio, vacilando entre uma rajada de vento e outra. Não tenho nada a perder, ele sussurrou. Tinha sim, muito a perder, uma força interna lhe dizia.
    Puxou o capuz para baixo, estava frio. Seu rosto era triste. Muito abaixo de si, centenas de metros abaixo, corria um rio negro e gelado, águas traiçoeiras que seriam capazes de levar toda a cidade em seu curso. Ah, a cidade, pensou melancólico. E se nunca mais visse sua família, seus amigos, ele...? Ele, o homem que eu amo, o homem que disse que...
    -Eles não precisam de mim. - Parecia mais real quando dizia aquilo em voz alta. Ouvir a própria voz era estranho agora. Parecia que não a ouvia há tantos anos... Sabia que seria um estorvo a menos na vida dos seus pais, mas seu irmão e o seu amor... Não há amor nenhum. Não existe mais amor.
    Olhou pro alto, além dos cabos de sustentação que seguravam a longa Ponte Topázio, para o céu da madrugada. Não havia estrelas ou lua. Era apenas um vazio frio e silencioso, e de alguma forma parecia que o seu vazio era ainda maior.
    O que sentia dentro de si era uma monstruosidade negra e maligna sempre lhe dizendo o quão era burro, fraco e covarde, infectando seus pensamentos, seus sonhos, oh Thomas, você vai chorar por mim? Você vai lamentar quando olhar pro meu nome numa lápide? Eu sequer terei uma lápide?
    O estômago embrulhou quando voltou a olhar pra baixo e o mundo girou a sua volta. Olhar para cima lhe desequilibrou por dois segundos e seria o suficiente para lhe ceifar a vida. Mas não foi isso que vim fazer aqui? Pra que iria querer essa vida afinal? Já estou vivo por tanto tempo, e de que me serviu até hoje?
    Não sabia mais. Olhou para a sua esquerda, para as margens da cidade adormecida. Eram luzes distantes agora. Tinha saído de casa no meio da noite, lembrava bem... Ou não... Ainda estaria em casa naquele momento? Onde realmente estava agora? Na cela de um manicômio qualquer? Esforçar a memória fazia sua cabeça latejar e a dor também quase o derrubou. Estava tão silencioso. O tempo andava lhe fazendo truques na cabeça. Ou seria todo o uísque, ou os comprimidos, ou...
    Não havia tráfego na ponte há dois dias... Como saberia daquilo? Era impossível saber, seu pai passou pela ponte horas antes, como não haveria tráfego? Desceu do parapeito para averiguar e realmente havia lá, onde a cidade começava, abaixo da placa de boas-vindas, grandes barricadas de contenção. Há quanto tempo seu pai tinha saído para aquela viagem? Houve um tremor, a ponte não era forte o bastante, lembrava das notícias, precisava se esforçar mais. A cabeça parecia que ia explodir. Mais, mais.
    A lembrança veio, um pequeno lapso de luz numa treva sem fim. Uma luz bastava para iluminar seus motivos. ‘’Você precisa de conserto! Nunca vai dar certo desse jeito Toni!’’, recordou. Era a voz do seu amor que falava, mas também a da sua mãe, dos seus colegas. A cidade inteira parecia gritar que ele não estava bem, que ele não era... Suficiente. Eu não tenho que agradar a ninguém. Mas se pelo menos eu me agradasse, já seria o bastante. Já seria o suficiente pra eu viver feliz.
    Por que as coisas precisavam ser assim? Tudo poderia ter sido perfeito em sua vida, mas as vozes nunca o deixariam ter uma refeição se quer em paz, sempre jogando coisas em seu ouvido, em sua cabeça. Você é ridículo Antonio, vê? Olhe como eles te olham, ouça seus pensamentos. Você é lixo, você é merda e ainda é mais inútil que lixo e merda juntos.
    Afastou as vozes esmurrando o pequeno muro de concreto que separava a via do abismo logo abaixo. Só precisaria de um passo, de um salto. De um único segundo de coragem. Era o que necessitava. Socou o concreto como se visse nele a face de Jorge, de Miguel, de Vinicius, todos eles ali, caçoando dele... Viu também Benjamim, seu falecido padrinho... É o nosso segredo, ninguém vai saber, a voz era seca e maliciosa e as mãos eram puro osso, mas vieram em sua direção. Antonio gritou.
    As mãos latejavam de dor quando parou subitamente de gritar. Não percebeu quando parou de golpear o muro. Estava ofegante e havia sangue. Também havia lágrimas, sentia-as escorrendo pelo seu rosto ridículo, transbordando dos seus olhos ridículos. Tirou os óculos e jogou no chão. Deu um soco no próprio rosto, infelizmente não tão forte quanto gostaria.
    Ele diz que eu sou lindo, a voz amigável recordou dentro de si. Ele também era lindo, Toni pensou. O amava muito, e era amado de volta, sabia. Mas sabia também que a voz da razão tinha muito mais a dizer. Sim, diz que você é lindo. E também que você é louco, que deveria ser internado, que não passa de um doente, paranoico e que nunca dará certo com ele. As palavras afogavam em lama todo o sentimento bom que estava lá há tão poucos momentos.
    Naquela hora já teriam percebido que ele não estaria na cama? Não, claro. Era madrugada e mesmo que alguém acordasse, quem sequer iria se importar de checar se estaria bem? Era muito mais provável que seus próprios pais o empurrassem daquela ponte. Não, eles te amam e querem sempre o seu bem, NÃO! Eles não te amam, não vê como eles debocham? Não ouve o que eles dizem quando acham que está dormindo? Eles sabem que você vai morrer. Eles querem que aconteça.
    Antonio se divertiu por um momento imaginando qual a reação quando, pela manhã, encontrassem a cama vazia e um bilhete de despedida sobre o travesseiro. Logo o sorriso desapareceu do seu rosto quando percebeu o que fizera. Me tomarão como um covarde, como um bobo e idiota! As lágrimas já tinham partido, mas as sentiu voltar. Já tinha ido tão longe agora...
    Poderia voltar a andar para casa, esconderia as mãos feridas nos bolsos pela manhã ou inventaria alguma mentira convincente. Rasgaria o bilhete em mil pedaços e ninguém jamais saberia até onde ousou tentar.
    Mas e aí? Sentaria na mesa com as pessoas que o repudiavam, iria para o trabalho onde todos o achavam um incompetente... Trabalho... Que trabalho? Uma outra voz sussurrou. Estaria ficando louco? Estaria finalmente inventando coisas como todos falavam que fazia?
    Não, não estava louco. Faria todos se arrependerem. Naquela manhã, quando encontrassem seu corpo na margem do rio, todos finalmente sentiriam algum remorso... Mas que corpo?
    O rio era rápido e violento, se chegassem a encontrar algum corpo levaria dias e ele estaria irreconhecível, e ainda que encontrassem seu corpo... Todos me chamariam de coitado por dois minutos e seguiriam suas vidas miseráveis.
    Mas sua vida também era miserável, sua família o odiava, não tinha amigos e seu namorado... Não há nenhum namorado, pensou, e por um breve instante sentiu-se... Destruído. Não tinha mais ninguém. Qual era o propósito de se viver assim? Nunca teria filhos, por que diabos tinha de ter nascido daquela forma? Quebrado, defeituoso, estúpido... Que tragédia era a sua vida afinal?
    A única cura para a vida é a morte, a voz lhe disse.
    Calçou os sapatos e subiu novamente no parapeito. Não deixaria seus sapatos para trás, não deixaria nada. Só uma vida inteira, sonhos, planos... Que planos? Ser um incomodo até finalmente morrer de velhice? Estava frio, escuro, e sua mente parecia um nós de gritos, choros e sussurros. As vozes tinham intensificado ultimamente, e nada mais era capaz de silencia-las.
    Tinha de ser agora. Em pouco tempo o sol retornaria, e com ele toda a sua desgraçada rotina. Sabia que enfrentaria todos novamente e sabia que seria derrotado como era todos os dias, como sempre foi. Estranho! Incompetente! Inútil! Não vê mulher? Ele tem um rosto triste. Ele é um adulto e vive chorando pelos cantos, ele vai acabar cortando os pulsos uma tarde dessas. Era agora. Sentia muito decepcionar seu pai, mas não era muito um fã de lâminas. Nem de pontes.
    Respirou fundo. Era capaz de ouvir o próprio coração agora. Tentou mais uma vez imaginar um futuro em que viveria e seria feliz. Teria uma casa em outra cidade. Talvez até outro estado. Uma grande casa, na beira do mar. Ou um apartamento, bem alto, bem longe de tudo.
    Viveria com ele, com o amor da sua vida. Teria filhos, cachorros, antidepressivos no armário e facas guardadas a sete chaves... O que? Não há felicidade para você seu idiota! Sua própria voz suplicava num apelo justo. Não entende? Nunca vai ter felicidade pra você. Faz um favor pra você. Pra ele. MORRE!
    O parapeito parecia querer expulsar seus pés. Ou suas pernas é que tremiam, não sabia dizer agora. Mordeu o lábio inferior até sentir o gosto de sangue. A dor física afastava a psicológica por alguns momentos. Seria o bastante. Thomas ainda me quer, eu sei disso. Ele me ama... Mas não amava. Não depois de tudo, não depois de tanto. Ele nunca terminaria, mas por pena de mim, o Toni maluco, e por medo que eu morra. Eu tenho que me deixar ir. Por ele, por todo mundo. Que falta eu farei no mundo?
    Haveria o outro lado? Encontraria todos os que já se foram com um olhar julgador lhe esperando? Eles não têm direito de me julgar. Eu sei o que eu passei. Eu senti o inferno da vida. Eu nasci no inferno da vida. Mas isso nunca impediu ninguém de lhe julgar. Não deixaria o receio lhe impedir agora. Essa era a mudança que precisava fazer. Era o rumo que precisava tomar.
    Na última decisão da sua vida, Antonio Prata deu um passo a frente. A ponte subiu atrás de si, indo encontrar o céu, enquanto seu corpo ia na direção contrária. Teria sido seis segundos ou seis séculos?
    O coração saltou em urgência. Sentiu em uma fração de segundo todos os beijos de seu amado, os sorrisos de seus colegas, e os ‘’bom dia’’ que recebia todas as manhãs, tão confortantes quanto um abraço... Ouviu suas brigas, suas brigas, SUAS! Era ele o tempo todo, era eu o causador... Discussões vindas do nada e por nada!
    Lembrou de como todos o olharam quando jogou aquela cadeira pela janela do escritório bem na frente do seu chefe... Eles estavam rindo de mim, estavam zombando, NÃO, NÃO ESTAVAM! E tantas discussões, e tantas lágrimas e tanta paranoia...
    Todos estavam contra mim, imaginou, não, não estavam. Todos queriam ajudar. Nem recordava o motivo pelo qual estava ali, naquela ponte fria, sobre aquele rio frio. Seria possível que fosse mesmo um quebrado? Estaria bem mais quebrado em breve, quando sua eterna queda chegasse ao fim.
    Viu sua mãe chorar sobre o seu caixão e se perguntar o que havia feito de errado... Por que mesmo na morte precisava estragar tudo? Quis voltar quando sentiu em si a dor da mulher que há vinte anos tinha lhe dado à luz. Mas não havia volta. Nem mesmo mandou uma mensagem a seu namorado... Eu te amo Thomas, as lágrimas nem teriam tempo de sair desta vez.
    As águas negras subiram tão depressa... E o engoliu de uma única vez quando as sentiu envolver a pele, tão geladas... Tentou gritar, mas o ar escapou todo de uma vez e se debateu, chutando, esperneando, esmurrando... em vão.
    Não enxergava nem ouvia nada. Jamais receberia ajuda agora. Foi arrastado rio abaixo, tentando se agarrar em qualquer coisa, mas as mãos só encontravam água. Por um instante conseguiu ver o que pareciam ser as luzes da cidade, algo turvo a distância. Os malditos óculos, deixei na maldita ponte. O alívio nem teve tempo de surgir em si, pois logo depois tornou a submergir.
    Não queria morrer, só queria ajuda, só queria... conserto, a voz completou, tarde demais. Pensou na casa e nos filhotes que nunca teria, nos beijos do seu homem que agora seriam de outro. Meu Thom, meu amor, te amo, te amo, vamos casar e adotar filhos e... E eles irão visitar meu túmulo um dia, ao lado do novo pai? Vai contar a eles que eu pulei da ponte Thomas? Os filhos que deveriam ter sido meus! E os beijos, e a casa, e o futuro! O meu futuro!
    Seria assim que partiria, desesperado, lutando pela vida? Será que saberiam o quão assustado ele estava? Achariam que ele esteve determinado e corajoso até o fim? Isso não é nenhuma coragem, eu deveria... Deveria... Viver.
    Viver. A palavra ecoou dentro e fora do seu corpo. O próprio rio a gritava, viver! Viver! Eu quero viver!
    Os pensamentos se tornaram borrões e os borrões viraram nada, quando a vida lhe deixou o corpo. Um pescador lhe encontrou pálido e inchado três dias depois, a quinze quilômetros da cidade, na margem do Rio Topázio.
    Os olhos ainda estavam abertos, olhando para o nada, e parte dos lábios e uma orelha haviam sido devorados por algum bicho, mas o rosto ainda era... triste.
  • A Torre e os Enamorados

     
    a torre e os enamorados

     Não me recordo exatamente do meu início... Consigo apenas lembrar de quando já me considerava ser algo. Comecei como um aglomerado de rochas incandescente, sendo forjado pelo fogo que transmuta. Em um estado bruto, rústico e primitivo, ainda encontrava-me em minha nebulosa familiar, meu ponto de origem, e com os adventos das radiações cósmicas, dos ventos solares entre outras intervenções naturais, fui me formando.

        Possuo anéis de alegria ao meu redor, eles deslumbram e me protegem de turistas inoportunos, detesto turistas - até porque não sou a Disney. Tenho oceanos de sentimentos, com zonas abissais tão profundas e indesbraváveis quanto a subjetividade de um ser, rios de vivências que marcam minha derme - com leitos vívidos -, em que na queda de cada um há a força de minhas cachoeiras, onde abriga o início e o fim dos novos ciclos.

        Um dia - por loucura - acabei indo orbitar um corpo celeste desprovido de luz. Por consequência, toda vida que havia em mim foi se esvaindo... Foi uma fase de infortúnios e solidão, nunca imaginei que aprenderia a ser só, mesmo estando acompanhado. Minhas atmosferas já não davam conta de me manter habitável, meus vales foram ficando secos, todo o sentimento que fluía estava se perdendo no espaço, já não via mais promessa de continuidade, pois não podia se quer achar um arco-íris em qualquer canto, independente do quanto procurasse. Com tudo isso fui aumentando a minha órbita, desvencilhando-me naturalmente, para não me destruir. Meus anéis já não tinham brilho, eu não me via, mas sabia que não estava bem. 

        Coabitando a mesma localização e girando a uma distância de dias luz, segui, segui sem a esperança de mudança, em um estilo bem Clariciano. 

        Passei algumas poucas vezes por um certo corpo celeste, até que resolvi ir conhecê-lo. Ele era lindo... Uma estrela diferente de todas as outras que habitam o céu, seus raios era suaves e intensos, suas tempestades eram de doçura e atenção, a radiação transmitia reciprocidade, composto de carinho, que queimava paixão.

        Extasiado por seu encanto, mesmo distante, comecei a orbita-lo. Adentrando uma rota sem volta, lancei-me nessa empreitada. Pedi o respaldo de minhas luas, que não foram muito claras, mas explicitaram que ali era o meu lugar.

        Em uma térmica ascendente, fui mais rápido que um cometa, até que fiquei próximo a ele, parei a minha atenção, não queria perder um só segundo da volúpia de estar na sua companhia. Entre olhos fitados, havia apenas o silencio da imensidão, para que nada interrompesse a linguagem incompreensível a mente que o sentimento do olhar tem. Senti todo o calor do seu afeto, suas palavras fizeram ressurgir a vida em mim, meus campos floriram, meus bosques reavivaram-se, as borboletas voltaram a pairar com os beija-flores e as cachoeiras recuperaram sua força. 

        Ele era uma estrela solitária, ao meu ver, disse-me que eu era a "Lux da sua vida". De início eu ri, pois ele tinha um jeito bobo de falar, mas, mal ele sabia que a luz que ele via em mim era reflexo dele mesmo. Foi um magnetismo inesperado, senti que pertencia a ele e ele a mim, como se meu espaço já estivesse ali, esperando-me. A consumação de todos meus anseio, de meus desejos e aflições. 

        Por mais que eu queira estar sempre próximo dele, a vida ainda não permitiu, minha rota elíptica é ovalada, onde só tenho um contato próximo de tempos em tempos, mas, o encanto é que não perdemos nossa ligação, pois independente da distancia posso sentir o calor do seu afeto. 

        Por ser composto de carinho, em seu núcleo há algumas instabilidades, o que faz com que ele transpareça medo em sua coroa, mas nada que não seja recondicionado e estabilizado com reflexos visíveis de amor.

         Viciado em estar em rotação plena e inebriado por tudo isso, fui convidado a dançar. Ele me escolheu para ser seu par e nos concedemos o direito dessa dança cósmica que haverá de durar até o final da eternidade desse amor.

     

  • Apenas você

    Todos os ventos me trazem um único cheiro.
    O seu.
    Todos os olhares que cruzam o meu caminho.
    São os seus que vejo.
    Cada corpo que ponho os olhos.
    É apenas as suas curvas que vejo.
    Todos os lábios que sorriem para mim.
    É apenas os seus que desejo.
    Tudo em mim parece querer só você.
    Às vezes tento te afastar.
    Mas algo sempre surge me fazendo lembrar.
    Como se dissesse.
    “É ela quem você deseja”.
    “Ela foi feita para você”.
    Tenho que concordar.
    É impossível negar.
    Longe de ti pareço apagada.
    Ao seu lado tudo se renova.
    Você me faz perder os sentidos.
    Me teletransporta para um mundo onde só existe eu e você.
    Um mundo que jamais quero esquecer.
  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 26 – PINGOS NOS “IS”

    O fim de semana passou arrastando. Muita chuva e eu fiquei mais um sábado e um domingo em casa. Mas dessa vez estava pior, difícil de arrumar qualquer coisa pra me distrair. Minha mãe, sempre muito atenta, me alertou sobre minha ansiedade, algo que eu sequer tinha notado estar sentindo até então.
    Eu andava de um lado para o outro no quarto, como um leão em uma jaula.
    A prova havia ocorrido no sábado e domingo já sairia o gabarito. Mesmo sem o resultado, já dava para se ter uma boa noção de como cada candidato foi.
    Eu fiquei em dúvidas se devia ligar ou não para Siqueira ou Soares. Para saber como foram. Pinheiro não fez a prova. Pelo que Elias havia me contado, ele não queria seguir carreira e estava estudando para o vestibular em Enfermagem. E a prova dele seria apenas na outra semana.
    No fim, por volta de domingo à tarde, não aguentei e resolvi ligar.
    - Alô. Fabio? - mesmo sem o ver, deu pra sentir em sua voz que ele sorria - Não esperava.
    - E aí, como foi a prova?
    - Fui... Fui muito bem.
    Mas havia algo de errado em sua voz naquele momento.
    - Deu tudo certo? Ocorreu alguma coisa?
    - Não... Eu fico muito feliz. Muito mesmo. Tirei 76 de 80 questões. Mais que o suficiente para passar. Se levar a média de aprovações.
    - Então fala isso pra sua voz. Parece que você está em um enterro
    Ele riu.
    - Não. Só estou ainda... Atordoado... Sei lá. Obrigado por ligar.
    - Não tem de que.
    Silêncio
    Eu não sabia mais o que falar e, pelo que parecia, ele tampouco.
    - Acho que vou indo então - completei, meio sem graça - vou almoçar - menti, eu já tinha comido há horas
    - ah sim... Sim... Eu vou ficar com a minha mãe agora
    - Ah legal... Manda um abraço pra ela.
    - Mando sim...
    Então desliguei correndo.
    Aquilo me aliviou um pouco, mas eu ainda estava querendo que chegasse segunda e eu pudesse ir ao colégio.
    Minha ansiedade acabou me fazendo perder o sono. Custei muito a dormir aquela noite e, como resultado, não ouvi o despertador. Minha mãe, já acostumada a eu me levantar sozinho, não me chamou. Só foi dar por falta de mim na hora que eu costumo descer para o café. Então, subiu e se alarmou ao ver que eu ainda dormia. Pior, dormindo mesmo, havia desativado o despertador.
    Foi aquela correria, banho, engoli uma fruta e ela me deu carona. Cheguei no colégio por um triz. Tempo apenas de jogar a mala em cima da minha cama e correr pra primeira aula antes de levar uma advertência.
    Sentei na hora em que o sinal tocou. Acabou que não vi ninguém antes, como eu queria.
    Pedro sentou ao meu lado.
    - Dormiu demais hoje? Estava doido pra falar com você.
    - Nem fala - ri - perdi o sono. Mas diz aí, como está o Soares?
    - É isso que eu queria te contar. - falou baixo e correndo. Dava para ver que ele estava realmente doido pra me contar - Aquilo que você falou pra mim na sexta, acho que você estava certo. Eu o busquei no sábado, após a prova, e fomos para a casa dele. E ele quis saber como foi a semana. Não sei. Parecia até que ele sabia o que eu tinha feito. E obviamente eu contei. Resumi a princípio, mas aí ele ficou perguntando, querendo detalhes. De início, imaginei que ele estivesse ficando irritado, mas não, foi... Caramba. Ele me pegou de um jeito. Esqueceu até que os país dele estavam no andar de baixo. Eu tive de me segurar pra não fazer barulho. E ele fez com tanta força que... Uau...
    Ele parou de falar e eu fiquei olhando pra ele com uma expressão que chamou sua atenção.
    - O que? - seu rosto se contorceu em dúvida.
    - Eu estava perguntando da prova - Expliquei, sorrindo amarelo.
    Pedro ficou vermelho na hora.
    - Ah... Foi ótima. - e riu.
    Eu também.
    - Mas que bom que deu certo. Imaginei que ele gostaria - e tentei me fazer de surpreso - Mas e você? O que achou da farra dos calouros.
    Mesmo após seu desabafo, Pedro ainda era um garoto tímido e respondeu apenas com um sorrisinho acanhado. Que já era toda a resposta que eu precisava e também que eu tive. Já que o professor chegou e já começou a aula.
    No intervalo, procurei o terceiro ano, mas não encontrei. Eles tiveram uma reunião de última hora com a direção e tiraram o intervalo mais tarde. Praguejei, mas a coisa não tinha acabado ali. Pois parecia que o destino estava empenhado a me impedir de falar com Siqueira. No fim da última aula, quando pensei que poderia encontrar com eles, foi a vez do inspetor aparecer na nossa sala, dizendo que teríamos uma tarefa a cumprir naquela tarde. A chuva do fim de semana havia derrubado muitas folhas no pátio e no jardim do colégio e nós, do primeiro ano, iriamos varrer tudo.
    Praguejei de novo. Mas não tinha o que fazer. Então almoçamos e fomos
    No almoço, também não encontrei Siqueira nem ninguém do terceiro. A reunião tinha desconjuntado todo o horário deles e eles estavam terminando a última aula ainda, que se estendeu.
    Realmente, a chuva tinha causado um estrago. Nem parecia que estávamos na primavera, dada a quantidade de folhas espalhadas pelo chão e pelo gramado. Fomos divididos e nos espalhamos em duplas
    Eu e Albuquerque ficamos com a área dos fundos, próximo a mata.
    Ficamos a maior parte do tempo em silêncio. Eu, pelo menos.
    - Capitão? Mendes? Oh diabo, responde. - Albuquerque estava na minha cara, rindo - Caramba, viajou hein.
    - Oi? - parecia que eu tinha acabado de despertar - Desculpa. Falava comigo?
    - Ou contigo ou com algum amigo imaginário - e riu.
    - Desculpe - pedi novamente - O que falava?
    - Nada demais. Estava só lembrando da noite dos Cordeiros e dos lobos
    - Ah sim... Quando eu salvei seu rabo do Santos? - brinquei.
    - Não. Da parte em que saímos do casarão em obras e fomos cercar o veteranos aqui nessa saída. - sorriu - se bem que aquela parte também foi memorável. Foi onde você ganhou seu título de capitão.
    - Acho que só você me chama assim ainda - lembrei.
    - É mesmo? Acho que não. O pessoal só fica com vergonha de falar isso na sua cara.
    - Por quê? - estranhei.
    - Vai entender. Acho que por você andar muito com o pessoal do terceiro ano, as vezes os calouros agem com você como se você fosse um deles. O que você fez com o Araújo no alojamento, sexta, por exemplo. Ninguém mais teria coragem. Mas geral foi na onda.
    Eu pensei a respeito. Não sabia se eu queria que me vissem assim.
    - Mas não se sinta mal por isso - apressou em dizer - Você é um líder querido. - e riu - as pessoas te seguem porque gostam. Não por que tem medo de você mandar pagar algum trote. Eu, por exemplo, tenho você como meu referencial.
    - Sério? - fiquei surpreso e ele concordou, embora tenha ficado um pouco encabulado. Acho que ele soltou àquela última sem querer. No impulso
    - Sim - falou por fim - você leva muito bem essas paradas todas e... Bem, me ajudou muito a me resolver.
    Eu esperei ele continuar.
    - Não sei se você se ligou, mas... Assim... Eu sou gay. Digo, antes de entrar aqui
    - Não diga? - e disse aquilo de forma exagerada de propósito. Até mão no rosto eu fiz. Ele ficou sem graça na hora e eu caí na gargalhada - Desculpa. Desculpa. Não resisti.
    - Mudei de opinião. Você é um desgraçado igual os outros - mas até ele não resistiu e começou a rir.
    Tivemos uma verdadeira crise. Albuquerque teve de se abaixar e sentar nos calcanhares, pressionando a barriga de tanto rir.
    Aos poucos, fui recobrando a compostura. Meus olhos já lacrimejando, barriga doendo.
    - Desculpa. - Pedi novamente. - Continua, por favor. Prometo que não vou mais fazer piada escrota.
    Albuquerque me olhou ainda rindo e então prosseguiu.
    - Você, apesar de ser um idiota - completou, me olhando com malícia - me ajudou muito.
    Albuquerque respirou fundo enquanto começava a pegar as folhas que juntamos e colocar no saco que eu mantinha aberto pra ele.
    - Confesso que quando eu entrei aqui, fiquei apavorado. A ideia de um colégio só de garotos onde há toda essa merda de machão e tal, me apavorou. No primeiro trote então, que mandaram a gente ficar pelado... - e riu - ainda bem, na verdade, que eu estava apavorado. Pois só assim pro pau não subir. Se tivesse acontecido, acho que pedia pra sair no dia seguinte de tanta humilhação.
    - Imagino - me coloquei mais solicito. Como Siqueira já tinha me alertado anteriormente, nem todos vieram de um lar tão liberal quanto o meu. E questões que pra mim eram triviais, pra outras pessoas podia ser um tabu.
    - Sim. Por sorte você chamou praticamente toda a atenção do terceiro ano. Confesso. Te achei muito foda. Encarando eles daquela maneira. E... Bem... Se me permite dizer, você pelado também era uma visão muito interessante.
    Albuquerque realmente estava mais confiante, quase não ficou vermelho ao falar aquilo.
    - Mas então. Depois daquela noite, fui selecionado pelo Santana como subordinado. Conhece ele?
    - Não - admiti - muito mal de nome.
    - Não é de se estranhar. Ele é bem reservado. E não gosta muito dessa liberdade sexual que os outros curtem. Ele vivia dizendo que eu tinha sorte de estar com ele. Que se tivesse com outro, como o Santos, por exemplo, ia ser estuprado toda a noite.
    - Bem provável - confirmei - Ele é do tipo que não pode ter poder nas mãos, que já abusa.
    - Pois é. Mas o chato é que... Ele ia me contando as histórias, ou eu ouvia de outros calouros as coisas que rolavam na surdina aqui e confesso que fiquei me sentindo de fora. Tomando banho com a galera, vendo os majores se exercitando. Tanta oportunidade e eu não conseguia chegar em ninguém. Não leve a mal, mas eu teria gostado se meu superior fosse mais... Abusado. Entende?
    Eu ri, mas assenti
    - E aí chegou a noite dos cordeiros e dos lobos. Fui cercado pelo Santos e pelo Goulart. Foi... Nem sei dizer... O cara é um animal... Mas eu estava tão na seca que... Até aquilo me pareceu algo prazeroso. Embora hoje, eu não queira mais nem olhar pra ele.
    - Compreendo. Desculpa, se fui duro com você no quarto, naquele dia - pedi com sinceridade.
    - Aí que está. Não foi. Você estava certo. Eu de fato curti. Digo que hoje não faria, pois já consigo fazer das minhas sem precisar de um troglodita daqueles me obrigar. Mas naquela noite, eu realmente senti muito prazer. Quando você chegou, cara, fiquei humilhado. Pois você me pegou naquela posição horrorosa. Mas ao mesmo tempo me senti bem. Pois me tratou com tanta naturalidade que eu fiquei realmente grato a você.
    Estávamos acabando já e eu confesso que me senti muito bem com o que ouvia. Ouvir meus feitos pela sua narrativa me encheu de um orgulho e um sentimento de autossatisfação ímpares.
    - E aí você começou a liderar. Virou o jogo, ferrou com os veteranos. Cara, confesso, você ganhou um fã naquela noite.
    Eu ri, mas porque estava ficando sem graça e não de desdém.
    - Sério. Cara, que noite. Me senti muito bem. Transei como muito tempo não fazia. E você guiando tudo, cheio de moral. Atitude. Realmente queria ser mais como você.
    - Cara... Nem sei o que dizer. Obrigado mesmo - estava sem palavras
    - Então tu imagina o que foi pra mim, você chegar e admitir abertamente que deu o cu e gostou. - concluiu - isso abriu minha cabeça. Caramba, se um cara como você consegue assumir algo do tipo e aceitar de boa... O que eu estava fazendo afinal? Me escondendo. Num lugar onde praticamente todo mundo transa.
    Albuquerque estava literalmente rindo à toa, achando graça dos antigos medos que o atormentavam.
    - Fico feliz, amigo. Muito mesmo.
    - Sou muito grato a você, Fábio. - falou com sinceridade.
    Então eu percebi o que Elias tinha me falado. Era de fato uma profunda admiração o que ele sentia por mim. Algo completamente novo e incomum para um garoto de 16 anos receber.
    - Não há de que - e sem saber o que fazer, ergui a mão, como que para apertar.
    Albuquerque olhou para ela e fez uma cara engraçada. A pegou, mas ao invés de apertar, me puxou e me abraçou.
    - Pode ficar tranquilo, capitão. - ele completou. - Pois eu não estou apaixonado por você. Sei que pensou isso - completou depressa quando eu ia responder - Não leva a mal. Você é um tesão. Mas não é o caso - e riu - E também não quero me apaixonar no momento.
    - Está certo. Aproveita.
    Quando terminamos de nos abraçar, percebo uma presença ao nosso lado. Ao olhar, vejo Siqueira, braços cruzados, cara de poucos amigos.
    - Querem um quarto? - perguntou, cheio de ironia.
    Senti Albuquerque diminuir de tamanho quase que instantaneamente. Meu coração deu um solavanco. Acho que nunca o tinha visto com aquela expressão. E fiquei preocupado.
    - Albuquerque, vaza que eu quero falar com o Mendes.
    Siqueira parecia empenhado em mostrar seu pior lado, sem pudores, de forma ainda mais intensa de quando éramos rivais.
    Albuquerque se encolheu e foi se retirando. Na última vez, em meu dormitório, ele já tinha feito algo semelhante e eu fiquei calado. Mas naquela hora não.
    - Que palhaçada é essa Siqueira? Sentindo saudades de ser um babaca? E você não vai ser enxotado assim não - adverti Albuquerque
    Albuquerque arregalou os olhos e ficou parado. Olhava de mim para Siqueira, parecendo um cão que recebe o comando de sentar e fingir de morto ao mesmo tempo.
    - Ah, desculpa então, Mendes - Siqueira veio cheio de ironia - Esqueci que você é capitão agora. Se já não fosse arrogante o bastante. Deixo vocês então. Pensei que quisesse falar comigo depois de tanto tempo, mas beleza...
    - Chega - gritei, cortando - Para de fingir que é esse idiota. Eu te conheço. Sei que não é assim. O que houve?
    Então respirei fundo e me virei para Albuquerque.
    - Albuquerque, por favor, da licença pra gente. Leva só as pás e as vassouras. Deixa que eu levo o saco para a lixeira
    Albuquerque se sentiu aliviado, pegou tudo e saiu correndo.
    - Se ia despachar ele no fim, fez isso só pra se sentir? - e riu com deboche.
    Eu não respondi. Fui andando para dentro da mata.
    - Mendes - ele me chamou, mas eu não me dei ao trabalho de lhe dar atenção - Mendes. Está indo aonde? Merda
    Ao fim, me seguiu. Quando entramos bem fundo, em uma parte pouco iluminada, me virei pra ele.
    - Não quero imaginar que você teve uma recaída. Já me desacostumei ao Siqueira babaca e sinceramente não estou com nenhuma saudade dele - falei bem sério. Acho que minha voz demonstrou até mesmo um pouco de tristeza. Provável, pois no fundo eu estava realmente triste - pode me explicar o que aconteceu?
    - Explicar o que? - e olhou para ao chão, visivelmente constrangido. Acho que minha passividade atingiu ele mais forte que minha agressividade de poucos minutos atrás. - Só não vou com a cara dele. Não sou obrigado a gostar de todo mundo.
    - Mas não precisa destratar os outros.
    - Mendes, olha, desculpa tá. Inferno. Eu só queria falar contigo, te contar como foi minha prova. Um tempão que não nos falamos e você ali perdendo tempo com aquele...
    - E o que que tem?
    - Nada... Só... Ah... Merda. Ele fica em cima de você de um jeito... Parece que está gamado.
    - E qual o problema disso? - minha voz era calma. A medida que ele perdia o tom enérgico, eu também relaxava.
    - Nenhum... Só...
    E mais uma vez, os genes de minha mãe pareceram se impor sobre mim e as palavras saíram de minha boca antes mesmo que eu pudesse pensar a respeito delas.
    - Eu também gosto muito de você - falei de supetão, cortando a frase dele.
    Siqueira parou. Imóvel. Ficou me olhando sem saber o que responder. Senti meu rosto queimar.
    - Eu... Eu... - Gaguejou - Eu não disse que gosto muito de você - tentou reassumir o controle.
    Eu ri.
    - Não precisa. Seu ataque de ciúmes falou por você.
    Caminhei até e lhe dei um soco de leve no rosto.
    - E também estava com saudades de você - completei.
    Siqueira ficou imóvel, segurando o fôlego. Então, me abraçou de uma vez, soltando o ar de repente.
    Não falamos nada. Pelo menos não enquanto não tivéssemos colocado em ordem o turbilhão de emoções que nos acometia. Era bom sentir seu corpo quente de novo. Achei que Siqueira seria capaz de quebrar meus ossos com aquela força, mas estava tão aconchegante que ignorei o risco.
    - Desculpa - falou por fim. - Eu... Não sei o que me deu. Eu só... Fiquei com medo de vocês...
    - Transarmos? - arrisquei com deboche, um pouco de vontade de alfinetar ele também - pois nos transamos uma vez.
    - Não! - descartou de cara. Como se eu tivesse dito algo absurdo - Não me importo com quem você transa... eu só não queria que...
    Paramos de nós abraçar e eu o olhei. Seu lábio tremia. Nunca o vi tão vulnerável na vida. Tão frágil. Nem na noite em que o subjuguei com minhas palmadas em sua cama.
    Percebi que aquilo, para ele, era ainda mais difícil que pra mim. Então o aliviei e falei por nós.
    - Você tem algo meu Gabriel, que ninguém mais têm - falei passando a mão em seu peito - Não sei exatamente o que é. É a primeira vez que me sinto assim. Não sei sequer quando foi que te dei para ser sincero, mas é seu. Essa semana me fez ver isso. Senti muito sua falta, Major.
    Seus olhos se encheram de água e ele, como mecanismo de defesa, tentou rir, desviando o olhar
    - Isso tá ficando piegas, Fábio. - me repreendeu
    Então me olhou de novo, pegou meu rosto e me beijou.
    Foi intenso. Em questão de instantes o fogo inicial se alastrou e nos varreu. Nos agarramos de forma meio desesperada, tateando e apertando como que para comprovar para nós mesmos que aquele momento era real. Nossos lábios se beijavam, chupavam, mordiam. Numa brutalidade que só a testosterona elevada as alturas era capaz de produzir.
    Esquecíamos de respirar a todo instante e tínhamos que parar, só tempo o bastante de recuperar o fôlego e continuar.
    Nos abraçávamos tão forte que parecia que queríamos absorver um ao outro. Nos fundir.
    Então paramos, testa colada uma na outra.
    Respiramos direito, sentindo o alívio em nossos pulmões.
    - Você promete... Que... Isso é só meu.
    Eu sorri. Ri um pouco. Mesmo naquela situação, ele não era capaz de ser direto quando o assunto eram seus sentimentos.
    - Prometo.
    E me beijou de novo. Mais calmo, mais carinhoso.
    - Você voltou - fiquei feliz e constatar. O Siqueira que eu aprendi a gostar, tinha voltado.
    - Desculpa. Desculpa mesmo. - pediu
    - Você deve desculpas ao Albuquerque - lembrei, achando graça.
    - Ah não - começou a protestar, mas antes que ele pudesse continuar a lamuria, eu o peguei pelos punhos, os ergui e o pus de encontro com as costas na árvore. Siqueira tomou um susto, mas logo um sorriso brotou de eu rosto
    O beijei de novo, dessa vez com menos paixão e um pouco mais de luxúria.
    - Não estou pedindo. - sibilei - Você fez merda e vai pedir desculpas
    - Por quê? Vai me bater, Mendes? Por eu ser um mal menino? - atiçou.
    - Se eu te bater toda a vez que fizer merda, minhas palmadas já não terão mais nada de especial - rebati
    Ele riu. Fez menção de me abraçar, mas eu prendi seus punhos e forcei novamente.
    - Mas vou te colocar em seu lugar - concluí.
    Senti seu pau endurecer, contraindo minha pélvis.
    Beijei de novo, mantendo suas mãos ao alto.
    Mordi seu lábio, o chupei.
    Entrelaçamos nossos dedos e eu pressionei todo meu corpo contra o dele. Esfregamos nossos rostos um no outro, nossos peitos, nossas cinturas.
    - Fica com as mãos para o alto - mandei e as soltei.
    Beijei Siqueira novamente, mas dessa vez introduzindo minhas mãos por dentro de sua camisa, acariciando suavemente sua pele com a ponta dos dedos e das unhas.
    Ele arrepiou, gemendo. Levantei sua blusa e fui descendo. Lambendo seu peito, sua barriga. Cheguei apressadamente em sua cintura, desamarrando o cordão de sua calça de moletom.
    O peguei pela cintura e o fiz se virar. Siqueira abraçou a árvore. Eu desci sua calça devagar, desnudando aquela bunda gostosa e carnuda. A admirei um tempo, então, com calma comecei a matar a saudade dela.
    Primeiros, passei meu nariz, sentindo seu cheiro. Então, alisei com as palmas das mãos, arrepiando com o toque. Lambi a pele, apreciando seu sabor. Dei uma mordidinha na carne. Só então abri suas nádegas e introduzi meu rosto entre elas.
    Siqueira se empinou para receber minha língua. Introduzi no orifício, arrancando seus gemidos grossos. Após me saciar, levantei novamente, arriei minha calça e enfiei sem aviso. Siqueira deu um pulo, mais de susto com a brutalidade do que incômodo. O abracei por trás, mordiscando sua nuca.
    Siqueira ria, pois meus dentes lhe causavam cócegas. Entre risos, um gemido mais forte, quando meu pau encravava fundo em seu corpo.
    - Fábio. - ele passou a mão para trás e agarrou minha cabeça. - Mete. Por favor.
    - Vejo que está mais dócil - falei ao seu ouvido. - Sabe que fez merda e agora está manso, major?
    E meti mais forte
    - Ah... Isso - ele se envergava todo. Empinando bem a bunda.
    Meti bastante, com força, com fúria. Estava com saudades daquele corpo, daquela bunda.
    Siqueira abria as pernas, como que tentando permitir que eu entrasse cada vez mais fundo. Passei a mão pelo seu corpo e fui descendo até agarrar seu pau. Ele quase gritou.
    - Ah. - soltou o ar, enquanto seu pau babava.
    - Goza, Gabriel. Pode gozar, meu garoto.
    O pau dele despejava liquido, sujando toda a minha mão. As gotas grossas caiam no chão, irrigando o solo. Siqueira tremia, pernas bambeando. Gemendo alto, livre.
    O abracei e cravei mais, sentindo que eu também ia ejacular. Ele perdeu um pouco o equilíbrio, caindo pra frente e se apoiando na árvore. Eu o segui, agarrado a suas costas, enquanto meu leite era despejado em seu interior.
    Ficamos em silêncio, respirando e nos recompondo. Siqueira apoiava as mãos na árvore, para se equilibrar.
    Então, se virou, apoiou as costas e me beijou de novo. E ficamos assim, carinhosos. Sentindo o tempo passar e não nos importando com isso. Só então, no avançar da hora, ele lembra
    - Quer ajuda para levar o saco?
    Eu aceitei. Era pesado e eu havia dispensado Albuquerque. Juntos, despejamos as folhas reunidas no lixo e nos dirigimos aos nossos dormitórios. Antes de nos despedirmos, ele me olha
    - Queria pedir para você dormir comigo. Mas não seria bom você levar outra advertência.
    - Verdade - me lembrei - Mas eu ia gostar.
    - E se... - e sorriu sem jeito - E se esse fim de semana você passasse comigo? Na minha casa? Longe desse colégio.
    - E seu pai? - Questionei
    - Ele vai trabalhar ao sábado a manhã toda e de noite vai viajar com minha mãe. Nem vai em casa. Vai buscar ela direto na casa de minha tia. Só terei de levar ela lá no fim da tarde. Podemos passar a amanhã com ela. Você a conheceria. - Siqueira falava rápido, nervoso e animado - Vamos ter a casa só para nós depois. E...
    - Eu acho uma excelente ideia - falei, podendo enfim relaxar
    Sorrimos um para o outro e nos despedimos. E fui para meu dormitório me sentindo sem peso.
  • Colégio Pracinhas - Capítulo 1 - O primeiro trote

    Depois de muito esforço, enfim estava naquela assembleia para recepção dos novos alunos do Colégio Militar Pracinhas, um Colégio de elite onde só os filhos de militar de alta patente poderiam ingressar.
    Mesmo com a vantagem familiar, ainda havia uma prova rigorosa e um número de vagas muito limitado, tornando seu ingresso ainda uma vitória a ser comemorada por mim.
    A estrutura do colégio incentivava a disciplina e a hierarquia. Além das aulas convencionais, aprenderíamos serviços domésticos (lavar, passar, costura, cozinhar e limpar) além de direitos civis e militares. Tudo com o foco no preparo para a vida em quartel. Até mesmo sua estrutura hierárquica se assemelhava a um.
    Os alunos eram como oficiais, cuja patente era definida pelo ano de ensino. O terceiro ano era a elite, os majores, responsáveis, em conjunto aos professores, pela disciplina. Tinham autoridade inclusive de dar suspensão. Os do segundo ano não gozavam de muitos privilégios, uma vez que não poderiam mandar nos do primeiro ano já que as ordens já vinham de cima, do terceiro. Mas era um período para se relaxar, e focar nos estudos. Gozavam de uma imunidade. Uma vez que não tinham a responsabilidade do terceiro ano, nem as exigências do primeiro.
    O primeiro ano era a fase de teste de qualquer cadete. Onde seríamos levados aos nossos limites. Meu pai contou que passou por trotes pesados quando estudou lá, e me deu um conselho:
    - Tu vê se aprende a manter essa boca fechada lá, hein Fábio - falou enquanto me ajudava a me arrumar - Sei que você talvez não vá seguir carreira, mas é um colégio muito bom. Nível de ensino excelente. Mas a disciplina lá é fundamental
    - Eu não sou um bom garoto? - Me fingi de ofendido e ele riu.
    - Claro que é, seu idiota - e me deu um leve soco no rosto, carinhoso como sempre fazia - Mas você herdou dois defeitos de sua mãe: Ser esperto demais e ter a língua grande demais.
    - Amor, o café está pronto - ouvi a voz de minha mãe no andar de baixo
    - Estou indo, meu bem - respondeu com a voz doce
    Ao me olhar, viu meu riso e apontou o dedo pra mim
    - Cala a boca - e depois riu também e me abraçou - estou orgulhoso, filho
    - Obrigado, pai - e o abracei com força.
    Acabada a cerimônia, fomos para nosso dormitório. O primeiro ano dormia em um grande alojamento no centro do pátio. Todos os alunos no mesmo. O segundo ano se mudava para o prédio principal, no quarto andar, e ficavam em quartos de dois em dois alunos. Já o terceiro ano reinava no quinto andar, e cada aluno tinha seu dormitório. Chegar ao terceiro ano não era fácil. As médias tinham de ser altas e o colégio tolerava apenas uma única reprovação. Na segunda, já seria expulso. Muitos alunos desistiam logo no primeiro ano, não suportando a pressão.
    Aquela seria nossa primeira noite no dormitório. Conversei com alguns alunos, começando a criar vínculos. Em particular, Pedro. O único rapaz negro do primeiro ano. Forte, cabelo curto, encaracolado. Rapaz de bem, bastante tímido. E também Elias, garoto bem boa praça, bem meu estilo. Cabelo encaracolado como o meu, mas loiro. Olhos verdes. Forte também, rosto de anjo.
    Naquela madrugada, a sirene tocou e eu pulei da cama, colocando-me em posição de sentido. Meus colegas fizeram o mesmo. Logo após, a porta se abriu e as luzes acenderam. Os alunos do terceiro ano chegaram.
    Meu pai já havia me preparado para aquilo. E pelo que pude perceber, os dos demais alunos também.
    - Muito bem, soldados - falou o rapaz a frente. Cara alto, quase minha altura, forte, postura impecável. Traços fortes no rosto, olhos e cabelos castanhos, pele morena.
    - Sou o major Siqueira, do terceiro ano. E minha missão, junto de meus companheiros, é transformar as mocinhas aqui em homens de verdade. Alguma dúvida até aqui?
    - Não, senhor! - Respondemos em uníssono
    - Alguém aqui discorda que vocês são um bando de mocinhas?
    - Não, senhor!
    - E ao fim desse ano, vocês serão homens?
    - Sim, senhor!
    - Excelente. Descansar - ordenou e todos ficamos em posição de descanso - Muito bem. O dia foi longo, senhores, então não vou tomar muito de seu tempo. Primeiramente, congratulações por terem sido admitidos. Só o fato de estarem aqui hoje já mostra que possuem massa cinzenta em suas cabeças. Porém, se acham que isso é o bastante para se tornarem militares de elite, estão enganados. Minha missão e de meus colegas de turma, é transformar vocês em soldados de verdade. E na corporação, disciplina é essencial. E seguir ordens, é vital. Então, senhores. Dez flexões. Agora, na minha contagem
    Ele não precisou repetir. Todos fomos para o chão.
    - Excelente. Agora. 30 polichinelos. Já!
    E todos fomos.
    - Muito bem senhores. Agora, vamos fazer a vistoria. Tirem as roupas. Agora!
    Já estava esperando por isso. Porém, não da forma que eu imaginava. E como resultado, fui o único que permaneci de cueca, enquanto todos estavam nus. Praguejei por dentro. Antes que eu pudesse correr atrás do prejuízo, Siqueira já tinha visto e veio em minha direção.
    - Qual seu nome, soldado?
    - Fabio, senhor. Fabio Mendes
    - Muito bem, Mendes - e pegou no meu pau com força. - Me responda. Tem vergonha do seu pau?
    - Não senhor - consegui manter a voz firme, apesar da dor
    - Então o que está esperando, soldado?
    Eu tirei a roupa. Tentando disfarçar o contragosto.
    - Muito bem, soldado - e falou na minha cara - espero não precisar repetir novamente uma ordem pra você
    - Não, senhor! - Respondi firme.
    - Agora, me paga vinte flexões
    E lá fui eu de novo, mas desta vez, Siqueira pôs o pé nas minhas costas, dificultando minhas subidas. Mesmo assim, cumpri a ordem, mais suado que deveria.
    - Excelente - e se virou para o grupo. Então olhou para Pedro. - Você, soldado. Nome
    - Pedro, senhor. Pedro Araújo
    - Muito bem, Araújo. Isso por acaso é uma posição de descansar? Onde você pensa que está? Em algum clube, soldado?
    - Não, senhor
    - Então pro chão e me paga mais vinte flexões
    Pedro caiu sem hesitar e pagou.
    Quando se ergueu de novo, recolocou-se na posição de descanso.
    - Melhorou a postura, pelo visto. - Assentiu - Agora soldados. Como podem entender. Aqui, nós mandamos. Aqui vocês obedecem. Simples. Todos do terceiro ano serão seus superiores. Mas cada um de vocês estará diretamente subordinado a um aluno. Esse será seu oficial maior, aquele acima de todos, ao qual não poderão desacatar uma ordem. Fui bem claro?
    - Sim, senhor! - Todos
    - Se seu superior mandar vocês correrem, o que vocês fazem?
    - Corremos, senhor
    - Se seu superior mandar limpar suas botas, o que vocês fazem?
    - Limpamos, senhor
    - E se seus superiores ordenarem que vocês lambam suas bolas, o que vocês fazem?
    - Lambemos, senhor
    Nesse momento, minha voz fraquejou, salientando um pouco meu tom de desaprovação. Achei que não fosse ser percebido, mas Siqueira estava de olho em mim, como um abutre, e notou.
    - Não ouvi sua voz, soldado - falou num tom mais baixo, mais ameaçador - O que você faz, Mendes?
    - Lambo, senhor - falei entredentes.
    - Acho que você não entendeu o conceito de ordem aqui, soldado. Se eu dou uma ordem, quero que ela seja obedecida de imediato. Entende isso, soldado? Entende por que uma ordem não pode ser questionada?
    - Não, senhor.
    Ele colou o rosto na minha cara, quase cuspindo enquanto fala.
    - Entende por que mandamos vocês fazerem as coisas?
    - Sinceramente, Não senhor
    - Nem um palpite, soldado?
    - Não, senhor
    - Não imagina por que mando vocês fazerem coisas, como tirar suas roupas, soldado?
    Naquele momento, eu entendi completamente o que meu pai queria dizer com 'língua grande'. Não tive tempo de impedir, quando as palavras saíram pela minha boca
    - Talvez o senhor goste de ver homens pelados, senhor
    Silêncio. Quase um sepulcro. O bastante para eu ouvir meus próprios pensamentos e concluir que tinha feito merda. Parecia interminável enquanto o rosto de Siqueira ficava vermelho e os olhos de meus colegas calouros arregalavam.
    O primeiro som, foi um risinho, mas não foi de um calouro, e sim de um do terceiro.
    - Cala a boca! - Siqueira gritou com o seu grupo e logo as risadas morreram.
    Então, se voltou pra mim, olhar faiscando até seu rosto se contorcer em um sorriso malicioso.
    - Muito bem, soldado. Mas vai lamentar seu momento de comediante - e se voltou ao restante - Senhores. Por hoje, chega. Ao longo da semana, cada um de nós vai selecionar entre vocês, quem serão seus subordinados. Até lá...
    - Major Siqueira - um veterano deu um passo à frente
    - Fale, Soares
    - Já escolhi o meu, senhor - e apontou para Pedro - O soldado Araújo, senhor
    Siqueira olhou de cima a baixo e deu de ombros.
    - Tudo bem. Se você prefere o cotista, fique à vontade - E voltou a falar - Agora, os demais, descansem. Menos você, Mendes. Vista-se e nos acompanhe
    Todos me olharam, mas nada falaram. Eu me vesti e os segui, até o prédio principal. O gramado estava iluminado apenas pelos holofotes. Pouco se via além dos fachos de luz. Os segui em silêncio. Estudando o lugar. Eu estava cercado. Os estudantes se espalhavam em torno de mim, de forma a não permitir uma fuga. Apesar de ser do primeiro ano, eu sempre fui alto e forte para minha idade, o que me dava vantagem contra a maioria dali, mas não contra todos.
    Resolvi então aceitar meu destino e tentar não piorar o que já estava ruim.
    Fomos até o andar do terceiro ano, me levaram ao vestiário masculino, na parte onde ficam as duchas coletivas.
    Me cercaram, dando distância. Coração a mil, mas eu não demonstrei o medo que sentia.
    - Muito bem, Mendes. Tira a roupa - Siqueira ordenou.
    Desta vez eu obedeci de imediato, ficando nu.
    - Que bom, vejo que aprendeu a se despir
    Ele me circulou e foi me dando socos leves do braço, peito, ombro. Nada capaz de machucar ou marcar. Parecia um médico fazendo um check-up.
    - Soldado forte, você. Daria um bom militar. Mas talvez, graças a sua língua grande, não dure até o terceiro ano. - E parou de frente pra mim - De joelhos
    E ajoelhei.
    - Bom - e suspirou, sorrindo - Sabe, Mendes, talvez aja esperança pra você. Quem sabe, se comportando, não possamos superar essa primeira impressão.
    Ele abriu o zíper e eu engoli seco. Mas não ocorreu o que eu esperava. Mesmo surpreso, não reagi ao jato quente que ele me lançou. Fiquei paralisado, vendo a urina bater em meu peito e descendo pelo meu corpo. Minha expressão impassível.
    - Nossa, que alívio. Sabia que devia ter tirado água do joelho antes de irmos pro dormitório dos calouros. Ufa - regozijou. Então, se inclinou de volta para mim para me encarar. Eu sustentei seu olhar. - Você tem um olhar muito abusado, soldado
    Meu pai já me disse muitas vezes que eu tinha os olhos da minha mãe. Sempre imaginei que fosse pela coloração, mas naquele momento entendi melhor. Eram olhos que não aceitavam desaforo.
    - Major Soares. Tenha a honra - convidou o amigo.
    Soares veio, pôs o pau pra fora e mijou na minha perna
    - Que mira horrorosa, Soares - Siqueira chamou sua atenção. - Santos, sua vez
    Veio outro garoto, menor que eu, rosto malicioso. Esse riu e fez bem na minha cara. Tive de fechar os olhos na pressa e quase inalei o líquido.
    - Muito bem - Siqueira o parabenizou e abaixou novamente na minha frente. Me encarou - Está gostando do banho, Mendes?
    - Sim senhor - falei com a voz firme
    - Algo a comentar?
    Por que ele fez aquela pergunta? Malditos sejam os genes da minha mãe.
    - Nada, senhor. Apenas agradecer
    - Pelo que soldado? - Sorriu vitorioso
    - Não tenho mais vergonha do meu pau, senhor. Agora que vi o seu
    Pronto, eu definitivamente havia assinado meu atestado de óbito.
    Ele ia me bater, eu tive certeza. Mas Soares o segurou pelo ombro e o fez se erguer.
    - Calma, Siqueira. Não deixe o recruta lhe esquentar demais a cabeça. Não vá perder a razão
    - Tem razão - e respirou fundo - Mijem nesse merda. Molhem ele todo. - E se voltou pra mim, com um sorriso ferino. - Mas antes, parabéns, soldado. A partir de agora, você é meu subordinado pessoal - e saiu do banheiro.
    Então, dias difíceis estavam por vir. Eu havia ganho a primeira batalha, mas logo após ter declarado uma guerra que duraria um ano, se eu não tomasse atitudes urgentes.
    Escutei um dos garotos rir, vindo para minha frente. Era maior que eu, bastante musculoso, cara de mau encarado.
    - Você tá brincando com fogo, soldado. - E riu - Mas confesso que fui com a tua cara.
    - Obrigado - agradeci e sorri. Olhei para os demais e percebi uma mudança satisfatória no clima após a saída de Siqueira. Ele era o líder, mas não era absoluto. Talvez eu pudesse usar isso no futuro
    - Mas não leve a mal - emendou o major - Eu ainda vou mijar em você - e pôs o pau pra fora. Era enorme. O maior até então - Não porque não gosto de você, mas por que acho hilário
    - Tranquilo - aceitei
    Eu ri. E dessa vez sinceramente. Não tinha problemas com trotes, apenas com gente babaca. Então abaixei a cabeça e o deixei mijar nela, sentindo o líquido quente escorrer pela nuca.
    Os outros, cansados de esperar, foram se colocando em torno de mim. Cada um mijando onde queria. Ombros, peito, costas, cabeça... O fato é que ao fim, eu estava encharcado. Mas incrivelmente bem.
    Como não havia saída, resolvi aceitar e tirar algum proveito daquele banho quente.
    Estava relaxado, como não estava desde que aquele trote havia começado. Talvez seja por causa disso que tive aquela reação estranha. Meu pau simplesmente reagiu. Não ficou duro, mas ganhou muito volume. Excitado. Quando levantei, percebi que muitos dos alunos olharam pra ele. Uma até fez uma careta de admiração e surpresa.
    Éramos homens afinal, e por mais troglodita que fosse, o tamanho da pica ainda era um elemento de poder. E eu, exibi o meu sem pudores.
    Soares me entregou uma toalha.
    - Toma banho e depois volta pro seu alojamento, soldado
    Eu agradeci e fui a um dos chuveiros. Os demais saíram.
    - Valeu, pessoal - os saldei e alguns responderam. Havia caído nas graças do terceiro ano, afinal. E poderia precisar deles contra Siqueira, dependendo da situação.
    Tomei um banho demorado. Deixando a água quente me limpar por completo, enquanto relaxava mais. Ao fim, me sequei e me vesti. O banheiro ficava ao final do corredor dos dormitórios. Passei e estava escuro. Iluminado apenas pela luz acesa nas escadas e a de uma fresta de uma das portas abertas.
    Passando por esta, minha atenção foi chamada pelo som de suspiros, seguidos de um ranger na madeira.
    Eu devia ter seguido, mas minha curiosidade me obrigou a olhar. Me espantei ao ver a cena.
    Não reconheci o rosto, pois este estava virado para a parede. Mas o corpo nu de Pedro, sim. Ele estava de quatro na cama, costas malhadas, pele negra brilhando de suor. Atrás dele, penetrando, o corpo nu de Soares. Pele mais clara, também musculoso. Uma bunda carnuda que se contraia a cada penetrada.
    Eu devia ter ido embora, mas não fui. Inerte diante da cena. Paralisado.
    - Pede mais, vai. Pede - Soares mandou.
    - Mete. Por favor, mete com força - Pedro gemeu, não sabia se de dor ou de prazer. Mas Soares meteu. Com força, Pedro teve de enfiar a cara no travesseiro para não gritar.
    - Toma, veadinho. Toma - Soares tinha a expressão violenta. Diferente do rapaz educado que se apresentou a mim há pouco.
    Ele então urrou, dando uma última fincada no soldado e despejando o sêmen em seu interior.
    Os dois respiravam fortes e começavam a se erguer quando eu saí dali. Não queria ser pego. Desci rapidamente as escadas e cheguei ao pátio. Enquanto caminhava até meu dormitório, tive de ajeitar meu pau dentro do short. Pois este insistia em não abaixar.
    Cheguei e todos dormiam. Deitei sem fazer barulho, mas não adormeci de imediato. Ainda vi quando Pedro chegou e, sem fazer barulho, foi para sua cama. Queria falar com ele, mas não era o melhor horário. Poderíamos acordar alguém. Então tentei relaxar, embora fosse difícil, imaginando o mundo de possibilidades que se abria para mim.
  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 13 – ENTRE AMIGOS

    Acordei, e a primeira coisa que senti foi um dedo acariciar delicadamente a região entre minhas nádegas. Me virei, fazendo ele sair, e fiquei de barriga pra cima.
    - Você está parecendo um cachorro no cio - acusei, encarando ainda com sono. Siqueira já estava acordado, bem disposto e deitado ao meu lado, com a cabeça apoiada em seu braço, relaxado e parecendo admirar meu sono.
    - Você me julga muito mal, Fábio - e pegou em meu pau - você quem parece não saber a hora de dormir - e riu, aquele sorriso safado que aprendi a gostar.
    Me espreguicei na cama, ainda sem coragem de me levantar. Mesmo acordando cedo todas as manhãs para o início da rotina do Pracinhas, ainda gostava de me aproveitar dos feriados e fins de semana para dormir um pouco mais.
    - Cansado? - Ele perguntou.
    - Estou. Mas você vai me deixar dormir? - E o olhei com desconfiança.
    - Claro, Fábio. Quem seria eu pra atrapalhar? Relaxa vai, finge que eu não estou aqui - e passou a mão pelo meu corpo, descendo por entre as minhas pernas e massageando a entrada do meu ânus.
    Aquele maldito toque que parecia ligar algum dispositivo dentro de mim.
    - Assim fica difícil - informei, enquanto perdia o ar dos pulmões e me contorcia em seu toque.
    - Calma. Relaxa. - sussurrou - eu não estou aqui, lembra?
    Eu fechei os olhos, ignorando sua imagem. Mas ainda sentido a presença de seu calor. O dedo fazia maravilhas. Alisando com carinho a área ontem tão judiada pelo mesmo autor.
    Gemi baixinho, mordendo o lábio e me retorcendo na cama. Senti sua boca chegar em meu peito, alisando suavemente com a ponta da língua o mamilo. Deixei minhas mãos soltas e meu corpo aberto. Apenas desfrutando e fingindo, conforme sugerido, que ele não estava lá.
    Mas nosso momento foi interrompido pelo bater na porta. Siqueira puxou o lençol e nos cobriu a tempo de Soares entrar
    - Estão fazendo o que ainda na cama? Não fizeram barulho o bastante ontem à noite? Vamos, já comprei o café
    E saiu. Meu rosto corou. Engraçado, pois normalmente não tinha esses pudores. Mas me imaginar gemendo alto de noite, enquanto meus amigos podiam ouvir tudo, de repente, me encheu de constrangimento.
    Siqueira sorriu, conformado e me olhou.
    - É Mendes. Você me acha um tirano. Você agora vai conhecer Henrique em Verão Vermelho. Prepare-se - e se levantou.
    Era óbvio que Henrique adorava aquele lugar e por isso mesmo ele se mostrava um verdadeiro ditador quando ali estava. Isso por que o tempo era curto e ele queria aproveitar ao máximo. Tinha paixão e queria nos mostrar tudo o que tinha de bom. E provavelmente não aceitaria que saíssemos de lá sem amar Verão Vermelho também. Aquele dia foi de correria. Soares nos levou a vários lugares, praias ao redor, mercado local, ele mostrou seu restaurante favorito, sua sorveteria favorita, sua lagoa favorita. Tudo. De noite, fomos a praia próxima de casa lanchar em seu quiosque favorito. Estávamos relaxados como há muito tempo não nos permitíamos. Apesar do regime fechado de Soares, o dia foi gostoso.
    E ali, em paz, nos permitimos apreciar as coisas belas da vida. E mais uma vez me peguei admirando o quão bonito era Pedro e seu noivo, ali abraçados, olhando as estrelas. E não era só eles. Era tudo. A paisagem. Elias e Pinheiro ao longe, brincando de dar estrelinhas na areia. Dava para sentir a áurea especial daquele lugar e porque Soares gostava tanto dali.
    Estava ali, bebendo meu refrigerante e aproveitando a brisa. Siqueira sentou do meu lado com sua cerveja e comentou, olhando para Soares e Pedro.
    - Aqueles dois ali. Se me contasse há uns dois anos atrás, jamais imaginaria. Lembro quando Henrique veio pela primeira vez contar que estava apaixonado. - E deu um gole
    Eu escutei.
    - Ele estava nervoso. Pois não conseguia acreditar que estava gostando de outro homem - e riu, saudoso - e o pior, eu também não quis acreditar. Estranho sabe, pois já havíamos transado, já havíamos transado com outros caras. Mas... Mas daí a ter sentimentos, parecia absurdo
    - Demorei muito a aceitar. E acho até que fui idiota com ele algumas vezes por conta disso. Porra, meu amigo veio abrir o coração e eu fazendo piada como se ele estivesse só gamando. Como se fosse uma coisa boba.
    Eu pus a mão em seu ombro.
    - Relaxa. Todos nós fomos preconceituosos, vez ou outra. Eu mesmo te achava um babaca semanas atrás. - Comentei, alfinetando.
    - É mesmo. Então te conto uma novidade, garotinho. Ainda sou o mesmo babaca. Só que agora estou te comendo - zombou.
    - Talvez eu tenha mudado de opinião muito depressa - e rimos juntos.
    - A verdade é que o Pracinhas oferece pra gente um ambiente neutro - comentei enfim - ali, podemos viver basicamente qualquer tipo de experiência sob outras desculpas. Não por que queremos, mas porque temos de fazer
    - Verdade - ele riu - tipo 'vou chupar o pau desse cara, só por que estão me obrigando' ou 'vou enrabar esse garoto, mas por que estou afim de zoar com a cara dele'
    Ri com ele.
    Ele então me olhou de cima a baixo e pensou
    - Engraçado que você parece bem resolvido com isso. Sempre pareceu, na verdade. Digo, no começo achava que você não curtia essas coisas, mas pelo que parece, você só não curtia estar submisso a mim
    - Basicamente era assim - concordei. - Mas revi alguns conceitos. Meu pai me fez ver que eu estava perdendo muito sendo tão intransigente
    - Difícil imaginar um pai assim - confessou.
    - Eu também acho difícil imaginar um como o seu
    Olhamos um para o outro sem falar nada por um tempo. Até que ele virou o rosto, visivelmente encabulado.
    - Isso está ficando muito piegas, Mendes - alertou, bebendo um gole da cerveja e dando um meio sorriso.
    - Ou você quem não consegue falar de sentimentos sem ficar vermelho, major? - rebati
    E ele estava mesmo vermelho, nem me olhar nos olhos conseguiu mais.
    - Não consigo ser tão aberto quanto você
    - Não é culpa sua. Nem minha na verdade. Eu culpo meus pais e o seu pai - e ri.
    - O que vocês dois estão cochichando aí? - levei um susto ao ouvir a voz do Soares. Ele e Pedro estavam agora virados para nós.
    - Nada demais - comentei, me recompondo - apenas estávamos comentando como vocês formam um casal bonito
    Soares ficou surpreso e um pouco vermelho também. Acho que era a primeira vez que o via assim, sem graça com alguma coisa. Era diferente ver cada um deles ali, ao natural, sem as amarras da hierarquia do colégio.
    - Acho que fico mais 'fofo' aqui sim - ele concordou por fim, com um meio sorriso. - Aqui, na verdade, foi onde eu e Pedro começamos a nos envolver
    Pedro sorriu daquele jeito encabulado.
    - Verdade. - Lembrei - Nunca perguntei como vocês começaram a namorar
    - Quer contar, amor? - Soares sugeriu e Pedro se encolheu.
    - Ah, qual é, Pedro. Estou te pedindo - encorajei.
    - Conta, conta, conta - fizemos um coro. Até Pinheiro e Elias entraram e eles nem sabiam do que estava sendo falado.
    - Assim... - Começou, rindo daquele jeito dele - na verdade eu e o Henrique já éramos conhecidos de bairro. Eu estudava no mesmo colégio do irmão mais novo dele. Não éramos bem amigos, mais colegas
    Soares escutava, olhando o noivo com carinho
    - Minha irmã mais velha era apaixonada pelo Henrique. E insistiu que eu deveria ser amigo do irmão dele, pois assim eu poderia ir pra casa dele, conhecer ele e talvez aproximar os dois.
    Pedro riu, sem jeito. Mas respirou fundo e continuou.
    - Eu já tinha uma queda pelo Henrique naquele período também. Só não falei. Eu ia pra casa dele, estudar com o irmão. Antes de ele vir para o Pracinhas, ele malhava muito numa academia improvisada nos fundos da casa. Ficava só de short. E eu admirava
    Soares sorriu, e vi seu peito estufar de orgulho e vaidade. Gostando de ouvir dele aquelas coisas.
    - Acabei ficando amigo do irmão dele mesmo, sabe? E acho que o Henrique percebeu que eu gostava dele.
    - Amor, desculpa, mas não tinha como não perceber - brincou, alisando sua cabeça - você dava muito na pinta
    Todos rimos.
    Pedro tampou o rosto e o noivo continuou por ele.
    - Assim, na época eu nem sonhava em ficar com outro cara. Mas aí, entrei para o Pracinhas. Participei dos trotes, comecei a ver que dá pra sentir prazer com outros caras e... Bem... Comecei a olhar esse neguinho aqui com outros olhos. Até o momento, sem sentimentos, só putaria mesmo. Sem ofensas, amor
    - Tudo bem - Pedro riu - eu sei que era só um pedaço de carne pra você. Bem... Acontece que Soares era malvado comigo. Ficava me atiçando, sem ir além. - E olhou de rabo de olho pro noivo - uma vez, ele me chamou pra ver ele mijar, acredita?
    - E você? - Eu perguntei.
    - Eu... ora... eu fui... - Sua voz ficou baixinha. - Ele ficou falando comigo balançando aquele... Pau. E eu ficava lá, babando igual um idiota
    - Eh, eu fiz isso mesmo - Soares ria travesso, olhar perdido, vasculhando o passado com um pouco de saudade - lembra quando eu disse que tinha me assado, e fiz você passar pomada na minha virilha? - Ele riu
    - Você era um idiota naquela época - Pedro atacou, indignado, mas sorrindo. Demonstrando que já havia passado por cima daquela fase.
    - Ainda sou. A diferença é que agora sou seu idiota - e mostrou a aliança no dedo.
    Pinheiro comprou mais uma rodada de bebidas e continuamos a nos entreter com a história.
    Pedro bebeu um gole e continuou.
    - Mas minha irmã, coitada. Tentava - Pedro mudou o foco - ela ia sempre me buscar lá na casa dele. Ligava com pretexto de saber de mim, mas na tentativa que ele atendesse e ela pudesse falar com ele um pouco
    - Flavinha era legal, sabe. Mas nunca senti atração. - Soares assumiu
    - E quando foi que você parou de torturar nosso amigo e foi pros finalmente? - Elias questionou.
    Soares, nesse instante, deu um gole na cerveja e olhou travesso para Pedro.
    - Olha. Verdade verdadeira, não fui bem eu quem deu o primeiro passo não. Né amor?
    Pedro olhava para o além, rindo como criança.
    - Vamos lá, conta pros seus amiguinhos o safadinho que você é - atiçou - conta o que você fez comigo aqui mesmo, em Verão Vermelho.
    - Pedro? Duvido - pus minha mão no fogo.
    - A verdade... - Pedro começou olhando os próprios pés - é que eu... Bem...
    Mas eu interrompi, tacando areia nele.
    - Seu safado, promíscuo! E eu aqui te defendendo - fingi indignação.
    Ele riu e logo começamos uma rápida guerrinha de areia. Que não durou muito, pois todos queriam ouvir o desenrolar da história.
    - Vamos lá. Onde estava? Ah sim... Passamos uma temporada aqui. Eu, Henrique, seu irmão mais novo e mais uma prima deles - ele parou de rir e continuou - e aí, nós dormimos no quarto em que o Elias e o Pinheiro ficaram. Nós quatro. Então... A cama ficou com a prima e nós três ficamos no chão. Eu dormi no meio... E de noite, bem... Eu posso ter esbarrado sem querer nele
    - Safadinho - Elias julgou, balançando a cabeça negativamente e de forma sonsa.
    - Eh, Pascoal. Acordei no meio da madrugada com uma mãozinha massageando meu pau - contou cheio de malícia - eu fingi que dormia. Fiquei curioso, sabe? Ver onde ele chegaria
    Tadinho do Pedro, estava querendo cavar um buraco e se esconder. Mas minha pena não era tanta a ponto de querer parar a história, que estava muito engraçada.
    - Foi só uma pegadinha - tentou se defender
    - Foi... - Soares lembrou, saudoso - foi gostosa. Quando puxou meu short com a ponta dos dedos e pegou por dentro então...
    - É, mas você estava fingindo que estava dormindo - Pedro o acusou
    - Opa, opa, opa. Não vem querer desconversar não. Eu sou a vítima aqui - Soares rebateu.
    Ri bastante com aqueles dois.
    - Agora continua, Pedro - convoquei - já era. Já sabemos o depravado que você é
    - Naquela altura, fiquei com vergonha e me virei - falou por fim. Soares o encarou, esperando ele concluir. - Está bem - desistiu - E rocei um pouquinho - admitiu
    - Roçou sim - Soares sorriu - e eu deixei. Já estava de pica durona. Aí pensei 'por que não?' Foi minha hora de passar a mão nessa bundinha, por dentro da bermuda dele. Aproveitei que ele não se mexia, e arriei o short dele. Não podíamos fazer barulho. Então pus meu pau pra fora e peguei a mão do Pedro e pus no meu pau, deixe ali, pra ele sentir.
    - Depois foi a hora de brincar pra valer - Soares olhou com cumplicidade pro noivo - dei aquela encaixadinha. E comecei a meter nele pela primeira vez
    - Mas como? - Elias ficou espantado - todo mundo no quarto?
    - Fomos silenciosos - Pedro se defendeu.
    - Eh. Ninguém reparou. Uma rapidinha gostosa. Caladinhos, na surdina. No dia seguinte fizemos um sexo mais qualitativo. Pra lá - e apontou - tem umas dunas de areia naquela direção. Gabriel e Gustavo sabem onde é. Área reservadíssima, lugar lindo. Levei Pedro pra lá no dia seguinte e fizemos direito. Como manda o figurino
    Nesse momento, ao reconhecer a direção apontada, olhei furtivamente para Siqueira, que bebia sua cerveja olhando para cima com cara de paisagem.
    - Foi assim. De lá, começamos a sair mais. Sem compromisso. Quando vi, Estávamos juntos - Soares concluiu.
    - Adorei a história - comentei
    - O quiosque está fechando - Elias alertou por fim.
    - Está tarde, vamos pra casa? - Siqueira sugeriu - minhas pernas estão doendo de tanto que esse tarado nos fez andar hoje - e apontou para Soares, que riu satisfeito.
    - Não fala isso, que você gosta do meu tour, Gabriel. Mas vamos sim. Vamos voltar logo pro Rio amanhã de noite, para evitar trânsito. Então foi bom ter aproveitado esse tempo curtinho. Amanhã fazemos mais uns programas
    Ao ouvir sobre a iminência de ir, não pude deixar de sentir uma saudade antecipada do lugar. Mas era melhor assim. Se deixássemos para ir domingo, provavelmente pegaríamos muito trânsito
    - Vão indo então - Pinheiro mandou. - Vamos ficar aqui mais um pouco - e ele e Elias ficaram pra trás.
    - Vão fazer o que? - Pedro perguntou
    - Acho que gostaram da ideia das dunas - brinquei e logo depois os vi pegar areia no chão - corre! - E disparamos, fugindo da chuva de areia que nos era atirada.
    Chegamos rindo em casa, como os adolescentes que éramos. Era engraçado como sentia falta disso. De falar besteira, de agir de forma infantil. O Pracinhas nos exigia uma postura precoce, que amadurecêssemos rápido, sempre falando de responsabilidades, dever e tudo o mais. Aprendizados valiosos, sem dúvidas. Mas era bom ser um garoto de novo. Apenas para variar.
    Tomamos banho aos poucos e fomos deitar. Estava cansado. Chegando em nosso quarto, somente naquele momento percebi que nosso quarto tinha apenas uma cama de solteiro, a qual eu e Siqueira nos esprememos na noite anterior para dormir. E que além disso, havia um colchonete atrás do armário que poderia ter sido utilizado para remediar tal situação. Mas ao fim, não o sugeri e Siqueira tão pouco.
    Deitei e Siqueira se achegou ao meu lado. Me olhou desconfiado e perguntou.
    - Por que está me olhando assim, Mendes?
    - Nada. Só vendo se terei treinamento hoje
    Ele bocejou.
    - Hoje não, soldado. Mas não se preocupe, quando voltarmos ao colégio, tenho uma rotina de treinos prontinha pra fazer - e deitou de lado, virado pra mim, e fechou os olhos.
    - E eu posso perguntar hoje para o que estou treinando? - Tentei
    Ele apenas sorriu e de olhos fechados mesmo, ergueu o dedo em negativa.
    - Ok - me conformei. Então resolvi fazer uma última pergunta, só pra alfinetar - então voltamos à estaca inicial. Em que fazemos o que fazemos por ser nosso dever?
    Siqueira sorriu de novo.
    - Mendes, Mendes. Não se engane, meu garoto. Adoro comer sua bundinha. E ainda vou fazer muito disso, não precisa ficar ansioso. Só que eu gosto de mandar também. Não chame de desculpa, chame de... Apimentar o que já temos
    Pensei a respeito e concordei. Me virei então, de costas pra ele, não para o ignorar, mas porque preferia àquela posição. Mas fui surpreendido pela sua próxima ação. Siqueira passou o braço por cima de mim e me puxou para perto de si. Seu abraço era quente, confortável. Não estava preparado e por isso levei um susto. Mas gostei. Relaxei e dormi.

     

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 15 – A NOITE DOS CORDEIROS E DOS LOBOS (PARTE II)

    Era a primeira vez que entrava naquele lugar. Velho, mal iluminado, abandonado. Dava para sentir a aura histórica onde, séculos atrás, centenas de escravos eram mantidos ali. E era incrível como algo cuja realidade tão vil e desumana pode, com a dosagem de ficção correta, se tornar uma experiência excitante. Pelo menos, para algumas pessoas. E lá estava. O grilhão que me foi contado. Da maneira como Siqueira descreveu.
    Desarmado e bem seguro pelos braços por Valente e Albuquerque, Siqueira foi trazido ao centro do salão.
    - Você me pegou, Mendes - falou, marrento - agora para com a palhaçada e me mata logo. Quero ver se vocês três vão dar conta de todos os lobos
    - Para um prisioneiro, você tem uma língua bem grande, general - comentei, me divertindo - Mas não. Você não vai morrer agora. O senhor é um prisioneiro muito valioso para ser desperdiçado assim e... - pensei - embora, isso não quer dizer que não possamos nos divertir com o senhor enquanto isso, não é mesmo? - e sorri maldoso.
    Siqueira arregalou os olhos.
    - Rapazes, arranquem as roupas dele. E não precisam ser gentis. Não vamos precisar delas
    Levados pelo calor da atuação, os dois pegaram a camisa de Siqueira e a rasgaram aos puxões. O som do tecido rompendo foi delicioso. Depois, o jogaram no chão e lhe tomaram as calças, e por último, puxaram a cueca. Siqueira tentou impedir, agarrando o último, o que só serviu para compor o harmonioso som quando o aquela peça também foi rasgada.
    Nu, o general se levantou, respiração pesada, um pouco suado pelo breve exercício.
    - Prendam ele - e indiquei o grilhão. Ele foi levado, posto nu de joelhos e seu pescoço foi preso em conjunto com seus punhos. Prendi o fecho, trancando com um pedaço de madeira.
    Valente e Albuquerque trocavam olhares sedentos. Dava para sentir o tesão neles. A animação, ansiosos para meus próximos comandos. Como crianças que acabaram de ganhar um brinquedo novo, mas ainda aguardavam a autorização para abrir a embalagem.
    Cheguei perto do general e alisei aquela bunda carnuda.
    - Quando seus homens iam trazer o camarada Valente para cá, o que o senhor tinha em mente, General? - E apertei a carne musculosa - ia torturar meu subordinado? Assim? - e desci a mão com velocidade, batendo forte em uma nádega e fazendo ele gritar de susto.
    Eu então peguei sua cueca reduzida a trapos e enfiei na boca.
    - Foi mal, general. Mas você vai acabar estragando a brincadeira se conseguir alertar outros lobos
    Então, cheguei bem perto de seu ouvido e sussurrei:
    - Isso lhe traz lembranças, Siqueira? Espero que sim
    Senti ele respirar mais forte, reagindo a minha voz
    Voltei para trás dele e alisei a área atingida. Dei mais um tapa, fazendo seu corpo tremer. E massageei depois, até ele relaxar novamente. Repeti a sequência de golpes e carícias umas cinco vezes, ouvindo ele gemer, abafado pelo trapo na boca. Me abaixei, colocando meu corpo entre meu prisioneiro e meus homens, e passei a mão em seu pau. Estava duro. Gostei do que senti. Mas não queria que meus homens vissem isso. Afinal, queria fingir para eles que o prazer de Siqueira não era minha preocupação. Seria nosso segredinho. Meu e dele.
    Levantei e me voltei para eles.
    - Albuquerque, quer fazer as honras?
    Convidei e meu colega chegou animado. Bateu forte. Mais forte que eu. Até fiz uma careta com o som.
    - Ui - senti em mim aquele tapa.
    Albuquerque levou a mão a cabeça, sorrindo meio arrependido.
    - Acho que exagerei - penalizou-se
    Eu dei uma olhadinha pra baixo e vi que o pau dele continuava bem duro. Dei a volta e vi seu rosto, vermelho, olhando pra mim com aquela fome que eu conhecia muito bem.
    - Fique calmo, nosso general é um homem forte. Não serão uns tapinhas que o irão abater.
    - Mas e se ele quiser se vingar de mim amanhã? - Perguntou, preocupado.
    - Mais um motivo para fazer valer a pena hoje - argumentei, ouvindo Siqueira gritar algo que não entendi, abafado pela mordaça. Eu o ignorei. - Ele já vai lhe castigar de qualquer forma. Então, aproveite
    Albuquerque, ainda receoso, mas muito ansioso, bateu mais. Mais comedido, mas ainda assim forte. Fiquei admirando o rosto de Siqueira se contorcer a cada tapa, a bunda contrair, cada vez mais vermelha. O pau não baixava nem por um decreto.
    Depois de Albuquerque, Valente se fez naquela bunda musculosa. Eu já estava me preparando pra voltar quando ouço o som de passos lá fora.
    Corremos e nos posicionamos na entrada, escondidos. Siqueira tentou gritar para avisar, em vão. A mordaça e a pouca luminosidade do lugar nos seria favorável para manter a arapuca.
    - Opa, vejo que não fomos os primeiros - era a voz de Pinheiro. - Caraca, olha lá. Peladão no grilhão. Quem será?
    - Fortão assim, deve ser o Mendes - outro veterano falou, era Castro. Um cara bonito do terceiro ano, com o qual tinha pouco contato, mas me chamava muita atenção já tinha um tempo. Cara e corpo de modelo. Gostei ao ver que havia chegado aqui - maravilha. Doido pra enrabar aquele moleque marrento
    Eles entraram. Três alunos, trazendo mais três calouros. Entraram e foram logo rendidos, cada um dos meus homens para cada um deles.
    Foram desarmados e levados para o canto. Atordoados demais para entender o que estava acontecendo.
    - É Castro - comentei - ainda não vai ser hoje
    Castro me olhava com os olhos arregalados. De joelhos ao lado dos colegas. Um eu não lembrava o nome, já Pinheiro, conhecia bem demais. Dos três, apenas Pinheiro parecia estar gostando. Olhava impressionado ao redor.
    - O que aconteceu aqui? - Perguntou, sem acreditar
    Elias chegou e me deu um tapa do ombro. Ele era um dos prisioneiro que chegaram com a turma de Pinheiro.
    - Cara, tu sempre surpreende, não é mesmo? - me parabenizou.
    - Que nada. Só levo jeito pra essa brincadeira. E aí, teve uma noite difícil, né companheiro? Que tal dar uns tapas na bunda do Siqueira ali? Ajuda a relaxar
    - É o Siqueira? - Os alunos do terceiro ano perguntaram, incrédulos
    - Caraca - Elias ficou chocado e foi lá averiguar. Não resistiu e deu também uns bons tapas na bunda do major.
    - Quem manda ser malvado com os recrutas, Siqueira? Ninguém quer pegar leve com você. - Brinquei.
    Foi quando chegaram Soares com mais um veterano, trazendo mais um prisioneiro. Logo foram rendidos. Era fácil demais, pois nenhum deles esperava essa reviravolta. Caiam como ratos na armadilha. Mas não era por isso que íamos relaxar.
    Aproveitei que o nosso número havia aumentando e distribui minhas forças. Eu deixava sempre dois olhando a saída, para não sermos pegos desprevenidos, e dois com a arma em riste cuidando dos demais prisioneiros, para desmotivar qualquer motim. Tinha de tomar cuidado a partir dali, pois não queria que tudo ruísse como um castelo de cartas.
    Os calouros iam revezando nas palmadas no general. Eu, naquele momento, estava contente apenas em ouvir os estalos das mãos na bunda e os subsequentes ganidos de meu superior direto.
    Fui até Siqueira novamente, bunda bem vermelha, mas sem hematomas. O pessoal soube dosar bem as palmadas. Afinal, a regra era não machucar. Peguei na bunda de Siqueira e fui introduzindo o dedo. Buraco quentinho, piscando. Levei o dedo ao rosto e cheirei.
    - Limpinho, sorte nossa - comentei e meus colegas riram. Até Pinheiro gargalhou, mas logo se calou. A verdade é que dava para ver que os alunos do terceiro ano estavam gostando de ver Siqueira naquele estado. Era como uma pequena vingança pessoal pra cada um deles também. Já que Siqueira era do tipo linha dura, até mesmo com seus iguais.
    Passei mais uma vez a mão no pau dele e gostei do que encontrei. Não estava só duro, estava babando. Salivei. E com essa boca sedenta, devorei aquele ânus na frente de todos. Chupando-o todo e arrancando os gemidos chorosos de meu prisioneiro, enquanto minha língua vasculhava o interior do seu corpo. A plateia olhava atenta. Enchi aquele cu de saliva, cuspindo bastante em seu interior.
    - Talvez você já tenha sofrido demais, general - e parei e olhei para os demais prisioneiros. Uma ideia me ocorreu - talvez não
    Caminhei até eles e mandei se levantarem.
    - Tirem as roupas - mandei, e eles obedeceram. Mas mantiveram as cuecas.
    - Pelo que parece, não sou apenas eu quem não sei como me despir, não é mesmo? Tirem tudo - completei.
    E tiraram. Pinheiro tinha aquele sorriso safado. E Castro me olhava com fogo. Era o mesmo fogo que Siqueira tinha em mim no começo de nossa relação. Algo que eu julgava na época como sendo raiva, mas não. Era desejo.
    Olhei para Pinheiro, de longe o maior pau dali. Erguido, ereto, orgulhoso
    - Vejo que tinha armas escondidas ainda, major - avaliei e todos riram - venha. Essa vai me ser útil
    O levei até Siqueira.
    - Quero que o foda sem piedade - mandei. Ele salivou e foi indo sem questionar, mas então eu o segurei pela nuca - e faça direito. - completei - Caso contrário, tomará o lugar dele
    Os olhos dele brilharam e ele sorriu ainda mais.
    - Sim, senhor - falou por fim e se voltou para o amigo.
    - Foi mal, general. Mas é o senhor ou eu - e meteu sem dó. Siqueira deu um ganido, abafado pela mordaça. Pinheiro meteu e meteu, aquele corpo musculoso empenhado em fazer Siqueira gemer. Eu fiquei na frente deles, vendo a carinha de Siqueira enquanto era deflorado. Pinheiro olhou pra mim, cúmplice, sorrindo. Ele também devia conhecer aquele lado hard de Siqueira, já que eram tão amigos. Ele podia não saber da história que eu sabia, mas com certeza tinha conhecimento que Siqueira, quando fodido, gostava de ser fodido com força.
    Pinheiro gozou logo, levado pela pressão. Chamei outro. Castro chegou e olhou pra mim, ainda com incerteza
    - Fique à vontade para pensar em mim enquanto fode. Isso não muda o fato de que vocês estão em minhas mãos - falei simplesmente. Ele sorriu e começou a meter também.
    Albuquerque chegou ao meu lado, humilde e perguntou.
    - Capitão, assim... E nós? Vamos só olhar?
    Olhei seus olhos claros e sorri. Era bonitinho ele estar tão leal a mim. Mas sua pergunta me deixava em uma situação delicada. Minha estratégia consistia em tornar aquilo uma experiência boa para todos os envolvidos. Vítimas ou algozes. Afinal, não podia esquecer que aquela noite era apenas uma revanche temporária no embate de forças em nosso colégio. Amanhã, voltaríamos todos as nossas posições. E qualquer sentimento de vingança que surgisse ali poderia complicar a vida dos calouros nos próximos dias e meses. Em especial, a minha.
    Por outro lado, que espécie de comandante eu seria se não aceitasse assumir certos riscos? E tinha de admitir, a vontade de levar aquilo até onde eu pudesse me era muito tentadora. Então olhei para os prisioneiros e fiz cara de pena
    - Senhores, eu sinto muito. A princípio, somente seu general seria violado. Mas vocês compreendem que meus homens lutaram muito e merecem os espólios.
    Eles ficaram tensos, então me voltei aos meus homens.
    - Mas não baixemos nossas guardas. Podem aproveitar, no máximo, dois de cada vez. Se organizem. Quero dois homens sempre tomando conta da entrada e pelo menos um com as armas a postos contra os prisioneiros e prontos para reagir caso necessário.
    - Sim, senhor! - Um uníssono.
    Então peguei Albuquerque pelo braço e falei ao seu ouvido.
    - Escute bem soldado, pois essa sua missão é de vital importância. Quero que foda direito. Quero que dê o seu melhor, que o cara que você escolher goste de ser fodido. Não é hora de vingança. Pelo contrário, é hora de conquistar eles. Quero que vocês façam eles sentirem prazer em serem calouros novamente. Passe adiante.
    E sorri pra ele, e falei em tom normal, para todos ouvirem.
    - Vai lá, garoto. Dê seu melhor
    Albuquerque sorriu em cumplicidade e acenou positivamente com a cabeça.
    - Sim, senhor - e foi escolher o seu.
    Castro, coitado, mal terminou de gozar e já foi levado por Albuquerque, que parecia um cachorro no cio.
    Meu soldado o levou para a parede e o mandou apoiar as mãos e empinar bem a bunda para receber o seu castigo.
    Castro ficou tenso, mas Albuquerque seguiu direitinho meus comandos. Chegou perto, beijou sua nuca e falou:
    - Relaxa, major. Nós aqui só maltratamos o general. Vocês serão tratados com dignidade
    E abriu sua calça e a arriou, voltando e alisando a mão por suas pernas de baixo para cima, até acariciar a bundinha bonita e empinada de Castro. Mesmo de longe, deu para ver que o Major se arrepiou todo. Fechou os olhos e segurou o suspiro, enquanto Albuquerque descia e lambia carinhosamente sua bunda. Depois foi beijando com carinho as nádegas. Castro tentava manter a compostura, olhando fixamente para a parede e fingindo não gostar. Então, abrindo bem a bunda de seu prisioneiro, começou a lamber o orifício de forma eficiente. Os veteranos acompanhavam a cena, excitados.
    'Isso, garoto' parabenizei em pensamento. Fiquei tomando conta da saída. Por sorte, nenhum outro veterano apareceu para nos atrapalhar.
    Albuquerque subiu novamente, pegou o major Castro pela nuca e lambeu sua orelha, enquanto encaixava delicadamente e começava a penetração.
    - Muito bem, soldado - parabenizei. - Mostre a nosso convidado que aqui, tratamos bem nossos prisioneiros.
    Foi a vez de Elias se juntar.
    Olhou para Pinheiro, sorrindo travesso.
    - É major, dessa vez vai ser na frente de todo mundo - avisou.
    Pinheiro, porém, apenas riu. Estava relaxado, levando tudo na farra. Marrento e cheio de atitude, chegou, botou a mão na parede e empinou aquela bunda gostosa. Gemeu muito na pica o Elias, sem pudores.
    Castro também, embora se contivesse, dava para ouvir seus gemidos mais tímidos.
    Só quem não gemia mais era Siqueira. Botei Valente em meu lugar de guarda na porta e fui lá. Tirei o trapo da sua boca para averiguar. Dava para ver que estava exausto. Apenas respirava mais forte, enquanto era comido por outro de seus antigos companheiros. Como um animal abatido, me olhou, cansado. Mas seus olhos tinham um brilho diferente de tudo o que eu já vira antes. E ao contrário do resto do seu corpo, emanavam uma vida, um fogo. Sorri satisfeito. Meu intenso havia sido alcançado. Abaixei e passei a mão em seu pau, que naquele momento pingava no chão. O veterano saiu dele e voltou para o grupo. Então, falei baixinho para Siqueira, sorrindo em cumplicidade.
    - Vai pedir com jeitinho para eu parar? - perguntei baixinho e ele sorriu.
    - Nem fodendo, Mendes - sussurrou
    - Essa é a ideia, general - e levantei e dei mais um tapa na bunda dele - próximo! - chamei e veio Soares.
    - Cara, vou ter de trazer o Pedro aqui um dia - comentou só pra eu ouvir
    - É provável que ele adore - concordei e continuei organizando. Vendo a orquestra libertina tocar seus maiores sucessos naquele lugar. O cheiro, os sons, as imagens. Todas remetiam ao prazer e eu fiquei satisfeito apenas em contemplar a arte e saber que eu era o artista quem assinava.
    Todos os lobos coitaram seu macho alpha e foram, um a um, coitados pelos cordeiros. A revolução estava feita. Podíamos ainda, numa reviravolta, perder aquela guerra, mas entraríamos para a História.
    Meus cordeiros também se satisfizeram com Siqueira. Que já não lutava, nem gritava mais.
    Aos poucos, os ânimos foram contidos e a coisa foi amornando.
    Ao fim, coloquei os do terceiro ano em fila, de joelhos e nus. Siqueira continuou agrilhoado. Parei com minha tropa diante deles, antes de discursar:
    - Senhores, foi uma honra lutar contra vocês. Vocês foram adversários dignos, do começo ao fim. Mas a noite ainda é longa e temos muito trabalho a fazer.
    E, juntos, disparamos contra seus peitos.
    Eles riram, cansados, mas conformados.
    - Podem usar nossas roupas para voltarem. Vamos precisar das dos senhores - informei.
    Eles foram pegando a calça que melhor os servia e foram saindo, se despedindo educadamente. Ao fim, parece que todos se divertiram e estavam levanto bem na esportiva a derrota que sofreram. Fiquei mais tranquilo.
    Pinheiro, mais ousado, pegou a calça, mas não a vestiu de imediato. Andou pelado em minha direção e sorriu, rosto com rosto.
    - Bom trabalho, Mendes. Mas isso vai ter volta - ameaçou e eu fiquei excitado com seu tom.
    - Estou ansioso por isso - respondi com sinceridade. Pinheiro me beijou, cheio de desejo, então se virou para Elias e apontou.
    - Já você. Só te lembro que amanhã volta a ser meu subordinado.
    Elias riu e respondeu cheio de atitude.
    - Amanhã conversamos, major. Pode ser que ao fim o senhor prefira ficar por baixo
    Pinheiro saiu, pelado mesmo, com a calça na mão.
    Me voltei para meus homens.
    - Senhores. Essa é sem dúvidas uma vitória histórica. E eu não poderia estar mais orgulhoso. Porém, ainda não estou satisfeito. Quero mais. Quero tudo. Agora, escutem todos. Não vamos apenas vencer essa batalha. Vamos vencer toda a guerra. Vamos sair agora por essa porta, e vamos salvar todos os cordeiros que pudermos. Vamos matar, cada lobo que ainda se atreva a caçar por essas matas. E eu juro por Deus, que se amanhã de manhã eu ouvir um único uivo de um lobo vivo. Vocês, senhores, se verão comigo. Fui suficientemente claro?
    - Sim, senhor! - Gritaram juntos
    - Então, vão! - Comandei e eles rapidamente se organizaram e saíram. Pegaram as roupas dos antigos prisioneiro e saíram à paisana, para espalhar o caos. Para concluir a revolução.
    Antes de ir com eles, caminhei até Siqueira, caído em seu cárcere, apenas respirando. Sentei diante dele. Eu também estava exausto. Meu pescoço e meus ombros doíam e só então eu tive a noção de quão tenso estava durante todo o processo. De quão empenhado em fazer tudo correr perfeito. Pra mim, para todos. Mas, sem dúvidas, para ele. Peguei seu rosto, fazendo-o me encarar.
    - Então, esse era seu plano, afinal. Pra isso todo aquele treinamento? Pra poder me colocar aí e me enrabar junto de seus amigos? Vejo que tem muitos ali que sonham em me comer. Vão ter de fazer melhor que isso - e ri - mas tenho que agradecer sua preocupação comigo, major. Em ter o cuidado de garantir que eu estivesse preparado para tamanho desafio. Deixou minha bunda experiente, flexível, imaginando quantos paus ela teria de aguentar. Obrigado. Mas o senhor cometeu um grave erro
    Eu o olhei nos olhos e ele sustentou.
    - Mais uma vez, o senhor me subestimou. E esqueceu o que eu sou. Eu já lhe disse, major. Sou como um animal. Se sou encurralado, eu ataco. E você me desafiou naquela mata hoje. Me olhou nos olhos e me intimidou. Mas acho que a culpa foi minha também. Tenho estado tão dócil com o senhor nos últimos dias, tão obediente, que acabei fazendo você esquecer com quem estava lidando
    Eu sorri, e então um pensamento me acometeu.
    - Ah menos... Que o senhor já imaginasse que eu faria isso. Talvez tenha me usado para reviver sua fantasia. Então eu fui um peão o tempo todo em seu grande plano
    Siqueira começou a rir, cansado.
    - Sabe, Mendes. - Começou, devagar - eu gosto de estar por cima, não nego. Seria ótimo para minha dignidade se eu tivesse realmente planejado tudo isso. Mas não é verdade. Eu não queria estar aqui. Queria que você estivesse. Queria ver você gemendo na rola de todos os oficiais do terceiro ano. Mas o tiro saiu pela culatra e eu perdi. Meus parabéns, Mendes. Você me ganhou. De novo
    Satisfeito, eu levantei e destranquei. O ajudei a se erguer e o levei ao centro do salão.
    - Fico feliz que esteja levando bem, major. Pois nós dois sabemos que a história não será gentil com o senhor - e o pus de joelhos e parei diante dele. - o senhor foi o primeiro, e talvez será o único general dos lobos que perdeu uma luta contra os cordeiros - e apontei a arma pra ele. - Últimas palavras?
    Ele ergueu o rosto e sorriu. Exausto, mas satisfeito.
    - Obrigado, Mendes
    Eu então disparei.
    ...
    O dia raiou belíssimo na manhã seguinte. O azul fazia seu espetáculo no céu, enquanto o vermelho na terra. Os alunos do terceiro ano, rendidos no chão. Todos ali, o que me deixou muito satisfeito. Alguns cordeiros também, mas eles estavam tão felizes quanto os sobreviventes. Ao final, nos unimos e demos o nosso grito de guerra. O uivo dos lobos iniciou àquele evento, mas o berro dos cordeiros o encerrou.
     

     

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 19 – ESTRUTURAS E DESEJOS

    O tempo há de curar as coisas que não podem ser remediadas. Essa frase feita me serviu muito bem, e resume meu estado de espírito conforme os dias foram passando. Acabei conversando com Pedro e com Elias a respeito dos meus tios. Eles foram bastante solidários. Pedro, como eu imaginei, ficou mais sentido. Afinal, aquele era um risco ao qual ele e Soares se colocavam todo o dia, ao viverem suas fantasias.
    Mas a ele e ao noivo, havia algo que faltava em meu tio na época: a consciência dos próprios desejos.
    Passamos muito tempo juntos naqueles dias. Além de nossa amizade, os professores do Pracinhas pareciam ter combinado de que todos pediriam trabalhos em grupo para suas turmas. Acabamos montando o mesmo trio em todos. Então, ficávamos juntos todo o momento. Na biblioteca, no pátio, no refeitório ou no dormitório. Se não discutindo o trabalho, conversando besteira. As vezes as duas coisas se misturavam.
    Tivemos trotes nesses períodos, obviamente. Mas nenhum digno de nota, do ponto de vista de pôr em cheque nossos desejos. Foi em uma discussão sobre trabalhos, que acabei falando com eles a teoria que debati com Siqueira em Verão Vermelho.
    Pedro, mais experiente no assunto, foi logo ao ponto.
    - Ao longo dos meus ficantes, peguei vários caras que usavam diversas alegações para não se definirem como gays. 'não gosto de viado, só de comer viado', 'só como, não dou', 'sinto tesão só se o cara tiver jeito de macho' e blá, blá, blá - e fez cara de impaciência. - Eu nem discutia isso. Até porque, não queria nada sério com nenhum deles. Estava só com tesão, então não me importava com os problemas psicológicos deles.
    - Pera aí, você está dizendo que, na sua opinião, somos um bando de viados enrustidos? - Perguntei, erguendo a sobrancelha.
    - Eu não disse isso - e fez cara de inocente.
    Eu olhei para Elias e ele pra mim, pensamos e concluímos que a resposta era 'sim'. Então demos de ombros e continuamos o assunto.
    - Mas eu devo concordar que uma 'desculpinha', ajuda muito algumas horas. - Elias ponderou - digo. Não dá pra negar que somos de forma geral educados a sermos héteros. Por mais liberais que nossos pais possam ser, a ideia é centrada na vida hétero. Família tradicional, filhos e tudo mais. E quebrar isso, de repente, é difícil
    - Nem fala - Pedro comentou - Henrique mesmo, pra dizer que me amava a primeira vez, foi quase um parto. Ele simplesmente não conseguia. Tinha um bloqueio.
    Eu completei.
    - Mesmo aqui no Pracinhas, onde praticamente vivemos em uma Sodoma, ainda assim temos essa... Sei lá... 'estrutura' que nos impede de irmos além da putaria - falei.
    - Acho que é mais complexo que isso, Fábio - Pedro se mostrava mais eloquente - essa 'estrutura', como você chamou bem, é em parte repressora, mas em parte libertadora. Ela impõe limites, mas também é o fio condutor que nos permite explorar outras coisas. Por exemplo - e pegou um papel e desenhou um círculo. - Pois dentro dela...- E apontou para o centro - você tem liberdade de atuação, mas desde que não ultrapasse essas linhas - e demonstrou a circunferência. Depois foi desenhando setas que iam da borda ao centro, em diversos tamanhos e formatos - essas são os trotes, a repressão, a hierarquia, a violação. Essas são partes fundamentais da estrutura. Que auxiliam em sua regulação. Empurram você para o centro e o impedem de sair do círculo e de chegar no campo dos sentimentos. - E indicou o lado de fora do círculo.
    - Entendi. Elas são os pretextos para que todas nossas experiências sejam nada mais do que brincadeira ou obrigação - Elias concluiu.
    - Isso. Encare a linha como sendo algo como um Tabu. E as setas como os ritos ou preceitos que nos impedem de passar pelo tabu
    Eu pensei um pouco mais e então apontei para a região das setas e trouxe outra questão.
    - Acrescento que essa zona turbulenta é mais complexa ainda. Aqui, nessas setas, nesses agentes das estruturas, chamemos assim, existe ainda a possibilidade de se criar algo novo. Talvez um sentimento, um prazer distinto. Onde as próprias regras da estrutura são capazes de gerar uma forma totalmente nova de prazer. - Sugeri.
    - Faz sentido - Elias falou - assim, por experiência própria, lembro quando o Pinheiro jogava verde pra me comer pela primeira vez. Ele queria forçar a barra, usando a falsa autoridade que todos do terceiro ano têm. E devo admitir que... sei lá... mais do que uma desculpa, a própria autoridade dele era atraente. - Ele corou um pouco, mas continuou - e tem mais. O Siqueira na noite dos cordeiros e dos lobos. Caramba, o cara se sujeitou, foi escorraçado. Mas eu achei que ele gostou. E tem você - apontou pro Pedro - sendo oferecido pelo seu noivo como quem oferece uma bala
    - Ei! - Pedro interrompeu - não exagera
    Ri, então ponderei.
    - Você tem que admitir que, olhando de longe, o que vocês têm é esquisito - refleti. - mas não deixa de ter razão. Entre ser usado como objeto, você e ele criaram uma forma de prazer completamente nova
    Pedro pensou bem e deu de ombros.
    Paramos e absorvemos a conversa. Percebendo o quão profundo havíamos chegado em nossos devaneios. Então, Elias quebrou o silêncio.
    - Pessoal. Como uma discussão sobre 'A Poética' de Aristóteles para nosso trabalho acabou nisso?
    Olhamos para nossas anotações estragadas pelo círculo dos prazeres de Pedro e rimos.
    - Eu acho que nós deveríamos mudar o tema do nosso trabalho - Elias sugeriu - ficou muito melhor essa discussão
    - Acho que os professores não iam gostar muito. Ainda mais se começássemos a contar os exemplos aqui do colégio - Pedro gargalhou e nós o seguimos.
    Mas naquela noite, eu teria o que podemos chamar de um estudo de caso, que poderia ou não confirmar nossa teoria. No meio da madrugada, eu acordo com vontade de ir ao banheiro. Nosso banheiro fica na área externa ao dormitório. Então pus um tênis e um casaco, pois a noite estava fria. Sai, me aliviei, porém, quando ia retornar, percebo ao longe um movimento de pessoas, poucas, entre a mata e o prédio principal. Pela distância, não pude reconhecer quem eram, embora tivesse algum palpite.
    Olhei do dormitório para o movimento, sendo induzido pela curiosidade a ir para lá e confirmar o que eu já deduzia ser. Como sempre, minha curiosidade venceu e eu passei por cima do receio de ser pego fora do toque de recolher e segui furtivamente até a área em construção. Peguei um caminho mais longo para não correr o risco de esbarrar com algum veterano. Ao me aproximar, um déjà vu.
    Os sons: primeiro de respirações mais afobadas, porém contidas, como quem não quer fazer muito barulho. Depois as colisões de corpos, ecoando como palmas. Enfim, a voz conhecida de Sequela, falando suas obscenidades.
    - Toma, milico. Toma. Isso. Isso. Olha pra mim não. Pra frente, isso. Pra frente. Deixa eu continuar pensando que tu é uma mina. Abre mais... Isso... Assim... Delícia. Deixa eu meter bem fundo, vai
    Não precisei olhar por detrás da árvore em que eu estava para confirmar o que acontecia, porém, olhei assim mesmo.
    E ver Santos de calças arriadas, apoiado na árvore e sendo fodido tal como o vi fazer com Albuquerque, me encheu daquela prazerosa, porém vergonhosa, satisfação pessoal de vingança.
    Entretanto, bastou mais um tempo olhando a maneira fria e desdenhosa com que Sequela o usava, para eu começar a me compadecer, talvez pela primeira vez, com meu antigo algoz.
    Mas esses sentimentos conflitosos não puderam ser bem trabalhados. Pois logo meu coração é tomado num salto, levado pelo susto, quando uma voz soa ao meu ouvido.
    - Espiando o que, Mendes?
    Somente por obra dos Deuses que eu não gritei.
    Me virei e vi Siqueira. Braços cruzados, rindo baixinho.
    - Caralho, Siqueira - sussurrei. Coração já na boca - quer me matar?
    Ele riu mais, contido para não fazer muito barulho.
    - Não sabia que você curtia esses lances de voyeur - brincou.
    - Não é isso. É só...- A verdade é que não tinha muita desculpa. - Vai fazer alguma coisa? - Tentei desconversar, apontando para Sequela e Santos.
    - Sim. Esperar acabarem e falar com o Sequela
    - Vai deixar isso acontecer? - Questionei - não sei se você entende o que está havendo. Não é uma... Trepada comum. Ele está basicamente se prostituindo
    - Já conversei com Santos a respeito disso tem alguns dias - informou simplesmente.
    - E...? - O fiz prosseguir
    Siqueira me olhou, sorriu e falou.
    - Aguarde e observe.
    Eu ia argumentar, mas me calei e obedeci.
    Logo, o som do gozo de Sequela pôde ser ouvido.
    - Caralho... Delicia milico. Nada como um cuzinho quente nessa noite fria. Tomara que seu pai continue brigado contigo
    Eu e Siqueira olhamos, ocultos, ele entregar um baseado pra Santos e este sair sem dizer nada, de cabeça baixa.
    Eu olhei pra Siqueira e ele fez sinal para eu prestar atenção em Santos. Observei e o vi sair da área da mata. Estava difícil distinguir o que ele fazia naquela distância, mas tive a nítida impressão de o ver jogar algo no lixo quando passou por ele.
    - O que ele jogou fora? - Perguntei.
    - O baseado - informou. E sorriu quando eu demonstrei não acreditar - se quiser, podemos olhar o lixo quando saímos e você verá
    - Mas ele não usa?
    - Usou no começo, mas isso deu muita enxaqueca nele. Então parou. Desde então, ele vem me dado os que ele 'compra'. Como eu também parei, ele agora joga fora.
    - Mas se ele parou, porque...- E me calei ao perceber como minha pergunta era idiota - cara, cada hora uma loucura diferente nesse lugar.
    - Não seja tão precipitado em julgar, Mendes - ele advertiu - nem todos viemos de um lar tão libertário como o seu
    Eu então pensei a respeito e concordei. Resolvo perguntar outra coisa.
    - Você parou de usar?
    - Aham. Já não preciso mais. Graças a Deus minha mãe teve melhoras. As coisas em casa melhoraram muito com a presença dela. Então não preciso mais. Mas chega de enrolar. Preciso encerrar por hoje. Pode vir comigo se quiser
    E saiu das sombras, indo até Sequela.
    Eu, sem saber o que fazer, o segui.
    - Grande, Siqueira. E aí, bateu saudade? Posso dar uma por conta da casa pra você lembrar dos bons tempos - Sequela o saudou
    - Obrigado, mas não - Siqueira respondeu relaxado - vim apenas fechar o portão por hoje, e informar que a partir da próxima semana, o major Pinheiro ficará encarregado da chave
    Sequela o olhou com desconfiança.
    - Aconteceu alguma coisa?
    - Não. Só que, como não vou mais usar, não tem porque eu sair do meu alojamento de madrugada pra isso. Deixarei com ele
    - E esse aí? - Sequela apontou pra mim - novo cliente?
    Siqueira sorriu e olhou pra mim interrogativo. Eu apenas fiz que não com a cabeça.
    - Eh, acho que não - respondeu por mim. - Vamos lá, Sequela, hora de sair - e o conduziu para fora.
    Quando foi embora, eu perguntei.
    - Pinheiro está passando por alguma barra?
    - Pinheiro? Não. Esse aí usa desde sempre. De onde acha que vem todo aquele jeito 'zen' dele? Vamos, Mendes - e foi me guiando.
    Caminhei com ele até sair da floresta. Então, outra dúvida surgiu.
    - A direção sabe desse acordo? Difícil imaginar que esse tempo todo se manteve oculto
    - Com certeza sabem, mas se perguntarem, vão negar até o último suspiro. O Pracinhas possui muitas tradições, Mendes. Algumas bem ocultas
    Eu sabia disso. Tudo, afinal, tinha seu lado B. Caminhamos até o pátio, porém, no meio do caminho, entre meu dormitório e o prédio principal, parei.
    Siqueira virou e me encarou, sem entender. Na verdade, nem eu estava entendendo bem. Mas eu tinha... Não, eu queria tentar uma coisa.
    - Não quero ir pro meu dormitório. Precisamos conversar. No seu quarto teremos mais privacidade - falei por fim.
    - Tá muito tarde, Mendes. O que você quiser, pode esperar
    - Não foi um pedido - e girei os calcanhares e me dirigi ao prédio principal. Chegando na escadaria, olhei pra trás e Siqueira continuava parado, sem entender. Então, finalmente saiu da inércia e me seguiu
    Subimos e entramos em seu quarto.
    - O que está acontecendo contigo, Mendes?
    Não respondi. Até porque nem eu sabia bem. Só queria muito comprovar uma coisa que recentemente havia saltado em minha cabeça.
    - Tira a roupa - mandei.
    - O quê? - Ele riu e eu cheguei bem perto e o encarei.
    - Não preciso lembrar, major, quem manda em quem aqui. Quem pode ferrar a vida do outro aqui. Tira a roupa. Agora - fui seco e direto e Siqueira se calou. Engoliu seco. Pela primeira vez o vi entorpecido, como se não soubesse o que sentir. Seus olhos estavam confusos, sem saber até que ponto aquilo poderia ser uma sórdida brincadeira, ou outra coisa.
    Eu também estava confuso. Talvez estivesse indo longe demais. Mas queria aquilo. Tinha a necessidade de comprovar o que se passava pela minha cabeça, de entender bem a fundo o desejo de Siqueira. E para isso, eu precisava agir da maneira que estava agindo. Indiferente, frio, intransigente.
    Siqueira foi tirando a roupa, me olhando com cautela. Tirou a blusa, os tênis e as meias, a calça. Parou e me encarou, pela primeira vez o senti temeroso. Não precisei falar e ele percebeu que tinha que tirar a cueca também. Ficou nu. Percebi que ele usava uma corrente fina de ouro no pescoço. Nunca a tinha visto antes.
    - O que é isso?
    - Mi... Minha mãe me deu nessas férias
    Eu estava conseguindo. Sua voz tremia. Não me lembrava da última ou única vez em que Siqueira gaguejara. Estava completamente desarmado.
    - Melhor tirar isso também - queria que minha voz soasse como uma ordem, mas saiu mais como um conselho amigável. Não pude ser autoritário como quis diante de seu sentimento por sua mãe.
    Mas ele obedeceu sem questionário, tirou e colocou em cima de sua pilha de roupas. Dessa vez, diferente de todas, ele não as deixou arrumadas e dobradas, mas de qualquer jeito, demonstrando o quão desorientado estava.
    Eu então caminhei até sua cama, sentei, e bati em minha perna, convidando-o a vir.
    Siqueira ficou estarrecido, imobilizado diante de mim.
    - Mendes...- Falou baixinho e eu bati de novo na perna. Implacável.
    - Vem logo - mandei.
    Siqueira deu alguns passos débeis até a cama, corpo nu, pau inchado. Ajoelhou na cama e foi deitando, devagar, receoso, como um gato escaldado.
    - Fabio, por f...
    Dei-lhe um tapa na bunda. Ele se calou e segurou o grito, estremecendo todo com o susto.
    - Não quero ouvir sua voz, há menos que eu mande - sibilei.
    Ele então se calou e terminou de deitar.
    Quieto, dócil. Alisei sua bunda, sentindo a aspereza da pele, efeito que um único tapa causou. Seus pelos estavam todos arrepiados, seus músculos rígidos. Só então eu pude perceber com clareza a profundidade do prazer que Siqueira tinha naqueles momentos.
    Um, dois, três tapas. Ele reagiu a todos. Trincando os músculos, gemendo baixo, calando a voz em sua boca. Silencioso, como aquela que aprendeu desde cedo que, se chorar, é pior.
    Quatro, cinco, seis.
    Os estalos ecoavam pelo quarto. O bunda era rígida, pouco balançava. Os músculos das costas estavam bem definidos. Braços rígidos, e encolhidos, enquanto se agarrava aos lençóis e apoiava o peso do corpo nos cotovelos. Ele respirava forte, mas se segurava para não fazer barulho. Apenas um som, próximo do choro contido, era perceptível.
    Sete, oito, nove, dez, onze.
    Alisei a área avermelhada atingida. E bastou um simples toque na linha entre as nádegas para fazer elas se abrirem como uma flor. Introduzindo os dedos, senti a região quente e pulsante de seu ânus.
    Introduzi totalmente, vendo ele se contrair. A boca se abriu, mas a voz morreu no caminho para fora. Fui massageando a região, alisando meu dedo por seu interior macio. Senti seu glúteos fechar, apertando minha mão em seu interior. Continuei a massagear, enquanto ele gemia baixinho. Passei a mão na sua nuca e estava úmida, sua pele se enchia com gotículas de suor.
    Retirei meu dedo e iniciei uma nova sessão.
    Doze, treze, quatorze, quinze...
    Fui lhe dando palmadas e observando todo seu corpo. Diferente da noite dos cordeiros e lobos, onde precisei dividir minha atenção, ali pude me concentrar e observar cada detalhe de Siqueira. Sua pele brilhando de suor, a forma como os músculos de seus braços se contraíram, a maneira como sua bunda firme pouco oscilava a cada tapa, as pontas dos dedos dos pés que se retorciam, como se estivessem em agonia.
    Passei a mão por seus cabelos molhados, suas costas musculosas, alisei seu peitoral bem feito, seus mamilos rígidos.
    Tudo ao som gostoso dos estalos das palmadas e seus gemidos contidos. O pau duro de Siqueira começou a melecar minha calça.
    E continuei batendo. Palmadas leves, mas precisas.
    Só então pude entender enfim a verdadeira raiz de seu prazer. Seu momento auge não foi a curra que sofreu dos garotos do terceiro ano, em seu primeiro trote no Pracinhas. Mas sim esses momentos íntimos, em que apenas ele e o tio partilhavam. Em que ele se colocava a disposição dos tapas que recebia, e aos quais não podia fazer barulho, para não alardear outros membros da família a respeito daqueles momentos vergonhosos.
    Deslizei meu corpo e saí de baixo de Siqueira. Me levantei. Fui tirando a roupa, enquanto ele me olhava, de bruços ainda, bunda vermelha da surra.
    Siqueira tremia. Estava vulnerável como nunca. Do seu pau duro, abaixo do corpo, era visível apenas a cabeça rosada que despontava para o lado.
    Nu, eu voltei pra cama, abri suas pernas e me posicionei entre eles. Abri suas nádegas e admirei o orifício.
    Com cuidado, encaixei meu pau, que foi abraçado como um amigo muito querido por seu ânus. Enfiei um pouco e tirei. Apenas para ver sua reação. E sorri ao vislumbrar o buraquinho piscando.
    Me deitei por cima de seu corpo molhado e sussurrei.
    - Pede com jeitinho que eu te fodo
    Ele estremeceu.
    - N... Não - gaguejou
    Enfiei mais um pouco, mas tirei, sentindo ele ganir cada vez que eu saia de dentro dele
    - Pede - mandei, mas ele não respondeu. Estava inerte, paralisado. Não conseguia sequer virar o rosto e me encarar.
    - Tudo bem - falei por fim e beijei sua nuca - boa noite, Siqueira - e fiz menção de sair.
    Nesse instante, ele levou seu braço pra trás e me agarrou, mantendo meu corpo colado ao dele
    - Não. Por favor
    - O que disse? - Sorri em vitória.
    - P... Por favor - sua voz quase não era auditiva.
    Ele não disse mais nada, nem eu ia exigir qualquer outra palavra. Meti, tudo de uma vez. O major sofreu um espasmo e eu joguei meu peso por cima dele. Peguei suas mãos e entrelacei seus dedos aos meus.
    - Calma, Gabriel - sussurrei ao seu ouvido - não fica com medo. Vou te tratar com carinho a partir de agora - falei
    Comecei a meter. Calmo, com carinho, como prometi. Sentindo meu órgão entrar e sair devagarinho de seu corpo.
    Siqueira puxou meus braços e me fez o abraçar. E ali, colados um ao outro, continuei a penetrar.
    - Isso. Isso - falei baixinho - devagar. Vou cuidar bem de você
    Siqueira gemia baixinho. Aos poucos seus músculos iam se soltando e ele parecia relaxar. Sua respiração foi voltando ao normal e sua musculatura foi perdendo a tensão.
    Meti mais. Com calma, enquanto beijava seu rosto, sua nuca.
    O pau de Siqueira já despejava liquido na cama e seu rosto tinha um olhar perdido nas paredes. Gozei logo em seguida, deixando meu pau amolecer naturalmente em seu interior.
    - Desculpe, major - pedi - espero não ter ido longe demais. E espero sinceramente que tenha gostado. Desde a nossa tarde nas dunas, que queria te dar algo especial. Pensei que tivesse o feito na noite dos cordeiros e dos lobos. Mas não pensei ter sido o suficiente.
    Mas ele não respondeu, ficou ali deitado, ainda extasiado da experiência. Eu de fato o havia quebrado. Enfim tinha vencido sua resistência de pedra.
    - Vou indo agora, para você descansar, sim?
    Mas quando fui levantar, ele prendeu minhas mãos.
    - Fica, por favor - pediu, me olhando nos olhos pela primeira vez desde que tudo começou - dorme aqui comigo, Fábio
    Não tive coragem de deixá-lo assim. Sorri, beijei seu rosto e deitei por trás dele, abraçando. Fui acariciando sua cabeça até ele relaxar e adormecer.
  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 20 – TRIBUNAL DE GUERRA

    Não era minha intenção passar a noite lá, mas o sono chegou sem eu sentir e quando me dei conta, acordei com muita preguiça. Escutei o celular de Siqueira ao longe e tentei ignorar o quanto pude. Mas ao fim tivemos de nos levantar. Senti Gabriel calado, meio distante. Estava visivelmente constrangido. Sorriu pra mim quando deu bom dia, mas não foi mais amistoso que isso. Me vesti e me despedi. Tinha de voltar para meu dormitório antes que sentissem minha ausência.
    Mas já era tarde, pois foi só eu sair pela porta, que vejo o inspetor terminar de subir até aquele andar. Tentei ainda voltar correndo, sem sucesso.
    - Mendes, é você?
    Malditos óculos fundos de garrafa. O cara enxergava como uma águia. Me virei e encarei meu destino.
    - O que faz aqui a essa hora?
    Eu não soube o que responder
    - Vejo que passou a noite fora de seu dormitório - concluiu sozinho.
    Nesse momento, Siqueira saiu do seu quarto e tentou intervir.
    - Capitão, nos desculpe. O Mendes acabou ficando aqui até tarde porquê... Estava me ajudando com meu trabalho...
    - Eh... Isso - dei corda, embora duvidasse que estivesse sendo convincente.
    - Essa é a desculpa mais deslavada que já ouvi. Vocês do terceiro ano tem autoridade para andar pelo colégio fora do toque, e até mesmo trazer algum calouro sob seus auspícios. Mas isso não os autoriza a que eles passem a noite fora do alojamento. Mendes, detenção - foi categórico.
    - Mas senhor, fui eu quem o obriguei - Gabriel tentou mais uma vez.
    - Não foi o senhor Siqueira quem descumpriu essas regras. Foi o soldado Mendes. Então, Mendes, já sabe onde é a sala. - E não esperou nossos embates e se virou.
    Quando sumiu de nossas vistas, comentei:
    - Acho que ele tem ciúmes de você - sussurrei, mas Gabriel não riu.
    - Me desculpa, Fábio. Desculpa mesmo. Eu...
    - Relaxa. É ainda meu segundo. Ainda falta pra eu correr perigo. E já estamos caminhando para as provas do terceiro bimestre. Acho que consigo segurar minha onda até o fim desse ano.
    Ele sorriu.
    - Mas devo lembrar que já é a segunda detenção que pego por sua culpa. - Lembrei - Acho bom ser recompensado por isso.
    Ele sorriu. Um sorriso sincero e amistoso. Daqueles raros de se ver em seu rosto. Ele então falou:
    - Tem minha palavra
    Nesse instante, os alunos começaram a sair de seus dormitórios. Nos cumprimentaram, mas nos olharam com desconfiança. Tentamos agir com naturalidade, mas sabíamos que mesmo naquele lugar, um calouro dormir junto de um veterano não era enxergado com bons olhos. Soares chegou e sussurrou.
    - Que isso, Gabriel. Nem eu faço o Pedro dormir aqui. Onde você estava com a cabeça?
    Pinheiro também se achegou.
    - Pegou mal, pessoal.
    - Eu sei... Eu sei - Gabriel se desculpou. - Eu... Eu não sei onde estava com a cabeça
    Fiquei calado, pois ainda me sentia um peixe fora d'água naquele meio. Mesmo sendo tão íntimo daqueles três.
    - Olha, sabe que o pessoal já está doido pra zoar com a cara do Mendes desde a 'noite dos cordeiros e dos lobos'. E eles só estão esperando você, como superior direto dele, sugerir algo - Pinheiro lembrou, então eu tive de perguntar.
    - Pera aí, pera aí. Eu corro algum perigo?
    Pinheiro então pôs a mão em meu ombro e sorriu.
    - Relaxa Mendes. O pessoal ainda gosta de você. Mas sabe como é né? São princípios. Você botou nossa moral em cheque. Então, precisamos revidar. Eu mesmo espero pra te dar uns esculachos - e riu - na camaradagem, obviamente
    Não sei se me senti melhor com aquilo.
    - O fato é que vocês dois saírem daí desse jeito, pegou mal. - Soares advertiu - Vão pensar que rola favoritismo. Ou pior, sentimentos - e fez uma careta, deixando claro a incoerência de sua crítica.
    - É mesmo, irmão. Nada de viadice aqui - e olhou arteiro para Soares.
    Rimos todos, mas eu ainda não estava mais relaxado.
    - Mas agora falando sério. - Pinheiro então mudou o tom - acho que seria bom você propor alguma coisa logo. Se não, os majores vão começar a dar sugestões. E os caras podem ser bem criativos
    - Eu topo qualquer coisa. - Me meti - melhor resolver logo isso - Falei e logo me arrependi quando os três olharam ao mesmo tempo pra mim.
    - Olha, faz um tempo que não temos um tribunal aqui no Pracinhas - Soares propôs.
    - Hum... Verdade - Pinheiro pareceu se deliciar com a ideia - E melhor, você sendo Juiz, Siqueira, já acabaria com essa ideia de favoritismos
    - Além do que. Você foi o mais humilhado. Sendo posto nu naquele grilhão. Tem que ser você - Soares completou.
    Siqueira me olhou de cima a baixo e sorriu.
    - Acho uma boa ideia - ponderou.
    - Aham, tá legal. Tribunal. E em que consiste isso? - Quis saber.
    - Fica frio, Mendes. - Pinheiro pôs a mão no meu ombro de novo - deixa conosco. Volta pro seu alojamento. Se não atrasa pra aula e vai ganhar outra detenção
    - Verdade. Pode deixar conosco - Soares
    Eu olhei pra Siqueira, que parecia se divertir
    - Acho que você vai gostar - falou por sim.
    Vendo que não ia conseguir nada ali, resolvi sair logo. Até porque Pinheiro tinha razão e eu não poderia me dar ao luxo do supervisor voltar ali e me pegar.
    Ainda olhei pra trás algumas vezes, na vã esperança de eles me chamarem e me contar. Mas não. Ficaram os três palhaços ali, sorrindo e acenando até eu ir embora.
    Depois da aula, fiquei na sala de detenção. Aproveitei bem o tempo e estudei alguns temas de matemática e biologia.
    Ao sair, encontrei com Pedro.
    - Henrique me contou. Que azar o inspetor estar ali justo de manhã
    - Nem fala - respondi. - Pedro, aproveitando. Você sabe o que é o tal de 'julgamento' aqui? Tribunal, digo - corrigi
    Pedro pensou, parecendo realmente não saber.
    - Não. Posso perguntar pro Henrique.
    - Não vai adiantar. - Descartei. - Ele não vai te contar, pra não correr o risco de você vazar pra mim
    - E por quê?
    - Não sei. Mas seja o que for, vou passar por um em breve - confessei
    - Nossa. Nervoso?
    - Sinceramente... Não - falei com franqueza. E acrescentei - Curioso? Muito.
    Mas minha ansiedade não foi demasiadamente testada. Naquela mesma noite, acordo com o som de passos do lado de fora. Levanto e olho pela janela para ver o terceiro ano vindo em peso para nosso alojamento. Já me preparei e quando acenderam as luzes, posicionei-me de pé na frente da minha cama.
    Eles entraram em silêncio, pararam, muito sérios e Siqueira veio a frente
    - Essa noite, senhores. Não viemos lhes aplicar trotes. Como nunca ocorreu em muitos anos aqui no Pracinhas. Hoje teremos o julgamento para avaliar os crimes de guerra cometidos na 'noite dos cordeiros e dos lobos'. Então, vou chamar os nomes, e quero todos nos seguindo sem fazer perguntas: Pascoal, Albuquerque, Silva, Valente, Mendes, Peixoto, Oliveira.
    Nós, chamados, fizemos uma fileira e os seguimos. Todos ali eram os calouros que estavam no grilhão na 'noite dos cordeiros e dos lobos'. O objetivo era bem claro. Mesmo já esperando aquilo, não pude evitar de meu coração começar a bater acelerado no peito, curioso para saber o que de fato ia acontecer.
    Nos levaram longe, para uma quadra coberta, nos fundos do colégio. Ali, nos colocaram em pé, em fileira. Os veteranos sentaram na arquibancada, com exceção de Siqueira, que estava em pé a nossa frente.
    - Senhores - começou em tom alto e imponente - já tivemos julgamentos ao longo da história desse colégio, mas pela primeira vez, um julgamento de guerra. Nosso intuito, será o de averiguar os crimes cometidos na 'noite dos cordeiros e dos lobos', punir os responsáveis e reestabelecer a ordem no Pracinhas. Vocês estão aqui hoje, como representantes do primeiro ano. Os rés. Não tem sentido condenar todos os calouros, assim como uma guerra não faz sentido condenar toda uma nação. Aqui, estão apenas os mentores dos atentados. E suas punições servirão de exemplo para todos.
    Ele esperou suas palavras serem absorvidas e depois se virou pra nós.
    - Se um de vocês tiver alguma dúvida agora, fale.
    Ordenou e eu dei um passo à frente
    - Mendes - convidou.
    - Peço aos senhores, misericórdia para meus homens. Eles não são responsáveis. Estavam apenas seguindo ordens. Minhas ordens. - Pedi, com convicção.
    Siqueira sorriu satisfeito. Ele devia esperar que eu fizesse algo do tipo. Um burburinho excitado correu entre os membros do terceiro ano. Nesse instante, Elias e Albuquerque deram também um passo à frente. Mas eu os cortei de imediato.
    - Não sejam idiotas! - Briguei. - Não se atrevam a assumir uma culpa que não é de vocês. Todos aqui sabem que eu arquitetei tudo. Voltem agora pra seus lugares!
    Os olhos de Siqueira brilharam de emoção. Podia jurar que ele estava tento uma ereção naquele momento ao me ouvir falar
    Na verdade, eu também estava muito excitado. Alguma coisa naquele clima todo me acendeu como na 'noite dos cordeiros e dos lobos'. Uma animação, como se tudo aquilo deixasse de ser uma mera simulação e começasse a criar contornos reais. Onde um novo mundo de aventuras e possibilidades se abriam pra mim. E eu estava ansioso. Muito ansioso.
    Albuquerque e Elias baixaram a cabeça e deram um passo de volta pra trás.
    - Mendes, você sempre nos surpreende - Siqueira reconheceu - senhores! - e se voltou para sua plateia - àqueles que concordarem em o oficial Mendes ser julgado por todos os crimes cometidos na 'noite dos cordeiros e dos lobos', por favor, levantem as mãos
    Foi unânime. Todas as mãos foram para o ar. Fitei Pinheiro e ele me olhava como um leão olhando a presa. Passando a vista rapidamente, reconheci aquele olhar em todos ali presentes. Respirei fundo, sentindo o coração acelerar. Meu corpo tremia. Não de medo, nem receio. Mas de uma ansiedade a qual não lembro ter experimentado antes
    - Você tem noção, soldado Mendes, que se julgado e condenado, irá receber sozinho a sentença, diante de seus leais homens, insurgentes?
    - Sim, senhor! - gritei.
    - Muito bem. Pode ser um criminoso, Mendes. Mas é um homem honrado - e Siqueira foi caminhando em direção a arquibancada - tentaremos lembrar disso quando lhe dermos sua sentença - e se sentou - agora, o senhor irar ouvir as acusações uma a uma. Em Silêncio. Após cada acusador der seu testemunho, terá alguns segundos para se defender. Ao final, o júri definirá seu caso e, se culpado, eu definirei sua sentença.
    Ficou em silêncio, deixando o clima pesado tomar conta do lugar.
    - Muito bem. Major Santos. Seja o primeiro.
    Santos se levantou e caminhou até mim. Me olhou nos olhos e depois se virou para o júri.
    - Venho esta noite, diante de vocês senhores do júri, declarar que o acusado, soldado Mendes, erroneamente chamado de capitão por seus subordinados, não passa de uma fraude. Um trapaceiro. Ele, aproveitando-se de um momento de distração, roubou a arma de meu companheiro, rendendo a ele e a mim. Vale lembrar senhores, que as regras dos cordeiros e dos lobos não permite aos primeiros portarem armas. Tornando a atitude do acusado não uma revolução, como ele chama, mas um mero desrespeito a nós e as tradições desta centenária instituição.
    Santos parou e eu fiquei impressionado com a eloquência dele. Não era só eu quem estava levando a sério a brincadeira de RPG.
    - Acusado, Mendes. O que tem a dizer? - Siqueira me perguntou.
    - Digo apenas o que já falei ao major Santos na noite referida - comecei - que o treinamento tem por intenção preparar os senhores para a vida real. E na vida real, o inimigo não vai passar toda sua trajetória fugindo e se escondendo. E acrescento que, se ele tivesse levado a sério sua posição, e as tradições dessa centenária instituição, não teria sido pego de calças arriadas em recreação, quando deveria estar cumprindo seus deveres.
    Ouvi Pinheiro gargalhar na plateia, seguido de alguns outros, mais comedidos. Ele logo se calou ao receber um olhar de censura de Siqueira. Mas mesmo meu superior direto lutava para não deixar aquele meio sorriso crescer demasiadamente em seu rosto.
    - Muito bem - falou por fim e pegou uma caneta retroprojetora do bolso e lançou para Santos - queira por favor, major, registrar sua acusação por escrito.
    Não vi papel ali e me perguntei onde ele escreveria. Não precisei esperar muito pela resposta. Santos veio até mim e, com olhos em brasa, sorriu. Pegou minha blusa e, num puxão, a rasgou em duas. Deixando apenas os trapos pesos pelos braços. Consegui não expressar toda a surpresa que aquela atitude ne causou. Meus colegas calouros lançaram uma explanação de surpresa, mas eu consegui me manter imóvel. Ele então pegou a caneta e escreveu em meu peito direito a palavra ‘TRAPACEIRO’.
    Depois, sorriu e voltou para a arquibancada, passando a caneta para outro major, cujo nome eu não lembrava.
    - Goulart, sua vez - Siqueira o anunciou.
    Ele chegou, então o reconheci como o cara que estava segurando Albuquerque enquanto Santos o deflorava.
    - Senhores. Serei breve. Estava com o major Santos no momento em que foi atacado. Esse jovem, além de nos roubar as armas, não satisfeito, também nos roubou as roupas. Ferindo assim nossa dignidade
    Ele veio até mim, e escreveu em meu braço a palavra ‘LADRÃO’.
    - Mendes - Siqueira convidou.
    - Primeiro, não as roubei. As tomei emprestadas - sorri - e depois, vocês puderem vestir as nossas roupas, logo não ficaram nus. Embora me arrependa agora de ter tomado tal atitude - alfinetei
    - O réu confessa seus crimes - Pinheiro gritou do júri, rindo de farra. Eu sorri pra ele. Ele devia estar se divertindo com aquilo mais até do que eu. Siqueira acalmou a plateia. Para ele, a coisa devia ser mais difícil, já que tinha de passar o ar de seriedade
    Ouvi risos atrás de mim. Meus homens observavam tudo. Assim como eu, eles não pareciam amedrontados ou intimidados. Creio que já era de conhecimento claro nosso que tudo ali não passava de um grande teatro. Não o julgamento em si, mas toda a estrutura do Pracinhas. Não havia hierarquia real, não haviam amarras com exceção daquelas que nós mesmo criávamos e com as quais nós mesmos nos prendíamos. Assim como aqueles homens não foram obrigados a nada do que fizeram, quando estavam sob a mira de armas de tinta, nós também. Nos entregávamos àquele jogo, que nos entretida, que nos dava prazer. Eu tinha a total consciência do lugar em que estava. Estava entregue, estava onde eu queria estar. Queria ver até onde chegariam. E o que eu pudesse fazer para que eles fossem o mais além possível, faria. Então vesti meu ar mais arrogante, minha fala mais petulante para aquele julgamento. Não tinha vergonha de meus colegas. Queria que eles vissem, e se divertissem. Como eu estava me divertindo.
    Diferente do papelão que paguei na lavanderia. Naquela noite eu estava pronto. Não apenas isso, estava de corpo e alma entregue àquele ritual.
    Olhei para meu júri, seus olhares de predadores, sorrindo altivo. Não tinha que teme-los. Como Siqueira já tinha me ensinado nas dunas, mas só agora eu realmente entendia. O único de quem eu devia ter medo era de mim mesmo. Medo de descobrir até onde eu estaria disposto a chegar naquilo tudo. Até quão fundo na toca do coelho eu iria. Mas para ser sincero, nem disso eu tinha medo naquele momento.
    Foi a vez de Pinheiro. Chegou com aquele jeito marrento, sorriso fácil. Era engraçado, pois no começo do ano o achava mal encarado, mas não consigo mais me lembrar de seu rosto sem ser daquela maneira boa praça que via ali. Ele falou ao júri.
    - Senhores. Continuando a acusação de nosso companheiro, o Major Goulart, quero salientar que, ao final de sua insana tortura, a qual eu e meus companheiros fomos submetidos no galpão em obras, o réu Mendes ainda me deixou nu, para que caminhasse em vergonha pela mata de volta ao meu lugar.
    Um urro de desaprovação do júri.
    - Cara de pau. Você quem não quis vestir as calças - respondi, antes de me convidarem
    - Silêncio, insolente réu - o tom dramático de Pinheiro estava ótimo. Difícil segurar a vontade de rir - aqui é a palavra de um major de respeito contra de um reles rebelde. Desrespeitoso, desonrado e insano
    Ele chegou diante de mim, cara a cara, e me deu língua sem os demais veteranos verem. Parecia uma criança com brinquedo novo.
    Eu ri, fuzilando ele ainda assim.
    Pinheiro desamarrou minha calça de moletom, arriou só a parte de trás, depois deu a volta por mim, abaixou e escreveu algo em minha nádega.
    - DESONRRADO - anunciou em alto e bom som. E me deixou de bunda a mostra. Mas o que eu pensei que teria encerrado, só acabou após ele me dar um sonoro tapa na bunda desnuda.
    - Filho da... - Consegui me conter na hora. Mas o grito causado pelo susto e pela dor foi o bastante, para todos rirem. Passada a dor inicial, até eu ri da cara de travesso de Pinheiro.
    - Senhores - Soares chegou, pegando a caneta de Pinheiro - o acusado, não apenas nos prendeu, nos humilhou, nos fez participar de seus jogos perversos, como também nos matou a sangue frio, após o termos entretido o suficiente - e se voltou pra mim e me deu uma piscadela - por isso, não há melhor definição para seu crime, que está.
    Ele terminou de arriar minha calca, me deixando nu. Meu pau, já duro, ficou ali erguido e orgulhoso, imune as tentativas de me rebaixar.
    Soares lambeu os lábios olhando para ele, mas logo se recompôs e escreveu na minha barriga, logo acima dos pelos pubianos, ‘ASSASSINO’.
    Um a um, eles foram vindo. Declarando suas acusações e eu me defendendo. E um a um, os adjetivos eram gravados em minha pele.
    ‘GENOCIDA’, ‘DEGENERADO’, ‘TERRORISTA’...
    Meu corpo estava todo tatuado. E cada uma delas eu exibia como uma medalha.
    Por último, Siqueira. Chegou altivo, lentamente, e parou diante de mim, camisa rasgada e calças arriadas.
    - Tire logo essa calça, soldado. Está ridículo assim. - ordenou
    Eu tirei meus sapatos e chutei minhas calças. Siqueira terminou de arrancar os trapos restantes de minha camisa
    - Melhor assim - falou - nu, tal como eu fiquei naquele lugar insalubre - e foi me circulando - eu, de todos, fui sua maior vítima, criminoso. Fui aprisionado nu, humilhado, violado. Meus homens foram forçados a me traírem. Tudo para satisfazer seu desejo sórdido.
    Eu olhava Siqueira atentamente. De vez em quando, via um sorriso brotar em seu rosto. Não sabia se era um sorriso sacana ou saudoso.
    - Diante de tantos testemunhos, não creio haver necessidade de julgamento. Mas como esse aqui é um lugar de justiça, que ela seja feita.
    E se voltou aos seus pares.
    - Senhores do júri. Se alguém aqui considera o réu inocente, levante a mão.
    Como esperando, ninguém ergueu.
    - Diante da vontade do júri, e do poder em mim investido como general da 'noite dos cordeiros e dos lobos,' eu declaro o réu, culpado.
    Um grito de comemoração no júri.
    - Ajoelhe-se para conhecer sua sentença.
    Eu obedeci, encarando ele sem parar. Siqueira me olhava com gosto. Gostava do meu olhar. Já havia declarado isso anteriormente. E me admirou um tempo antes de continuar
    - Não há sentença que faça apagar tantos crimes. Apenas a morte dessa vida será capaz de limpar tudo e lhe dar uma chance em uma nova existência. Sendo assim, como os antigos cristãos, que purgavam os pecados dos pagãos para que esses tivessem nova chance, eu o sentencio a pena de ‘Batismo dos Pracinhas'.
    Uma comemoração. Eu não entendi. Me voltei aos meus companheiros, mas eles estavam tão confusos quanto eu. Ninguém ali, com exceção dos veteranos, sabiam o que significava o 'Batismo'
    Então, esperei. Siqueira parou diante de mim, abriu a calça e pôs o pau pra fora.
    Eu fechei os olhos, e esperei o jato quente. Já tinha passado por isso. Poderia ter sido pior. Mas esperei e esperei. E nada de ser atingido.
    - Caralho - ouvi Elias praguejar atrás de mim. Só então abri um olho para espiar o que acontecia e arregalei os olhos quando vi que Siqueira se masturbava.
    - Caralho - acabei ecoando a exclamação de meu companheiro.
    Siqueira sorriu e logo seu pau começou a expelir gozo. O primeiro me atingiu no cabelo, formando uma linha até meu peito. Mais três jatos no peito. Siqueira gemeu alto e grosso. Apertou bem o pau, tirando mais algumas gotas de seu interior.
    Limpou a cabeça em minha bochecha.
    - Nossa - suspirou aliviado. - Tenho de admitir. Você me olhando assim dá até tesão. Próximo.
    Chegou Mathias, todo animado. Já estava de pau duro. Foi pra trás de mim e me mandou ficar de quatro. Gozou nas minhas costas e na minha bunda. Cada gozo, era uma comemoração dos veteranos. Os calouros olharam com mistos de estranheza e comedida curiosidade. Sorri para eles. Deixando-os mais à vontade. Não queria que nenhum de nós demonstrasse fraqueza diante deles. Mesmo derrotados, haveríamos de sair com dignidade.
    Me recompus e fiquei de joelhos novamente. Castro chegou. Pegou meu rosto e sorriu.
    - Isso. Olha pra mim. Adoro sua carinha de marrento. Agora, abre a boca vai. Não gozei na sua boca na lavanderia, mas vou agora.
    Eu o encarei com marra e abri a boca. Fechei os olhos e esperei. O jato foi certeiro. O primeiro pelo menos. Os outros foram no meu rosto. Ainda bem que fechei os olhos, se não iria irritar a vista.
    - Boa, garoto - Santos comemorou e apertou a mão de Castro. Veio depois e mandou eu fazer o mesmo. Obedeci. Mas errou feio. Na verdade o seu gozo saiu sem pressão. Caindo diante de mim, sem me alcançar. Houveram risadas entre calouros e veteranos e ele logo se aproximou, mas isso o fez conseguir apenas deixar cair em meu ombro as últimas gotas.
    - Que fraco, moleque, puta que pariu - Pinheiro não perdoou.
    - Deixa eu tentar de novo - pediu. Tentando disfarçar a humilhação.
    - Porra nenhuma. Vaza. Minha vez - e Pinheiro chegou
    - É Fabinho, minha vez - e botou aquele pau enorme pra fora e começou a se masturbar.
    - Onde eu gozo? - Foi pensando enquanto se masturbava. Então chegou bem perto, encostou no meu rosto a cabeça e deixou o líquido quente escorrer por ele, descendo pelo meu pescoço.
    E vieram. De um em um ou dois em dois, gozando onde achavam pele limpa. Meus braços, peito, barriga, costas. Soares me pôs de quatro e encheu minha bunda de sêmen, tal como fiz com ele na primeira noite em que o deflorei.
    Se eu me senti sujo quando levei seus mijões, no primeiro trote. Agora eu estava imundo.
    Ao final, Siqueira veio e mandou eu me levantar.
    - Venho declarar que o réu, está anistiado de seus crimes. - Um urro de comemoração no júri - Como verdadeiro líder, assumiu a responsabilidade, protegeu seus subordinados e encarou seu destino. Redimiu-se assim, perante nós. Senhores, uma salva de palmas.
    E todos bateram palmas, até mesmo os calouros.
    - Viva o capitão! - Albuquerque gritou e foi seguido - Viva!!!
    - Não abusem - Siqueira os advertiu, dando um olhar fulminante em Albuquerque. E logo eles pararam. Eu ri. Cansado. Imundo.
    Siqueira se virou pra mim e olhou de cima para baixo.
    - E você, soldado, recomendo uma boa ducha. Está nojento
    Todos rimos de novo.
    - Majores Pinheiro e Soares, favor, acompanhar o Mendes até as. Os demais, acompanhem os calouros até o dormitório. Por hoje, acabou.
    Então, se voltou pra mim, sorrindo e acenando com a cabeça. Não precisou de palavras para eu entender que ele só não iria comigo para não chamar mais atenção.
    Então, recomposto e em paz, fui para o chuveiro acompanhado dos meus guardas.

     

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 21 – SEGUNDAS CHANCES

    - Caralho! Cuidado. Vai arrancar meu cabelo assim - gritei quando Pinheiro tentou pentear meu cabelo.
    - O que tu quer que eu faça? Essa merda está toda gozada - Pinheiro se divertia enquanto me ajudava a tomar banho.
    De início, eles ficaram apenas olhando, mas vendo que eu tinha muito trabalho pra fazer, resolveram também tirar as roupas e me ajudar.
    Pinheiro pegou um pente e Soares a bucha, e foi arrancando minha pele para tirar as inscrições de tinta. A água quente sobre mim completava aquele ritual de tortura medieval: esfolar, escaldar e escalpelar.
    Soares esfregava meu peito. Todos em paz, rindo enquanto eu lutava pra não gritar. Acho que o verdadeiro castigo afinal não era o julgamento ou o batismo, mas sim essa limpeza depois.
    - Tá bom. Chega galera, acho que dá pra sair assim - propus.
    - Como? Olha teu cabelo. Está todo grisalho ainda - Pinheiro gargalhava.
    - Relaxa, Mendes. Tirei o “D” o “E” e o “S”. Podemos deixar como HONRADO. O que acha? - Soares Zoou.
    Fui praguejando enquanto eles me limpavam. Mas apesar de tudo, sobrevivi. Pele bem vermelha dos esfregões e meu cabelo de encaracolado ficou liso com o jeito delicado de desembaraçar de Pinheiro. Mas de resto, inteiro.
    - Aí, viu? Precisava chorar? Acabamos - Soares riu.
    - Porra. Mas quase me mataram no processo - me queixei. Mas estava aliviado de ter acabado. - Obrigado. Eu acho
    - Que isso, Mendes. Obrigado só? - Soares se achegou, aquele sorriso safado no rosto.
    - Eh, parceiro - Pinheiro me cercou - Essa é sua segunda chance. Você acabou de ser anistiado. Isso quer dizer que começa tudo do zero. Nada melhor pra começar com pé direito do que dar um agrado para seus superiores
    Eles me cercaram, com paus já duros.
    - Será que eu não vou ter folga hoje? - Me queixei, mais fazendo drama do que propriamente reclamando.
    - Para de manha, Mendes - Soares pôs a mão no meu ombro e me empurrou pra baixo - Vamos lá. Só uma mamadinha, vai
    Eu fiquei de joelhos e olhei pra eles, que sorriam como os garotos travessos que eram. Como não tinha jeito, pus minha boca pra trabalhar, chupando bem cada pênis que me era apresentado, alisando suas pernas, seus sacos. Aproveitando bem seus cheiros e seus sabores.
    Trocava rapidamente de um pênis para o outro, passava minha mão por suas bundas. Recebia seus elogios.
    - Caramba, que boca - Soares comentou. De fato eu nunca havia chupado o pau dele.
    - Eu não te disse? - Pinheiro assentiu
    - Cara, vou gozar de novo - Soares anunciou e eu peguei rapidamente seu pau e o apontei para fora de minha direção. O jato foi direto no azulejo.
    - Que isso, Mendes - ele se espantou, achando graça.
    - Chega. Nem mais uma gota em mim, por favor - desabafei e todos gargalharam. Continuei chupando até todos se satisfazerem. Então, me vesti e eles me acompanharam até meu dormitório. Lá, fui recebido como um herói pelos calouros.
    - Uma salva de palmas para nosso capitão! - Albuquerque anunciou e todos urraram e me saldaram. Gostei da recepção, mas estava exausto. Então agradeci e fomos dormir. Caí rapidamente no sono.
    Nos dias seguintes, o clima já estava renovado. Se minha relação com o terceiro ano era boa, ficou ainda mais leve. Somente Santos ainda me olhava de rabo de olho de vez em quando, mas ele não me importava nem um pouco.
    Fim de semana fomos para casa e eu aproveitei bem a comida caseira de minha mãe. Conversamos muito e desfrutei de um fim de semana bastante calmo.
    Por volta de domingo, início da tarde, minha mãe recebeu um telefonema. Não prestei atenção no que era falado, exceto quando meu nome foi citado
    - Bem, posso ver com o Fábio sim. Mas se ele for, terá de levar a mala, pois terá de ir de manhã ao colégio. Ha... Aham... Ah que bom, meu irmão. Nem acredito... Fico muito feliz por vocês
    Nesse momento eu estava sentado olhando fixamente para minha mãe. Curiosidade corroendo para saber o que era falado.
    - Tudo bem, vou falar com ele. Boa noite.
    - O que houve? - Mal esperei ela desligar o celular
    Minha mãe estava visivelmente contente.
    - Seu tio ligou. Perguntou se você não queria passar o dia de hoje com eles.
    - Eles? - sorri, antevendo o que aquilo podia significar
    - Sim. Lucas está no Rio de Janeiro. Parece que... estão se entendendo.
    Aquela boa notícia me deixou muito feliz. Meu pai estava em seu habitual futebol, que ocorria no segundo domingo de cada mês, e de lá emendaram em um churrasco. Havia almoçado somente eu e minha mãe. Ela disse que eu poderia ir para a casa de Vitor. Avisaria meu pai depois. Eu aceitei. Perguntou se queria que ela me levasse, mas achei melhor pedir um UBER, para não atrapalhar.
    Peguei o carro e saltei no prédio de meus tios. O porteiro, que já me conhecia, liberou minha entrada.
    Fui pela garagem, pois o caminho era mais fácil para transportar minha mala. Estava animado, pensei em mandar mensagem dizendo que cheguei, mas desisti, achando melhor a surpresa. Apenas avisei minha mãe, para ela não ficar preocupada.
    Chamei o elevador e esperei. Quando, de repente, sou surpreendido pelo 'ataque' de lambidas de um cão labrador.
    O animal enorme pulou em mim e me lambeu o rosto. Apesar do susto inicial, até gostei. Era louco por cachorros e logo me entreguei aos seus afagos, rindo à beça.
    - Thor. Pelo amor de Deus
    Um homem vestindo bermudas de praia e chinelo chegou.
    - Desculpa, garoto - pediu, expressão claramente envergonhada. Olhei bem para ele. Era um homem bonito. Meia idade, pele morena de sol, forte, poucos pelos no peito.
    - Tudo bem - ri. Me divertindo com aquele cachorro tão amável - Lindo, seu cachorro.
    Levantei e ele tocou na minha blusa. Agora que via que fiquei com marcas de pata. Também pudera, minha camisa era branca.
    - Caramba, sujou todo. Me desculpe. Me distrai e o safado se soltou da coleira.
    - Tudo bem, só lavar - o reconfortei.
    Ele sorriu pra mim e eu acabei analisando seu rosto mais do que talvez devesse. Cabelos lisos e negros, com poucos fios grisalhos. Olhos claros, em tom acinzentado. Percebi que ele também analisava meu rosto. Como se tentasse me reconhecer de algum lugar.
    O elevador chegou e entramos, eu, o cara e um cachorro cheio de energia.
    - Você é morador? Não me é estranho, mas não me lembro - ele perguntou.
    - Meu tio mora aqui. Venho de vez em quando
    Ele olhou para os botões e viu que eu tinha marcado a cobertura.
    - Seu tio é o Vitor? O militar? - Perguntou, receoso.
    - Sim... Conhece?
    Vi que seu rosto ficou vermelho, então caiu a ficha de quem se tratava.
    Pouco - falou por fim - como ele está?
    - Bem - respondi de imediato. Voz menos amável. - Vim passar com ele e com Lucas. - frisei bem o nome do meu outro tio.
    - Ah, Lucas está de volta? - Respondeu, mas logo se conteve pois se mostrou interessado demais - que bom. Eles formam um belo casal - emendou
    - Formam sim - respondi com convicção. 'Seu destruidor de lares'. Esse comentário eu guardei pra mim. Engraçado como um simples detalhe pode destruir todo um clima.
    Ficamos em silêncio. Percebi que ele me olhava de vez em quando pelo espelho, mas desviava assim que eu percebia. Eu não podia negar que também reparava mais nele, na pele brilhando da maresia. Os desenhos do abdômen. Era de fato um homem que chamava atenção, o qual você não conseguia evitar olhar ao passar por ele na rua, independentemente de suas preferências.
    Nosso silêncio constrangedor não durou muito. Logo o homem praguejou.
    - Não, Thor. Que droga. Mas o que diabos deu em você hoje?
    Fui trazido a realidade em um solavanco, olhei para baixo e vi o cachorro, muito animado, com a pata erguida e mijando em minha mala
    Praguejei, mas já era tarde.
    - Meu Deus. Não sei o que dizer. Sinto muito mesmo - agora ele parecia capaz de pular do elevador em movimento de tanta vergonha.
    - Relaxa, relaxa - embora meu humor tenha sido bastante abalado com os últimos acontecimentos, me mantive calmo.
    O elevador parou no andar dele e ele segurou a porta.
    - Deixa eu limpar ela, por favor.
    - Não precisa - descartei.
    - Não. Por favor. Eu insisto. Já basta a camisa. A mala foi longe demais. Deixa eu pelo menos limpar ela.
    E continuou insistindo. Estava visivelmente constrangido e eu acabei lhe dando uma chance. Entrei em seu apartamento e ele soltou o danadinho do Thor, que correu livre pelo apartamento. Não adiantava, eu adorava animais, e não seria aquela travessura que me faria gostar menos deles.
    Era um apartamento bonito, espaçoso. Ele levou minha mala até a área de serviço e pegou produtos para limpeza. Foi esfregando com desinfetante para sair o cheiro.
    Esperei em pé ao seu lado.
    Apesar de estar um tanto quanto desgostoso, tanto pelo mijo na minha mala quanto por ter descoberto que aquele homem havia ajudado a causar a separação dos meus tios, não conseguia evitar olhar para seu corpo enquanto limpava minha mala.
    - Desculpa. Nem perguntei seu nome - ele olhou pra mim e sorriu. Tinha dentes bem bonitos.
    - Ha... Ah sim. Fábio
    - Prazer, Fábio. Sou Vinícius.
    - Prazer
    Ele então deu uma última esfregada e avaliou.
    - Vê, Por favor - pediu.
    Eu me abaixei e cheirei. Nenhum rastro de mijo.
    - Está ótimo. Obrigado
    - Que isso. Era o mínimo que eu podia fazer.
    Olhei pra ele e estávamos bem perto agora. Senti algo diferente no seu olhar. Analítico, curioso. Mas tinha algo mais e eu sabia o que era. Já estava muito tempo no Pracinhas e sabia reconhecer um interesse disfarçado quando via
    Levantamos e ele olhou minha blusa.
    - Deixa eu dar uma lavada nela também - pediu. - se esfregar bem, dá pra tirar as manchas das patas.
    - Não precisa - descartei, mas ele olhou de um jeitinho que era difícil negar. Devia ter aprendido aquele olhar pedinte com o Thor, pois era tão irresistível quanto um cachorro.
    Tirei a camisa e o entreguei.
    Vinícius a pegou e foi para o tanque. Antes de começar, virou o rosto e me olhou de cima pra baixo, com aprovação.
    Não tive como não rir da encarada descarada que levei. E a julgar por sua cara de sonso, não havia de fato mais nenhum interesse dele em esconder. A todo o momento ele se virava e dava uma olhada. Não posso negar que ter um homem bonito daqueles apreciando era algo que massageava o ego. Era capaz de entender o que meu tio passou, com suas constantes investidas.
    'Mas eu não vou cair nessa. Não mesmo' pensei comigo. Mas estava divertido. Vez ou outra eu até pegava no pau, uma forma bem troglodita de mostrar o material.
    - Desculpa perguntar, quantos anos você tem? - Ele perguntou enquanto esfregava as manchas de pata. Eu respondi.
    - Nossa. Você parece mais velho. Sabe... - e tentou gesticular - tem porte de homem.
    - Obrigado - e sorri, ainda achando graça.
    - Eh. Você é forte... E muito bonito. Com todo o respeito
    Fui ficando excitado. Não tinha como conter. Cruzei os braços e fiquei calado, tentando ainda, inutilmente, resistir ao charme natural de Vinícius. Tinha de admitir, o cara era uma tentação. Provavelmente que mesmo antes de minha mente se abrir nos Pracinhas, seria difícil não cogitar uma brincadeira com ele.
    Mas eu ainda queria bancar o imune, que não estava nem aí pra ele. Então optei por sair pela tangente.
    - Olha. Vou direto ao ponto. Eu sei o que rolou entre você e meu tio.
    Ele ficou meio sem graça, me olhando como cachorro que mordeu o chinelo.
    - Eu sinto por isso... Digo... - Gaguejou - O Vitor é um cara muito gato sabe. E eu pensei que ele e o marido fossem mais liberais. Sei lá, idiotice minha. Me perdoa?
    - Eu não tenho que te perdoar... Só... Queria pedir pra tentar não atrapalhar sabe. Sem julgamentos - me apressei em completar - você é um cara solteiro, eu acho. - E ri - é boa pinta. Meu tio pisou na bola. Era ele quem devia ter te dado um chega pra lá. Mas se você puder ajudar. Ficando longe. Pelo menos nesse início. Vou ser muito grato - e acabei completando - e se eu puder fazer algo pra te recompensar por isso, ficarei feliz.
    Foi esquisito, pois aquela última frase saiu sem eu ter planejado. Como se meu cérebro quisesse me pregar uma peça. E eu jurava que podia ouvir uma engrenagem em sua cabeça estalando com minha última frase. Me olhou de rabo de olho e deu um meio sorriso. Então, fingindo pouca importância, terminou de lavar minha camisa e a estendeu.
    - Assim... Eu posso sim. Na verdade, o Vitor tem me evitado. Nem nos corredores ele quer cruzar comigo. Eu também não quero mais nada com ele. Não quero atrapalhar casal nenhum. Mas sabe como é né? - E sorriu - tem horas que os hormônios pedem... Que da aquela vontade e...
    - Você é um cara bonito. Consegue companhia fácil - o cortei, com malícia.
    - Você me acha bonito? - e sorriu.
    - Pelo menos o que eu posso ver, sim - respondi com marra. Aquele joguinho de sedução estava interessante. Nosso interesse mutuo era evidente, mas fazer de difícil também estava divertido.
    Vinícius chegou mais perto e sorriu, me olhando nos olhos.
    - Coincidência, sabe. Pois também acho você um garoto muito bonito - e me olhou de cima a baixo.
    Eu não respondi, apenas sustentei seu olhar com rosto altivo.
    - Então...- Completou - já que você tá ai... Tão disposto a ajudar... Sabe... Tenho estado com muito tesão ultimamente - foi direto ao ponto.
    - É mesmo? - Me fiz de desentendido
    - Sim... - Manteve a cara de sonso - faz um tempo que não.... Você sabe... Subindo pelas paredes aqui
    - Nossa - exclamei - entendo que deve ser uma barra. Mas não vai fazer besteira hein? Nada de tentar ir na cobertura
    - Claro que não - se fez de ofendido - eu prometi, não foi? - E alisou meu volume - e eu cumpro minhas palavras... Mas se eu pudesse ter uma ajuda pra... você sabe... Não ficar tão necessitado
    - Entendi - e sorri - bem, eu prometi, não foi? Estou aqui pra ajudar meu tio
    - Você é um garoto muito bom - e foi descendo e abrindo minha calça - seus tios tem sorte de ter um rapaz tão bom com eles -
    E botou meu pau pra fora e começou a chupar
    - Eh - gemi - fazer o que. Sou assim. Altruísta.
    Vinícius chupava muito bem. Não era como os garotos do ensino médio. Ele tinha técnica, tinha experiência. A língua dele parecia ter vida própria e massageava toda a região, me dando arrepios.
    - Desculpa, esqueci seu nome - falou entre as mamadas - mas saiba que te admiro muito. Por tudo o que você está fazendo, por mim e por seus tios
    - Tudo bem - por um segundo eu também esqueci meu nome, delirando em sua boca.
    Ele tirou toda minha calça. Eu me apoiei na parede e abri as pernas, deixando ele meter a cabeça entre elas e abocanhar meu saco de forma a me fazer delirar.
    Gemi muito, sentindo ele lamber minha virilha.
    Vinícius levantou, tirou a própria bermuda de forma apressada, e desceu de novo, voltando a mamar enquanto se masturbava.
    - Me perdoa, garoto? - Pediu, sonso. Vinícius era um homem sedutor. Perigosamente sedutor. Esperava que meu tio não fosse burro o bastante de cair na dele novamente. É, eu sei. Como eu estava caindo naquele momento, tudo bem. Mas eu era solteiro. Eu podia.
    - Que pau gostoso. Flávio, ne? - Perguntou
    - Aham - não estava ouvindo ele direito - espera...não... Ah dane-se - dei de ombros.
    Minhas pernas tremiam. A boca dele me deixava louco.
    - É grande - continuou, pegando ele com força e apertando em sua mão. Vinícius olhava pro meu pênis e falava como se estivesse dialogando com ele e não comigo - será que eu te aguento? - E lambeu a cabeça, cheio de tesão.
    Era sensível o tesão dele. Ele chupava, lambia, beijava como se meu órgão fosse algo de um sabor único e inestimável.
    - Flávio, me fode. Por favor - pediu e levantou. Foi me levando pela mão até o sofá. Sentou e abriu as pernas.
    Sem cuspe nem nada, fui encaixando e metendo. Vinícius revirou seus olhos quando entrei com tudo.
    - Ah... Vai. Mete agora. Mete com tudo.
    E fui mesmo. Com força do início ao fim. Ele delirava, com seu corpo balançando ao ritmo das estocadas.
    - Isso. Isso. Garoto bom. Meu Deus que garoto bom você é
    Ter um homem bonito daqueles, nu, todo aberto e pedindo... Não, implorando pra ser penetrado, era um prazer surreal. Metia com gosto vendo sua cara delirar.
    - Pelo menos assim você se acalma - sussurrei - nada de importunar minha família a partir de agora. Pode deixar que, das próximas vezes que eu vier visitar eles, dou uma passadinha aqui e apago teu fogo.
    - Promete? - e me olhou com os olhos brilhando, agarrando meu rosto - promete mesmo?
    - Prometo - e meti mais e mais
    Foi intenso, logo seu pau começou a verter gozo e eu fui na onda. Gozamos fartos e juntos. Só então, após relaxarmos, percebemos que estávamos sendo assistidos por Thor, que olhava tudo com a cabeça inclinada e as orelhas erguidas em sinal de dúvida.
    Rimos bastante, mas eu não podia ficar mais. Assim, peguei minha mala, me vesti e sai logo dali. Peguei o elevador antes que minha mãe entrasse em contato com meu tio e eles pusessem a polícia atrás de mim.
    Cheguei no apartamento de Vitor todo desconjuntado. Camisa ainda molhada, suado e despenteado.
    - O que aconteceu contigo? - Vitor se alarmou ao me ver
    - Umas... Coisas - não sabia como explicar então sai entrando e ignorando a pergunta.
    - Tudo bem, Fábio? - Lucas apareceu. Eu fiquei tão feliz que o abracei, esperando assim ignorar aquela pergunta também.
    Eles acabaram desistindo de me perguntar e me ofereceram uma bebida. Aceitei, ainda eufórico da experiência que tinha acabado de ter. Bebi toda a soda em um gole e fui respirando bem para me acalmar. Eles acompanharam tudo cheio de dúvidas, mas não perguntaram mais nada e foram direto ao assunto.
    Lucas disse que queria falar comigo, pois estava preocupado, assim como Vitor, de eu me sentir culpado pelo que aconteceu. Falou comigo de forma madura e centrada. Me explicou o que eu já sabia. Falou da separação, e agora do que parecia ser uma segunda chance.
    Eu estava perdido ainda, mas em paz. Escutei eles falando, como uma criança que ouve os pais separados tentarem um retorno. E estava ansioso como uma.
    Eu sempre gostei deles. De início, os achava como uma prova de coragem e perseverança, já que meu tio encarou muito preconceito na corporação para conseguir aquele casamento. Mas acredito que, após conhecer o Pracinhas, a relação deles ganhou um significado a mais para mim. Algo como uma relação diferente das que experimentei até o momento. Algo que ia além dos jogos e dos trotes. Algo que não precisava de desculpas. Algo maduro e honesto. Que como tudo o que é sério, não tem só momentos bons, mas tem que passar também pelas tormentas. E sobrevive e fica mais forte.
    Fiquei verdadeiramente feliz de Lucas dar uma segunda chance ao meu tio. E este parecia realmente empenhado em mudar.
    - Amor, se você quiser, nos mudamos daqui - ele sugeriu em um momento
    - Claro que não - descartou de imediato - esse é nosso lar e eu quero voltar a confiar em você. Não vamos conseguir isso se fugirmos. Quero continuar aqui. Aquele vizinho que fique, que tente. Não vou me deixar intimidar, nem ficar inseguro. E ele nem é tão bonito assim. Não sei o que viu nele.
    A última frase de Lucas estava carregada de despeito, mas não podia culpar ele por isso. Meu tio que não se atrevesse a contestar.
    - Você o conhece, Fabio? - Perguntou enfim.
    - Eu? - Me fiz de desentendido - acho que já o vi uma vez. Achei ele meio sem sal - e bebi meu refrigerante, tentando esconder a cara de sonso.
     

     

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 22 – GUERRA E PAZ

    E num piscar de olhos, entramos nas provas do terceiro bimestre. Estava cada vez mais fácil passar por essa temporada de estudos. Uma vez conhecendo a rotina. Naquele bimestre, porém, tivemos uma mudança no cronograma. As provas foram antecipadas uma semana. Isso porque, na semana seguinte, no sábado, uma importante prova militar ocorreria e a qual praticamente todos do terceiro ano participariam. Então, os alunos do terceiro seriam liberados para suas casas uma semana para que pudessem terminar sua preparação da forma que melhor convir. Aos demais, restaria uma semana mais leve, em que os professores combinaram de passar revisões nos pontos em que os alunos mais tinham dúvidas.
    Consegui passar pela semana muito bem. Porém, no dia da última prova, eu sofri um pequeno acidente. Nada sério, apenas fomos jogar futebol após a última prova como forma de aliviar o estresse, e numa dividida de bola com Elias, acabei tropeçando e torcendo o pé. Doeu bastante, mas nada sério. O médico da enfermaria havia confirmado isso.
    Então, voltei para o alojamento para ficar em repouso o resto do dia. Lá, encontrei Valente lendo. Não quis atrapalhar, então deitei e tentei dormir um pouco. Meu tornozelo ainda incomodava.
    Era início de tarde ainda, e o alojamento estava praticamente deserto e eu não conseguia dormir.
    Tédio, somado a uma fertilidade própria da adolescência, e é claro, uma total falta de constrangimento em atazanar um colega de classe, me fizeram ter uma ideia.
    Não era das minhas ideias mais brilhantes, eu concordo, mas era funcional. Botei o pau pra fora e comecei a brincar com meu único companheiro naquelas horas de solidão.
    Olhei de surdina para Valente, mas o garoto estava tão focado na leitura de ‘Os homens que não amavam as mulheres’, que sequer me olhava. Não podia julgar, o livro era ótimo, mas eu não estava afim de deixar ele ler. Pigarreei, e nada. Maldita hipnose por livros que aquele garoto parecia ter.
    Então, continuei a massagear meu órgão e dei um leve gemidinho. Depois outro, um pouco mais alto. Então finalmente consegui chamar sua atenção.
    Começou com uma olhadinha rápida, por cima das páginas. Ele logo voltou a leitura e eu cheguei a pensar que ia ser de fato ignorado. Mas não. Logo depois ele olhou de novo. E de novo. E de novo.
    Sempre de forma rápida, furtiva. Era engraçado. Arriei minha calça toda, até a canela. E levantei minha blusa até o meio do peito e me masturbei. Devagar, puxando bem a pele e revelando a cabeça vermelha.
    - Ah... Fábio
    Eu então fingi um susto e joguei o lençol por cima.
    - Foi mal, cara. Esqueci você aí.
    - Aham - não se deu ao trabalho de fingir que acreditava. Estava sentado agora, ajeitando os óculos.
    - Como está seu tornozelo?
    - Doendo um pouco - admiti.
    Ele levantou e veio. Sentou do meu lado
    - Posso fazer alguma coisa? - Se mostrou solicito
    - Não cara. Pode voltar a ler. Não quero atrapalhar. - Me fiz de desinteressado.
    - Ah tal - e riu de deboche. Então, meteu a mão por baixo dos lençóis e pegou nele. Depois alisou minha barriga e meu peito.
    A carinha de garotinho, os óculos e o ar intelectual. Valente deu um meio sorriso e desceu, colocando meu pau na boca
    - Oba - me reclinei e recebi suas chupadas de bom grado.
    Era uma chupada tímida, um pouco sem técnica. Mas também não era justo julgar. Depois de experimentar a boca experiente de Vinícius, qualquer outra careceria de técnica.
    Então, apenas relaxei e aceitei de bom grado o favor que meu amigo me prestava. Era bonitinho ver ele ajeitando os óculos enquanto chupava, lambendo devagar e com carinho.
    Ele então se ergueu e apertou meu pau, fazendo a cabeça vermelha inchar.
    - E aí. Está melhor? - Perguntou com um meio sorriso. Dava para ver seu pau duro por dentro da calça.
    - Ótimo. Obrigado, Valente - e sorri. Nesse instante ouvimos passos e ele puxou rapidamente minha calça para eu me vestir. Eu desci a blusa. Valente acelerou até sua cama e eu fingi que dormia.
    Quando escutei os passos de alguém entrando, abri um olho, fingindo despertar. Era Albuquerque.
    - Te acordei? - Perguntou, preocupado.
    - Tinha só cochilado - menti. Valente já estava novamente aprofundando em sua leitura. Não sei se fingia ou se de fato havia novamente se desligado da realidade. Conhecendo bem, era provável que fosse a segunda opção.
    - Fui na enfermaria e me avisaram que tinha voltado para o quarto - contou - como está?
    - Doendo um pouco - respondi.
    Só então vi que ele trazia uma bandeja.
    - Estão servindo o lanche. Trouxe o seu
    Me surpreendi com aquele gesto. Agradeci e me sentei.
    - Obrigado, Albuquerque - sorri.
    - Nada, Capitão. Você me ajudou e eu ajudo você. Pra isso serve a parceria.
    Confesso que ter ele me olhando enquanto comia era um pouco constrangedor. Mas eu não ia enxotar ele dali, ainda mais depois de estar sendo tão solicito. Tentei puxar um assunto para tornar o clima mais agradável.
    - E como terminou a partida?
    - O time do Elias acabou conosco. - Informou de forma a deixar bem claro que aquilo era óbvio.
    - O safado nem se importou quando me derrubou - falei com falso despeito.
    - Não leva a mal não capitão. O senhor é incrível em muitos aspectos, mas com certeza futebol não é um deles. Você caiu sozinho - brincou.
    Eu me fiz de ofendido, então dei um soco em seu braço.
    - Olha como você fala com seu capitão - chamei sua atenção e ele riu.
    - Foi mal - brincou e continuou me olhando até eu terminar. Deixei a bandeja de lado e agradeci de novo.
    Testei o tornozelo ainda estava magoado.
    - O que o médico disse? - Ele quis saber.
    - Só torção. Pediu para eu evitar mexer com ele, pelo menos nesses três primeiros dias e fazer massagem com esse creme - indiquei em cima de minha cômoda.
    - Quer que eu passe? - Ofereceu
    De fato já estava na hora de trocar a faixa, então eu aceitei a oferta. Ele sentou melhor na cama e pegou meu pé, apoiando em cima de seu colo. Pensei a princípio ter um pouco de maldade quando ele pôs perto de seu pau, mas julguei mal. Eu que devia estar com os hormônios aflorados e estava vendo erotismo em tudo.
    O toque era doloroso, por mais que Albuquerque estivesse sendo delicado comigo.
    - Quer que eu pare? - Perguntou.
    - Não, eu aguento - e trinquei os dentes.
    Quando acabou, enfaixou novamente e deixou em seu colo.
    - Pronto
    - Obrigado - e respirei, olhos marejados do processo. - Você tem uma mão boa - elogiei.
    - Valeu. Minha mãe é fisioterapeuta. Me ensinou algumas coisas - e parou um instante, parecendo encabulado de continuar. - precisando de mais algo...- Sugeriu por alto, deixando no ar.
    Eu sorri e cogitei. De novo com maldade na cabeça.
    - Olha... As provas até que me deixaram muito tenso... - E massageei o próprio ombro - se não for te incomodar... Eu tenho bastante tempo - e indiquei meu pé imobilizado.
    Albuquerque sorriu, lambendo os lábios, então me ajudou a virar de bruços e apoiar meu pé de forma confortável. Tirei a camisa, relaxei e deixei suas mãos agirem. Em instantes, meu corpo inteiro estava cheirando a cânfora. Mas eu tinha de dizer, o toque dele era muito bom. Mãos de fada. Senti meu pescoço mole depois que ele terminou. Foi descendo pelas minhas costas, estalando a coluna umas três vezes.
    - Albuquerque, você é um gênio - gemi, já quase apagando de tanto relaxar
    Ele riu com sinceridade.
    - Obrigado, capitão. Que bom que gostou.
    Ele chegou na altura da minha lombar, e depois dali, parou. Eu já estava de olhos fechados, completamente entregue àquela poderosa e eficiente massagem, mas ainda estava desperto o bastante para achar graça daquela pausa. Se eu ficasse quietinho, podia ouvir as engrenagens de seu cérebro trabalhando arduamente.
    Esperei, curioso para ver sua atitude. Teria ele realmente escutado meus conselhos no dia antes de nossas férias de meio de ano, ou ainda guardava aquelas ressalvas que o imobilizavam antes?
    Ele segurou com a ponta dos dedos meu short e desceu um pouquinho, desnudando metade das nádegas
    Achei interessante sua atitude e fiquei quieto, sentindo ele massagear minha bunda com muita cautela. Mais um tempinho, ele desceu mais, desnudando minha bunda por completo. Massageou a parte de baixo das nádegas, seus dedos entrando no vão entre elas aos poucos. Tocou a entrada do orifício com a ponta do dedo. E massageou lá um tempo.
    Abri um olho e o observei, bastante interessado.
    Quando me viu, ele sorriu amarelo
    - Foi mal, capitão. Fui longe demais?
    - Não - e sorri - Estou gostando de ver.
    Ele se encorajou e enfiou um dedo. Gemi baixinho. Albuquerque subiu na cama de joelhos, puxou meu short todo, me deixando nu.
    Voltou a massagear minha bunda, apertando com força a carne. Brincando vez ou outra com o orifício.
    - Com todo o respeito, capitão... Mas sua bunda é uma delícia.
    - Obrigado, soldado - e joguei a isca - quer experimentar?
    Ele pareceu soluçar. Engraçado, mas minha oferta parecia ser inacreditável pra ele.
    - Eu...
    - Algum problema? - perguntei com calma. Erguendo meu tronco e apoiando meu corpo em cima dos cotovelos.
    - Não... Só... Que você tinha me prometido uma coisa antes e...
    Eu pensei, tentando lembrar o que era. Então meu rosto se iluminou quando recordei.
    - Verdade. Me desculpe. Que falta de respeito a minha
    - Mas eu entendo que você esteja machucado
    - Não. Não. Oficial no quartel quer serviço - e virei com calma, ficando de barriga pra cima. Meu pé fisgou, mas eu ignorei, anestesiado pelo tesão - Mas... Vou precisar de sua ajuda - e sorri com maldade.
    - Claro - ele se ergueu, ansioso.
    - Vai ter de sentar - Sugeri - o trabalho vai ser mais seu.
    Ele sorriu mais e então se ajoelhou
    Pegou meu pau e chupou bastante, mais para encher o órgão de saliva do que pra praticar sexo oral mesmo.
    Quando estava pronto, olhou pra saída, se virou, arriou a calça e foi encaixando. O fato de estar com os pés no chão ajudou muito o serviço. Ele ficou de lado e foi abaixando a bunda, como quem senta em uma cadeira.
    Encaixou e foi deslizando, entrando naquela bundinha lisa e empinada.
    Quando terminou de sentar, ergueu o rosto, respirando fundo. Mas quando ia começar a subir e descer, ele olha pra frente e dá um grito.
    Levei um susto e Albuquerque questiona:
    - Há quanto tempo você está aí?
    Olhei em direção e vi Valente.
    - Caramba - praguejei. A verdade é que dessa vez eu tinha realmente me esquecido dele. Valente era silencioso como um gato, tornando uma pessoa virtualmente invisível quando queria.
    - O tempo todo - falou com naturalidade, deixando o livro de lado.
    Eu ri.
    - Qual é Albuquerque, vai parar não né? - Incentivei. Ele se recompôs e falou:
    - Não. Claro que não. Só levei um susto - e virou pra mim e começou a levantar e descer, devagar, sem pressa.
    Fui gemendo baixinho, vendo meu órgão aparecer e se esconder em seu corpo.
    - Se eu estiver indo muito rápido, avisa, capitão. Não quero que se esforce muito.
    - Está perfeito... - E gemi mais. Aquela devoção em me agradar era excitante demais. O jeito dócil e prestativo. Não tinha como culpar os veteranos nesse ponto. Ter alguém para servir dessa forma era bom demais. Albuquerque foi bastante desinibido, aumentando o ritmo, fazendo o colchão ranger um pouco. Tive vontade de pegar ele de jeito, mas quando fiz um impulso para tanto, meu pé me lembrou que eu ainda não estava recuperado e eu me aquietei. Deixei Albuquerque fazer o trabalho.
    - Cara, vou gozar - avisei.
    - Goza, capitão - incentivou - o senhor merece.
    Que cara de safado aquele garoto tinha. Gozei bastante, enquanto ele rebolava em meu colo, envergando meu órgão em seu interior.
    Albuquerque levantou, pegou o guardanapo que estava envolvendo meu sanduíche e limpou meu órgão. Então vestiu novamente as calças e me ajudou a me vestir.
    - Espero ter ajudado - falou por fim.
    - Você foi muito prestativo. Nem sei como agradecer - falei com malícia.
    - Vai pensar num jeito - e pegou minha bandeja e saiu. Valente, que tudo viu, estava visivelmente excitado, mas não fez nada. Era claro que a praia dele era mais assistir.
    Devo dizer que acreditar nisso me afagou o ego. Já que ele havia me dispensado tão facilmente para voltar ao seu livro em minhas primeiras investidas
    Pedro e Elias me visitaram na tarde e só saíram na hora da janta. Foram com Valente e prometeram trazer minha refeição pra eu não ter de andar. Fiquei sozinho e aproveitei pra ler um pouco. Estava no meio de ‘A menina que roubava livros’, que Valente tinha me emprestado havia uma semana.
    Então, logo depois, antes dos calouros voltarem da janta, foi a vez de Siqueira.
    - Estranhei não te ver no refeitório. - E veio ao meu encontro - me contaram o que houve. Como você está?
    - Estou bem. Pouco de dor. Mas nada grave. Vou ficar o fim de semana de repouso, mas segunda o médico disse que já devo estar ótimo
    Ele passou a mão na minha perna, não com maldade, mas com carinho.
    - Quem diria - falou - o grande herói da 'noite dos cordeiros e dos lobos', seria um perna de pau - me zoou.
    - Fazer o que, não se pode ser bom em tudo - brinquei.
    Ele sorriu e me olhou com carinho. E eu retribuí. Ficamos e silêncio um tempo, naquele alojamento enorme só nos dois. Até que Siqueira quebrou o silêncio, parecendo se lembrar.
    - Lanchou? - Perguntou
    - Sim. Albuquerque me trouxe mais cedo.
    - Hum... - E sorriu - bem, vou pegar seu jantar então. Já volto.
    E se levantou, mas quando ia sair, chega Albuquerque novamente, com uma bandeja na mão.
    - Capitão, trouxe pra você não precisar ir lá... Ah... Oi, major - e se surpreendeu ao ver Siqueira.
    - Oi... - Siqueira olhou desconfiado. - Você de novo?
    - Ah sim - e riu - o Elias e o Pedro ainda não terminaram de jantar. Como acabei, vim trazer logo
    - Hum... - Siqueira não estava muito à vontade e estendeu a mão para pegar a bandeja. - Deixa comigo. Pode voltar prós seus amigos.
    - Ah? Não, tranquilo, não tem problema... - Ele tentou argumentar, mas foi cortado.
    - Obrigado, soldado - o major frisou bem cada palavra - pode deixar que do meu subordinado cuido eu
    - Ah... Tudo bem - desistiu
    Eu estava sem graça, então resolvi falar:
    - Obrigado, Albuquerque. Valeu mesmo. Já te dei muito trabalho hoje.
    - Nada, Capitão - olhou receoso pra Siqueira e saiu.
    Siqueira bufou de impaciência e veio.
    - Tudo bem? - Perguntei.
    - Estou bem. Moleque esquisito. Fica parado igual zumbi olhando pra você
    - Acho que você está exagerando - o adverti.
    - Acho que ele tá é apaixonado por você - acusou
    - Que nada - descartei - Você está viajando.
    Ele desistiu de discutir.
    - Deixa pra lá. Melhor comer - e me serviu.
    Se ter Albuquerque me olhando comer foi constrangedor, com Siqueira foi pior ainda. Acho que porque ter ele tão solicito era ainda mais singular. Diferente de tudo o que eu conheci dele até então.
    - Quer que eu faça uma massagem no seu pé? - Ofereceu por fim - talvez trocar as ataduras
    - Ah... - Fiquei sem graça.
    - O que?
    - O Albuquerque já fez... Obrigado - e sorri amarelo.
    - Ah sim - sua boca se contorceu mas ele não falou nada - Ok - e fez um bico - Seu médico te receitou algum remédio?
    - Só dipirona em caso de dor.
    - Albuquerque já te deu isso também? - A pergunta foi bem maldosa, mas eu fingi não perceber. Não estava acostumado àquela sua postura e não sabia bem como reagir.
    - Não. Eu não gosto de tornar analgésico. - Expliquei
    - E vai ficar a noite toda com dor, então? - Perguntou como se eu fosse uma criança. Eu ia falar, mas ele continuou - toma, Fábio. Aproveita que jantou. Vai aliviar. Você vai dormir melhor e vai se recuperar mais rápido
    Diante de tanto cuidado, não pude negar. Ele parecia realmente empenhado em fazer algo por mim, então eu deixei. Ele me deu o comprimido e eu tomei com o resto do suco.
    Os calouros começaram a chegar. E ele se levantou.
    - Bem, vou deixar você descansar. Amanhã nos falamos antes de irmos para nossas casas - e pegou a bandeja.
    - Obrigado, major - agradeci e sorri.
    Ele me olhou, mas não conseguiu me encarar.
    - De nada - falou meio que esquivando - eu sou seu superior, é meu dever cuidar de você
    - Não lembro de isso estar nas regras do colégio - questionei.
    - Cala a boca e dorme, Mendes - e saiu.
    Agora sim, aquele era o Siqueira que eu conhecia bem. Achei graça, mas ao mesmo tempo senti um certo calor no peito.
    Acho que viajei acordado, mas acabei despertando num solavanco quando fui atingido por um travesseiro na cara
    - Acorda, Fábio - era Elias. Pedro ria ao seu lado.
    - Nem vi vocês chegarem - informei.
    - Percebi - Elias sorriu com malícia. - Ficou aí todo derretido com seu major.
    - Vai pro inferno - praguejei e lhe lancei o meu travesseiro. Rimos muito e brincamos. Albuquerque e Valente chegaram e se juntaram a farra, junto de uns três outros calouros. A coisa só acabou quando Pedro, sem querer, acertou meu pé. Eu fui até lua e voltei
    - Desculpa, desculpa - implorou, visivelmente arrependido.
    - Some daqui antes que eu enfie meu punho onde só seu noivo vai achar depois - ameacei, ainda me recompondo. Tentei soar brincalhão, mas a fúria causada pela dor não deixou.
    Mas logo o clima se acalmou e fomos deitar.
    Apesar de todos os inconvenientes, foi um dia agradável e eu dormi em paz. Não pude evitar que meu último pensamento naquela noite me levasse à Siqueira e a seu jeito cuidadoso ao qual havia acabado de ser apresentado.
  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 23 – FRANQUEZA

    No sábado de manhã, estava sentado no banco aguardando meus pais virem me buscar. Meu pé já havia apresentado profundas melhoras, mas mesmo assim, não quis abusar. De fato foi melhor eu ter tomado o analgésico, pois só consegui dormir bem quando este fez efeito.
    Elias estava comigo, me fazendo companhia, até que seus pais chegaram. Minha mãe já havia me avisado que tinha pego trânsito no caminho, por conta de um acidente na pista, então relaxei e aguardei. O clima estava ótimo. Cairia muito bem uma praia, mas pra mim, seria somente o vídeo game mesmo.
    Nesse instante, Soares apareceu e sentou ao meu lado.
    - Fala aí, perna de pau. Como está?
    Eu sorri. Preferia 'Capitão', até 'Mendes', mas não escolhíamos nossos apelidos. E Elias havia me garantido aquele ao me pôr em meu lugar no futebol.
    - Melhor - informei - E o Pedro?
    - Terminando de arrumar a mala. Esqueceu de fazer ontem
    - Vão passar juntos e fim de semana?
    - Melhor não - declarou - essa prova é muito importante e quero começar a cair nos estudos hoje mesmo.
    - Entendo. Vai dar tudo certo - e pus a mão em seu ombro.
    - Valeu.
    E ficamos calados, aquele silêncio incômodo. Era difícil estarmos só nos dois, normalmente sempre tínhamos a intermediação de Siqueira ou Pedro
    Não tinha muito assunto naquele momento, então resolvi puxar um e brincar.
    - E aí, levou o Pedro no grilhão alguma vez? - perguntei com um olhar de cumplicidade.
    Soares riu.
    - Sabe que nem tive cabeça - admitiu - Mas, nem sei mais...
    Parou a frase no meio e eu pensei se deveria ou não incentivar a continuar.
    - Algum problema? - obviamente eu continuei
    - Não, problema não... Só... Às vezes fico me perguntando se ando forçando demais a barra com ele...
    Eu ergui uma sobrancelha e esperei. Acho que era a primeira vez que via Soares em dúvida sobre alguma coisa.
    Ele me olhou e riu
    - Amo o Pedro. E gosto de nossa relação como está. Mas as vezes penso 'caramba, vamos nos casar' e sabe... Fico pensando no nosso jeito de nos relacionar e vem a dúvida... 'será que daria certo continuarmos com isso'?
    Eu pensei um pouco
    - E porque isso agora? - achava estranha sua dúvida, assim de repente. Sentia que tinha algo mais ali.
    - Não sei.
    - Vocês não se enganam. Gostam das mesas coisas. Confiam um no outro. Qual o problema com quem transam? - e lembrei do meu tio - prefiro isso do que fazer pelas costas. E não tenho ilusões com Pedro. Pode ser tímido pra muitas coisas, mas de santo não tem nada
    - Eh - e ficou sem graça.
    - Você me disse uma vez que sabia o que queria - lembrei - algo mudou?
    - Não - agora senti um pouco de convicção na sua voz. - Às vezes tenho medo do Pedro não gostar tanto quanto eu... Digo... Eu já fiz muita coisa aqui nesse colégio. Sem ele, sabe. Ele sempre levou de boa. Nunca reclamou e acho até que gosta das minhas histórias. Mas ele mesmo nunca tentou nada sem mim...
    Ele não estava sabendo articular as palavras. Tentei ajudar
    - Você acha que vai ficar com ciúmes? Quando se formar e ele ficar aqui sem você? - arrisquei, mas sem nenhuma crença de que tinha acertado.
    - Não é bem isso... - ele sorriu acanhado, olhando o nada. - posso te contar um sonho que eu tive? Mas fica entre nós.
    - Claro.
    Ele riu, ainda sem jeito. Não cansava de me surpreender com as pessoas dali. Suas facetas, suas intimidades. Quando eu achava que conhecia bem um, ele se mostrava alguém diferente em novas circunstâncias. Soares sempre se apresentou como bem resolvido, mas até ele tinha dúvidas em seu relacionamento.
    - No meu sonho, eu e Pedro já estávamos morando juntos. Eu voltava do trabalho e... Bem... Ele estava com outro cara... Eu flagrava os dois, na minha cama... O Pedro pelado, de bruços... Um cara que devia ter o dobro do tamanho dele. Negro igual ele... O cara metia muito. Castigava meu marido e... O Pedro gemia alto, gemia mais do que gemeu comigo a vida toda...
    Eu esperei paciente ele terminar a história. Acho que finalmente estava entendendo o 'X' da questão. E vendo que ele não parecia querer concluir, resolvi dar meu palpite.
    - Você não está com ciúmes do Pedro... - concluí enfim. Ele acenou de forma positiva.
    - Quando saímos a primeira vez - continuei, confirmando que ele não queria falar nada no momento - você me contou que queria que o Pedro tivesse experiências aqui... Que ele desse pro maior número de caras... Que te contasse depois - e sorri, concluindo - pensei que você estivesse dizendo aquilo pra mim. Para me excitar ou... Pra deixar claro que não havia ciúmes entre vocês e assim eu ficar mais à vontade... Mas você estava era dizendo pra ele. Não é?
    Soares me olhou e sorriu. Não soube identificar de cara, mas me pareceu impressionado.
    - Nem o Siqueira sacou meu lance tão bem quanto você - disse.
    - Por isso você não queria ser o superior direto de Pedro no início – deduzi.
    - Não queria - admitiu - eu pedi pro Siqueira ser...
    Fiquei em silêncio. Ele então me olhou.
    - Você não está me julgando - observou. Ainda descrente.
    - E porque eu faria isso? - questionei e pus a mão em seu ombro.
    - Quando eu falei pro Siqueira ser o comandante do Pedro, ele... Ele recusou... Ele disse que... Ele disse que não era certo. Que não se sentiria a vontade. Que deveria ser eu. Que eu deveria proteger ele. Ele já... Ele já comeu meu noivo na minha frente muitas vezes, mas quando eu sugeri dele ir sozinho uma vez, ele me olhou esquisito.
    - Siqueira vem de uma família tradicional. Algo diametralmente oposto da minha. Mas mesmo para mim, alguns costumes daqui foram difíceis de entender no começo.
    - Não tiro a razão de Siqueira. - ele mesmo explicou - Pedro é muito introspectivo. E forçar ele dessa forma... Não acho que seria legal. Mas...
    - Você queria que o Pedro fosse mais ousado - concluí pra ele. - que fizesse algo pelas suas costas.
    - É... Sim... É muito esquisito? - perguntou.
    - Óbvio que é - e ri - Mas e daí? Você não está fazendo mal a ninguém. Se é o seu lance, e se Pedro também curte e partilha... Não vejo problema algum...
    Achei que Soares parecia não acreditar no que saia de minha boca. Ele me olhava como quem olha um objeto raro e curioso, mas ainda estava cauteloso, como se no fundo estivesse com medo de eu estar fazendo com ele algum tipo de chacota.
    Parou, pensou e então continuou.
    - Eu tive uma namorada... Antes do Pedro... Namoro de adolescente. Durou 6 meses apenas. Eu descobri que ela me traia com um monitor do colégio. Dez anos mais velho que eu... universitário...- ele foi falando e eu não me atrevi a interromper. Dava para ver que lutava contra a vergonha para soltar cada palavra - Eu tinha quinze anos... Ela também. Foi logo antes de vir pra cá. Uma vez, eu vi o celular dela sem querer, enquanto ela estava no banho... Ela e o monitor não tinham se conhecido do colégio. O cara já era um ficante antigo. Cara boa pinta... Dirigia... Foi ele quem a desvirginou. E eu achando que tinha sido eu. Eles saiam sempre e... Continuaram saindo às escondidas enquanto ela namorava comigo. Vi as fotos que ele mandou pra ela. A maioria pelado... Na época eu não me interessava por homens... mas até eu achei o cara boa pinta... Eu... Eu lia as coisas que ele falava pra ela. Obsceno. Detalhista... Como ele se gabava de como comia ela. Das coisas que fazia com ela... Eu... Eu fiquei sem reação... Ela era uma menina certinha, de igreja. Namorávamos na casa dela, sempre com algum parente por perto... Pra transarmos foi difícil, não só pela família, mas ela mesma se fazia de difícil. E imaginar que ela fazia tudo àquilo com outro cara...
    Soares ia respirando de forma pausada, sua mente já não estava lá... Estava longe.
    - Quando ela voltou do banheiro, eu larguei o celular dela e não consegui falar... Não consegui. Sonhei muito com ela e o cara das fotos... Bati muitas pensando nas coisas que ela fazia com ele... Cada vez que eu olhava pra ela, pensava em falar... Pensava em contar que eu sabia... Mas como eu ia fazer isso? Se ela soubesse, eu teria de tomar uma atitude. Eu era um corno... Não podia ser corno manso...
    Soares me olhou, olhos marejados.
    - Ao invés disso, eu fiquei observando. Pegava o celular dela quando ela não via e ficava lendo as mensagens que trocavam. A maneira como ele gostava de enfiar o pau entre os seios dela, como pegava ela pelos cabelos quando a comia de quatro. Ou como ela ficava 'bonitinha' enquanto bebia do leite dele. Eu era muito jovem... Eu não soube administrar aquilo. Contei pra um grande amigo, atrás de ajuda. Pelo menos eu pensei que fosse. Ele mandou eu tirar satisfação com ela... Não quis. Dizia que era porque a amava e tinha medo de perder. Óbvio que era mentira. O que eu queria, na verdade, era uma forma de fazer com que ela me contasse e aceitasse que eu soubesse. Eu podia ser o álibi dela. Ela dava pro cara, mas pra todos era minha namorada. Podia dar certo. Quem sabe ela me deixava assistir um dia. Uma vez peguei um vídeo no celular dela. O canalha filmou. Não filmou o rosto dela, mas eu reconheci o corpo, em especial uma marquinha de nascença que ela tem no quadril. Ele filmava comendo ela em várias posições. E todo momento ele virava o celular pra si e sorria pra câmera. Consegui copiar o vídeo pro meu. Assisti várias noites, me masturbando pensando que o cara tinha feito o vídeo pra mim. 'Olha corno. Olha como eu como tua namorada. É assim que se faz'.
    Soares começou a rir.
    - Loucura, não é? Mas meu amigo não deixou eu continuar com aquilo. E ele não sabia da missa, a metade. Como eu não tomava uma atitude, ele tomou por mim. A confrontou, nos colocou cara a cara e naquele momento, fui abrigado a me fazer de indignado, de enojado. Disse que não podia acreditar que ela tinha feito aquilo comigo, que me sentia traído e tudo mais. Cara, como eu fui covarde. Mas meu amigo não parou por aí. Espalhou a notícia e de um dia pro outro... Tudo foi por água abaixo. Foi um escândalo para a família dela. Ela se mudou... O monitor foi demitido... E eu... E eu fiquei conhecido como o 'corno manso' da escola... Por sorte meu ciclo social do colégio era distinto do bairro... Pedro nunca soube. Nem a irmã... Na verdade, ninguém até agora.
    Soares concluiu, ainda olhando o nada
    - Henrique... - o chamei, pausadamente, com a voz baixa – por que você está me contando isso?
    Ele me olhou, parecendo perceber só agora que eu estava ali.
    - Não sei - admitiu, sem forças - nunca confiei contar essa história pra ninguém... Acho... Acho que você me parece uma pessoa confiável.
    Eu fiquei verdadeiramente lisonjeado com aquela declaração.
    - Obrigado pela confiança. - agradeci.
    Ficamos em silêncio, depois de um tempo, vendo as pessoas passarem como se estivéssemos invisíveis.
    - Você já sugeriu ao Pedro... Diretamente? - Perguntei.
    - Não - confessou - Só deixei a entender... Sempre contei das minhas aventuras, na esperança de ele me contar as dele. Ele tem a senha do meu celular e eu tenho a dele. Olho o dele de vez em quando na esperança de achar... Mas...
    - Ele não vai te trair - declarei - Não é da natureza dele... Ele te ama.
    Soares apenas acenou afirmativamente. Em silêncio.
    - Traição exige que alguém esteja sendo enganado. - continuei. Mais uma vez lembrando de meu tio e de Lucas. Se ele tivesse seguido conforme Lucas queria, não haveria traição. Uma vez que seria algo de comum acordo. Agora a partir do momento em que fez sozinho, sem seu conhecimento. A coisa mudou - Não há isso entre vocês. Ele sabe de tudo o que você faz e concorda e você gostaria que ele fizesse mais - fui narrando, mais para mim mesmo que para ele. Meu cérebro trabalhava pesado, como se estivesse resolvendo alguma questão complexa de prova
    - Pedro já sabe que por você, ele tem carta branca para fazer o que quiser. Mas ainda assim não faz. Porque não tem necessidade disso. Pedro é tímido também, sim... Mas mais do que isso... Pedro tem...
    - Tem esse ar servil. - Soares foi me ajudando - Ele é daquele tipo que realmente gosta de servir. Gosta quando eu o ofereço para os outros.
    - Exatamente - dei corda - ele não é do tipo que vai tomar a iniciativa. Por ele, não. Só se ele souber o quanto isso é importante pra você. O quanto realmente você quer isso.
    Eu então o olhei com uma ideia pipocando em minha mente e ele sorriu.
    - Que cara é essa? - quis saber.
    - Nada... - me fiz de desinteressado - Pedro gosta de ter alguém em seu controle... E não vai aceitar ninguém que não seja você. Há menos... Que você designe alguém - sugeri por alto - Sabe... Um cara maneiro... De confiança... Boa pinta - completei olhando de rabo de olho - que vai estar aqui nessa uma semana em que todos os majores vão estar fora - olhei de novo de rabo de olho.
    Nesse momento, percebi que seu rosto se iluminou. Ele havia pescado a ideia.
    Bem na hora, pois logo ao longe estava vindo Pedro.
    - Acho que você seria uma ótima escolha - ele sugeriu.
    - Você acha? - me fiz de surpreso e ele riu. - Gosto muito de vocês - admiti - acho que formam um belo casal. Meio pancada, mas muito legais juntos.
    Ele riu e me olhou com ternura.
    - Acho bonito a maneira como vocês se olham. Mesmo no meio de uma putaria, o olhar que vocês dois trocam é diferente. É termo. É... Não sei explicar. Mesmo no meio de outros homens, como ocorreu em Verão Vermelho, vocês dois se destacam. Fica bem claro que o que vocês têm é diferente de tudo em volta.
    Ele sorriu e agradeceu.
    - Do que vocês estão falando - Pedro enfim tinha chegado, trazendo sua mala pelas rodinhas
    - Sobre minha ausência, amor - Soares levantou e abraçou o noivo.
    Nesse instante, também chegou Siqueira, nos saudando.
    - Como anda o pé, Fabio?
    - Bem melhor, Gabriel. Obrigado por ontem - respondi.
    Ele apenas assentiu com um gesto, meio encabulado ainda. Soares o olhou de rabo de olho, mas o major percebeu.
    - O que foi, major?
    - Nada... só estou passando para meu noivo as orientações enquanto estiver fora.
    - Que seriam...? - Siqueira ficou curioso.
    Pedro esperou, também intrigado.
    - Bem. Sabe que vamos ficar fora uma semana. E nesse momento, os sargentos do segundo ano podem querer crescer as asinhas. Então, Pedro, te deixo sob os cuidados do soldado Mendes. Acho que será um bom treino para quando ele assumir a liderança daqui a dois anos.
    Siqueira olhou desconfiado, mas deu de ombros.
    - Não vejo ninguém melhor, de fato. Fabio... Digo, o Mendes é de longe o mais qualificado.
    - Obrigado pela confiança - agradeci.
    - Ouviu, Pedro. Enquanto eu estiver fora, quero que obedeça ao Mendes. Faça tudo o que ele mandar. Ele vai te proteger em minha ausência.
    - Ah... Acho que entendi - ele ainda estava um tanto confuso, mas não haveria tempo de explicar. O carro com a mãe de Pedro chegou e Soares acompanhou o noivo até lá.
    Siqueira sentou ao meu lado.
    - O que vocês estão tramando? - Quis saber
    - Confidencial, major.
    Ele riu.
    - Sempre com surpresas, Mendes.
    E passou o braço pelo meu ombro e me abraçou. Senti que ele ia beijar meu rosto, mas não o fez, parando na hora. Abaixou a cabeça e apenas sorriu sem graça.
    - Se cuida, Fábio.
    - Pode deixar - senti calor. Talvez fosse o tempo mais quente - vai dar tudo certo em sua prova. Você é o melhor da turma e muito capaz. Vai tirar de letra
    - Obrigado mesmo - respondeu com sinceridade - estou me preparando para ela desde que entrei nesse colégio, para ser franco.
    - É seu sonho?
    - Aham - ele olhou o horizonte, pensando não sei em que. Depois me olhou de novo e sorriu.
    Soares voltou, mas não falou nada. Não querendo interromper.
    Siqueira tirou a mão do meu ombro e se levantou.
    - Vamos então - falou com Soares. - Onde está seu carro para eu ir pondo a mala?
    Soares indicou e Siqueira foi indo na frente, meio apressado.
    - Mendes, como é mesmo o olhar que você diz que eu tenho com o Pedro?
    - O que? - estava distraído e não entendi bem a pergunta.
    - Nada - corrigiu.
    - O que foi, Soares? - insisti, curioso e ao mesmo tempo encabulado. Só não sabia porque ainda.
    - Nada mesmo - se manteve firme - Obrigado por me ajudar a entender minha situação. Só não faço o mesmo por ti, porque acredito que no seu caso vai ser melhor que a ficha caia sozinha.
    E se despediu com um sorriso e eu fiquei ali, sentado, meio perdido...

     

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 24 – JOGOS

    Meu fim de semana foi tranquilo, como previa. Minha mãe e meu pai me mimaram bastante e cada vez que eu pisava o pé no chão, era um esporro. Coloquei em dia meu vídeo game, zerando enfim 'God of War 3'.
    Chegar no colégio na semana seguinte foi estranho. Era engraçado, mas a falta do terceiro ano era sensível. Embora basicamente nada tenha mudado em minha rotina.
    O temor de uma ascensão do segundo ano não se confirmou, pelo menos não a princípio.
    Meu pé estava bem melhor, eu caminhava normal e até quarta feira, aula de educação física, eu já estaria ótimo.
    Passamos uma semana bem folgada, sem trabalhos extras. Apenas aulas de revisão, como prometido.
    Com isso, tivemos uma semana com bastante tempo livre, onde pudemos aproveitar.
    Como naquela tarde de tempo bom na quinta. Eu e Elias aproveitamos meu pé melhor e ficamos jogando futevôlei na quadra dos fundos. Eu já estava ciente que era ruim no jogo, mas queria melhorar. Então estava treinando com o melhor. Pedro preferiu ficar na biblioteca, jogando xadrez com Valente e os demais não foram encontrados para convidar. Entre uma partida e outra, fomos batendo papo.
    - Diferente aqui sem os veteranos, não acha? - comentei.
    - Hum... - ele me olhou e riu.
    - O que foi? - não tinha entendido.
    - Nada. É que você já fez esse comentário umas três vezes pra mim essa semana.
    - Sério? - Não tinha percebido. Mas devia ser verdade.
    - Aham. Mas respondendo de novo: Um pouco, sim. Fico mais é pensando como vai ser quando nós assumirmos o cargo de majores no terceiro ano. Confesso que estou ansioso - ele riu.
    - Sinto que você vai ser um tirano - Brinquei
    - Não! - se fingiu de ofendido - Tratarei meus subordinados com atenção e justiça - e pensou um pouco - pelo menos no início...
    Rimos muito e eu acabei errando a bola. As outras vezes que errei foi por falta de habilidade mesmo.
    - E aí, quer mudar de jogo? - ele sugeriu - já perdi as contas de quantas partidas ganhei e na outra vez, no futebol, você ficou meio bolado comigo.
    Eu sorri amarelo.
    - Era diferente. Naquele dia eu estava levando a sério. Havia competitividade. Hoje não. Sei que ainda não posso ganhar de você, então estou jogando só pra me divertir. E desculpa se eu fui um mal perdedor. - acrescentei
    - Não. Você até se comportou bem. Eu nem teria notado se não fosse sua cara azeda - zombou.
    - Mas aproveitando que falamos de levar a sério. - continuou - Fala aí, sabe que o Albuquerque está gamadinho em você né?
    Eu não estava preparado para aquela noticia e chutei o ar.
    - O quê? Que isso. Não... - descartei, descrente
    Elias riu.
    - Mendes. Tão perspicaz pra umas coisas e tão lesado pra outras. - atestou
    - Mas diz ai: ele te falou algo? Engraçado que o Gabriel achou a mesma coisa.
    - Quem? - ele estranhou.
    - O Siqueira. - Eu expliquei
    - Ah sim... Não sabia que o tratava pelo primeiro nome agora. Já vi ele te chamando de Fábio algumas vezes... - e pensou - Bem... Na verdade Isso explica muita coisa.
    - Como assim?
    - O Albuquerque me falou que na sexta o Siqueira foi ríspido com ele... Quando ele foi levar seu jantar.
    - Sim. E daí? - insisti.
    Elias parou, pensou e então desistiu.
    - Nada não.
    E continuou a chutar a bola com aquela cara de quem sabia mais. A mesma que Soares fez na nossa última conversa.
    Resolvi virar o jogo.
    - E você e o Pinheiro. Como andam?
    - Bem, - respondeu simplesmente.
    Eu resolvi atiçar mais
    - Depois daquela vez, na noite dos cordeiros e lobos. Rolou de novo?
    - Um monte - ele respondeu sem nenhum embaraço - Você já transou sozinho com o Pinheiro?
    Vasculhei a memória e respondi que não. Na lavanderia a coisa não tinha se finalizado e no vestiário havia sido apenas uma mamada.
    - Ah. Só queria confirmar, na verdade. Pois no começo, na primeira vez que ficamos, eu o achei muito carinhoso. Fiquei até receoso de ele estar apaixonado ou algo assim. Mas percebo que esse carinho todo é só quando estamos sozinhos. No geral, ele é bem da putaria, da farra. Aí queria saber se ele era carinhoso assim com todo mundo na intimidade.
    - Não sei... - mas me lembrei do beijo no rosto na lavanderia e concluí que sim – por quê?
    - Nada. Só fico preocupado. Afinal, ficamos nessa nossa safadeza. As vezes pode rolar sentimento. Tipo Pedro e Soares. Ou vo... Enfim. - e riu - Aí fiquei com medo de ele estar gostando de mim. É que não estou na mesma ainda. E não queria que o Pinheiro ficasse magoado.
    - Entendi. Olha. Confesso que não reparei nada não.
    - Eu também acho que não. Só queria confirmar mesmo. Eh que no começo, quando a gente... Sabe... Ele me comeu pela primeira vez, pensei que fosse ser uma parada mais na zoeira. Mais... Dominação sabe? Tipo o que rola aqui direto. Fosse meter sem dó, sem preocupar em machucar ou algo assim. Mas fiquei surpreso. O cara foi bem cuidadoso. Nem parecia o mesmo farrista que vemos aqui.
    - Algumas pessoas são diferentes na intimidade. - concluí
    - Exatamente. Por isso quis saber se você já tinha ficado com ele alguma vez. Se contigo também tinha acontecido.
    - Não. Mas entendi o que você quis dizer. Acho que é o jeito dele mesmo.
    - Que bom. Fico menos preocupado
    Resolvi então aproveitar que o assunto tinha ido por aquele caminho, e perguntei:
    - E você acha que eu tenho algo com que me preocupar?
    Elias me olhou cauteloso, provavelmente imaginando se eu me referia a pessoa que estava em sua mente
    - Você se refere ao... Albuquerque? Ou outra pessoa?
    - Albuquerque - falei logo, mesmo sem total convicção.
    - Acho que ele ficou só encantado. Está na cara que você o impressionou na noite dos cordeiros e dos lobos. Não precisa se preocupar com ele não. Vai passar.
    - Hum... E eu deveria me preocupar com mais alguém?
    - Aí depende - e sorriu - você acha que é motivo de preocupação?
    Percebi que ele não ia falar diretamente, preferindo o jogo de trocadilhos.
    - Não sei - respondi com sinceridade.
    Elias então dominou a bola e a parou.
    - Olha. Faz que nem eu. Deixa rolar. Se acontecer, aconteceu. Enquanto não, aproveita. Eu demorei pra me adaptar aqui. Agora que consegui. Gosto e acho que tem muita coisa a se aproveitar.
    - Parece um bom conselho - avaliei. - E você acha que levaria bem se apaixonasse por um cara? - perguntei.
    - Fabio. Há um ano atrás eu sequer cogitava beijar outro cara. E olha tudo o que eu já fiz aqui
    Rimos muito.
    - Se apaixonar seria a menor das surpresas - concordei. Eu também jamais imaginaria que teria na vida metade das experiências que tive no Pracinhas.
    - Acho que a melhor hora é essa, na verdade - continuou - estamos sem o terceiro ano aqui... Você pode ver se sente ou não falta do Siqueira... Ou de qualquer outro - completou rapidamente, com cara de quem falou mais do que devia.
    Não continuei no assunto. E também não pude. Pois nesse momento, chegaram dois alunos do segundo ano
    - Quanto tempo. Nem parece que estudamos na mesma escola. Nunca mais os vi - era Lopes, usando uniforme de educação física, camisa suada colada na pele.
    - Sargento Lopes, sargento Ferreira - os saldei - Quanto tempo. O que fazem aqui?
    - O treinador resolveu passar uns exercícios individuais. Acabamos o nosso e viemos ver quem estava aqui.
    - Afim de bater uma bola? - Elias convidou - novatos contra veteranos.
    Lopes e Ferreira se olharam e toparam. Então passamos a jogar futevôlei em duplas. Eu já estava bem aquecido, e Lopes e Ferreira não eram jogadores tão bons assim, então consegui me sair bem. E na pior da hipóteses, tinha sempre Elias pra segurar a onda pra mim. Então, naquele jogo, pude desfrutar do prazer de ganhar
    - Caramba, tu é muito bom, Pascoal - Lopes elogiou.
    - Um dos meus talentos.
    Engraçado ver Elias tão solto. Ainda mais lembrando de como ele era travado com os do segundo, na vez em que lavamos o vestiário. Realmente eu podia dizer que ajudei muito a soltar meu amigo e hoje ele era completamente capaz de se cuidar naquele meio. Se bobear, mais até do que eu.
    Continuamos jogando e vencemos com uma boa margem.
    Foi quando o grupo do segundo ano foi indo em direção ao vestiário e chamaram Lopes e Ferreira.
    - Eh, vamos lá - Ferreira se despediu e foi em direção aos colegas. Mas antes de prosseguir, voltou - vocês não vão tomar uma ducha não?
    Aquela pergunta estava carregada de malícia, e tanto eu quanto Elias ficamos sem resposta a princípio.
    - Vamos - Lopes encorajou - aproveita e fica lá com a galera.
    - Valos ver - respondi apenas e eles sorriram e foram indo.
    - Eh, eles ainda não tem a convicção do terceiro ano - Elias avaliou, quando os dois saíram.
    - Não - concordei - Mas já estão um pouco mais corajosos. Eles dois pelo menos.
    - Sabe, eu acho que se a coisa ficar assim, nós que vamos mandar nesse colégio ano que vem, e não os majores
    - Possível - concordei, já imaginando.
    - Você acha que se fossemos lá, eles iam tentar algo?
    - Sim. Ferreira já foi mais ousado da primeira vez, se formos agora, vamos estar dando corda, o que é o empurrãozinho que falta pra ele se soltar.
    - Tem razão - parou do meu lado e cruzou os braços - e vai ser aquilo, basta um começar para os outros virem junto.
    - Aham. Basta um homem com coragem e todo o resto avança como peças de dominó.
    Ficamos parados, olhando fixamente para o vestiário, falando por alto, fingindo pouca importância. Disfarçando o que estava claramente se passando em nossas cabeças.
    - O fato é: se formos para lá - Concluí - há grande chance de estarmos indo para o abate.
    - Eh... E não queremos isso, não é?
    Olhei para ele de rabo de olho e tive de rir de sua cara. Olhos arregalados, me olhando também pelo canto do olho, como um garoto arteiro. Rimos muito.
    - Ah, meu Deus. - desabafei - Quando foi que nos transformamos em duas putas?
    Eu não podia acreditar que estava doido de vontade de ir naquele vestiário.
    - É amigo. Acho que no fim, Pedro estava certo e somos um bando de viados enrustidos. - Elias concluiu.
    Rimos mais.
    - Mas não vamos dar o braço a torcer pra ele, não é? - perguntei.
    - Claro que não – falou, tentando parecer sério.
    E nos olhamos de novo, um sorriso de cumplicidade brotando de nossos lábios. Então deixamos as amarras de lado e fomos para o vestiário.
    Era uma sensação ímpar, como andar de montanha russa. Você entra sabendo que vai sentir medo, mas o impulso de querer ir adiante não parava. Pelo contrário, quanto maior a sensação da aventura, mais o desejo se volumava.
    Entramos e lá estavam eles. Alunos nus, tomando banho. Seus olhares de imediato se voltaram para nós dois. Ferreira abriu um grande sorriso, como uma hiena diante da presa. E logo toda a alcateia ficou atenta.
    - Podemos nos unir a vocês? - perguntei.
    - A vontade, soldados - Lopes respondeu.
    Tiramos as roupas e caminhamos até os chuveiros. Eles abriram caminho, e como uma onda, nos envolveram. Engolidos pelo mar de corpos
    - Grande, Mendes - Ferreira estava ao meu lado - Seu nome ficou famoso aqui. Jamais imaginei que o garoto com quem conversei aquele dia seria o herói da noite dos cordeiros e dos lobos.
    - Pensei que o que acontecia na noite, ficava por lá - indaguei.
    - Isso é só para os de fora. - sorriu - para nos que já vivenciamos o rito, não tem porque guardar segredos
    - Entendi - e pensei - Então me diga, Ferreira, como foi sua participação quando foi calouro na noite dos cordeiros e dos lobos?
    Ferreira me olhou de cima a baixo e respondeu:
    - Bem diferente da sua, posso adiantar. Quem sabe hoje nós não possamos lhes dar uma ideia de como foi.
    Engoli seco, diante de seu olhar. Para nós, era fim de jogo. Sabíamos no que estávamos nos metendo quando ali entramos e agora, minhas certezas estavam mais que confirmadas. Não eram os mesmos garotos da primeira vez, com medo de dar o primeiro passo. Aqueles estavam repletos de desejo e convicção. Não adiantava acreditar que desistiriam ou que lhes faltaria coragem. Aquilo não ia acontecer. Não naquela tarde.
    - Aproveitando que está aqui Mendes, quero que me ajude - e me deu o sabonete - passe agora nas minhas costas.
    - Não vai pedir por favor - zombei com um sorriso
    - Somos seus superiores aqui, Mendes - lembrou com triunfo - chegou a hora de exercer nossa liderança.
    Concordei satisfeito. Talvez esteja aprendendo, afinal. Peguei o sabonete e comecei a passar em seus ombros, braços, depois passei pelas costas. Então desci até sua bunda.
    - Tu é abusado mesmo - observou - Não nega a fama que tem.
    - Você mandou eu lhe ajudar. Estou ajudando - me fiz de desentendido.
    Ele então se virou, de frente pra mim.
    - Me ajude aqui então - e sorriu.
    Como bom soldado, segui sua orientação. Fui passando eu seu peito, descendo pela sua barriga, abaixei e fui ensaboando suas pernas. Tudo sob o olhar atendo dos demais sargentos. Aos poucos, os pênis foram se enchendo de sangue, ganhando volume e se erguendo. Ferreira já estava completamente excitado. Membro a poucos centímetros de meu rosto. Me ergui novamente, olhando a última região limpa de sabão. Sem rodeios, enchi as mãos de espuma e comecei a massagear seu pau, do saco a glande. Puxei bem a cabeça pra fora e limpei toda a região, como mandam os médicos.
    Olhava nos olhos de Ferreira o tempo todo. Seu rosto se contorcendo em prazer, aquele fogo queimando. A água das duchas era fria, mas meu corpo estava quente. Ele foi até uma ducha e eu o segui, fui ajudando a tirar o sabão de seu corpo.
    Olhei para o lado e vi que Elias estava numa posição diferente. Lopes pediu para ele ir até a parede e ficar de costas. Lá, era o sargento quem o ajudava a se limpar, passando a mão ensaboada em sua bunda. Introduzindo os dedos em seu orifício. Meu amigo encostava a testa e as mãos no azulejo, gemendo baixinho enquanto ficava na ponta dos pés.
    Ferreira se virou e mandou eu me ajoelhar. Obedeci. Foi a deixa que faltava para eu ser cercado. Meu coração disparava enquanto eu provava cada um dos membros que me eram apresentados. Minha boca sendo disputada, minha cabeça puxada de um lado para o outro. Órgãos duros colidindo contra meu rosto. Estava perdido em meio a tantos sargentos para um único soldado, recebendo várias ordens ao mesmo tempo sem saber qual a prioritária. Em um momento, alguém me pegou pelas axilas e me ajudou a levantar. Abaixou e abriu minha bunda, enfiando a cara e a língua sem nenhum aviso. Me pus na ponta dos pés e gemi. Pernas bambas, tive de me segurar em Ferreira a minha frente. Ele me apartou e me beijou.
    - E aí? Sinto que começa a desejar ter perdido a guerra dos cordeiros, não é, Mendes?
    Eu não respondi, só gemia. Sentindo àquela língua adentrar meu orifício. Entregue àquele meio de pessoas que pouco via, as quais a grande maioria sequer sabia os nomes.
    Minha bunda devorada por um sargento do segundo ano. E eu ali, gemendo de forma despudorada diante deles.
    Elias já era penetrado por um do segundo ano, que o comia com força, enquanto chupava o sargento Lopes.
    - Já deu alguma vez, Mendes? - Ferreira falou ao meu ouvido. Enquanto me abraçava - Espero que sim... Não é uma boa hora para ser desvirginado.
    E parecendo feito de forma ensaiada, o sargento que me chupava levantou e enfiou o pênis ensaboado de uma vez.
    Trinquei os dentes. Doeu um pouco, mas foi apenas susto. O órgão deslizou rapidamente para dentro de mim. O sargento foi metendo devagar, mas logo aumentou o ritmo.
    Ferreira olhava minha cara com gosto, e eu ainda sem acreditar que estava me sujeitando a uma situação daquelas. Uma da qual havia escapado por um triz inúmeras vezes. Eu, que gostava de estar no controle das coisas, me colocando ali a disposição de tantos.
    - Delicia, Mendes - Ferreira elogiou - Delicia ver você gemendo assim.
    O sargento atrás de mim urrou alto e gozou, sendo logo substituído por outro. Percebi uma fila de formando atrás de mim. Ansiosos em deflorar o herói da noite dos cordeiros e dos lobos. Eu, nada fazia, só gemia, num misto de humilhação e entrega que só experiências limites como aquela eram capazes de apaziguar.
    Levei uns três tapas na bunda enquanto o segundo sargento me deflorava.
    Veio o terceiro.
    Eu não podia negar que era bom e por um segundo me arrependi de não ter experimentado aquilo antes. Sentir minha cintura segura por mãos fortes, minha bunda sendo revezada por pênis de vários tamanhos, cujos donos usavam de inúmeras técnicas de penetração. O deslizar gostoso do órgão pelo meu interior. Os olhares famintos dos demais, apenas aguardando a hora de me usar também. Aquele receio de não dar conta de todos, junto do anseio de querer provar pra mim mesmo que era capaz.
    Tantas emoções, tantas possibilidades. Dava até medo da coisa fugir demais do controle. Fiquei feliz de não estar sozinho naquele lugar. Além de me dar coragem, Elias era também uma visão muito agradável que servia como a cereja do bolo daquele rodízio de prazeres. Ele já estava em outra situação. Menor e mais maleável, Elias foi cercado por um grupo de cinco. Foi erguido do chão como uma rede, pelas pernas e braços. Ali, bem seguro por quatro, era mantido de barriga para o alto enquanto o quinto o comia pelo espaço entre as pernas que eram mantidas abertas pelos braços fortes do segundo ano.
    Não via seu rosto, mas era capaz de ouvir seu gemido grosso e satisfeito. Tanto eu quanto ele estávamos entregues àquele momento. O terceiro gozou e eu começava a ficar saturado. Quando o quarto chegou, o gozo começou a escorrer entre minhas pernas.
    Ferreira até então estava feliz apenas em me servir de suporte, falando coisas ao meu ouvido e beijando ocasionalmente minha boca e calando momentaneamente meus gemidos.
    - Então, Mendes. Foi mais ou menos isso que passei em minha noite dos cordeiros e dos lobos. - narrou ao meu ouvido - Só que foi no meio da mata. Eu fui o que melhor se escondeu. Eram 5 da manhã e eu quase saí ileso. Todos meus colegas já tinham sido abatidos. E o terceiro ano saiu em peso atrás de mim. Não iam aceitar perder. Eu estava escondido em cima de uma árvore quando um grupo de quatro passou por baixo. Iam passar direto, se eu não tivesse espirrado na hora e denunciado minha posição. Eles me acharam, apontaram as armas e me mandaram descer. Obedeci. Um deles uivou alto, que era um sinal para os demais, para virem de onde estivesse. Falaram que eu merecia um tratamento especial, já que quase tinha vencido o jogo. Me colocaram contra a árvore e me revistaram. Não que eu tivesse algo escondido. Era só um pretexto para passar a mão no meu corpo, me excitar e assim me preparar para o que estava por vir. Então, com as calças arriadas até os pés, começaram. O primeiro foi meu superior direto. Que já tinha me comido várias vezes em seu alojamento. Os demais, eram novidade. Minha única aliada era àquela árvore, que me mantinha em pé, igual estou fazendo com você agora...
    Ele lambia meu ouvido enquanto falava, beijava meu rosto.
    - Estou doido pra ter minha noite dos cordeiros e dos lobos como major. Espero que no ano que vem, tenha algum calouro como você. Gostosinho e abusado.
    Ele então me puxou, tirando-me do cara que me comia naquele momento. Me pôs contra a parede. Apoiado pelo rosto e pelas mãos. Enfiou com calma e introduziu. O gozo de seus companheiros sendo empurrado pra fora.
    - Minha vez - e foi penetrando, me segurando pelos ombros
    Naquele momento, tive uma noção do que poderia ter sido minha derrota na noite dos cordeiros e dos lobos. E sim, um lado meu gostaria de saber como seria ter o terceiro ano me usando daquela forma. Ter Siqueira no lugar de Ferreira, me contando histórias obscenas enquanto eu era violado, catalisando meu prazer, como ele sabia fazer tão bem. Senti até saudades de sua voz ao meu ouvido.
    Tentei mudar meu pensamento. Pois percebi que, mesmo estando ali com outros, minha mente insistia em me levar para o terceiro ano. Para ele de novo. Mas não podia negar que eu gostaria que ele estivesse ali. Liderando aqueles sargentos ainda inexperientes.
    Olhei para Elias, que já estava posto no chão, de quatro, enquanto mais um sargento usava dele. O sargento demonstrava cansaço. Parecia um dos que já havia usado de mim. Não tinha certeza. Não gravei seus rostos.
    Foi então que comecei a rir sozinho. Eu não havia sequer reparado em seus rostos. O que eu podia dizer sobre mim com essa conclusão?
    E lembrei da conversa com Elias mais cedo. Quando foi que eu havia me transformado naquilo? Meu pai disse para eu manter a mente aberta para as experiências no Pracinhas, mas será que mesmo ele chegaria a cogitar tais coisas que eu estava fazendo? Provavelmente não. Sua geração era outra, e por mais que ele tivesse maiores liberdades dentro daquelas paredes, duvido que fossem naquele nível.
    - Tá rindo, safado? - Ferreira ficou satisfeito - Ótimo. Sinal que tá gostando.
    Sim, estava gostando. Mesmo que começasse a doer um pouco, eu estava gostando. Não queria parar.
    Vi que Elias me olhou e eu o encarei. Seu rosto devia refletir o que eu meu estava demonstrando. A total confusão diante da mistura de emoções. De saber que por mais absurda que fosse aquela experiência, estávamos ali por opção. Sabíamos o que nos esperava quando entramos naquele vestiário. Dois garotos atrevidos, que sabiam que no momento em que a montanha russa descesse dos trilhos, gritaríamos apavorados. Mas mesmo assim, compramos o ingresso. Mesmo assim, fomos com tudo. Mesmo assim, estávamos nos divertindo no mais complexo jogo dos Pracinhas.

     

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 25 – A FARRA DOS CALOUROS

    Minha brincadeira no vestiário cobrou seu preço no dia seguinte. Pela primeira vez em minha vida, eu estava ardido. O que podemos dizer ser o mesmo efeito de uma ressaca para alguém que pratica sexo passivo. Não importa o tipo de diversão, a vida cobra seu preço de alguma forma na manhã seguinte.
    - Cara, não estou conseguindo nem ir ao banheiro direito - Elias me confessou no café da manhã, na manhã seguinte.
    - E eu, sentar está difícil - ri. Mas de fato eu disfarçava sempre que sentava na frente de meus colegas, para não levantar suspeitas.
    - O que deu na gente ontem? - ele se questionou
    - Sei lá, cara. Mas uma coisa é certa - e usei a célebre frase de todo alcoólatra quando está de ressaca - nunca mais faço essa loucura.
    - Nunca mais - Elias concordou, mas então completou - Mas assim... Até que foi legal, né?
    - Pra caramba. - concordei de imediato.
    E rimos muito. Só paramos quando Albuquerque e Pedro se juntaram a nós.
    - O que é tão engraçado, capitão? - Albuquerque quis saber.
    - Nada não. Só besteira.
    - E você, Pedro. Que carinha radiante é essa? - Elias perguntou. Uma ótima forma de desviar o assunto.
    - Falei com o Henrique hoje de manhã.
    Nós três fizemos um 'oh' coletivo e Pedro riu sem graça.
    - Idiotas - acusou. Rimos mais
    Mas naquela manhã, tive uma surpresa semelhante. Na hora do intervalo, o supervisor me chamou, dizendo haver uma ligação pra mim.
    Corri para o corredor dos telefones e atendi.
    - Oi, mãe - falei animado. Deduzindo quem era.
    - Deus te abençoe, meu filho - Além da frase totalmente fora de uso por minha mãe, aquela voz feminina forjada foi logo detectável. Estranhei de imediato.
    - Quem está falando?
    Só então reconheci a risada ao telefone.
    - Gabriel? - ainda tinha dúvidas, pois não esperava aquilo.
    - Isso aí, Fábio - e riu mais - ligando pra saber como está esse lugar sem a gente.
    Eu sorri involuntariamente ao ouvir sua voz. Ainda estava surpreso, pois não esperava uma atitude daquelas vinda dele.
    - Está tudo nos conformes - respondi, ao me recompor da surpresa
    - E o pé?
    - Ótimo. Melhorou 100%
    - Muito bem... E... - parecia pensar no que iria dizer. - Fiquei preocupado do pessoal do segundo ano querer crescer na nossa ausência.
    - Fique tranquilo. Estão sob controle. - e sentei com calma para poder falar melhor. - e como andam os estudos? A prova é amanhã, certo?
    - Isso. Sábado de manhã - confirmou - estou como posso estar. Nervoso, ansioso. Essas coisas.
    - Fica tranquilo. Não tenho nenhuma dúvida com relação a você. Vai se sair bem.
    - Obrigado, Fábio... Eh... Às vezes fico pensando se devo fazer essa prova...
    - Para com isso. Claro que tem que fazer. É seu sonho. E você tem potencial. Vai longe.
    - Eh... - senti que ele tinha algo pra falar, mas nesse momento o sinal do fim do intervalo tocou e ele ouviu do outro lado. - Está na hora de você voltar, Mendes. Melhor ir pra não atrasar. Semana que vem conversamos. Bom dia
    Eu me despedi, mas nem sei se ele ouviu. De tão apressado que estava para desligar o telefone.
    As coisas seguiram calmas. Após a aula, o primeiro ano em peso foi para quadra e jogamos. Dessa vez, resolvemos voltar a ser crianças por alguns minutos e batemos uma partida de queimado. Muito mais divertido. Todos participaram e eu pude me vingar de Elias pela surra no futebol, acertando nele boas boladas nas costas e nas pernas.
    - Venho sentindo que o capitão está na maldade - Albuquerque comentou quando eu queimei Elias na terceira partida consecutiva.
    - Claro que não. Só coincidência. - me fiz de desentendido.
    Mas Elias, que não era bobo nem nada, me mandou o dedo do meio de onde estava.
    - Que raio de espirito esportivo é esse, Pascoal? - o repreendi. E o jogo prosseguiu.
    Jogamos horas, tomamos banho, jantamos e fomos cedo para o alojamento. No sábado bem cedo, iriamos para casa.
    Então, com as luzes apagadas, fiquei pensando na vida. Em breve, começariam as provas do 4° bimestre. Aquele ano havia voado. Parecia ontem que eu havia ingressado, que recebia meu primeiro trote, junto daqueles garotos. Do dia do mijão pra cá, muita coisa havia mudado e naquela noite, minha mente viajou por cada acontecimento, cada evolução. Parecia que eu não ia dormir rápido naquela noite.
    Mas eu não era o único. Ouvi Pedro se mexer constantemente em sua cama naquele momento. Até que levantei e fui até lá. Abaixei ao seu lado e sussurrei.
    - Tudo bem aí, amigão?
    - Oi Fabio. Te acordei?
    - Não, relaxa. Sem sono.
    - Eu também.
    - Pensando na prova do Soares amanhã?
    - Aham - não conseguia ver bem seu rosto, mas conseguia imaginar, pelo seu tom de voz, aquele sorriso carinhoso que sempre brotava de seu rosto quando falava do noivo.
    - Soares é cabeçudo. Igual você, na verdade. Vai tirar de letra.
    - Eu sei... Só estou ansioso, pois vou buscar ele quando sair do local de prova. Nunca ficamos separados tanto tempo desde que namoramos.
    Eu alisei sua cabeça, com carinho.
    - Relaxa. Amanhã estão juntos de novo. - tateei a cama atrás de um lugar e fui me deitando ao seu lado - com sua licença - pedi
    - Claro - e se achegou para o lado
    - Mas fala aí - comecei, enquanto me colocava debaixo das cobertas com ele - O que está dando mais saudades? A companhia, o romance ou o sexo?
    Mesmo no escuro, era capaz de imaginar ele ficando vermelho.
    - Um pouco de tudo - falou com a vozinha que usava quando estava ficando seu graça.
    Eu ri e continuei, lembrando da promessa que tinha feito a Soares.
    - Que bom. Pois se tivesse na seca, eu ia ter de agir - avisei
    Ouvi ele gaguejar.
    - Como a... assim?
    - Ora. Esqueceu que seu noivo mandou eu tomar conta de você? Imagina que absurdo você chegar nele e falar que eu deixei você ficar na seca. Ele vai ficar chateado comigo e vai perder a confiança em mim.
    Ele segurou o riso, com medo de acordar as pessoas.
    - Mas é sério. - continuei. Sussurrando e me divertindo com aquela brincadeira. - Afinal, amigos são pra essas coisas, não são? Há menos que você não me ache atraente. Aí eu vou entender bem.
    - N... Não. Não é isso - ele gaguejou e eu sorri.
    - É mesmo? Bem... Lembra o que você falou pra mim, no dia em que me contou sobre você e o Soares? - aticei.
    - Eu... Eu lembro - e deu um risinho.
    - Repete então? - pedi.
    - Pra que?
    - Ah, sei lá... Queria ouvir. Achei legal no dia. Você estava falando algo sobre me observar no banho... Lembra?
    - Eu... Eu disse.
    Tadinho, estava muito sem graça, mas isso só fazia eu querer continuar mais.
    - Fala vai. Por favor - pedi.
    - Eu... Eu disse que... Seu pau era uma delícia - soltou enfim. Voz morrendo aos poucos
    - Isso. Foi isso - fingi me lembrar.
    Então eu botei o pau pra fora e peguei sua mão. Mão quentinha.
    - Que isso, Fábio. - ele se alarmou. Mas eu pude perceber num rápido toque que seu pau também tinha inchado com a brincadeira.
    - O que? Só quis te mostrar. - e ri com malícia - Uma pena você não estar no clima. Pois eu estou pilhado aqui - comentei.
    - Só não esperava - se desculpou.
    - Tudo bem. Quer pegar nele de novo? - investi.
    - Não sei...
    - Qual o problema? O Soares me disse na nossa primeira noite que gostaria que você fosse livre e que depois contasse tudo pra ele. Você acha que ele falou da boca pra fora? - joguei a isca.
    - Pior que eu não sei... Digo... Ele me conta tudo. Disse que sim... Mas eu sinceramente não sei.
    Pensei um pouco. Não seria justo eu contar a ele o que Soares me confidenciou. Mas isso não queria dizer que eu não pudesse ajudar meu amigo Pedro a chegar à conclusão por ele mesmo.
    - Olha. Foi ele quem falou que você deve obedecer tudo o que eu fizer, né? Então. Acho que tudo quer dizer tudo. - concluí.
    E peguei a mão dele e o fiz pegar de novo.
    - Você acha? - e apertou bem meu órgão.
    - Acho... Mas se você não estiver a vontade... Eu até entendo...
    Como na pescaria, você tinha de saber a hora de puxar a linha e a hora de dar corda. Era assim que eu estava agindo com Pedro.
    Ele continuou apertando meu pau. Eu alisei sua perna, meu rosto pertinho do dele
    - Você já fez alguma coisa sem ele desde que começaram a namorar?
    - Não. Só fizemos juntos.
    - Mas ele te deu carta branca, não?
    - Sim. Sempre falou que eu podia fazer.
    - Entendi - e peguei no seu volume - Me diz uma coisa. Tudo o que ele faz sem você ele conta, né?
    - Aham.
    - E você se sente como? Ofendido? Sei lá.
    - Não. - descartou de imediato - Não. Eu... Eu até sinto...
    - Tesão? - e apertei seu volume, fazendo ele suspirar
    Pedro não respondeu e eu sorri
    - Tesão, né? Safado. Pode falar pra mim. Pensei que fossemos amigos
    - Não. Somos sim.... E sim... Senti tesão - admitiu.
    - Então, como seu amigo, tenho que ser sincero contigo. Você é um puta egoísta, Pedro.
    - Como assim? - ele obviamente não esperava por aquilo.
    - Oras. Você mesmo disse que gosta quando ele te conta as coisas que faz. E não quer fazer nada pra contar pra ele.
    - Não é isso?
    - Então o que é? Não te dou tesão?
    - Claro que não. Você é...
    - Sou o que? - pressionei. Estava adorando.
    - Muito gostoso - falou num sopro
    - Então? Faz então. Se o Soares não gostar, a culpa e dele, oras. Foi ele quem disse que você tinha carta branca. E também foi ele quem disse que você devia me obedecer em tudo. Pode deixar, eu assumo toda a responsabilidade. Como fiz na noite dos cordeiros e dos lobos. - sugeri.
    Eu peguei sua calça e fui arriando. Ele segurou.
    - O que foi? - sorri.
    - Não sei... - e riu sem jeito.
    - Tá com dúvida ainda? - perguntei.
    - Um pouco - admitiu.
    Era hora de jogar pesado. Cheguei ao seu ouvido e falei.
    - Então, vai fazer e pronto - falei baixo, mais grosso - Vai fazer porquê eu estou mandando. Já que você tem que me obedecer, vai obedecer. Eu vou te comer agora. E você vai gemer. Pode não querer, mas eu vou fazer você gemer.
    Lambi seu ouvido, fazendo ele suspirar.
    - Mas e se acordarem?
    - Só você gemer baixinho - e beijei seu pescoço - E se escutarem, dane-se. Se você quiser dar pra eles também. É problema seu. E puxei sua calça, dessa vez ele não impediu. Tirei tudo, deixando ele apenas com a blusa. Voltei para seu lado e comecei a acariciar seu ânus. Ele gemeu baixinho. Fui beijando seu rosto e falando.
    - Abre pra mim - mandei e ele abriu as pernas. Introduzi mais. Quente, contraindo - Isso. Escuta bem, Pedro. Chega de joguinho. Hoje vou te comer. E dane-se teu noivo. Ele não queria isso? Então. Vai ter. Se não gostar de ser corno, problema dele. Você vai contar tudo o que acontecer aqui pra ele. E se ele não gostar, que venha se entender comigo. Agora me beija.
    Ele virou o rosto e me deu um selinho. Eu o engoli de uma vez, enfiando minha língua toda.
    - Beija direito, Pedro. Você faz melhor que isso - então levantei sua blusa e lambi seu peito. Ele abafou o gemido, fechando a boca.
    Nesse momento, ouvi um barulho na cama ao lado, seguido da voz de Valente.
    - Tudo bem, cara? - ele quis saber
    - Aham.... Tudo - Pedro segurou para não gemer quando eu chupei seu peito. Queria rir, mas me segurei
    Valente parou de falar e eu enfiei meu dedo todo no cu dele. Pedro lutava para não fazer barulho, sua mão agarrava minha nuca, apertando com força conforme se contorcia. Meu dedo cravado em seu ânus e minha boca chupando todo seu peitoral malhado.
    Tirei o dedo de seu cuzinho e peguei seu pau, duro e pesado como concreto
    - Nossa. Agora sim tenho fé no seu tesão. Relaxa Pedro. Soares sabia que você era um putinho quando te pediu em casamento. Ele se apaixonou por você assim. Então geme, vai. Geme que eu sei que tu tá gostando.
    Pedro arfava, perdendo o ar a toda hora.
    - Vai continuar resistindo? - senti minha boca salivar - Melhor assim.
    Fiz ele se virar de bruços. E comecei a chupar seu ânus. Ele enfiou a cabeça no travesseiro para abafar o gozo. Eu passava a mão em sua bunda e sentia sua pele toda arrepiada.
    Chupei muito aquele ânus. Sentindo cada essência de seu sabor.
    - O que tá acontecendo aí? - era a voz de Elias.
    - Não sei - Gouveia.
    - Pedro, tudo bem ai? - Valente de novo
    - Aham - Pedro respondeu com a cara afundada no travesseiro.
    Nesse momento, a lamparina entre as camas de Pedro e Valente se acendeu. O quarto iluminou, assumindo uma densa penumbra.
    - Caralho - Valente soltou.
    - O que? - Peixoto
    - Quem tá aí? - Oliveira
    - Acho que é o Fabio - Elias
    - O Mendes? - Peixoto de novo.
    - O capitão? - Albuquerque.
    Todas as vozes incrédulas. Eu com vontade de rir, segurava. Então, para acabar com as suspeitas, sai debaixo das cobertas. Ignorando suas presenças, fui tirando as roupas. Pelado, deitei por cima de Pedro, meu corpo todo colado no dele. Encaixei e meti. Devagar, até o talo.
    - E aí, amigão. Tá gostoso? - falei ao seu ouvido.
    Pedro não respondeu. Ainda com a cabeça enfiada no travesseiro. Coitado. Tímido do jeito que era, devia ser um verdadeiro calvário para ele estar naquela situação. Mas se eu disser que estava com pena, estaria mentindo. Estava gostoso demais torturar ele daquela forma.
    - Ah, qual é amigão. Geme pra mim, vai. Assim você faz parecer que eu sou ruim de cama.
    Ergui meu quadril e o golpeei com força. O estalo ecoou no quarto. Os calouros já estavam todos acordados. Uns ainda deitados, outros sentados na cama. Mas todos acompanhando. Mesmo disfarçados, estavam atentos.
    - Bem. A galera já acordou, então não tem porque se segurar mais, não é? Então amigão. Vai gemer pra mim? E se eu fizer do jeito que você gosta?
    Ergui novamente o quadril e meti com força. Uma, duas, três vezes. Pedro se contorcia, abrindo ao máximo as pernas. E gemeu. Gemeu enfim, alto, porém abafado pelo travesseiro. Gemeu muito. Mas eu ainda não estava satisfeito.
    Cheguei em seu cangote e mordisquei. O simples roçar dos seus dentes o arrepiou de uma tal forma que ele foi forçado a erguer a cabeça. Ela colidiu com meu rosto com força. Doeu. Mas valeu a pena. Seu gozo contigo foi liberto e o som do seu gemido ecoou pelo quarto.
    - Isso, Pedro. Isso, amigão
    Meti sem dó, fazendo ele se libertar. Explanar seu prazer sem vergonha e sem culpa. Elias se ergueu, olhos brilhando de vontade de se juntar. Mas se manteve a uma distância, respeitando minha vez
    Mas eu já ia acabar.
    - Amigão, vou gozar - avisei, metendo fundo até o talo. Urrei quando o gozo saiu.
    Respirei fundo. Aliviado
    - Caramba. - soltei - Obrigado, Pedro. Estou bem melhor agora. - beijei seu rosto e saí. Na maior cara de pau, peguei minha roupa no chão e voltei até minha cama.
    Tinha de admitir que até eu estava encabulado, tendo tantos olhares pra cima de mim. Por sorte, pra mim pelo menos, era que logo as atenções voltaram pra Pedro. Elias chegou nele, pediu para ele ficar de quatro e, chegando por trás, puxou seu rosto e beijou sua boca. Depois, botou o pau pra fora e começou a comer também.
    Oliveira foi junto. Arriou a calça diante dele e ofereceu o membro.
    Pedro olhava de um para o outro sem acreditar. Perdido e extasiado. Lambeu os lábios e abocanhou o pau de Oliveira, enquanto era penetrado por Elias.
    Olhei em torno e eu havia me tornado invisível de novo. Ótimo
    Tirando Valente, que havia novamente assumido seu posto de guarda, olhando pela janela se o zelador não seria atraído pelo barulho, todos os demais enfocaram sua atenção no que acontecia na cama de Pedro. Um ou outro, mais ousado, massageava o próprio pau por dentro da calça, acompanhando cada momento. As luzes foram se acendendo. Não todas, para não chamar muita atenção do exterior
    Aproveitando a situação, meti a mão por debaixo da minha cama e puxei meu celular e meu fone
    Sorrateiro e confiando na vigilância de Valente, fiz uma chamada de vídeo. Deitei invertido em minha cama, de forma a ficar de costas para a sodomia protagonizada por Pedro. Eram nove da noite ainda. Talvez eu não o acordasse
    Fiz a chamada de vídeo.
    - Mendes? O que houve? - Soares atendeu. Rosto confuso, meio descabelado.
    - Atrapalhei? - falei baixo, pelo microfone do fone de ouvido.
    - Não. Não. Eu só não sabia que você tinha meu número - Admitiu - Eu estava apenas revisando umas matérias. Por que está sussurrando?
    - Major. Sabe que não deve estudar de véspera. Amanhã você acorda cedo. – ignorei indagação - Hoje você devia estar relaxando.
    - Eu sei. - E riu. - Só nervosismo mesmo.
    - Então deixa eu te mostrar uma coisinha - e ergui um pouco o aparelho, de forma a câmera frontal pegar a cena atrás de mim.
    - Caralho - ele soltou - Aquele... Aquele... é o Pedro?
    - Eu tentei avisar a você que eu sou foda - me gabei. Achando graça de sua expressão. A boca aberta, incrédulo. Os olhos brilhando.
    - Mendes... Caramba... Eu...
    - E aí. É como você imaginava?
    Mas não tive resposta. Soares olhava tudo parecendo um homem faminto admirando um prato de comida.
    Então puxei de volta o celular para meu rosto e sorri
    - Bem major. É hora de dormi. - avisei com maldade
    - Não, não, não. Por favor. Deixa lá.
    - Não major. Você precisa dormir. Faz o seguinte. Bate uma e relaxa. Amanhã, após a prova. Ele te conta tudo
    E sorri com malícia.
    - Não. Por favor, Mendes. Não faz isso comigo. Estou te pedindo
    Ver ele implorando me deu muito prazer.
    Naquele momento, Elias saiu e entrou Albuquerque. Ele pegou Pedro e o pôs de frango. Oliveira parou ao seu lado e os dois se beijaram enquanto Albuquerque comia o noivo de Soares.
    - Então me mostra teu pau - mandei.
    - O que? Por quê? - Soares não entendeu
    - Nada. Só quero mandar em você. E ver se está mesmo gostando
    - Tu é um filho da puta, Mendes - ele sorriu, me fuzilando com os olhos.
    - Ei, mamãe não - repreendi - vou desligar depois dessa.
    - Não, não, não - e se ergueu e arriou o short
    O pau duro saltou pra fora.
    - Que bom que tá gostando - falei com sinceridade.
    - Obrigado mesmo, Mendes. Você é um grande amigo. Não é à toa que Siqueira ficou louco por você.
    - Eh... - ele nem deve ter percebido o que falou e eu também não o questionei a respeito. Deixei ele ali, apreciando o noivo ser deflorado pelos calouros. E relaxei, feliz em proporcionar outro dos grandes momentos do Pracinhas. De fato, estava ficando bom nisso.
    A coisa só parou quando Valente anunciou:
    - Galera, o zelador está vindo.
    Nesse instante, todos correram. Apagaram as luzes. Pegaram as roupas, aqueles que as tiraram e se jogaram nas suas camas, se cobrindo.
    Quando o zelador abriu a porta, tudo parecia normal. Embora eu pudesse sentir o cheiro de sexo no ar
    Ficamos imóveis, fingindo dormir.
    Quando ele saiu, demos um tempo e os risos começaram a se soltar. Infelizmente, o clima havia acabado depois do susto. E ninguém mais se levantou. Puxei o celular e falei no fone, sem destampar a tela
    - Foi mal, Soares. Mas por hoje acabou
    - Eu ouvi. Uma pena. Mas... Cara... Não sei como te agradecer.
    - Arrasa na prova. Amanhã Pedro te conta tudo
    E desliguei. Guardei o celular e fui dormir.
  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 27 - CONFRONTO

    Se na semana anterior eu estava ansioso, nesta eu me encontrava ainda mais. Eu não sabia o que esperar daquilo. Na verdade, não sabia o que esperar de nada. Eu havia encarado muito bem tudo o que era novidade do relacionamento humano do Pracinhas até então, mas tinha minhas dúvidas se saberia administrar tão bem as questões envolvidas naquela simples tarefa de passar um fim de semana com Siqueira e conhecer sua mãe.
    - É amigo, parece que a coisa ficou séria - Elias disse, quando contei pra eles - Como está se sentindo?
    - Como se tivesse com falta de ar - confidenciei.
    - Ah, que maravilha. Se vocês dois ficarem juntos, podemos marcar uma saída de casais - Pedro ficou ansioso.
    - Calma, Pedro. Por favor. Não me deixa mais em pânico.
    - Oh, que bonitinho. O Fábio tá ficando vermelho. - Elias me zoou.
    - Ai que lindo - Pedro foi na onda e depois completou - Até que é divertido quando se está do outro lado - constatou, e rimos muito.
    Praticamente todos do nosso ciclo mais íntimo já estavam sabendo. Com exceção de Pinheiro. Até meus pais já sabiam, embora eu tenha sido muito econômico nos detalhes. Falei pra eles apenas que passaria o fim de semana na casa de um amigo, sem especificar quem. Não era uma mentira, afinal.
    Antes do fim de semana chegar, teve um acontecimento inusitado. Foi quando fui devolver para Elias o livro de matemática, que tinha pego emprestado, pois o meu estava esquecido em casa naquela semana. Fui informado que ele estava com Pinheiro, na quadra dos fundos, jogando tênis. Então fui lá.
    Eu poderia deixar na cama dele, mas não gosto. Sempre prefiro entregar em mãos quando pego algo emprestado.
    Acontece que cheguei na quadra e não havia ninguém. Chutei que estariam na ducha e me dirigi.
    Saber que Elias e Pinheiro curtiam uma amizade colorida não era nenhuma novidade, mas o que encontrei ali, era. De costas, escondido atrás dos armários, encontrei Valente, espiando o que ocorria nos fundos na área do chuveiro
    Dei uma olhada e vi Elias contra a parede, de costas para Pinheiro, tendo seu corpo banhado pelo chuveiro enquanto o major cuidava de sua retaguarda.
    Pinheiro lhe dava boas estocadas, marca registrada dele. Fazia largos movimentos, que nos permitia ver a grande extensão de seu órgão entrar e sair do corpo pequeno de Elias.
    Eles gemiam sem pudores. Eu pensei em sair dali e lhes dar privacidade, mas o voyeur de Valente me deixou curioso. Ele olhava tudo, hipnotizado, sem se tocar nem nada, só curtindo o show. Ele sequer tinha me notado ali.
    Pinheiro metia com mais força, provavelmente chegando ao orgasmo. Elias se empinava todo, pedindo mais.
    Quando Pinheiro gozou, encravou fundo, fazendo meu pequeno amigo ficar na ponta dos pés, quase sendo erguido do chão pelo seu potente pau.
    Valente então se virou para sair. Foi quando deu de cara comigo. Levou um susto e quase gritou. Ficou me olhando com cara assustada, mas eu apenas sorri pra ele e assenti. O que ele me olhou agradecido e saiu.
    Então, escuto a voz de Elias:
    - Fábio? Você também está ai?
    - Oi? Ah, desculpe. Vim te devolver isso e não sabia que... Pera aí. Vocês sabiam que o Valente estava vendo?
    Pinheiro deu uma risadinha.
    - Ele costuma vir me ver tomar uma ducha depois do meu treino de tênis. - contou. - Não sei se ele sabe. Já pensei em chamar ele pra uma brincadeira, mas achei divertido ver ele me espiando. E fiquei curioso pra saber quanto tempo ele ia ficar só olhando.
    - E há quanto tempo tem isso? - perguntei.
    - Bem... - e foi vasculhando a memória - A primeira vez que me lembro, foi quando estivemos eu e você aqui. Foi a primeira vez que percebi ele.
    - Pera aí? Ele estava aqui naquele dia... Em que eu te... - e fiz mímica para simbolizar o sexo oral.
    - Aham. - Pinheiro riu, travesso.
    - Eu também não o tinha percebido. O cara não fez um barulho sequer - Elias confessou - O major que me alertou e perguntou se eu topava fazer um showzinho privativo. Aí eu topei - deu de ombros.
    Eu não tinha o que argumentar, então apenas aceitei.
    - Onde posso deixar seu livro? - mudei o assunto.
    - Vou para o dormitório agora. Se quiser esperar, vamos juntos
    Eles foram se enxugando. Pinheiro chegou até mim e me deu um selinho. Carinhoso e sapeca.
    - E aí, Mendes. Qual a boa do fim de semana?
    - Você também já sabe? - achei que ele fosse me zoar.
    - Sei? De que? - ele estava visivelmente inocente na história.
    Elias riu.
    - O Fábio vai passar um fim de semana romântico com o Siqueira - zoou, enquanto se desviava do chinelo que eu arremessei nele.
    - Ah, não diga. Que maravilha. Finalmente meu amigão se declarou - e me abraçou.
    - Ele não falou nada, na verdade - expliquei.
    - Claro que falou. - Pinheiro me corrigiu - Você não esperava que ele fosse usar palavras, né? - e riu - Mas que maravilha.
    E me apertou.
    Senti uma reação em seu pau. E ele mesmo me largou.
    - Opa. Deixa eu me afastar. Não posso ficar excitado com o amor do meu parceiro.
    Ele e Elias riram a vontade e eu aceitei a zoeira. Até porque não tinha muito o que eu fazer.
    Então, o fim de semana chegou. Sábado, fui cedo para minha casa para arrumar umas coisas e já levei a mala que eu usaria na semana seguinte no colégio.
    Minha mãe me olhou bem nos olhos. Eu senti que ela ia dizer algo, mas se limitou a sorrir, me abraçar e desejar que eu me divertisse
    Agradeci muito aquele gesto, pois meu rosto estava queimando. Não era acostumado a me sentir tão vulnerável. E ainda não sabia bem como me comportar a respeito.
    Meu pai me ofereceu carona. Mas ela achou melhor eu ir de UBER. Outro gesto que eu agradeci imensamente.
    Fui, ainda perdido. Siqueira me recebeu de braços abertos e eu adentrei sua casa.
    Mas toda a minha apreensão sumiu, quando conheci a senhora Paula Siqueira, mãe de Gabriel. Uma mulher extremamente agradável.
    Serena, carinhosa, ela tinha os olhos claros e os cabelos em um castanho escuro. Bastante lisos e finos. Seus cabelos eram novos, recém nascidos após a queda causada pela quimioterapia. A relação dela com Gabriel era uma coisa linda de se ver. Ele era simplesmente outra pessoa perto dela.
    O garoto que eu via apenas em vislumbres, era assim por inteiro quando estava com sua mãe.
    Paula era como uma praia calma e deserta. Daquele tipo de pessoa que tranquilizava o ambiente onde estava. Não era à toa que ela era o alicerce que sustentava aquela família, dada a relação de Siqueira com seu pai.
    Passamos uma tarde agradabilíssima, cheguei até mesmo a ficar triste quando tivemos de a levar para a casa da irmã, onde o marido iria buscar para viajarem.
    Descobri que Gabriel também já tinha carteira de motorista, só não era tão aficionado por isso tal como Soares ou praticamente qualquer garoto de sua idade. Apenas a usa em horas de necessidade
    Voltamos em silêncio da casa dos seus tios. Ele estacionou o carro na garagem e olhou pra mim
    Engoli em seco. Fiquei sem reação.
    - Parece que a casa é só nossa agora - informou.
    - É mesmo - respondi ansioso.
    Siqueira então se inclinou até mim e me beijou. Um beijo carinhoso, suave. Retribuí.
    Olhamo-nos e ele sorriu.
    Entramos na casa, ele fechou a porta e pediu que eu esperasse na sala, pois queria fazer uma coisa
    Subiu correndo e eu fiquei curioso. Mas esperei. Andei de um lado para o outro, observando a decoração do lugar. Tudo muito limpo e arrumado. Quando ouvi os passos dele descendo as escadas, me surpreendi.
    Siqueira vestia uma farda de gala, diferente das que costumeiramente usamos no colégio. O tecido azul marinho estava brilhando de novo, e os detalhes impecáveis.
    O material melhorava o porte do seu corpo já musculoso e em seu peito estavam os brasões da República de um lado e do Pracinhas em outro.
    - Nossa - exclamei.
    - Gostou? Essa é minha farda para a formatura. Daqui há pouco mais de um mês.
    - O tempo voou. - Observei
    - Verdade. Parece que foi ontem que eu conheci um garoto marrento que ia me dar muita dor de cabeça.
    Eu ri.
    - E quem diria que esse mesmo garoto marrento ia me dobrar, afinal - completou, batendo continência pra mim - A seus serviços, capitão Mendes.
    A postura, a roupa, a servidão. Esses elementos juntos me encheram de desejo. Lambi os lábios e andei até ele. Postura impecável, porte majestoso.
    - Mas não foi só você que foi dobrado, Major. Afinal, você venceu ao fim - e sorri - Tenho de admitir. Ninguém em todo aquele colégio, nem em toda a vida, me fez gozar como o senhor fez.
    Seu sorriso satisfeito foi contido. Seus olhos brilharam, mas ele manteve a posição.
    - Por isso mesmo, merece uma recompensa.
    E fui o circulando, avaliando o todo.
    Parei em sua frente e fui desabotoando sua gandola. Com cuidado, calmamente, revelando a camisa branca que ele tinha por baixo. Deixei assim. Afinal, a farda fazia parte da fantasia. Então desabotoei sua calça. Abrindo e a deixando descer. Amparada apenas pelo volume de suas coxas.
    Caminhei lentamente até suas costas e arriei um pouquinho da cueca, mostrando apenas parte das nádegas.
    Então, sem dizer nada, o conduzi até o sofá. O pus de quatro. Ele, dócil e obediente, esperou calmamente enquanto eu arriava sua cueca, desnudando sua bunda.
    Tirei meu chinelo e alisei em minha mão. Parei ao seu lado e ele olhou para trás, fitando-me com olhos em brasa.
    Veio a primeira chinelada. Ele mordeu o lábio, um meio sorriso brotando em seu rosto.
    - Estamos só nós dois agora, Gabriel. Não precisa se conter.
    Segunda chinelada. Dessa vez ele ganiu. Elevou o rosto e respirou fundo, se abrindo mais e empinando a bunda para trás. Seu pau já estava duro.
    Mais uma. E outra. Ele gemeu, fechando os olhos como quem degusta uma iguaria.
    - Você está ficando mole, Mendes. - atiçou.
    Eu sorri e dei uma mais forte. O estalo foi alto e ele gemeu mais. Toquei sua bunda e introduzi o dedo. Seu ânus já estava dilatado, desejoso por ser penetrado. Mas eu não ia fazer aquilo agora. Ainda tinha muito o que aproveitar.
    Pelo menos foi o que eu pensei. Pois nesse instante, escutamos o som de um carro estacionar e o portão abrir
    - Merda - ele praguejou, tratando de vestir as calças.
    Conseguimos nos recompor a tempo da porta se abrir e o Almirante entrar.
    - Sua mãe esqueceu os remédios e...
    O almirante se calou a nos ver. Ver o filho em trajes do exército, mais a culpa estampando em nossa cara, foi o bastante para ele concluir o que acontecia. Acho que teria o mesmo efeito nele se ele tivesse nos pego no flagra.
    Esperei um esporro, uma bronca, uma chamada. Mas o que ele fez foi pior que isso. Pois seu olhar de desprezo para nós dois valeu mais que uma bofetada na cara.
    Em silêncio, ele subiu atrás do remédio. Eu e Siqueira ficamos de cabeça baixa. Eu tremia. Era incrível como aquele homem era capaz de fazer os outros se sentirem pequenos perto dele. Se a mãe de Siqueira era como uma praia calma, Ivo era uma tempestade.
    Siqueira também tremia, olhando fixo para o chão. Eu queria dizer algo para ele, mas fui incapaz. Não sabia o que falar.
    Mas ao fim, Siqueira não ficou quieto. Olhou pra mim, olhos cheios de convicção e mandou eu ficar ali.
    E foi atrás do pai no andar de cima
    As vozes foram altas a partir dali. Eu queria ter ido embora. Para lhes dar privacidade. Mas fazer aquilo, naquela altura, seria um ato de covardia e de traição, o qual eu jamais faria. O pior é que dava para ouvir toda a conversa.
    - Por favor, fala alguma coisa - pediu Siqueira - Sei que está desapontado. Apenas fala. Por favor.
    A voz do Almirante foi calma, porém seu tom de voz imponente era audível de onde eu estava.
    - Não tenho o que falar. Já estou acostumado a me decepcionar com você.
    Silêncio. Depois de um tempo, Siqueira voltou a falar. Sua voz era triste, porém determinada. Como um animal ferido, que não se deixaria abater sem lutar
    - Entendo. Mas o senhor podia me explicar bem o que de fato te decepciona em mim? Sou um mal filho? Não cuido bem da mamãe? Sou um mal aluno? Não tiro boas notas? Cometi algum crime?
    Silêncio. Eu já estava ficando sem ar na sala. Mas era melhor eu não ir lá em cima. Só iria atrapalhar.
    - Não faça drama, Gabriel. Não me venha com essa. Olha o respeito que você demonstra por sua farda.
    - O que tem a farda? Eu a desonrei? - e riu - Talvez eu não a esteja usando da forma correta no momento. Verdade. Como se o senhor nunca tivesse feito algo assim para mamãe.
    - Olha a boca - O almirante o advertiu.
    - Por quê? Falei alguma mentira? Me diga, pai. Se eu estivesse com uma mulher hoje. O senhor sentiria decepção? Teria sido melhor?
    Silêncio.
    - Diga - ele insistiu
    Mais silêncio.
    - Diga! - Sua voz estava mais enérgica.
    Mas ainda assim não foi respondido.
    - DIGA!!!
    Seu grito ecoou pela casa. Eu dei um pulo do sofá, tamanho o susto
    A resposta do Almirante, entretanto, saiu num tom tranquilo.
    - Sim. Se fosse uma mulher, não me causaria nenhum desgosto.
    As vozes pararam, parecendo que os dois nem mais estavam no andar de cima.
    - Obrigado - Siqueira falou enfim - Obrigado por deixar bem claro que o problema não sou eu.
    Siqueira riu. Um riso contido, doloroso, mas também carregado de alívio.
    - Eu me esforço tanto... Mas não vai adiantar. Eu posso ser um militar modelo. Posso ser um herói de guerra. Posso salvar a pátria. Posso SALVAR A MERDA DO MUNDO. Que não ia adiantar. Você ainda sentiria vergonha.
    Siqueira teve uma crise de riso. Se não o conhecesse, julgaria que tinha enlouquecido.
    - Sorte sua mãe não estar aqui para ver essa vergonha.
    O almirante falou cheio de repulsa.
    - Sorte a mamãe existir - Siqueira o corrigiu - Pois somente ela pra me fazer aguentar o senhor por tanto tempo. Mas sabe... Pelo menos todo meu esforço valeu a pena. Passei na prova pra engenheiro naval. Ano que vem, sairei daqui. Meu esforço para agradar o senhor me valeu. Pois realizei um sonho. Mas essa conquista não será mais sua. Não será mais por você. Será por mim. Por mim e pela mamãe.
    - Se prefere assim. Tudo bem. Pode não acreditar, mas fico orgulhoso. Não é a área que eu queria pra você, mas...
    - Mas você não decide sobre minha vida - Siqueira o cortou - Talvez eu nunca seja Almirante. Talvez nunca seja um militar melhor que você. Mas serei muito bom. E serei muitas coisas melhor que você. Serei melhor ser humano que você. Serei melhor pai que você.
    Nesse momento, foi a vez de seu pai soltar o riso. Era uma pena, mas a primeira vez que ele demonstrava algum sentimento, era apenas desdém.
    - E como pretende ser pai? - falou com aquela frieza capaz de cortar mais fino do que uma lâmina
    Mas a resposta de Siqueira foi no tom a altura.
    - Bem-vindo ao século XXI, almirante. Sim, eu posso ser pai. Se não biológico, de coração. Mesmo que o senhor não goste. Sim, posso amar um homem. Quer o senhor goste, ou não. Posso inclusive me casar com as honras militares com o homem que eu escolher, mesmo que o senhor faça essa cara. - parou. E quando voltou, sua voz era quase um sussurro - mas eu sinceramente preferiria que você gostasse. Pois apesar de tudo, o senhor ainda é meu pai. E eu ainda o amo.
    Silêncio novamente. Dava para ouvir o som do vento do lado de fora.
    - Agora vá - Siqueira disse por fim - não vou mais te prender. Mamãe te aguarda. Você cuida muito bem dela. Pra isso pelo menos o senhor ainda serve.
    Escutei o som das escadas e me voltei a prontidão. Mas o almirante passou por mim como se eu não existisse. Entrou no carro e saiu.
    Logo em seguida, escuto os passos de Siqueira. O vejo descer decidido, olhos vermelhos, respirando como um touro.
    - Siqueira, eu... - tentei falar, mas ele me cortou.
    - Cala a boca - ordenou, me envolveu em um abraço forte e me beijou - Cala a boca pelo menos uma vez, Fábio.
    Foi jogando seu peso contra mim, enquanto me beijava. Aos poucos, fui sendo subjugado pela sua força e pelo prazer que ele me proporcionava. Seus beijos ávidos, suas mãos atrevidas, apertando minha carne e me agarrando com precisão.
    Fui caindo, sendo amparado por ele e posto deitado no chão. Puxou minha blusa, atirando-a para um lado. Desafivelou meu sinto, e em três puxões arrancou minha calça. Depois minha cueca.
    Tentei ajudar, mas não pude, pois ele mesmo não parecia ter precisão em seus atos, tantas as emoções conflitando em seu corpo.
    Ele se ergueu e foi tirando as próprias roupas, atirando-as pela sala. Quando nu, deitou novamente por cima de mim, abriu minhas pernas, atirando-as por sob seus ombros, e encravou fundo em mim.
    Nem tive tempo de sentir qualquer desconforto, tamanha sua obstinação. Fiquei hipnotizado por seus olhos fixos em mim.
    Rosto centímetros do meu, soltando baforadas quentes enquanto metia como um animal no cio. Seu pau entrava com violência e eu me agarrava a ele, sentindo o órgão escorregar para dentro e sair. Escapuliu algumas vezes, deixando aquele vazio que logo era preenchido por mais uma encaixada potente e precisa.
    Gemi muito. Gemi alto. E ele gostava de ouvir. Queria que eu fizesse barulho. A casa era nossa. O prazer também. Seria nosso recado para aquelas paredes de que não sentíamos vergonha do que tínhamos. E não seria a presença autoritária do Almirante que castraria isso.
    Soltei meus gemidos que se assemelhavam o de uma pessoa sendo apunhalada. Pois era isso que Siqueira estava l comigo. Enfiando seu pau como uma lâmina dentro de mim. Brutal, forte, mas muito eficiente. De uma maneira que qualquer forma de dor ou desconforto era completamente eclipsada pelo prazer de ser subjugado no chão por um homem daqueles. Forte, decidido e muito bonito.
    - Te amo, Fabio - falou entre umas estocadas e outras, me olhando daquela forma brutal e repleta de desejo.
    - Eu... - mas ele me beijou de novo. Não me deixando falar.
    - Cala a boca. - mandou de novo. - Pelo menos uma vez, fica quieto e deixa eu me expressar. Eu te amo. E é isso que me importa. Não tenho mais medo de dizer.
    Continuei recebendo suas metidas, com meu corpo envergado para trás, minhas pernas em seus ombros.
    Ainda bem que fui desobrigado de falar, pois sinceramente não sabia o que dizer. Então apenas gemi. Agarrei seus ombros e gemi, sentindo seu pau entrar cada vez mais.
    Seu saco bater contra minha bunda e o peso de seu corpo me esmagar contra o chão.
    - Te amo. Como é bom ouvir você gemer assim.
    E me beijou de novo e, dessa vez, seu corpo apertou meu pau. Comecei a gozar sem controle
    Siqueira olhou maravilhado e foi metendo mais rápido.
    - Isso. Goza. Prova pra mim que ninguém nessa merda de mundo te faz gozar mais do que eu.
    Eu já não responderia, mesmo que quisesse. Estava caído no chão, braços abertos. Siqueira ergueu o tronco, mantendo minha cintura bem segura em suas mãos e metendo mais.
    Eu estava ali, entregue, cintura erguida sendo comida com voracidade. Tendo o tronco caído no chão. Olhava o teto, anestesiado. Sentindo seu pau entrar em sair enquanto meu corpo ainda sofria com os espasmos do orgasmo.
    Foi sua vez. Trincou os dentes, rosto vermelho, me agarrou e gozou dentro. Vi seus músculos enrijecerem tão forte, que pude perceber uma veia saltando na altura do bíceps direito.
    Siqueira soltou o ar, olhando o teto, parecendo que sua alma havia saído do corpo por alguns segundos.
    Então voltou a deitar, cabeça no meu peito, corpo de lado.
    Naquele instante, ele deixou de ser o homem valente que encarou o Almirante e me dominou no chão, e tinha voltado a ser o garoto que precisava de um abraço
    O abracei, afagando seus cabelos molhados. Apertei seu corpo contra o meu e fiquei em silêncio.
    Pois sabia que era tudo o que ele precisava naquele momento.
  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO FINAL – FORMATURA

    O dia amanheceu preguiçoso. Senti Siqueira ao meu lado, virando-se em minha direção e me abraçando. Me espreguicei e beijei sua cabeça. Ele sorriu e me beijou o rosto, depois a boca.
    A velocidade com que ele foi despertando foi maior que a minha. E logo estava me acariciando, beijando meu pescoço, chupando meu peito.
    Aos poucos, fui sentindo aqueles espasmos deliciosos que iam acelerando meu despertar. Meu pau despertou primeiro, quando Siqueira o agarrou e começou a chupar.
    Massageei a vista e o olhei. Sua cara travessa, enquanto lambia a cabeça de meu pênis.
    - Já está animadinho logo cedo? - perguntei.
    Ele apenas sorriu e se levantou. Montando em cima de mim e encaixando meu órgão em sua entrada. Sentou com tudo, erguendo a cabeça e se deliciando com a sensação de ser perfurado.
    Então apoiou as mãos em meu peito e começou a rebolar. Devagar, suave. Sorri e agarrei sua cintura, deliciando-me com seu belo corpo nu a minha frente.
    Meu órgão era espremido dentro de seu corpo, envergado de um lado ao outro em seu balé.
    Lento e gostoso, ficamos entretidos naquele momento, sorrindo um para o outro. Até que o rosto de Siqueira sombreou um pouco, ficando preocupado.
    - Preciso te contar uma coisa - falou baixo, sem interromper o gingado - Saiu o resultado. Eu passei com folga.
    - Que maravilha - tentei me levantar para o abraçar, mas seu corpo pesado era difícil de mover. E mesmo que não fosse, estava tão gostoso meu pau dentro de seu corpo que eu não estava afim de sair agora - Eu sabia que você conseguiria.
    - Obrigado - e sorriu. Não um sorriso safado, nem alegre. Comedido. Aquilo começou a me preocupar. - o curso de Engenharia Naval é um dos mais concorridos. E eu queria fazer na melhor. E o melhor curso é fornecido pela marinha. E fica no Rio Grande do Sul...
    Ele se calou, olhando em meus olhos, muito sério.
    - Eu... entendo... - então eu senti todo o peso que estava em cima de seus ombros.
    - As inscrições são em janeiro. - continuou - Ainda dá tempo de desistir. Eu ainda posso...
    Mas não o deixei completar a frase. Me ergui em um movimento rápido, vencendo seu peso. E o beijei. Amarrei seu corpo forte entre meus braços e o apertei.
    - Não se atreva a fazer isso. Você vai - falei sem pensar muito. Não queria pensar muito.
    - Mas...
    - Cala a boca - foi minha vez de mandar. Não queria falar sobre aquilo. - Continua o que estava fazendo.
    E beijei seu peito, chupando o mamilo.
    Siqueira obedeceu. Também se mostrando interessado em interromper um assunto tão desagradável. Eu fazia pressão por baixo, metendo enquanto ele rebolada. Eu o abraçava e ele a mim. Pressionando o corpo um contra o outro. Dessa vez não para nos absorvemos, mas apenas para impedir que o outro escapasse. Me entreguei de corpo e alma naquele momento, desesperado em esquecer esses segundos que acabaram de passar. Essas poucas palavras que desmoronaram o que eu sequer tinha notado haver construído.
    Gememos juntos. Cada hora mais forte, mais intenso. O orgasmo chegou como um momento de luz. Segundos esses em que nossos sentidos estavam focados apenas naquele prazer. Mas logo passou e fomos jogados novamente na realidade.
    O beijei novamente. Encostamos as testas um no outro. E ficamos parados. Silêncio.
    Não conseguimos mais falar sobre aquilo durante aquele domingo. Nem na semana que se seguiu no colégio.
    Os dias passaram em tons de cinza, como se todo o planeta estivesse ensolarado, mas eu detivesse minha nuvem de chuva pessoal, pairando sobre minha cabeça.
    Não falei com Siqueira, nem ele comigo. Somente Soares, numa tarde em que eu estava sentado sozinho no pátio, veio falar comigo.
    - Vejo que você já sabe - sentou ao meu lado e olhou na mesma direção que eu. Para o nada. - Desculpe não ter falado contigo antes. Eu... Eu achei que deveria ter sido ele a te contar. E também não imaginava que fosse ficar assim. Confesso que fiquei mais preocupado com ele. Não sabia que você também estava tão envolvido.
    - Eu estou bem - e sorri, cansado.
    - Você é durão - ele reconheceu. - Mas se precisar conversar, me procure.
    - Obrigado.
    Mas eu não queria falar. Com Siqueira, com Soares, com ninguém. Queria apenas ficar em silêncio um pouco. Sozinho
    Em casa, o estado de espírito se manteve. Conversei pouco com meus pais. Minha mãe, sempre muito atenta, percebeu minha mudança e não falou nada. Passei uma manhã e um almoço tranquilo. De tarde, subi para meu quarto, e fiquei deitado na cama olhando o teto e pensando particularmente em nada.
    Minha mãe chegou. Sem dizer nada, ela se deitou ao meu lado e me acompanhou, em silêncio, olhando para o teto. Esperei que ela dissesse algo, mas parecia estar satisfeita apenas em me fazer companhia.
    Agradeci imensamente aquele apoio silencioso, mas foi nesse momento que meus olhos começaram a marejar. Tentei segurar, mas elas começaram a vir, sem controle.
    Minha mãe, fingindo não ver, continuou em silêncio, deixando meu pranto sair naturalmente. Então, sem ela precisar pedir ou insinuar nada, comecei a falar.
    Narrei tudo. Acho que contei desde minha entrada no Pracinhas. Falei de minhas experiências, meus medos, meus desafios. Creio ter esquecido que falava com minha mãe e contei até mesmo detalhes íntimos. Na verdade, sua inércia me ajudaram muito. Pois mais parecia que eu interagia com um interlocutor sem rosto, cuja presença neutra me ajudava a falar de coisas íntimas, como quando falamos para um total desconhecido que temos a certeza jamais ver novamente.
    E com as palavras, as emoções foram saindo. Uma catarse para minha alma. E quando eu terminei, estava mais leve.
    Só então, após um tempo de silêncio e a certeza que eu não tinha mais nada o que dizer, ela se deitou de lado, virando em minha direção. Alisou meu rosto e sorriu.
    - Como você cresceu - comentou com orgulho - Nem parece o menino que eu levei para a sua primeira aula em fevereiro.
    Peguei sua mão e a apertei contra meu rosto.
    - Estou orgulhosa de você. Em especial o que fez por ele. Lembro ainda da maneira como esse garoto, o Gabriel, falou de você na reunião que teve com o diretor, antes de você ganhar sua primeira medalha. Foi difícil pra mim crer que aquele garoto era o mesmo que você me narrou a princípio. O mesmo rapaz que você confrontou no início do ano letivo.
    Ela foi afagando meus cabelos.
    - Naquele dia eu percebi que algo tinha mudado entre vocês. Uma admiração, que podia ou não virar algo mais. Eu sei que seu pai o incentivou a viver tudo o que podia. E não o culpo por isso. Mas o que ele esqueceu de mencionar é que, quando brincamos com nossos desejos, as vezes podem surgir coisas que não esperamos. Coisas ruins, ou coisas bonitas como o que você está passando.
    - Eu só não esperava que fosse me doer tanto.
    - Eu queria que fosse diferente - respondeu com carinho e sinceridade - Infelizmente não posso fazer isso passar. Nem que eu botasse fogo no planeta, isso passaria
    Lembrei da brincadeira que ela fez no início do ano, de pôr fogo na escola. E ri. Foi bom rir. Ela me acompanhou.
    - Não tenho dúvidas que o garoto Siqueira te ame. Mas eu gostaria de perguntar: Você também o ama?
    Eu estava me perguntando isso desde o dia em que o confrontei na mata.
    - Sinceramente. Não sei... Só sei que dói - respondi a única coisa que podia falar com convicção.
    - Não teria como você saber. É jovem ainda e é sua primeira vez. Só o tempo há de te dar certeza. Mas seja o que for, com certeza é algo que valeu a pena ter sido vivido e... Eu sinceramente acho que você agiu bem em falar para ele não desistir do sonho dele.
    Essa última frase ela falou com desculpas nos olhos. O que eu mais gostava em minha mãe era sua franqueza. Ela falava o que pensava, independente de quão doloroso podia ser. Preferi a ferocidade da verdade aos afagos de uma mentira
    - Eu sei. Merda... - praguejei quando as lágrimas voltaram a descer.
    Nesse instante ela não se conteve e me abraçou. Chorei mais, dessa vez sem controle. Soluçando.
    - Eu sei o que você está passando. Passei por isso na época da faculdade. Com a Camila - e riu quando eu olhei interrogativo - Sim, a Camila que seu pai lhe falou. Quando a conheci, foi na militância. Ela fazia parte da liderança da faculdade. Era muito ativa, uma mulher forte e um coração enorme. Me encantei por ela. Não era amor. Nem desejo a princípio. Era só admiração. Mas aos poucos, levada pela curiosidade e pelo clima de liberdade universitária, acabei me permitindo experimentar algo com ela.
    Minha mãe ficou vermelha e ria como uma garotinha. Eu sorri para ela, pois entendia bem o que era confessar determinadas intimidades para um ente querido.
    - Olha, não sou psicóloga, sexóloga ou nada do tipo, mas posso dizer que acredito que todo mundo, independente de suas orientações, deveria, pelo menos uma vez na vida, se permitir uma experiência com alguém do mesmo sexo. Digo isso porque uma mulher sabe de seu prazer melhor que ninguém. Sabe onde tocar, sabe o que fazer com aquele corpo. E acredito que isso também ocorra com os homens. Bem... Eu me permiti e foi mágico. Foi intenso. Mas como você, aquilo que foi apenas um experimento, uma diversão, ganhou outras proporções. Eu me apaixonei. Mas ao contrário de você, não tive a mesma sorte e ela não.
    - Eu sinto muito - falei com franqueza.
    Minha mãe sorriu com carinho.
    - Obrigada. Camila me tratou muito bem, foi franca comigo. Me respeitou. Mas ela iria embora, para a Suécia. E eu... Bem... Cometi um erro. Achei que a melhor forma de sofrer menos seria me antecipar e me distanciar dela. Nem me despedi. E me arrependo disso - ela então me olhou nos olhos e continuou - Não faça isso. Você tem ainda um mês até a formatura. Aproveite. Não vai adiantar nada você se privar. Vai doer do mesmo jeito e infelizmente não existe remédio pra isso.
    Eu a abracei de volta.
    - Obrigado, mãe.
    - Disponha, meu amor. Bem... - e completou com uma piscadinha - Remédio não há. Mas eu fiz bolo de chocolate. Que é quase isso. Quer um pedaço?
    Eu ri bastante e aceitei. Ela rinha conseguido me tirar, nem que fossem alguns centímetros apenas, do poço em que eu me encontrava.
    ...
    E segui seu conselho. Eu e Siqueira vivemos esse último mês com intensidade. Fechamo-nos em nós e aproveitamos cada segundo que nos restava. Raríssimos eram os momentos em que tocamos no assunto de sua partida. Fiquei sabendo apenas que ele dividiria apartamento com uma prima ao invés de ficar interno no alojamento militar. E isso me era o bastante.
    Então, o dia da formatura chegou e eu estava na plateia, junto de meus pais e meus tios, acompanhando a entrega dos diplomas para os alunos do terceiro ano. Todos muito belos, vestindo seus trajes de gala
    Ao final, o diretor se dirigiu ao palanque e discursou:
    - E agora, é o momento de dar a menção honrosa ao que foi o destaque da turma esse ano. Tanto pelas suas notas, como pelas suas contribuições ao colégio. Um passo à frente, oficial Gabriel Siqueira.
    Uma salva de palmas. Gabriel caminhou orgulhoso para frente do diretor
    - Bem, oficial Siqueira. É de praxe o diretor conceder essa honraria. Todavia, existem pedidos aos quais não podemos recusar. Então, esse ano, quem irá lhe entregar a medalha pessoalmente, é o Almirante Ivo Siqueira. Queira aparecer, Almirante.
    Foi outra salva de palmas. Acho que apenas eu não o fazia. Fiquei tempo demais tentando entender o que acontecia. Imaginando não ter ouvido bem o que o diretor falava. Mas de fato era o Almirante quem subia. Pelo menos, além de mim, Siqueira parecia igualmente estarrecido.
    Eu tinha visto a mãe de Gabriel mais cedo. Falei com ela, mas não perguntei do Almirante. Não o tinha visto e imaginei que este não quisera vir. Algo que não me surpreendeu em nada. Agora aquilo.
    O Almirante subiu, pôs a medalha no peito do filho, lhe deu um forte abraço e bateu continência para ele. Siqueira teve um tempo de retardo para responder ao gesto, mas conseguiu se reestabelecer a tempo de impedir a si mesmo de ficar parado igual um bobo diante do pai.
    Mais uma salva de palmas, e dessa vez eu consegui acompanhar.
    ...
    Não tive tempo de falar com Gabriel após as honrarias, pois a festa foi animada entre os calouros. Ganhamos até uma menção honrosa do diretor, dizendo que fomos a primeira turma de calouros em 15 anos que conseguia passar do primeiro ano sem nenhuma baixa. Comemoramos muito. Não fui atrás de Siqueira, pois ele também teve suas comemorações para participar. Então aproveitei minha família e meus amigos.
    Lá pelo meio da tarde, resolvi caminhar um pouco. Precisava de um pouco de silêncio, de um pouco de solidão. Fui para os fundos do colégio, perto da área em obra, onde ocorreram os principais momentos daquela minha estadia. Fiquei ali, pensando particularmente em nada. Apenas nostálgico.
    Mas minha solidão não duraria. Senti uma presença atrás de mim e me virei para ver. E percebi que aquele dia ainda havia me guardado surpresas
    - Almirante? - me surpreendi. E o saldei.
    - Não precisa de formalidades comigo, Fábio. Não vim hoje como almirante, mas como pai de um aluno. Só queria te dizer uma coisa.
    Eu trinquei os dentes, preparando-me para o que poderia vir.
    - Obrigado - disse por fim. Eu devia estar sofrendo de algum tipo de déficit de atenção, pois estava difícil para mim compreender os acontecimentos daquele dia.
    - Desculpe... - respondi, incerto.
    - Obrigado por transformar meu filho em um homem - completou. Ignorando minha confusão.
    Resolvi não expressar nada. Tendo em vista que eu não sabia o que exatamente devia expressar.
    - Pela primeira vez na vida, Gabriel me encarou como um homem de verdade. Meu filho sempre se acovardou diante de mim. Mesmo na vez em que ele quis defender um amigo, ao fim ele baixou a cabeça. Ao fim, ele sempre baixava a cabeça. Naquela noite... ele não o fez. Me encarou do início ao fim. Não recuou. E isso, para mim, é a atitude de um verdadeiro homem.
    Eu devo ter gaguejado alguma coisa, embora não saiba exatamente o que.
    - Não pense que eu concordo com todas as suas atitudes. E desculpe não fingir que me agrada sua atual condição. Em especial, com relação as suas preferências, suas afinidades. Chame do que quiser: homofobia, mania de velho, hipocrisia. Não importa. O fato é que eu ainda não consigo gostar dessa parte dele, e não vou fingir que o gosto. Não é de minha natureza. O dia em que eu de fato puder olhar para relações como a de vocês com naturalidade, não hesitarei em fazer. Até lá, isso é tudo o que eu posso oferecer. Minha aceitação.
    Eu esperei ele concluir
    - Entretanto. Não posso também ser injusto e não ver o bem que você fez ao meu filho. Eu sei que ele só teve tal coragem porque você estava lá. Para defender você. Então... Bem... Obrigado.
    Me cumprimentou com um aceno de cabeça e saiu
    Eu não consegui dizer nada. E acho que foi melhor assim. Olhei para o lado e vi Siqueira sair de uma árvore.
    - Você entendeu o que aconteceu aqui? - perguntei para ele.
    - Vi tudo, mas não. - e sorriu ainda perplexo - Mas já contatei a ABIN e pedi para eles abrirem os olhos para atividades ufológicas na região, pois tenho certeza que meu verdadeiro pai foi abduzido.
    Rimos um pouco, então nos olhamos e ficamos um tempo perdidos um no outro, sem saber o que dizer.
    - E quando você vai? - perguntei, quebrando o gelo.
    - Janeiro. Passarei as festas de final de ano com meus pais, e depois vou. Minha prima está ansiosa, já deixou o quarto pronto pra mim. Embora eu vá passar a maior parte do meu tempo no alojamento. Quero poder dormir as noites em uma casa comum, para variar esses três anos.
    - Espero que seja feliz - desejei com sinceridade.
    - Não queria que fosse uma despedida - ele confessou.
    - E não é. Afinal, você vai vir de vez em quando, sua mãe está aqui. E você é esperto. Não vai ficar fazendo faculdade a vida toda. Não é? Logo se forma - conclui
    - Fabio... - ele começou, lutando para conseguir continuar. Eu esperei, pois sabia como para ele era difícil aquele tipo de coisa - Eu... O que eu te disse, lá em casa, é verdade. Mas não quero que você me diga nada... Não quero que você me faça promessas. Não tenho esse direito. Eu só... Queria dizer que, quando tudo isso acabar... Quando eu voltar... Se você ainda estiver solteiro... - e riu, sem jeito - Gostaria de te chamar para sair... Algo do tipo.
    Aquilo foi mais difícil para ele do que correr uma maratona. Eu sorri.
    - Vou adorar. E digo que, independente do que aconteça conosco daqui a alguns anos, quero você na minha vida. Como amigo, como algo mais... Até como rival, serve - e ri - devo admitir que você foi um desafio e tanto. E gostei de tudo o que passamos. Os altos e baixos.
    Rimos juntos. Eu não queria chorar. E vi em seu rosto que ele também não. Pelo menos a próxima atitude de Siqueira ajudou um pouco a tranquilizar o ambiente.
    Ele apontou o dedo para o meu peito e pressionou.
    - Mas saiba que eu também não esqueci o que você me disse aqui mesmo naquela noite. Você me deu uma coisa. E eu ainda não devolvi. Não devolverei e lhe proíbo de dar para qualquer outro. Entendeu? Essa parte é só minha. Seja ela o que for.
    Eu sorri e respondi.
    - Sempre autoritário, não é major?
    Ele correspondeu.
    - E você, sempre marrento, não é Mendes?
    Nos abraçamos. Olhamos de um lado para o outro e roubamos um breve beijo. Desfrutando daquela breve intimidade. Enquanto ela podia durar.
    Era hora de voltar para nossos amigos.
    Para nossos familiares.
    Para nossas vidas.
    FIM
  • Cyber Athena I

    Em um futuro totalmente distópico, uma expedição à lua trouxe consigo uma vírus tecnorgânico, esse vírus ficou conhecida como cybe. O governo dos Estados Unidos começou a estudar o vírus e fazer testes em humanos.

    Quando o vírus entrava em contato com o corpo humano, ele se fundia com as células, dando uma propriedade bastante interessante. As células danificadas do corpo, eram regeneradas fazendo nascer novos membros altamente tecnológico, o governo americano viu aí uma grande oportunidade, criando assim um nova leva de super-soldados. Então eles deram início ao projeto Cybers.

    Os Cybers de primeira geração, eram pessoas sem braços, paraplégico, sem pernas, pessoas que tiveram morte cerebral... Isso porque o vírus entra em contato  com todo o sistema nervoso do seu hospedeiro, trabalhando em conjunto com o cérebro, os membros regenerados altamente tecnológico, se transforma em qualquer coisa que o hospedeiro pensasse, em armas, escudos espadas, qualquer coisa.

    Os Cybers de segunda geração, já tinha o vírus mais evoluído, a onde a reação do vírus era mais rápida do que o próprio sistema nervoso do seu hospedeiro. Antes mesmos de pensar o vírus ja se adaptava no que era preciso. Durante o período de pesquisa da terceira geração de Cybers, uma guerra estourou, entre os Estados Unidos é a Coreia do norte. Os Estados Unidos tinha a oportunidade de usar pela primeira vez seus Cybers.

    Durante a guerra, a terceira geração de Cybers foi desenvolvida, mas desta vez o vírus não afetava só o sistema nervoso mas todo o cérebro. Agora os Cybers tenham força, velocidade, um fator de cura ligeiramente rápida. O hospedeiro mal sentia dor ,porque as células se regeneram rápido de mais. Toda essa tecnologia e poder dos Cybers  deu aos Estudantes Unidos a vitória. Mas, metade do globo foi destruído, devastado com essa guerra.

    De um lado tinha os Cybers criados para serem armas de guerra e do outro bombas não núcleo com um poder imenso de destruição, o mundo que conhecíamosnao não era mais o mesmo. Depois da guerra os pais que sobraram foi, Inglaterra, Japão e Estados Unidos; após vários anos esses países se juntaram e criaram os 3 clãs. O clã ZEUS ( Estados Unidos), o clã HADES (Japão) e o clã POSEIDON (Inglaterra). Dois desses clãs fizeram  um acordo, o acordo de anti-cybers.

    Esse acordo foi feito para caçar todos os Cybers criados na era da guerra, todos os Cybers de primeira, segunda e terceira geração seriam caçados. Então surgiu a união, que tinha como líder um Cyber de primeira geração chamado Hermes.

    ( Continua... )
  • Diários de caça - Capítulo 9 - Faro

    Se antes do acontecimento envolvendo o Pastor Felipe eu já tinha o sonho de sair de minha cidade natal, depois o desejo era quase desesperador. Por sorte, faltavam apenas alguns meses para eu me formar no ensino médio e eu, na época, já estudava feito louco para conseguir passar em uma universidade.
    Apesar de poucos meses, como o tempo é conhecidamente relativo graças a Einstein, ele se passou como se fossem longos anos para mim. Durante esse período, me limitei as tarefas obrigatórias e fiquei em total abstinência sexual.
    Mesmo que o assunto de minha expulsão da congregação não tivesse mais sido declarado, eu sabia que se tinha um coisa que o povo daquela cidade era verdadeiramente incapaz de fazer era esquecer. Tal ação era quase tão difícil quanto perdoar. Escutei muitas vezes minha mãe e as amigas fofocando de outras pessoas pelas costas, enquanto eram gentis as vistas. E eu seria um tolo se achasse que comigo o tratamento era diferente.
    Eu definitivamente não tinha mais vínculos com aquele lugar, somente os de sangue. Mas mesmo estes já estavam cientes que minha saída seria o melhor para mim.
    Assim que passei na faculdade, meu pai se prontificou a me ajudar a custear minha vida fora. Eu não aceitei, embora não pudesse negar toda a ajuda ofertada. Eu tentava e teria de me virar sozinho.
    Minha primeira morada fora foi o próprio alojamento que a universidade oferecia aos alunos que moravam distante. Um lugar modesto, mas que me garantiu a sobrevivência.
    Mesmo tendo ansiado toda minha vida por esse momento de liberdade, a verdade seja dita, eu também o temia em segredo. Não gostava muito da cidade grande, isso era um fato desde minhas visitas a meus primos. Aquela selva de pedra nunca me pareceu convidativa. Ter de abandonar as matas, a calmaria, a simplicidade. Acredito que, tentando enxergar o lado positivo das coisas, o acontecimento em minha terra natal foi o estopim que eu precisava para cortar as últimas amaras que me prendiam.
    De abrir a porta da gaiola e eu conseguir voar.
    Isso de fato ajudou, pois apesar das condições miseráveis em que vivi ao longo daquele primeiro ano de faculdade, foi ali que eu aprendi a viver só, a de alguma forma me sustentar, e principalmente, poder ser eu mesmo, de uma maneira que eu nunca imaginei que queria ser.
    Logo de cara, consegui um trampo em uma casa de festa noturna. Que foi a forma que eu encontrei de garantir minha subsistência. Trabalhava nas madrugadas dos fins de semana e feriado e o cachê era bom. Pelo menos garantiam minha alimentação no campus, onde eu não pagava basicamente nada.
    Virar a noite foi um hábito que me adaptei mais fácil do que suspeitei. A boate em que eu trabalhava era voltada ao publico GLBT. E esse foi o outro grande ponto de mudança favorável em minha vida
    Pois estar ali, testemunhando a vida noturna da cidade grande, abriu a minha mente de uma forma tão avassaladora que eu dificilmente sairia dali o mesmo. Os homens e mulheres se beijando e acariciando livremente, os encontros sórdidos nos banheiros ou nos cantos escuros, as passadas de mão que até eu mesmo recebia em meio ao trabalho me obrigaram a enxergar o mundo com outros olhos.
    Apenas tive uma experiência parecida quando visitei meus primos a última vez e mesmo aquela aquela havia sido apenas um grão de areia em meio a todo o deserto que vivenciei ao longo daquele ano.
    Como um animal faminto que degusta carne depois de meses de fome, eu não só quis experimentar, quis me esbaldar. Não eram só os meses de abstinência, mas toda a minha vida veio a tona como uma ressaca incontrolável. Eu simplesmente não queria mais me esconder, não queria mais me privar de nada e de simular nada tal como tinha feito em toda minha adolescência.
    Posso dizer sem pudores, que este foi o período em que mais transei na vida. Tudo me era interessante e curioso. Transei com homens, mulheres, pessoas de gênero indefinido. Solteiros, casais, trisais, orgias. Não havia nada que eu negasse, pois queria experimentar de tudo o que pudesse. E tanto sexo vazio e sem sentido, apesar de intenso, não me dava o mesmo prazer que antes.
    Demorei muito para entender o que faltava. Mesmo que eu tivesse me desamarrado por completo de minhas origens, sentia que haveria algo lá atrás que eu desejava recuperar. Embora não soubesse ao certo o que.
    Minha vida regrada e de poucos custos me fez querer um pouco mais. O alojamento da universidade, apesar de útil, era muito limitado. O banheiro era compartilhado e a área comum também. Não tinha cozinha e a comida era feita em um refeitório. Comecei a pensar em ter meu próprio apartamento, mas a menos que eu quisesse pedir favor a meus pais, não teria muitas opções.
    Foi então que a oportunidade ideal literalmente me encontrou. Digo isso pois estava passando pelo quadro de avisos da universidade, quando um garoto pregava o anuncio e, num instante de distração, o mesmo caiu de sua mão e deslizou até meus pés.
    O peguei e a curiosidade inata me fez ler rapidamente, antes de devolver.
    - Aqui - entreguei - Acho que te conheço. É da turma de ética, certo? - soltei assim que seu rosto me foi familiar.
    - Oi. Fábio, não é?
    - E você... dom Pe... Digo... Pedro.
    Ele riu
    - Tudo bem, eu sei que meu apelido é esse. Dom Pedro.
    Pedro, ou Dom Pedro, como o chamavam, era um rapaz bem apessoado. Cabelos arrumados e lisos, na cor castanho claro. Olhos verdes e pele clara. Seu apelido se devia por ser um garoto extremamente educado. Ele falando parecia ter anos a mais que seus vinte e poucos. Acho que nunca ouvi dom Pedro falar um único palavrão em toda a vida.
    - Temos de admitir que o apelido lhe cai bem. - sorri e então resolvi tocar no assunto - acabei vendo o anúncio que vai pregar aí. Eu estava justamente procurando um lugar pra morar.
    - Puxa, que bom. O apartamento é meu, e eu divido com outros três caras a despesa. Mas um se formou e se mudou início desse mês. Estamos arrumando alguém. Não é nada demais, é confortável e espaçoso, mas sem grandes luxos.
    - Relaxa. Não sou exigente.
    Ele riu.
    - Pois é. Que bom. E também não cobro praticamente te nada. Só ajuda nas contas, luz, internet, condomínio. Que divididas por 4, saem baratinho.
    - Me parece uma oferta e tanto.
    - Se você quiser, posso te levar pra conhecer. Estou voltando pra casa agora.
    Parecia que a sorte estava me sorrindo.
    Aceitei e peguei carona com Dom Pedro, que dirigia na época um Volksvagem retrô muito bonito. Manter um carro daquele não devia ser barato, o que me intrigou em saber porque um cara que aparentava ter dinheiro como ele, precisaria dividir as despesas de um apartamento.
    Chegamos ao seu apartamento. Um condomínio enorme na parte nobre da cidade. Entramos e eu não pude deixar de notar que os apartamentos eram enormes. Minha cara com certeza denunciou minhas questões, pois ele logo falou.
    - Sei o que ta pensando. Mas te digo que o condomínio não é tão caro. o Apartamento é próprio então não pago aluguel. E como são muitos blocos, não fica oneroso. Acredito que vá gostar daqui.
    O apartamento era bem bonito, uma sala ampla e arejada. De cara, percebo que é tudo muito bem arrumado e limpo, nem parece um apartamento de homens solteiros.
    - Aqui não temos empregados e cada um tem uma prateleira na geladeira e uma parte da porta. O congelador é terreno neutro então, melhor etiquetar algo caso queira preservar.
    A limpeza é feita semanalmente por nós, revezamos e cada um cuida uma semana dos afazeres de faxina. Louça, cada um cuida da sua.
    Pedro foi me apresentando. Chegando no corredor, escuto o som de um violão.
    - Deve ser o David - e bateu na porta - David. Daria pra vir aqui conhecer o nosso novo colega
    Tecnicamente eu ainda não tinha concordado, mas estava tentado.
    David apareceu e era um mulato de uns dois metros e muitos músculos. Rosto bem bruto, mas olhar simpático. Tinha cabelos rasta fari e uma tatuagem de uma rosa dos ventos no ombro
    - Fábio, esse é David. Ele é formado em educação física, e está terminando nutrição. É fisioculturista também. Além de músico por vocação e faz um excelente café.
    - Prazer, Fábio - ele apertou minha mão com força. De fato, tinha um corpo invejável, volumoso e bem definido.
    - Prazer, David. Espero provar seu café.
    - Será um prazer. Aviso que faço forte - e deu um sorriso bonito e cheio de malandragem.
    Devia ser minha imaginação, mas eu senti certa conotação sexual em seu último comentário. Resolvi ignorar na falta de mais dados
    - Diego está ai? - Dom Pedro perguntou.
    - Acho que... Olha ele lá - David apontou e parecendo invocado pelo som de seu nome, surge o garoto de um dos quartos.
    Era mais magro que eu e mais alto. Moreno, cabelos lisos e barba. Vestia uma bermuda e uma blusa, tendo um avental preto por cima. Tinha um rosto fino e simétrico, com olhos pretos.
    - Diego. Esse é Fábio - Meu anfitrião me anunciou. - Fábio, esse é Diego. Estuda veterinária e trabalha com fotografia.
    - Prazer - e apertou minha mão com entusiasmo - É o novo colega de apartamento?
    Ele parecia ansioso.
    - Não sei ainda - Pedro respondeu - depende dele aceitar.
    - Ah, mas é uma ótima - falou, cheio de confiança - o condomínio é caro, uns mil e duzentos, mas dividido por nós quatro fica só 300 para cada. Mas em compensação, esse valor você economiza, pois o condomínio tem um ônibus que passa na faculdade, além de uma academia muito boa. Ou seja, só nisso você já economiza. Então o condomínio com as contas de luz e internet dão, no máximo, uns 600 reais.
    Diego falava rápido, parecendo um corretor de imóveis, mostrando-se muito interessado na venda. Mas eu tinha que admitir que a proposta era tentadora. Eu tinha pesquisado e por aquele preço eu muito mal conseguia um conjugado na parte afastada da cidade. Meu bico de segurança pagava com tranquilidade aquele valor e ainda sobrava para as despesas.
    - Então, acho que vou aceitar.
    - Maravilha - Diego comemorou. Mas Pedro fez um sinal para ele se acalmar
    - Então, Fábio. Resolvido isso, só organizar sua mudança. Precisa de ajuda?
    - Que nada. - ri - quase não tenho nada. Se toparem, hoje mesmo trago.
    - Isso - Diego deu um pulo e tirou o avental e pendurou em meu pescoço.
    - Esqueci de avisar - Dom Pedro se desculpou - é tradição o novato estrear em sua semana na limpeza do apartamento. Como era a vez de Diego, ele deu sorte de você chegar, pois a vez passou automaticamente pra você.
    Eu achei graça do entusiasmos e fiquei feliz em entender enfim o desejo de Diego em minha vinda.
    - Seja muito bem vindo, Fábio - e me deu um beijo estalado no rosto .
    A recepção foi muito tranquila. Os quartos da casa não eram espaçosos, se comparados as áreas comuns, mas ainda assim eram infinitamente maiores que meu alojamento.
    Dom Pedro era o único que não fazia rodizio na limpeza, sendo esse o único privilégio que tinha como dono da casa, porém era um rapaz tão asseado que parecia não deixar rastros por onde passava. Ele me informou que era chato com limpeza e organização, e bastaram poucos dias para eu perceber que isso era pouco. Era um verdadeiro ditador, com um faro aguçado para detectar qualquer irregularidade e achar rapidamente sua fonte. Não falava nada, bastava um simples olhar para intimidar até o corpulento David.
    Desse modo, fazer parte do rodizio de limpeza não era uma tarefa tão árdua. O que eu mais tive dificuldade de me adaptar a princípio era com a intimidade partilha pelos residentes da casa. Em alguns aspectos, lembravam meus primos e não eram avessos a, hora ou outra, oferecer abraços, beijos no rosto ou uma caricia camarada ocasional. Aquilo me deixou desconfiado que, talvez, assim como meus primos, eles fizessem algumas brincadeiras além. Mas nada comentei, apenas observei a princípio.
    A suspeita enfim teve sua confirmação numa madrugada. Acordei com vontade de ir ao banheiro e, após minha bexiga vencer o confronto contra minha preguiça, fui andando ainda sonolento até o banheiro. Na volta para meu quarto, porém, percebi que uma luz saia da brecha do quarto de Dom Pedro.
    Até aí, nada demais, se eu não tivesse escutado um trecho de algo que ele disse lá dentro.
    -... com calma, isso. Enfia agora, gatão...
    De início, duvidei ter entendido a essência da coisa. Até a voz de David surgir na sequência.
    - Hoje vai caber... Relaxa, gatinho.
    - Hum .. - o gemidinho choroso de Pedro - Ai...
    - Isso... Caramba, está entrando.
    - Não acredito - dessa vez era a voz de Diego - até o meio.
    - Para um pouco, deixa eu me acostumar. Isso - Pedro pediu.
    Então, foram só os gemidos baixinhos de Pedro, seguindo de uma ou outra risada suave de David e Diego.
    - hum... Ah... Ai... Nossa...
    Não sei quando tempo fiquei escutando por trás da porta. Só sei que, quando dei por mim, estava extremamente excitado. Vontade louca de entrar lá e participar sabe-se lá do que estivesse fazendo. Mas não seria educado de minha parte. Não havia sido convidado
    Então, me recolhi de volta ao meu quarto, mas dormir foi bem difícil, até o sangue voltar para os locais certos.
    Não comentei a noite em questão com ninguém, pois não queria admitir que fiquei ouvindo por trás da porta. Como bom caçador que era, sabia que presa de casa não se corria atrás e hora ou outra, seria convidado para aquelas festinhas noturnas .
    Por sorte, não tive de esperar muito. Pois na manhã seguinte, David e Diego saíram para a faculdade. Eu só teria aula de tarde e aproveitei para limpar o fogão, tarefa que tinha empurrado com a barriga até agora.
    Estava usando apenas meu avental e uma cueca, vantagens de se morar em uma casa somente com outros homens.
    Nesse momento, Dom Pedro vem para a cozinha, vestindo sua samba canção. Corpo magro a mostra.
    - Você leva a sério as coisas - comentou satisfeito.
    - Apenas gosto de ser útil - comentei - Odiaria ser um estorvo.
    - Ah, mas um deleite como você, seria tudo, menos um estorvo.
    Aquilo me pegou de surpresa. De comedido, de repente, Dom Pedro parecia ter partido para a ofensiva.
    - Deleite? - saboreei o efeito daquele adjetivo, achando graça.
    - Desculpe-me. Acho que me precipitei.
    - Não. Tudo bem. Ser elogiado é sempre bom.
    Continuei meu trabalho, fingindo não sentir seu olhar que me devorava pelas costas. Pedro então foi até a geladeira e pegou dois picolés.
    Nossas prateleiras eram respeitadas e cada um de nós seguia um tipo de deita. David era vegetariano e Diego tinha intolerância a lactose. Então era fácil um não se meter nas coisas do outro. Já dom Pedro sempre comprava coisas a mais e não era nada sovina em oferecer suas guloseimas aos demais.
    Aceitei o picolé que ele me ofereceu e chupei em sua companhia.
    - Posso te fazer uma pergunta, Pedro?
    - Claro, Fábio.
    - Você me parece um cara com dinheiro, que claramente não precisa dividir as contas. Então por que dividir apartamento com um bando de desconhecidos?
    Ele fingiu pensar a respeito, enquanto dava uma mordida.
    - Acho que gosto de companhia.
    - Justo. Embora percebi que você parece ter um tipo de colega de quarto. Um perfil, digamos assim
    - Como assim? - ele sorriu, era óbvio que pensávamos a mesma coisa, mas estava divertido brincar com as intuições.
    - Me diz você - e lhe cutuquei com a ponta do picolé, bem no mamilo.
    Ele levou um susto com o toque gelado.
    - Desculpe-me. Acho que me precipitei - brinquei e então me inclinei e lambi seu peito, limpando o xarope de uva que tinha ficado nele.
    - Nossa - suspirou. – É... você é do tipo que eu gosto de colega de quarto.
    - E qual seria esse tipo? - aticei e acabamos respondendo ao mesmo tempo - Ativo?
    - Ativo -ele entoou em uníssono.
    - E como sabe que sou ativo?
    - Tenho um bom faro pra essas coisas - admitiu sem modéstia e eu não discordei. Pois Dom Pedro, afinal, era um caçador como eu, todavia, não éramos do tipo que disputássemos a mesma fauna. Pelo contrário, nossos interesses compactuavam perfeitamente.
    Era impossível esconder a excitação. Meu volume estava a mostra, mesmo por trás do tecido pesado do avental. Nesse instante eu percebi o que me faltava. Era exatamente aquilo . O gosto da caça.
    Aquela brincadeira que Dom Pedro estava fazendo era justamente o que eu fazia sempre em minha cidade. Aqui, nesse mundo universitário onde o sexo é livre, minhas transas eram fartas e fáceis.
    Mas essa facilidade também tirava um pouco a graça da coisa. Você pode pegar um animal selvagem e o alimentar. Ele comerá para matar a fome, mas sempre vai sentir falta da caçada, da conquista. A fome é uma necessidade, mas a caça é um estilo de vida. Um gato, mesmo após anos de domesticação, ainda não esqueceu os instintos e eventualmente vai caçar uma presa que entrou em seus territórios, mesmo tendo comida farta todos os dias.
    Aquilo que Dom Pedro fazia me parecia muito interessante: atrair caras para sua casa e ir seduzindo aos poucos. Enrolar em sua teia e então finalizar. Fazia tempo que não me sentia tão excitado, mesmo sendo a presa da relação.
    - Então você tem seu curral particular aqui nessa casa? - perguntei
    - Não sei se curral. Vocês são só os meus gatões. Um Harém, talvez.
    - Engraçado, meu apelido era justamente leão na minha terra.
    - Providencial - comemorou - você pode ser meu leão.
    - E você? Acha que será meu dono? - questionei, terminando o picolé.
    - Claro que não - e nem esperou eu jogar fora o palito e saltou em mim com uma destreza Felina e me beijou - eu sou o gatinho de vocês.
    Correspondi aquele beijo com intensidade. Dom Pedro tinha uma boca macia e gostosa.
    Peguei no colo e o levei para o meu quarto, não parando de beijar um minuto sequer.
    - O gatinho ainda não tomou seu pires de leite - falou manhoso - você me dá?
    - Deu sorte, gatinho. A garrafa está cheia - e o deitei na cama e arranquei seu short. Fiquei um tempo admirando seu corpo nu. Dom Pedro deitado, submisso, como um animal indefeso esperando o próximo passo. Ele tinha um olhar astuto, daquelas que tinham total controle da situação. Ele brincava de se ocultar, não por pudor, mas por mistério.
    - Diz Fábio, gostou do que ouviu ontem? - inquiriu com um sorriso travesso e continuou, sabendo que me pegou de surpresa - dava para ver sua sombra por baixo da porta.
    Ele me pegou e eu sorri.
    - Me deu muito mais tesão saber que você estava ouvindo. Os garotos não perceberam, mas eu sim. Gemi só pra você aquela noite.
    - E o que vocês estavam fazendo, afinal?
    Ele engatinhou até mim, desamarrou meu avental e arriou minha cueca
    - Nossa. Meu faro nunca se enganou. Reconheço um bem dotado a quilômetros - se vangloriou, acariciando meu órgão. Depois, me olhou - posso te mostrar. Mas primeiro, preciso que me aqueça antes.
    E engatinhou virando de costas, depois, arriou a cabeça e empinou a bunda. Um cuzinho rosado e lindo. Todo pra mim. Oferecido como uma viúva negra, apenas esperando o macho que não conseguia resistir, mesmo sabendo o grave risco que corria.
    Ajoelhei em devoção diante dele e peguei em sua bunda, acariciei, beijei com suavidade. Que cheiro delicioso. Perfumado. Beijei com carinho, introduzindo minha a língua que deslizou como uma cobra pra dentro do buraco
    - Nossa - ele soltou, gemendo profundamente - Como você é bom nisso
    Chupei com vontade, com mais ímpeto que fiz com o picolé. A todo momento alisava meu rosto em suas nádegas, sentindo a macies da pele. Nunca senti nádegas tão lisas e macias, nem em meninas.
    Levantei e me posicionei por cima, aproveitando da sua postura inclinada. Encaixei e meu pau deslizou pra dentro, sendo recebido com calor e carinho por seu corpo. Dom Pedro era um perfeito anfitrião, em todos os sentidos da coisa.
    Ele mordeu o lábio e soltou um gemido choroso, carregado de prazer. Não havia resistência, o atrito provocando era gostoso. Meu pau deslizava para dentro dele de forma extremamente confortável. Quem olhava de fora jamais imaginaria que esse garoto fosse tão dilatado.
    Eu poderia meter nele por horas sem nenhum dado ao meu pau. E ouvir ele perder o controle daquele jeito estimulava e ir mais e mais a frente. Dom Pedro, um verdadeiro fidalgo fora daquelas paredes, se convertia em um verdadeiro promíscuo. Totalmente entregue e sem o mínimo de pudor em esconder seus prazeres.
    - Você fode como um animal - comentou, sem um pingo de ofensa ou remorso
    - Você não viu nada - e subi totalmente na cama, pegando pressão e, com ajuda do meu peso, meti com toda a força que possuía
    Dom Pedro gritou, gemeu, chorou e pediu mais e sempre mais. Implorou. Invocou divindades as quais eu acreditei serem invenção.
    - Fábio, por favor. Vai... Isso... Meu Deus... Por favor. Continua... sim... Vai com tudo...
    Aquele garoto não conhecia fins. Estava tão pilhado que eu não tinha sequer sinais que ia gozar, embora o esforço físico começasse a me cansar. Foi então que me lembrei
    - Acho difícil acreditar que isso foi tudo o que você fez ontem a noite. Não o vejo ter dificuldades em levar rola na bunda, a menos que David ou Diego sejam verdadeiros cavalos.
    Ele se deitou e me olhou, com faísca nos olhos e um sorriso faminto
    - Me faz um favor? Vai no meu quarto e pega um tudo vermelho na primeira gaveta da cômoda ao lado da cama.
    Não tinha como dizer não para ele. Fui e trouxe o tubo de gel que achei.
    Ele pegou e, de joelhos em minha frente, segurou minha mão e a alisou
    - Você tem mãos grossas - comentou
    - Trabalhei muito com elas
    - Adoro mãos grossas - então abriu o tudo e despejou quantidades generosas, melecando toda minha mão e parte do antebraço.
    Eu não entendi o que aquilo significava. E Pedro não explicou. Apenas voltou para a posição inicial e ofereceu o orifício, que, milagrosamente, havia voltado ao tamanho natural mesmo depois de ter sido tão judiado. Sua flexibilidade deteria ser a de uma mulher em trabalho de parto.
    - Acho que agora você já sabe o que fazer.
    A verdade é que não sabia. Na verdade, imaginava mas era incapaz de acreditar. Não querendo deixar tão evidente minha ignorância no assunto, me ajoelhei de novo e, com todo o cuidado, enfiei um dedo, depois outro. Era fácil. Muito fácil. A curiosidade venceu o medo inicial e eu uni os dedos e fui novamente.
    Foram entrando e eu não era capaz de acreditar em que meus olhos viam
    - Fico feliz que eu tenha sido o primeiro que você fistou - o ouvi dizer - esse seu olhar me valeu todo o mundo
    Mas eu não o ouvia direito. Estava demasiadamente impressionado com aquilo para poder dar atenção a qualquer outra coisa. Logo minha mão entrou totalmente. Meus dedos tocavam seu interior. Naquela hora, era mais difícil, mas tateando com calma, eu era capaz de achar caminhos e, por incrível que parecesse, enfiar mais. Eu sentia o anel de seu ânus apertar meu punho, estrangulando.
    Pedro agora começava a gemer
    - Nossa. O punho do David é maior que o seu... Mas o seu... Nossa..  você parece já ter prática. É um talento natural.
    E eu continuei, até que ele começou a se descontrolar. Eu já tinha metade do antebraço dentro dele. Mexi de leve os dedos e sentia o seu interior quente e molhado
    Se Dom Pedro gemia antes, agora ele se descontrolava todo. Não ousei enfiar mais, pois não o queria machucar. Fiquei parado, vendo ele se contorcer em uma agonia que parecia que ia explodir de prazer
    Ele não conseguia mais falar, perdido, enquanto apertava o anel do ânus em torno de meu braço.
    A sensação para mim era totalmente inédita. Uma cena tão estranha, mas incapaz de causar qualquer tipo de repulsa. Pelo contrário. Ver Pedro gemer daquele jeito me fez delirar. Meu pau não baixava, mesmo tendo sido esquecido da brincadeira por longos minutos
    Olhava para seu rosto e estava vermelho. Ele suava e seus olhos pareciam lacrimejar.
    Seu pau escorria, um sêmen grosso que não ejaculava, mas vazava pra fora
    Com a outra mão, eu alisei seu rosto, fazendo carinhos como se ele fosse realmente um gatinho, manhoso, ronronando.
    - Pode tirar, por favor. Está começando a doer - pediu e eu obedeci, ainda sem entender tudo aquilo que acontecia - devagar. Não tira de uma vez, se não leva meus órgãos contigo - e riu, fraco.
    Meu braço parecia não ter fim saindo aos poucos até enfim chegar ao ar fresco do quarto. Sem um pingo de sangue ou sujeira.
    Eu me levantei e ainda olhava minha mão estático. Dom Pedro respirava aliviado
    Ele, sem nada dizer virou, deitando de bruços diante de mim. Pegou meu órgão e chupou. Mamou até tirar todo o leite que queria. Eu ainda estava impressionado demais para expressar qualquer reação, mesmo durante o orgasmo
    - Bem vindo ao lar, Leão - ele se ergueu e me beijou o rosto. Tinha ainda uma gota de leite escorrendo do focinho.
  • Diários de caça - Capítulo 11 – Resiliência

    Resiliência é a capacidade de um organismo de, como a água, se adaptar as mais diversas condições. Como cresci basicamente no mesmo habitat, nunca tive a necessidade de praticar tal habilidade, tão essencial a evolução de qualquer ser. Porém, acredito que os anos longe de casa me fizeram ver essa força que eu tinha dentro de mim. No dia seguinte bem cedo, me arrumei para sair.
    Pedro tinha acabado de acordar e pedi permissão para dividir a pia para escovar os dentes.
    - Está galante. Conseguiu o emprego? - comentou, escovando os dentes. Seus cabelos, bagunçados como estavam, lhe conferiram um charme a mais.
    - Na verdade, ainda não. O teste de verdade será hoje
    Ele enxaguou a boca e secou, então me deu um tapa na bunda e um beijo no rosto
    - Boa sorte. Não que precise.
    - Valeu
    Cheguei a concessionária na hora marcada e fui para o vestiário e me troquei. Em meia hora, me apresentei ao escritório de Augusto já pronto, recebendo um belo sorriso de aprovação de Vera. Augusto chegou logo depois
    - Vera, mas já? Daqui a pouco vai dormir aqui. E está diferente. O que houve? Soltou os cabelos, parece mais alegre - e riu.
    - Nada demais, senhor Augusto - respondeu, corando levemente
    - Bem, seja o que for, está ótima. E olha pra você - se voltou pra mim - Parece um cavalheiro. Gostei. Então, vem aqui no escritório que quero te passar os detalhes.
    Entramos e eu mandei um beijinho para Vera, na surdina, que o recebeu rindo como uma colegial.
    - Garoto, na verdade não tenho muito o que dizer. O cliente de hoje, o Sr. Maia, é um homem estritamente pontual. Marcou conosco as 10h , então as 9h50 já esteja pronto para receber. É um homem de poucas palavras, não entende muito de carros, mas entende de blefe. Sabe quando o tentam enganar então, se não for um exímio jogador de poker, seja sincero com ele.
    Eu apenas confirmava com cada palavra, absorvendo tudo o que podia
    É um homem de rotinas sólidas, e uma de suas  tradições mais sagradas é trocar de carro uma vez por ano, na mesma época. Caímos em suas graças o bastante para ele vir a nossa loja nos últimos três anos, mas sei que podemos ter mais dele. É um homem influente e conhece muitas pessoas. Poderia nos indicar amigos.
    - Agradeço a oportunidade - respondi - Só uma coisa. Me parece ser uma tarefa muito importante. E eu sou iniciante. Não me leve a mal, não estou fugindo do desafio, apenas quero garantir quero senhor está plenamente ciente de sua escolha.
    Parece que eu tinha chegado ao "x" da questão. Uma coisa que até mesmo Augusto devia estar pensando desde que me propôs a tarefa.
    - Pois é, garoto. A verdade é que estou apostando muito. Você joga xadrez?. - e se mostrou desconfiado quando respondi afirmativo - Então, conhece a jogada do gambito.
    - Sim. Basicamente, usar uma peça como sacrifício para tentar conseguir algo com isso. Um truque, para atrair a vítima. Não me leve a mal, eu reconheço que como novato sou como um peão, que pode ser sacrificado sem grandes danos. Mas não tem medo de perder um cliente, que pode ser uma peça muito mais valioso.
    Ele ergueu as sobrancelhas em surpresa.
    - Outras pessoas se sentiriam ofendidas se serem referidas como peão - brincou.
    - Na natureza é assim. As formigas, por exemplo, se unem para criar uma barreira e proteger a toca do frio, chuva e outras coisas. Se sacrificam em nome no grupo e da rainha. Eu, como líder, também pensaria assim.
    Ele me olhou em silêncio, parecendo  cada vez mais difícil esconder o espanto.
    - Pois bem... - e riu, ainda sem acreditar - o fato é que perder o senhor Maia não seria uma perda tão grande assim. Ele compra um carro por ano, como falei. Tenho clientes que compram um carro quando estão estressados. E a maioria são banqueiros então - riu - você deve imaginar quanto eu vendo a eles - Não. Maia só é valioso enquanto potencial. Que se não realizado, não vale. Vários vendedores bons não caíram em suas graças. Então estou apostando em você. Se caiu em minhas graças, creio que vai dobrar o cara. - e pigarreou, claramente arrependido de ter admitido aquilo tão cedo - Pois bem. É isso.
    - Entendo - fingi não ter notado seu constrangimento - Mais algum conselho?
    - Sim. Não me decepcione - esse ele falou bem sério.
    Eu então obedeci. Quando cheguei no pátio, na parte coberta, fiquei olhando o ambiente, reconhecendo cada lugar, as pessoas que o frequentavam. Conhecer o terreno é fundamental para qualquer caçador e não importa em qual selva esteja, essa regra é fundamental em todos os locais.
    Na hora inglesa, vejo Augusto acenar para mim de longe. O tal Maia era um homem de meia idade, porte de nadador. Daqueles que parecem sempre encontrar tempo para se exercitar. O terno lhe valorizava. O cinza do tecido combinava bem com o grisalho dos cabelos de do cavanhaque. Tinha olhos azuis, pele queimada de sol.
    Fiz um gesto afirmativo para meu futuro patrão. Observei que Maia falava ao telefone e olhava alguns carros de forma desinteressada. Esperei onde estava, estudando. Era um daqueles homens objetivos, olhava bem sucintamente e rapidamente parecia fazer uma avaliação do modelo, partindo logo para outro.
    Meu patrão gesticulava para eu ir e eu fiz sinal que iria esperar mais. Seu gesto deu a entender que ele iria arrancar os próprios cabelos. Achei graça, mas mantive o tom profissional. Maia já tinha saído do telefone e continuou olhando. Até que parou no último lançamento. Um modelo veloz e na cor cinza. Tive o palpite de que ele gostava dessa cor. Olhou bem o veículo e então olhou para o relógio.
    Foi minha deixa.
    - Vejo que gostou do A7 Sportback. Não poderia ter eleito melhor. E a cor cinza combina com o senhor. - cheguei direto ao ponto, então completei, fingindo ter me precipitado - ah desculpe. Me chamo Fábio. Irei lhe atender hoje.
    Ele me olhou de cima a baixo, gesto aparentemente comum naquele meio, onde as pessoas te julgam logo o primeiro segundo e você tem que causar uma boa primeira impressão.
    - Estou te esperando um tempão.
    - Desculpe, o vi entretido há alguns minutos e não quis atrapalhar. Estava bem ali - indiquei, sem demonstrar nenhum receio - Vi que descartou os utilitários familiares e foi direto nos esportivos. Parece um homem que gosta de ação. Imagino que queira experimentar uma corrida nessa belezinha - e mostrei as chaves que já tinha pego de antemão.
    Maia continuou a me olhar como se eu fosse uma criatura estranha e única. Imaginei que minha atitude de cara o desarmaria. Tal como Augusto, ele era do tipo de homem que não está acostumado as pessoas de cabeça erguida ao falarem com ele. Estava acostumado a intimidar e não a ser intimidado. Na verdade, esse era um ponto que ainda me intrigava. Digo isso, pois percebi um certo receio nele que não identifiquei de cara o que seria
    - Aceito. Você dirige. - e foi indo ao pátio onde estavam os modelos para teste de direção.
    Chegamos e eu tentei insistir.
    - Tem certeza que não quer dirigir?
    - Eu não dirijo.
    - Sinto muito. Não queria lhe constranger  - e sentei no banco e ele no banco de trás.
    - Para sua informação. Eu sei dirigir, mas não o faço. - corrigiu, claramente com o orgulho chamuscado.
    - E eu jamais insinuei o contrário. - e lhe pisquei pelo retrovisor, usando minha melhor cara de poker.
    Mais uma vez senti Maia encolher e algo dentro de mim acelerava o sangue em minhas veias. Já tinha entendido porque Augusto me escolheu para aquela tarefa. Pois a estratégia usada contra ele era a mesma que usei contra meu futuro patrão. Minha defesa anti predatória que era capaz de inverter o jogo e deixar meu predador encurralado.
    Mas tinha algo mais. Algo que provavelmente nem Augusto previa mas eu sim. Meu faro não me enganava. Eu só tinha que encontrar uma brecha para cravar minhas presas. Como uma onça, quando eu desse o bote, seria diretamente na jugular.
    Aproveitei o silêncio do senhor Maia durante o trajeto e lhe expliquei sobre o veículo, seus potenciais. Fui bastante honesto com os defeitos, pois seguia o conselho de Augusto que me alertou sobre a inutilidade de tentar mentir para aquele homem.
    Foi quando seu telefone tocou. Ele o pegou, olhou a tela e bufou antes de atender, fazendo sinal para eu interromper a explicação.
    Me calei e ouvi, fingindo ter atenção somente na estrada
    - Oi Amor. Sim... Aham... Entendo... Eu já disse que sim... Não. Não há a necessidade de... Tudo bem... Tudo bem... Te ligo depois, sim? Estou ocupado agora. Sim, negócios... Outro.
    E desligou. Tentei esconder o sorriso que brotava em minha boca, procurando parecer o mais casual possível.
    - Mulheres - fiz pouco caso, usando de uma tática comum a qualquer homem casado. Falar mal das patroas.
    Pela primeira vez, vi, nem que fosse um milímetro de sorriso. E me espantei em perceber como ele ficava mais bonito quando tentava sorrir.
    Era hora de partir para a jugular.
    - Como é minha função aqui orientar sua escolha, senhor Maia, devo dizer desde agora que esse carro não é para o senhor. Deveria escolher outro
    Ele me olhou intrigado.
    - Nada de errado com o carro. Ele é impositivo. É forte. E confere essas características a quem o dirige. Mas só a quem o dirige. O senhor é um homem que provavelmente precisa chamar a atenção nos eventos de negócios. E chegar de carona neste veículo, não vai funcionar. Sem ofensas, mas esse é para homens que tomam as rédeas da situação.
    Ele ia protestar, mas ficou tão chocado com minha ousadia que vacilou e eu aproveitei a chance.
    - O senhor tem muito dinheiro e prestígio. Isso é inegável. Mas por alguma razão não toma as decisões da sua vida. Suspeitei quando abriu mão de dirigir e testar o próprio carro. E confirmei agora ao escutar sua conversa - e me apressei em acrescentar - Desculpe. Não tinha como não ouvir. E basicamente só ouvi concordâncias, mesmo que seu tom de voz insinuasse que quisesse dizer o contrário.
    - Você está abusando de sua posição - alertou, tentando parece mais ameaçador do que conseguia.
    - Pelo contrário. A princípio, deveria eu estar falando apenas de carro. Mas escolher um veículo e como escolher qualquer coisa na sua vida, tem que estar de acordo com sua natureza. Qualquer animal sabe disso. Sabe onde sua mão pode alcançar. Você não vê leões caçando elefantes, ou tubarões atacando baleias. Mesmo eles sendo os predadores, eles sabem escolher aquilo que está diante de suas capacidades. O senhor é um homem que se sente confortável em se deixar conduzir. Se me permite, tenho outros modelos que seriam muito melhores ao senhor.
    - Vou ter de falar com Augusto, sobre você.
    Sorri em triunfo. A ameaça, a última saída daqueles que sabem que perderam. Não era preciso ser um conhecedor da natureza como eu para saber que, quanto mais um cão late, menores são as chances de efetivamente morder.
    - Bem, senhor Maia. Acho que devo lhe avisar que ainda não fui contratado. Então, Augusto não pode fazer nada comigo senão negar uma coisa que já não é minha a princípio.
    Maia riu, descrente.
    - Augusto me mandou um iniciante para me atender? Inacreditável.
    - Errado, mandou seu melhor vendedor para seu perfil de cliente. - e encostei o carro - Se eu parasse de dirigir agora, o que faria?
    Ele ficou sem palavras
    - Você tem que me levar de volta
    - Errado, senhor Maia. Não sou obrigado a fazer nada. Se o senhor deixou bem claro que não serei empregado quando voltarmos, porque teria alguma responsabilidade sobre o patrimônio da concessionária de Augusto?  - e o encarei muito sério pelo retrovisor. - E então, vai sair e pedir um Ber, ou vai pegar no volante e dirigir?
    Ele não respondeu e eu saí do carro, dei meia volta, abri a porta de seu lado e me inclinei em sua direção. O receio que ele emanou me deixou em êxtase. O medo da presa aumenta a fome do caçador. Essa é uma verdade universal. Saboreei aquele impacto por mais tempo.
    - Então? Afim de me colocar em meu lugar e me levar para poder falar mal de mim para Augusto?
    Ele me olhava de cima a baixo, numa confusão de sensações. Meu porte ficava ainda mais realçado naquela posição, quase debruçado sobre ele. Eu sabia que ele me olhava. Minhas suspeitas já estavam mais que confirmadas.
    Ao final, ele bufou, ergueu e foi para o volante. Eu sentei ao seu lado e mais uma vez Maia não soube bem o que fazer. Peguei sua mão direita e guiei.
    - Vai perceber, senhor Maia, que pegar o que quer é muito melhor do que mandar outra pessoa fazer pelo senhor.
    Passei a mão direto pela marcha e aproximei de meu órgão. Ele tremia, sua mão suava, mas ele não fez nenhum sinal de puxar de volta. Eu então retornei e, antes que me tocasse, a pousei em cima da marcha do carro.
    - Então? Qual será nosso destino? - e sorri, fitando com muita arrogância - O senhor pode seguir nossa rota e eu poderei te explicar mais sobre esse veículo. Ou podemos voltar a concessionaria e você me destruir para meu futuro ex chefe. Ou... Bem... Ficamos por conta de sua imaginação. - me inclinei ao lado e falei ao seu ouvido - você é o motorista, senhor Maia. Pode me levar onde quiser.
    Sua reação foi mais rápida do que imaginei. Ele logo saiu com o carro e tive de admitir que ele de fato era um exímio motorista. Andamos em silêncio pela rua, onde saboreei sua tensão. Até que ele virou uma esquina e entrou direto pela garagem de um motel.
    Entrou, pegou um quarto e foi sem olhar para mim. Ao estacionar na garagem do quarto, saímos e eu o segui com as mãos no bolso e muito relaxado.
    Entrei no quarto e ele me olhou novamente dos pés a cabeça. Tinha percebido desde cara, só não tive certeza. A primeira vez que ele fez isso, de inicio parecia que me olhava de cima, tal como fez Augusto. Mas tinha algo a mais e eu quase deixo passar se seu medo diante de meu charme não o denunciasse tão descaradamente.
    - Então, senhor Maia - dei de ombros - para o que me trouxe?
    Ele avançou em mim como uma fera faminta, me beijou, jogando seu peso contra mim. Me conduziu até a cama onde me atirou, ajoelhou-se e, desajeitadamente, abriu meu cinto e minha calça.
    Após conseguir tirar, arriou minha cueca e abocanhou meu órgão como um homem sedento. Somente conseguindo respirar em paz após sentir o gosto em sua boca
    Aos poucos ele foi se acalmando. Sugando meu pau e respirando mais manso. Um suspiro de alívio, como se tivessem lhe jogado um bálsamo sobre uma queimadura.
    Ele chupou, lambeu, cheirou. Arrastou meu órgão pelo rosto, em transe.
    Adorava aquele olhar de êxtase. Era o mesmo dos garotos de minha cidade, que de tanto se segurarem, quando enfim tinham a chance de experimentar o que tanto queriam mas não podiam ter, se esbaldavam.
    Eu antigamente pensava que o povo da cidade era melhor resolvido nessas questões, em especial conforme fui me envolvendo com os universitários. Mas dava para ver que para gerações anteriores, esses tabus ainda existiam. Quanto mais livre você podia ser, mais criava amarras para se prender
    - Ainda vai conversar com Augusto sobre mim?
    - Vou sim - e chupou mais - Vou mandar ele te contratar, caso contrário será o mais idiota dos homens.
    Aquela devoção, vinda de um homem que me olhava há pouco como um lacaio, me encheu de tesão.
    - Ele não acreditará, ha menos que compre um carro
    - Aquele já é meu. - prometeu.
    Sorri e o deixei chupar mais. Apesar de sua afobação estar o deixando meio descuidado com os dentes, aquela dor oriunda de seu desespero me era muito atraente. Acho que sempre gostei quando a dor e o prazer se mesclavam de forma tão harmônica.
    Depois, o peguei e o fiz se levantar. Fui tirando sua roupa e vendo que seu corpo era bonito mesmo sem aquele terno caro. Seus olhos estavam demonstrando sua apreensão. Ele não devia ser o tipo de pessoa que se sentia a vontade se despindo pra outra. Dava para ver que me estudava, como que tentando encontrar algum desagrado em meus olhos.
    Mas gostei do que vi. Gostei muito
    - Me diga, Maia. Ou melhor, Henrique - e sorri ao ver sua surpresa. Eu tinha visto sua ficha de cliente antes de o encontrar. - O que você deseja agora?
    - Quero você dentro de mim
    Sem rodeios. Assim que eu queria
    O peguei pela nuca e o beijei com mais intensidade, mantendo-o bem preso junto a mim. Então, num movimento preciso, girei meu corpo e o atirei de bruços na cama atrás de mim.
    Peguei suas pernas e as abri, montei por cima dele e abri suas nádegas. Deixei uma linha grossa escorrer de meus lábios e atingir em cheio o orifício. Depois, encaixei e enfiei
    Aquele atrito gostoso de um rabo pouco usado. Maia esperneou, contorceu, suou, mas em nenhum momento ousou mandar eu parar. Quando entrei por completo, olhou pra trás e disse:
    - Vai. Por favor. Vai.
    Me ajeitei e comecei a movimentar o quadril. Golpeando com força e arrancando seus gritos e gemidos. Durante aquele longo tempo, esses eram os únicos sons que se ouviam naquele quarto, guiados pelo estalar de nossos corpos.
    *
    A volta foi infinitamente mais tranquila, onde pela primeira vez vi o senhor Maia sorrir de forma relaxada.
    Chegando de volta na concessionária, ele foi tratar as questões finais com Augusto que notou de cara que havia algo diferente e me lançou um olhar interrogativo. Deixando claro que queria falar comigo depois.
    - Vera, minha flor, se quiser aproveitar para tirar seu almoço. Vou sair agora com o senhor Maia.
    Vera atendeu prontamente e eu aproveitei para comer também. O refeitório da empresa era amplo e serviam uma comida simples mas bem apetitosa. Aproveitei o momento para conhecer melhor Vera, que era uma mulher muito interessante. Era uma grande conhecedora do mundo, muito erudita, o que me fez perguntar o que ela fazia como secretária?
    Resumindo, Vera fora casada durante 15 anos com um homem um tanto quanto obtuso. Viveu esse tempo como dona de casa apenas e infelizmente descobriu que não poderia ter filhos, culpa essa que o marido atribuía a ela, embora os médicos discordassem. Acostumada a sua vida mais ou menos, apenas teve a alforria quando o marido faleceu, vítima de infarto. Com a liberdade recém conquistada e sem nenhuma experiência no currículo que Sá os muitos livros que leu ao longo da vida para lhe salvar da monotonia, ela acabou conhecendo Augusto e foi contratada.
    - Augusto viu em mim alguém capaz de arrumar bem qualquer coisa, uma casa, ou uma agenda atrapalhada como a dele - riu. - gosto do senhor Augusto. É um homem bom.
    -Ele de fato parece ter um bom olho - comentei.
    - Sim. Por isso viu em você algo a mais - e sorriu com carinho. - Eu também vi. - completou.
    - Vocês dois estão colocando muitas expectativas em mim - sorri.
    - E você coloca expectativas de menos - corrigiu. - Ah se eu fosse alguns anos mais jovem. Agarrava você e não soltava mais
    A diferença de idade entre mim e Vera era de uns 20 anos. Era uma linda mulher. Nunca pensei em idade como um problema, embora naquela época ainda, nunca tivesse pensando em um envolvimento maior que algumas horas de uma boa transa com ninguém.
    - Pode me agarrar sempre que quiser - brinquei e ela corou.
    - Vamos mudar o assunto - riu e então conversamos sobre a empresa. Uma conversa agradável e que fluiu com naturalidade.
    Quando voltamos, Augusto e Maia ainda não tinham voltado. Augusto chegou sozinho, uma meia hora depois e me mandou ir a sua sala.
    - Boa sorte - desejou Vera. - Faz anos que não o vejo animado assim.
    Eu entrei e não posso negar que sentia um pouco de nervosismo. Daquele que nos acometem ao receber o resultado de uma avaliação, mesmo sabendo que mandou muito bem
    - Fábio, meu garoto. Me diga, o que diabos fez com aquele homem? - seu rosto era difícil de traduzir. Se aquilo era una felicitação ou uma bronca - Nunca o vi daquele jeito, falante, animado. Normalmente ele vem ao meu escritório, fecha o negócio e sai sem dar tchau. Mas hoje... Até para almoçar me convidou. Falou dos amigos, dos negócios. Ah, garoto, garoto. Grandes coisas vem dali, poso sentir.
    - Fico feliz que tenha sido proveitoso. Espero ter causado uma boa impressão.
    - Com certeza causou. Ele basicamente disse, não em palavras, que eu seria um imbecil se o deixasse escapar.
    Fingi surpresa.
    - Como dizem, homens inteligentes pensam igual. O que me faz lembrar - e pegou um papel do bolso - isso é seu. Sua primeira comissão.
    Eu peguei o cheque e desta vez não fui capaz de dissimular. Nunca recebi tamanho dinheiro em uma única tacada.
    - Nosso salario base não é glorioso, mas sem duvidas dá pra viver dignamente. Agora, se você quiser ganhar dinheiro mesmo garoto, são as vendas que lhe trarão isso. Quero você aqui. Não me interessa o horário que vai escolher, converse isso com o Igor do RH, não vou discutir questões idiotas como essa. Pra mim tanto faz. O que quero é que use, sei lá o que você tem, para atrair nossos clientes - e bateu em meu ombro com força. - Garoto, vejo um futuro brilhante pra você.
    Eu fiquei realmente grato. A verdade é que nunca fui um aluno brilhante na escola, e nunca fui elogiado dessa forma em minha vida. Normalmente meus elogios são outros.
    - Obrigado, senhor - falei, emocionado.
    - Não venha com sentimentalismo, garoto. Deixe isso para os que precisam se sentir gratos por qualquer migalha de elogio que recebem, pois são medíocres. Para nós, pessoas de talento, aceite com honra o que é bom e pronto.
    Eu concordei, recompondo-me
    - Agora, garoto. Me diga. Qual foi seu segredo com Maia?
    - Não espera que eu exponha meu talento assim, não é senhor?
    Augusto soltou uma sonora gargalhada e bateu mais forte em meus ombros
    - É disso que gosto em você. É disso que gosto.
  • Diários de caça - Capítulo 12 – Harém

    Uma das lembranças mais prazerosas de minha vida e que me deixam ereto cada vez que resolve povoar a mente, é daquela noite em que, pela primeira vez, fui convidado ao circulo de prazeres internos daquele apartamento.
    Era um noite bem tempestuosa e eu tinha ficado em casa. Meus colegas também e eu estava no meu quarto lendo quando alguém bate a porta. Mandei entrar
    - Oi Leão - Dom Pedro enfiou a cabeça e tinha em seu rosto aquele sorriso sapeca de quando queria brincar - Está ocupado?
    - Não. Pode entrar.
    Ele veio e tinha nas mãos um pedaço de tecido.
    - Estava pensando em você aí sozinho. Sem nada pra fazer e pensei em te convidar para um joguinho.
    - E qual séria esse joguinho? - sorri, antevendo.
    - Coisa boba - e se achegou - eu coloco essa venda nos seus olhos e te levo pra fora. Lá, nos brincamos.
    - E eu iria gostar desse jogo, por que? - inquiri.
    - Ora. Só provando para saber, não acha? Não me diga que está com medo - e sorriu, travesso.
    Não tendo uma resposta, ele se achegou e passou a venda em meu rosto , amarrando bem firme.
    - Vem cá - e segurou minha mão. Levantei e deixei me guiar. Em passos lentos e cuidadosos, Pedro me tirou do quarto e a julgar pelo meu senso de direção, levava-me ao dele.
    Ali, não estávamos só. Meus instintos detectavam outra pessoa ali.
    Fiquei parado, no meio do cômodo, ainda vendado. Esperando, sentindo que eles circulavam em torno de mim. Como uma matilha de hienas cercando o leão.
    Alguém se achegou e soprou meu pescoço. Veio de um ponto mais alto que eu.
    - Diego também está aqui - comentei, achando graça.
    Ouvi risadas.
    Alguém agora cheirou minha nuca, o perfume era de David.
    Me abraçaram por trás, e eu senti um volume encostar em minha bunda. Pelo tamanho e força, ainda era David. Ele passou a mão por dentro de minha blusa e acariciou meu corpo, levantou o tecido e foi beijando minhas costas.
    Eu deixei, sentindo um arrepio gostoso provocado por sua barba. Outra pessoa arriava meu short e esfregava o rosto em minha cueca. Então puxou minha cueca devagar, fazendo meu pau saltar e colidir contra seu rosto. E o beijou. Alguém estava e minha direita. Diego. Chegou perto e eu me virei a tempo de retribuir seu beijo.
    - Como você sabe onde todos estamos?
    - Sou um caçador, Diego. Nunca te falei?
    - Nosso Fábio é um verdadeiro leão - ouvi dom Pedro falar, enquanto me chupava o órgão.
    - Mais um gatão para nosso lar.
    - Leão é? Tá explicado a juba - ouvi David zoar enquanto puxava minha blusa. Eu já estava completamente nu àquela altura.
    Sinto um órgão duro bater em minha bunda. David, atrás de mim, já devia ter se despido também e agora me beijava a nuca, seus mamilos roçando em minhas costas.
    - Tá aí, gostei. - e me chupou o peito, mordiscando.
    - Ai - protestei, embora tivesse gostado.
    Dom Pedro, agora me beijava os pés e ia subindo e lambendo da perna até a coxa.
    - Pelo visto, Dom Pedro arrumou outro espada para o grupo - David comentou.
    - Sabem como sou. Não gosto de concorrência em meu território.
    Alguém puxou minha venda e logo me acostumei a luz do quarto.
    Todos estavam nus.
    Diego falou ao me ouvido
    - Como você é novo, vamos te deixar ir primeiro hoje.
    Pedro, como um gato, engatinhou até a cama onde se pôs de bruços.
    - Vejo que investiu bastante nesse harém particular, não é, Dom Pedro? - comentei, notando que tanto David quanto Diego eram também bem dotados.
    David era o menor, porém extremamente grosso e o de Diego era longo e mais fino como uma cobra, meio torto pra cima quando ereto.
    Me acheguei e abri as nádegas de Don Pedro sentindo aquele aroma perfumado que só ele tinha.
    Beijei suas nádegas macias e passei a língua na pele lisa. Logo estava novamente com a cara enfiada entre elas e chupando o orifício.
    Seu gemido era baixo e manhoso, como um ronronar.
    Ali estava explicação que me faltava, do que motivava o bom samaritanismo de Pedro. Ao longo de meus dias ali, eram comuns festas como aquela. O fato de ser o dono da casa e ter uma bunda irresistível, tornavam Pedro o centro das atenções. O rei de nossas festas. Mas na natureza o status de Rei não era garantia de soberania. Pois o mesmo, poderia ser facilmente convertido em um escravo.
    A abelha rainhas é o centro vital de sua colmeia, atraindo todo o enxame a girar em torno dela. Todos ali dariam a vida por ela, todos os machos estavam a seu dispor. Mas isso também significava que ela teria de se dispor aos seus súditos.
    Como a abelha rainha é capaz de atrair os machos e, após àquilo é forcada a servir a eles, Pedro também era capaz de nos deixar loucos de prazer, mas isso significava também ter de aguentar os avanços de nossos desejos
    Pedro engatinhou até David, e ia lhe chupar o pau quando eu o peguei pelas pernas e o puxei. Ele caiu de novo de bruços sobre o colchão. Olhou pra mim com um sorriso surpreso
    - Você disse que eu seria o primeiro e eu ainda não acabei. Então, montei em cima dele e comecei a penetrar sem aviso. David e Diego não se importaram. Estavam em êxtase vendo a surra que eu dava em nosso benfeitor.
    O golpeei com força, jogando meu peso contra seu corpo jovial.
    Foi quando a campainha tocou e Diego riu
    - Vou atender.
    Eu não entendi e Pedro também não parecia saber o que se tratava. Embora o brilho em seu olhar pudesse intuir
    - Aqui, pessoal - David chamou e outros dois caras entraram. Vestiam uniformes ainda. Um deles trabalhava nos Correios. Outros, pelo que entendi da logo, devia ser uma loja de calçados.
    Eles sorriram me vendo foder Pedro.
    - Fiquem a vontade - David falou. Assim que nosso amigo terminar, ele é todo de vocês.
    Pedro olhava de um pra outro salivando. Eu fodi mais enquanto os dois novos se despiam. Quando nus estavam, eu sai e dei lugar, já que não era uma pessoa egoísta. Um deles o virou de barriga pra cima e se enfiou entre suas pernas, o outro ajoelhou na cama e enfiou o órgão em sua boca
    David chegou até mim e me beijou, roçando o pau contra o meu.
    Diego me veio por trás e colou o corpo em mim. Apesar de não gostar de macho atrás de mim, deixei. Afinal todos ali éramos predadores e assim, devíamos saber respeitar um ao outro.
    Brincamos entre nós enquanto Pedro era devorado pelos dois homens que eu não sabia sequer o nome. O dos correios logo gozou e pediu licença, pois ainda estava de serviço.
    A vaga na bunda de Pedro foi coberta por Diego. O outro rapaz veio até nós e quis nos chupar. Pedro não gostou. Era um territorialista. Logo então eu ia descobrir que Pedro não tolerava nenhum outro passivo nas festas em que organizava. Sempre que chamávamos outros, era quando ele não ia brincar.
    Apesar de um pouco egoísta, Pedro era um bom anfitrião em todos os sentidos. E poderiam ser três ou mais ativos, ele aguentava e dava atenção a todos, de forma intensa e insaciável. Não tinha problema ele querer monopolizar os paus para si, uma vez que era capaz de dar atenção a todos.
    Deixamos o garoto nos chupar, já que não íamos estragar a brincadeira. E ele logo depois foi embora.
    Depois de Diego, foi a vez de David deitar ao lado de Dom Pedro e lhe penetrar naquela posição.
    - Nossa. Estou todo ardido. - desabafou
    Mas ignoramos. David se levantou e o pegou no colo, de frente para si e o penetrou assim mesmo. Eu aproveitei e fui por trás, encaixei junto de meu amigo e, depois de algum esforço, dividi aquele canal com David.
    - Ah - gritou, soltando o ar de uma vez - Vocês vão acabar comigo assim - protestou.
    - Aguenta gatinho - Diego veio para o lado e calou sua boca com um beijo.
    A abelha rainha tinha começado o acasalamento e não era mais direito dela encerrar até que todos a tivessem fecundado. Esse é o problema de se brincar com fogo. Você pode iniciar uma chama, mas é bem capaz que perca o controle do incêndio.
    Fodemos Dom Pedro sem piedade. Ele já não falava mais nada, apenas gemia, recebendo nossos órgãos sem nenhuma resistência. Ao final, fomos brindados com o fisting que David lhe deu. O braço do personal era grosso e era uma cena excitante o ver enfiado até o antebraço no corpo de nosso amigo. Quando acabamos, o deixamos jogado na cama, recuperando o fôlego.
    - Hoje esse aí dorme a noite toda - gabou-se Diego.
    - As noites são sempre animadas assim? - perguntei, sentando entre eles no sofá de três lugares.
    David fingiu pensar a respeito
    - Nas melhores sim. Nosso recorde foi conseguir mais 5 caras pra foder o Pedro.
    - E nunca pegaram outro passivo? Pra dividir e conquistar.
    Eles riram
    - Você nunca viu Dom Pedro dividindo cama com outro passivo, não é mesmo? O bicho parece um animal defendendo território. Não dá não. Ele é guloso. Mas pelo menos dá conta.
    "Animal defendendo o território". De fato eu e Dom Pedro tínhamos mais coisas em comum do que parecia.
    - Mas nós podemos é chamar um passivo, sem a participação do Pedro ali. - Continuou, David - ele não liga, só não vai querer comparecer a uma festinha que não seja o único a distribuir.
    - Justo - ri, relaxando.
    Era bom ficar assim, a vontade. Sem aqueles pudores desnecessários entre homens. Estávamos ali, nus em pelo, falando das mais diversas coisas sem a preocupação de estarmos sendo indelicados
    David segurou meu pau e analisou.
    - Pedrinho tem faro pra pirocudo, nunca vi - riu.
    De fato, os três ali éramos bem dotados. E ele nunca tinha me visto pelado para me chamar. Instinto também era uma coisa que eu e nosso anfitrião tínhamos em comum, mas usávamos para farejar caças diferentes.
    David massageou meu órgão de forma despreocupada. Acredito inclusive que nem tinha segundas intenções. Era apenas alguém acostumado a tocar outro homem sem precisar de desculpas.
    Então, resolvi dar uma chance a mente aberta e acariciei o dele também. E peguei no de Diego de quebra. Diego alisou minha perna, acariciando meu saco ocasionalmente.
    Nos recostamos e relaxamos, aproveitando daquela camaradagem ocasional sem fins mais obscuros em mente. Apenas uma relação entre irmãos de ofício. Pessoas que se permitem algo sem pensar nos rótulos.

     

  • Diários de caça - Capítulo 13 – Gataria

    Caçar em bando é comum a muitos predadores. Além de aumentar as chances de sucesso, é uma forma de estreitar os laços que são os primórdios de uma vida social. Não há um animal na terra evoluído que não tenha adotado tal método e construindo assim uma vida em grupo.
    Durante muito tempo, vivi como um lobo solitário, uma vez que o lugar onde cresci não era favorável a esse tipo de relação. Preservando minha intimidade, eu só me revelava para uma presa, nunca para outro possível predador.
    Mas ali, dividindo apartamento com David e Diego, aprendi os prazeres de dividir e conquistar. A empolgação da caça ficava ainda maior quando se tinha amigos com quem contar as vitórias e as derrotas, trocar experiências e conselhos. E também, por que não, dividir os espólios.
    Numa noite, por exemplo, eu estava usando um daqueles aplicativos de encontros. Normalmente teclava por uns 20 a trinta minutos e perdia logo a paciência. Não era tão fã assim de usar a tecnologia a esse favor. Sempre fui um caçador a moda antiga.
    Todavia, naquela noite estava em um proveitoso papo com um perfil chamado "110%passivo". Estava praticamente tudo certo para eu ir ao seu encontro, quando ele me manda mensagem dizendo que seus pais haviam chegado e que o encontro havia babado.
    Imaginei que se tratava de mais um desocupado que fazia as pessoas perderem tempo e já ia dispensar quando ele perguntou se não teria como ser na minha casa, pois estava muito necessitado.
    Eu nunca tinha levado ninguém lá, embora me fosse totalmente autorizado. Olhei para David e Diego que estavam lendo e vendo TV respectivamente, e respondi:
    - Eu moro com outros três caras - falei - se não se importar, pode chegar aí. Ficamos no meu quarto.
    - Eles não se importam?
    - Nem um pouco. Pode vir. Eles já devem sair daqui a pouco - inventei. Somente Pedro tinha saído para visitar um parente.
    - Show. Vou me arrumar.
    Passei o endereço e esperei, achando graça da ideia que germinava em minha mente sem eu nem mesmo saber porque.
    Ele anunciou que tinha saído de casa e perguntou se já estava sozinho. Eu respondi com sinceridade.
    - Fico meio sem graça - disse.
    - Relaxa. Como disse, vamos para meu quarto. Todos aqui somos homens e adultos. Então não tem porque se encabular. Mas se não quiser vir, beleza - cortei logo para ele saber que eu não ia ficar enrolando.
    Ao fim, ele veio. Desci até a portaria para receber.
    O olhei pessoalmente e era aquilo que prometia nas fotos. Mais baixo que eu com um corpo muito bem feito. Usava um short apertado e uma blusa colorida justa, que realçam suas definições. Uma perna musculosa e uma bunda carnuda. O rosto, imberbe. Apesar de ser mais velho que eu, tentava manter o ar jovial com um corte moderno e tratamentos estéticos. Um trabalho bem feito, pois era muito bonito. Ele me olhou de cima a baixo quase babando e isso me deixou ainda mais excitado.
    Eu sempre gostei de ser admirado, nunca neguei. O cumprimentei, abracei e o levei para o apartamento.
    - Desculpa, estava nervoso - falou, quando chegamos ao elevador 
    - Fica tranquilo. E também, não tenha medo. Ninguém aqui morde - e sorri.
    Ele riu.
    - Eles sabem que você está me trazendo aqui?
    - Não dou esse tipo de satisfação. Nem eles. - fiz pouco caso. - Desculpe. Seu nome é qual mesmo?
    - Matheus - sorriu
    - Fábio. Muito prazer
    Levei um encabulado Matheus pata o apartamento. Apresentei rapidamente aos dois outros amigos que o olharam num misto de surpresa e cobiça.
    Fomos para o quarto. Senti que os olhinhos de Matheus pousaram mais que o necessário em meus amigos. Aquilo que fez salivar novamente. O garoto havia gostado da gataria.
    Isso podia ter potenciais.
    Chegamos no quarto e fechamos a porta.
    - Gostou dos meus amigos? - perguntei, sem acusação. Apenas constatando um fato.
    Ele tentou desconversar, sem graça e eu segurei seu rosto e o fiz me encarar
    - Relaxa. Não sou ciumento nem possessivo - e lambi seu rosto como um gato. - Se você se comportar direitinho, deixo eles te foderem também.
    Seus olhos se alarmaram mas vi o volume em seu short reagir quase instantaneamente.
    - Mas... Eu não.
    - Shiiii - o calei, sentindo-me extremamente excitado com aquele poder - Relaxa que quem decide sou eu. Você só precisa se comportar.
    E o beijei. O senti se desfazer. Peguei sua bunda e apertei e colei seu corpo no meu.
    Quando descolamos os lábios, ele aspirou o ar com vontade, seus olhos brilhando de desejo.
    Tirei sua blusa, seu short e sua cueca. Então, o deixei nu e recuei. Sentei na cama e o olhei de cima a baixo, sentindo se encolher.
    - Para de me olhar assim - pediu, tentando se cobrir
    - Por quê?
    - Fico sem graça.
    - Ótimo - falei, me deliciando com seu medo. Da uma voltinha.
    - Fábio, por favor.
    - Agora - mandei.
    Meu tom de voz o deixou estático e ele obedeceu. Seu pau duro como rocha. Era um pau bem pequeno. Despontando excitado para frente.
    Levantei, cheguei por trás e falei ao seu ouvido.
    - Não precisa ter vergonha. Seu corpo é lindo. Aposto que meus camaradas achariam a mesma coisa se vissem. Se quiser, posso esquecer a porta aberta e deixar eles verem.
    Ele tremeu, mas nada falou. Alisei suas costas com a ponta do dedo, descendo até a linha que divide as nádegas.
    - Tira a roupa também - pediu, tentando jogar a mão para trás e me ajudar. Eu a segurei com firmeza.
    - Aqui quem manda sou eu - falei ao seu ouvido e eu senti que ele ia desmaiar. Sua respiração era apenas um assovio,
    Passei as mãos em sua bunda e toquei o orifício, que estava dilatado e piscava.
    - Fica de quatro na cama - mandei e ele obedeceu. Empinando aquela bunda.
    Ajoelhei e analisei bem. Lisa, um cuzinho bem usado, mas bonito.
    Lambi os lábios e cai de boca. Fazendo ele gemer e tampar a boca contra o colchão. Levantei e o peguei pelos cabelos
    - Geme - ergui seu rosto do colchão com a dosagem certa de brutalidade. - quero que ouçam.
    Voltei a chupar seu ânus. Matheus se segurava o quanto conseguia, mas hora ou outra deixava escapar. Não se atreveu a tampar a boca mais nenhuma vez.
    Devorei seu rabo, mordendo e lambendo toda a região.
    Então, levantei e fui até a porta
    - Vou pegar um copo de água. Espera aqui.
    Só falei isso e saí, antes que pudesse responder.
    Passei pela sala e meus dois amigos ergueram o rosto como dois suricatos. Não falaram nada, mas vi seus olhos em chamas. Como hienas espreitando a carne.
    Sorri para eles e peguei um copo e uma garrafa e levei para o quarto, sem nada dizer.
    Quando voltei, Matheus estava sentado coberto.
    - Pensou que eu ia trazer mais alguém? - me diverti quando ele tentou negar.
    Bebi a água que trouxe e lhe ofereci um copo, que ele aceitou, com uma sede voraz.
    Esperei ele beber e peguei o copo e botei na cômoda. Abaixei de frente pra ele e olhei em seus olhos.
    - Está com medo?
    - Um pouco - admitiu com um sorriso vacilante.
    - Não precisa. Garanto a você que ninguém aqui vai te machucar. - e alisei seu rosto com carinho.
    Me ergui e o deitei, colocando-me acima dele.
    Continuei admirando seu corpo, prazer esse que era temperado pelo constrangimento que o causava.
    Alisava seu corpo o sentindo se contrair. Ele não tirava o olho de mim, perdido entre o receio e o desejo. Sentimentos a princípio contraditórios, mas que quando somados formavam uma experiência única, a qual eu, modéstia a parte, sempre soube conduzir com maestria.
    O beijei novamente, com vontade, engolindo-o. Passei a mão por entre suas pernas e brinquei com seu orifício.
    Matheus gemeu e acabou arranhando meu pescoço quando, tomado pelo espasmo, tentou se agarrar em mim
    Aquela dor me deixou louco.
    - Desculpa, se apressou em dizer.
    Eu nada falei. Andei até a porta e a abri. Deixei entre aberta de propósito. Matheus nada disse, atento a mim.
    Tirei a roupa e voltei, me colocando entre suas pernas e deitando por cima dele . Fiz tudo olhando bem no fundo dos seus olhos. Encaixei e meti, vendo-os se revirarem nas órbitas.
    - A porta - gemeu baixinho.
    - Esquece ela - e o calei com um beijo.
    Meti com força, deixando ele louco e incapaz de abrir a boca para qualquer outra coisa que não fosse gemer.
    Então, o peguei e o virei, forçando a fica de quatro como uma fêmea no cio. Meti de novo. Promovendo poderosas estocadas, como quem golpeia um inimigo sem piedade.
    Matheus já não se escondia. Gemia e gritava a plenos pulmões. Lutando para manter os braços firmes e conservar a posição em que foi colocado. Suando.
    Como previ, apesar da porta aberta, não houve invasão ao quarto. Diego e David, como caçadores dignos como eu, não iriam se meter em uma caçada ao qual não foram convidados. Embora tivesse a certeza que eles acompanhavam tudo e estavam excitados
    - Diego. Pode vir aqui, por favor - chamei sem tirar o pau de dentro.
    Matheus olhou para mim em Pânico e eu fiz sinal para que se calasse.
    Meu amigo apareceu na porta, tentando a custas parecer alheio a tudo
    - Pode pegar um copo de água pra mim, por favor - e apontei a cômoda
    - Claro - e, solicito, ele veio e me serviu. Oferecendo também a Matheus, que recusou, vermelho com a vergonha.
    Eu então saí de dentro dele e bebi a água.
    - Obrigado - e bati em seu ombro - Preciso mijar. Diego, faz companhia pra ele enquanto eu vou, por favor.
    - Claro - Diego sorriu como um lobo e eu enchi mais um copo e sai, deixando os dois sozinhos
    Chegando na sala. David me olhava.
    - Só o Diego? Que maldade, cara - cobrou e eu ri.
    - Relaxa amigão. Deixei seu pau, que é o mais grosso, pro final
    Apesar de preterido, seu ego aceitou o elogio ao seu instrumento.
    Não demorou muito e logo ouvimos o som de novas estocadas vindas do quarto, seguidas dos gemidos de Matheus.
    - Diego não brinca em serviço - comentei, dando mais um gole na água.
    Fechei os olhos e me deliciei com aquele som.
    - Nossa. Parece música - comentei sob o olhar aprovador de David. - quer saber, melhor você assumir lá meu posto, vou ficar aqui me deliciando mais um pouco
    Não precisei mandar mais de uma vez. David logo se levantou e tirou a roupa ali mesmo, indo pelado e pronto para o quarto.
    - E o Fábio, ele... - escutei a voz de Matheus começar quando pareceu se engasgar e forçado a interromper.  Depois, mais sons de estocadas violentas.
    Sentei no sofá e me deliciei com os sons vindos do meu quarto. Os gemidos de meus dois amigos, os sons das peles colidindo, o arfar quase sem forças de nosso convidado.
    Minha mente se perdia em imagens criadas, tentando intuir o que acontecia lá dentro.
    Fiquei mais um tempo, bebendo devagar minha água e relaxando. Quando terminei, pus o copo vazio na mesa e voltei. Parei no portal para ver David deitado de barriga pra cima, com Matheus encaixado em sua cintura, sentado em cima de meu colega enquanto lambia o membro de Diego, que estava em pé em cima da cama ao lado do garoto e o mantinha preso com a mão pelos cabelos
    Admirei a cena mais uns instantes, antes de subir também na cama e me colocar atrás da minha caça. Sem avisar, ajeitei-me e procurei com o pau a sua entrada.
    - O que está fazendo? - perguntou, arfando.
    Mas eu já estava encaixado e comecei a forçar entrada.
    - Ah... - perdeu o fôlego quando meu órgão foi abrindo passagem no espaço já tomado por David.
    Matheus erguei o rosto, com. Aboca aberta sem consegui emitir sons. Entrei pro completo e fiquei ali parado, sentindo meu pau esmagado pelo de David naquele pequeno espaço que partilhávamos.
    Devagar, fui penetrando. Matheus nada dizia, incapaz de qualquer coisa. Sua voz tinha sido roubada de si.
    Mas quando eu segurei seu pau, envolvendo-o por completo com minha mão, e acariciei a cabeça com a ponta do polegar, ele me segurou com um espasmo.
    - Não. Por favor. - implorou - vou gozar assim.
    Ele havia cometido um grande erro. Quem tem contato com a natureza sabe que nunca se deve mostrar vulnerabilidade diante de um predador. Se anda pela mata e cruza com uma onça, jamais deve-se dar as costas para ela e fugir, pois a partir daí você será perseguido e abatido.
    Foi apenas Matheus demonstrar sua fraqueza para a o bando avançar em sincronia.
    Eu o enlacei com meu outro braço passando pelo seu tronco, enquanto agarrei seu pau com mais força. Diego deu um rasante e prendeu seus pulsos, e David segurou sua cintura.
    Em instantes, nossa presa estava presa e eu continuei a alisar sua glande com a ponta de meu dedo. Ele não teve a menor chance. Perdeu o controle em questão de segundos, guinchando e tremendo. Nunca imaginei sair tanto gozo de um órgão tão pequeno. Em instantes, minha mão estava encharcada, assim como o peito de David.
    - Tira. Tira, por favor - clamou.
    A vontade de continuar foi grande demais, mas fazer qualquer coisa com ele naquele estado seria de uma crueldade que transcenderia qualquer prazer possível. Como bom caçador, eu sabia respeitar os limites de minha caça.
    Com cuidado, tiramos os órgãos e o deixamos cair de lado e rolar, desabando da cama. O pobrezinho parecia ter levado uma surra, desolado, lutando para respirar. Ficamos em volta observando, ainda lutando contra o desejo de estraçalhar aquela presa de uma vez.  Eu cheguei a alisar sua pele e ele tremeu todo, extremamente sensível ao toque como estava.
    Levou alguns minutos até que conseguisse virar de barriga pra cima e nos encarar, um pouco assustado, mas também encantado
    - Sabe que nenhum de nós gozou ainda, né? - comentei e ele arregalou os olhos
    - Não. Por favor. Eu não consigo mais.
    Sorrimos. Nossa, como era bom dar um trato desses em alguém. Por melhor fodedor que eu fosse, tinha de admitir que não conseguiria aquele tipo de trabalho sozinho.
    Matheus, apesar de ter servido direitinho, não era um ser insaciável como Dom Pedro. Era humano e tinha limites. E brincar com eles era perversamente prazeroso.
    - Na verdade, eu estava pensando em outra coisa - Diego comentou e trocamos sorrisos.
    Tínhamos todos pensado na mesma coisa
    Começamos a nos masturbar, olhando para Matheus. Entendendo o que ia acontecer, ele fitou de um a outro ansioso.  O primeiro a gozar foi Diego, que despejou longas e grossas linhas no corpo de nossa presa.
    Depois fui eu, que fiz questão de banhar seu rosto, vendo-o lamber os lábios. David foi o último e ao fim, o deixamos deitado, completamente sujo. Passado todo aquele êxtase, Matheus olhou para si mesmo e, levando as mãos ao rosto, constatou:
    - Ah meu Deus. Eu virei uma puta - alarmou-se e todos rimos.
    *
    Aquele foi um dos muitos exemplos que tivemos em nosso trabalho em equipe. Não éramos egoístas e sempre que possível, dividíamos a caça, pois é isso que um bando faz. Meu apelido da adolescência - leão - voltou com tudo naquela época. Cortesia de Dom Pedro, que era nosso gatinho oficial
    - Já que esse gato aí evoluiu, também vou fazer - comentou David, numa noite - Acho que vou ser uma pantera. Ta ai, gostei.
    Eu e Pedro gostamos do novo apelido. Estávamos os quatro deitados em sua cama, nus após uma farrinha nossa onde Dom Pedro, mais uma vez, deu uma canseira nos três felinos de porte grande.
    - Mas e eu. O que sou? - Diego não queria se sentir excluído.
    - Você é magro e ágil, eu recomendaria um guepardo. - sugeri
    - Adorei!!! - Pedro vibrou - guepardos são tão lindos - e aceso por aquele laço que estava se formando entre nós quatro, engatinhou em direção a Diego e começou a lhe chupar novamente o órgão, retornando-o a vida.
    Logo, motivados pela fome insaciável do nosso gatinho, nos três nos apresentamos e a gataria estava reunida de novo. Anos depois, celebraríamos aquele dia com minha primeira e única tatuagem, um leão em arte tribal na lateral do corpo, logo abaixo da axila. A mesma arte foi adaptada em uma pantera para David, no bíceps, uma guepardo para Diego na panturrilha e um gatinho para Dom Pedro na nádega.
  • Diários de caça - Capítulo 14 – Poligamia

    Um dos períodos mais memoráveis de partilhar o apartamento com a gataria, foi no outono daquele mesmo ano, em que o prédio se preparava para receber seus novos vizinhos, os quais conheceríamos em breve. Estávamos subindo juntos, os quatro, voltando da academia, quando percebemos o caminhão da mudança no térreo e, ao chegarmos em nosso andar, quase recebo o encontrão e sou soterrado por uma avalanche de caixas.
    Eu e Diego conseguimos segurar a tempo e impedir a tragédia iminente. Atrás das caixas, tentando equilibrismos, estava um rapaz jovem, corpo forte, ombros largos e pele branca. Tinha os cabelos bem penteados e usava uma camiseta branca e bermuda jeans justa.
    - Desculpe, mil desculpas - pediu.
    - Relaxa - fiz pouco caso. Qualquer raiva que poderia ter causado dissipou olhando aquele cervo suculento que invadira nosso território.
    - Quer ajuda com essas caixas? - ofereci.
    - Não precisa, obrigado. Meu marido vai me ajudar. Estão vazias e eu vou colocar no lixo, mas me desequilibrei.
    De todos nós, o único que não se encantou com o novo vizinho foi Dom Pedro, que como bom farejador, percebeu que ali não havia nenhum potencial espólio, apenas um competidor em seu habitat.
    - Meninos, vou me adiantando - e acenou para o novo vizinho e seguiu na frente.
    Contudo, ao passar pela porta aberta do corredor e dar uma olhada, parou por um instante e pareceu considerar alguma coisa. Depois, continuou seu caminho e entrou. Segundos depois, saiu a razão pela qual nosso gatinho repensou melhor a nova vizinhança.
    De dentro, saiu um homem mais baixo e mais forte. Barba e cabelos negros. Rosto bastante másculo e um tanto sisudo. Embora essa última parte, creio eu, tenha sido fruto de ver seu marido com três desconhecidos no corredor
    Eu me aprecei e me apresentei
    - Sou Fábio. Esses são David e Diego. O apressado ali é Pedro.
    Ele riu e o marido se aproximou, cauteloso.
    - Eu sou Ivan - o das caixas anunciou - Meu marido Enzo.
    Apertamos as mãos e expliquei:
    - Bem, moramos no apartamento ao lado. Se precisarem de qualquer coisa, não hesitem em chamar.
    E saímos.
    Quando entramos, Pedro estava na cozinha bebendo água.
    - Interessante a nova vizinhança, não?
    - Nem fala - David deu corda - embora ache que nossos gostos destoaram.

    Normalmente, não sou do tipo que fico encegueirado por ninguém. Mas era difícil saber que um vizinho tão gostosinho estava a uma parede de distância.
    E a coisa ficou pior quando o vimos na academia naquela semana. Usava um short de malhar que deixava a  bundinha empinada. A camiseta de alça fina mostrava bem o ombro definido e parte do peitoral volumoso.
    - Nossa, delicia - David comentou comigo quando o viu chegar.
    - Deve dar muito, olha a bunda do safado - completei e rimos. Pelos comentários, faltava só estarmos comendo nossas marmitas em cima dos andaimes com nossos amigos pedreiros.
    Mas era uma visão e tanto. Fazia a gente babar
    - Parece que o marido dele é policial militar. A nossa vizinha, Elizabeth, quem falou - David comentou. Sendo Elizabeth uma detetive da vida alheia, é bem provável que soubesse o que estava falando.
    - Eita. Perigoso. Ele já olhou pra gente estranho. No mínimo sabendo que estávamos de olho no marido dele - David lembrou.
    - Vamos acabar levando tiro se nos engraçarmos - conclui
    Ficamos em silêncio vendo ele malhar glúteos na máquina.
    - Mas que ia ser bom chupar aquele rabo, ia - Diego inclinou a cabeça antes de eu lhe dar uma cutucada para disfarçar.
    - Vale até o risco - concordei afinal.
    Com o tempo, o que era uma brincadeira começava a ganhar contornos de uma real motivação. O horário que usávamos a academia eram os mesmos e isso deixava a coisa mais difícil de resistir. Pois, além de ser uma delícia, nosso vizinho ainda era simpático. Sempre cumprimentava com um sorriso aberto e sereno, o contraste de seu cônjuge. As vezes o marido o levava, antes de sair para o trabalho. Nessas horas, nem nos atrevíamos a olhar, mas sabíamos que ele nos dava uma encarada antes de sair. Não sabia se Enzo era sempre mal encarado assim ou se era apenas o nossa presença que indicava iminente ameaça ao seu curral.
    - O cara é bravo - riu-se David.
    - Com essa presa, temos de ir com calma - falei de repente, só então me dando conta de que estava realmente decidido a investir - Mas alguém tem que comer esse cara. Se não for eu, que seja um dos meus amigos - falei com convicção. O que deixou meus amigos muito animados.
    - Eh, amigos. - Diego, completou - Apesar dos potenciais problemas me fuder alguém casado com um homem ciumento e com porte de arma, acho que vale.
    - Não teria graça se o galinheiro não tivesse ao menos um cão de guarda, não é? - David concluiu. A convivência estava transformando aqueles dois em belas projeções tóxicas minhas. Até metáforas animalescas já estavam usando. Não era capaz de descrever o orgulho que tinha daqueles jovens caçadores.
    Naquela mesma manhã, resolvi dar um passo no sentido de estreitar laços. E resolvi puxar assunto. Aproveitei quando o vi começar a usar o aparelho de supino reto, para malhar peito, e pedi para revezar.
    - Ah... Claro - ele olhou rapidamente para o lado, onde outro cara tinha acabado de liberar um aparelho igual. Mas nada falou.
    Eu, fingindo distração, não olhei para o aparelho vago, esperando para ver se ele sugeriria.
    O que não fez. Se por educação ou outro interesse, não sabia. Mas aquilo já era um bom sinal. Dava para ver que ele estava nervoso com minha presença, muito provavelmente receio por conta do marido. Eu o observei nesses dias e ele era uma pessoa diferente com e sem Enzo.
    Mas naquelas circunstâncias, onde eu estava tão próximo e estreitando laços, provavelmente sua mente estava pensando em o que o marido pensaria.
    Resolvi então adotar uma tática a qual já fazia nos tempos de adolescente. Pois a melhor maneira de se aproximar de uma presa era não deixar ela saber que você era uma ameaça, até o momento certo.
    Por sorte, minha fantasia de cordeiro chegou até mim sem esforço. Na forma de Valquíria, uma bela mulata do nosso condomínio com quem eu já tinha brincado bastante na garagem e nas escadas do prédio, além de umas visitas noturnas ao seu apartamento quando o companheiro tinha plantão no hospital. Devido a seu relacionamento, nossas investidas tinham de ser na surdina. Mas quando estávamos ali na academia, ela se deixava livre para soltar seus gracejos em uma aparente inocência que um espectador mais atento era capaz de distinguir.
    - Oi Fábio - ela me cumprimentou com aquele sorriso cheio de sortilégio - Bom dia - e acenou para Ivan, por educação - Fábio, depois teria como você me ajudar com aquela barra? Preciso fazer agachamento e sabe como são pesadas.
    Sim, eu sabia que ela pegava peso igual ou mais que qualquer homem, e que aquilo era só uma maneira de poder trocar indecências comigo ao pé do ouvido. Fiquei excitado de imediato
    - Claro - falei de prontidão - Só mais uma repetição e estou livre
    - Ótimo.  Vou encher minha garrafa enquanto isso.
    E saiu. Eu continuei seguindo-a com olhar até desaparecer.
    - Nossa - comentei baixinho - Essa dai... - e interrompi, fingindo só notar ele ali agora. - Foi mal. Sua vez, né?
    - Ah, sim - falou, também despertando - Vou fazer logo a última e te libero o aparelho.
    Achei ter detectado uma pintadinha de ciúmes em seu tom apressado.
    Me ajeitei atrás de sua cabeça para segurar a barra. Já estava fazendo isso antes, mas desta vez fiquei mais perto, deixando minhas pernas abertas quase acima de sua cabeça, dando-lhe um ângulo privilegiado para perceber o quanto tinha ficado excitado.
    Acompanhei seu exercício, mas olhando o tempo todo para a direção de Valquíria. Anos de prática me deixaram bastante perceptivo e era capaz de perceber que seu olhar estava fixado em mim sem precisar averiguar. Quando terminou, ajudei a colocar a barra no lugar e dei uma ajeitada no volume por cima do short.
    Foi minha vez de usar e ele se posicionou para me ajudar também.
    Esperei um pouco, vendo ele encarar meu short por cima de mim. Então sorri e falei:
    - Você, poderia, por favor... - e apontei para a barra, sorrindo.
    - Ah, desculpa. Me distrai - e ajudou a tirar.
    - Tudo bem - e comecei a fazer.
    Desta vez, enquanto minha atenção estava na barra, vigiei-o discretamente pelo meu campo de visão. Ivan tentava evitar olhar diretamente para meu short, embora, hora ou outra, acabava por dar uma fitada com o rabo de olho. Aquilo temperou minha excitação e contribuiu para deixar meu volume daquele jeito bem vistoso por mais tempo.
    Quando acabei. Apertei sua mão e agradeci:
    - Valeu, cara.
    - Nada - e sorriu ainda encabulado. Ficava lindo quando sorria assim.
    - Depois devíamos marcar algo. O pessoal e você e seu marido.
    - Eh... Acho que sim - mas pareceu duvidar.
    Eu então o olhei e resolvi arriscar.
    - Fala aí, seu marido não gosta muito de mim e do meu pessoal, não é?
    Ele sorriu amarelo e concordou.
    - Deve pensar que queremos te comer - e ri, deixando ele vermelho - mas relaxa. Você é gostosinho, não nego, mas não precisa se preocupar conosco
    - Ah... Legal - e coçou a cabeça, ainda encabulado.
    - Mas deixa quieto. Se não se sente seguro ainda, esperamos ele se sentir mais a vontade. Relaxa que não vamos ficar puxando assunto contigo no corredor, para ele não sentir ciúmes. E nossos papos aqui podem ficar entre nós - e pisquei para ele e saí.
    Fui até Valquíria, mais excitado que nunca. Peguei a barra pesada e coloquei em suas costas. Fui acompanhando seu agachamento e em um dado momento acabei "sem querer" encostando meu volume em sua bunda.
    - Nossa - sussurrou - alguém aí está bem saidinho hoje.
    - Nem te conto - respondi ao pé do ouvido.
    - E isso tudo sou eu, ou o bonitinho ali no voador tem algo haver?
    Ivan estava agora no voador e desviou rapidamente o olhar quando eu e Valquíria o encaramos ao mesmo tempo.
    - Ele ajudou - admiti - mas você acendeu a centelha.
    - Seu safado - sibilou. Valquíria tinha um apetite sexual insaciável. E seu marido, um homem bem mais velho que ela, não dava conta. Naquele tempo a expressão Suggar Daddy ainda não estava em pleno uso, mas era basicamente a relação que ali se estabelecia.
    - Então esse leão possui um cardápio diversificado? - perguntou, com malicia.
    - Carne é carne - respondi, gostando do rumo da conversa.
    - Adoraria ver um dia. - admitiu.
    - Isso pode ser providenciado - prometi
    - Em um mês é meu aniversário - e fez beicinho - e meu Carlos vai ficar fora em um congresso. Não conseguiu recusar..
    - Tadinha. Vai passar o aniversário sozinha?
    Ela apenas acenou em concordância, fazendo-se de vítima.
    - Não se preocupe. O senhor e a senhora Mendes criaram um cavalheiro. E jamais permitiria a uma dama esse tipo de destino.
    Seus olhos pegaram fogo.
    *
    Os planos para Valquíria já estavam traçados e seriam facilmente executáveis. O foco naquele momento era nosso vulnerável Ivan. O plano seguiu com calma e constante. Decidimos abordá-lo individualmente nos corredores ou na academia, de forma casual e despretensiosa, para não assustar a presa. Se conseguíssemos abater a caça em bando, melhor. Mas muito provavelmente teríamos de dar o bote de forma individual.
    Numa cumplicidade comum a predadores, acabou se estabelecendo meio que uma competição amigável entre nós. Nos permitíamos uma ou outra insinuação, de forma a atiçar sua curiosidade sem deixar claras nossas intenções. E partilhávamos as experiências e os resultados.
    Devia dizer que Ivan era um marido modelo, e resistia bravamente enquanto lutava para esconder bem os desejos profanos que sabíamos estarem germinando aos poucos em seu amago.
    - Essa noite, encontrei com ele no elevador - narrou, David - tinha voltado da corrida e subi sem camisa e suado. Ele entrou depois. Devia estar voltando do trabalho - e riu, sacana - Cara, ele com certeza ta afim, reparei que hora ou outra olhava pelo espelho. Fiquei excitado na hora. O pau duro apareceu fácil naquele short de corrida.
    - Esse aí está quase no ponto. Começo a perceber que a única coisa que o impede é o medo do marido descobrir - analisei, montando a estratégia como quem se prepara pra guerra. - Acho que está na hora de investirmos pesado.
    - Nossa fonte,. Senhora Elizabeth, me contou que ele também é militar, mas marinheiro. Trabalha embarcado e vai ficar fora 15 dias. - Diego confidenciou.
    - Perfeito. 15 dias sem trepar vai ser o ponto que precisamos pra dar o xeque.
    - Temos ainda dois dias para a viagem, acho melhor a gente começar a atiçar a ideia nele - Diego arquitetou - deixar ele embarcado sabendo que queremos comer ele.
    - Concordo - apoiei - vamos deixar ele com vontade, pra quando voltar, estar pronto.
    - O marido vai dar um bom trato nele quando voltar, então temos de deixar ele com tanto fogo que ele volte de um jeito que nem o marido consiga saciar.
    Nos cumprimentamos como um time que parte para o jogo decisivo.
    Dom Pedro acompanhava nossas conversas, parecendo se divertir.
    - Olha só, minha gataria se preparando para o ataque -  estava a vontade sentado no balcão, nos observando como quem sabia de algo, mas preferia não estragar o final.
    Naqueles três dias, investimos pesado em nosso plano. David tomou banho no vestiário na hora em que ele chegou e aproveitou para se mostrar como veio ao mundo para nosso Ivan. Como bom caçador, esperou a hora que nossa presa vacilou e olhou para seu membro. Para então cruzar os olhos com ela e sorrir, passando a mensagem: "eu vi que gostou".
    Ivan fugiu do vestiário como diabo da cruz.
    Naquela noite, aproveitei-me de uma oportunidade em que pegamos o mesmo elevador cheio. Ivan entrou depois e, na minha frente, deu alguns passos para trás a fim de dar lugar para uma senhora com seu filho pequeno.
    Quando se aproximou, dei um leve passo pra frente, quase imperceptível, mas o bastante para frustrar seus cálculos e sua bunda encostar em meu volume.
    - Desculpe - tratou logo de dizer, com susto.
    - Sem problemas - e me recostei na parede, para lhe dar espaço.
    Enquanto subimos no elevador, fiz questão de o encarar através do espelho. Quando notou, tomou um susto e desviou o olhar, só para logo depois espreitar de novo. Sorri pra ele e Ivan retribuiu, sem graça.
    Quando o elevador parou no andar antes do nosso, ele chegou pra trás pra deixar um dos condôminos passarem e encostou novamente a bunda em mim. Desta vez, eu não tive qualquer participação, mas me aproveitei para dar uma leve alisada rápida em sua farta nádega. Desta vez ele não pulou ou fez qualquer sinal de surpresa. Sinal que, no fundo, esperava por aquilo.
    Descemos e andamos pelo corredor até ele parar em seu apartamento.
    - Boa noite, Fábio - falou.
    - Boa noite, Ivan. Até amanhã?
    - Ah, não. Viajo amanhã de noite e não sei se vou conseguir malhar cedo. Algumas coisas pra arrumar
    - Ah sim - fingi surpresa - Boa viagem então. Lua de mel? - brinquei.
    - Quem me dera - riu - trabalho mesmo. Trabalho embarcado. Vou ficar 15 dias fora
    Fiz minha melhor cara de sonso e andei até ele
    - Caramba. 15 dias. Parece dureza.
    - Nem fala - e sorriu amarelo e revirou os olhos.
    Eu então o escaneei de cima a baixo e suspirei.
    - Bem. Bom trabalho então. Vou sentir sua falta. - dei mais uma olhada de cima a baixo - muita mesmo.
    E toquei em seu ombro e nos olhamos. O vi engolir seco e senti aquela pulsação acelerar. Da presa que sabe que está a um triz de ser atacada. Senti minha boca salivar, as presas estavam despontando quando percebemos um movimento no interior do apartamento.
    - Enzo chegou mais cedo - informou, mostrando que estava tão surpreso quanto eu com aquela notícia. Sua voz tinha uma combinação de decepção e alívio.
    - Bom, não é? Aproveita o maridão antes da viagem - e dei um tapa em sua bunda. Para todos os efeitos, meu ato não tinha nada de libidinoso. Apenas uma brincadeira saudável entre dois amigos
    - Obrigado - riu, ainda se recuperando do susto do tapa.
    Apesar de frustrado, pois se não fosse aquele inconveniente, eu teria metido as presas naquele espécime suculento ainda aquela noite, não posso negar que a espera iria temperar ainda mais a caça. Antes de entrar em casa, o vi hesitar um instante, me olhando, maquinando. Bastaria um empurrãozinho e eu o levaria para meu covil. Percebendo também essa potencialidade, Ivan entrou em casa correndo, com medo não de mim, mas de si mesmo.
    Na manhã seguinte, fomos a academia, eu e David, Diego havia descido antes e ao nos ver, nos chamou para o vestiário.
    Não entendemos o convite, mas não questionamos.
    Chegamos lá e ele fez um sinal para uma das cabines do banheiro. Entendemos o recado rapidamente.
    - Mas foi o que estava dizendo - começou, proferindo uma simulada conversa - aquele ali, dá muito. Deveriam experimentar.
    E sorriu com malicia. Resolvemos dar corda e seguir no improviso.
    - Isso a gente vê de cara. Admito que, determinados carinhas assim dão melhor que muita mulher. Dão com fogo, sabe. Sem receio. - continuei.
    - Sabe quem deve dar muito, o novo vizinho - David foi na onda e nem eu esperava que ele fosse direto ao assunto. Mas demos de ombro e resolvemos continuar.
    - Ele tem uma bundona, né? - Diego reprimiu a vontade de rir - mas tu acha que é ele o passivo da relação?
    - Tenho certeza - David entoou - Se não fosse, tinha de ser. Bunda daquela, ser o ativo seria um desperdício. Fala ai Fábio, se ele quisesse te dar, comeria não?
    - Sem pensar duas vezes - dei de ombros, agora que já tínhamos atravessado a toca do coelho. Vou te contar, ontem, encontrei com ele no elevador. Sem querer ele esbarrou a bunda em mim. Cara, que bunda dura. Gostosinha.
    - Sério? Mas foi de propósito?
    - Nada. O cara ali ama o marido - e fiz que não com a cabeça só pra eles - mas seria maneiro se um dia quisesse experimentar outra coisa, né? Já viram ele fazendo agachamento com a barra? Aquela bundinha empadinha pra trás?
    - Mas teria de ser na encolha - Diego lembrou - o marido dele tem jeito de mal encarado.
    - Com certeza - reforcei - aquele ali tem que ficar no sigilo. Segredo de Estado. Mas imagina David, pegar aquele ali de quatro e só - e bati com as mãos na perna, pra simular uma boa penetrada.
    Saímos do vestiário, gargalhando pela travessura. Demorou mais um pouco e Ivan saiu também. Fingimos não o notar. E o melhor foi perceber que depois de alguns exercícios, ele foi justamente fazer o tal agachamento que comentei lá dentro.
    - Olha lá. - foi David quem notou - disfarça e olha o Ivan.
    - Ora, ora. E ele nem estava malhando pernas hoje. - Diego observou
    - Acho que esse é um show pra gente. Esse aí está no papo. - concluí.
    Dessa maneira, com paciência, esperamos nossa presa retornar para o xeque e mate, nos deliciando com todas as ideias que estávamos tendo sobre como finalizaríamos o serviço.
    A resistência de Ivan era o ponto alto, que fazia tudo aquilo valer a pena. Naquela altura, já não nos importávamos se todos conseguiríamos os espólios, um de nós, sendo bem sucedido, já seria o bastante.
    - Cara, nem acredito. Se tu tivesse insistido mais, ele entrava - Diego falava comigo pelo celular quando eu voltava pra casa do trabalho.
    - Eu sei. Confesso que um lado meu até está arrependido de não ter insistido mais. Mas deixar ele se consumindo no fogo nessas semanas sem marido e sem ninguém também é divertido.
    Rimos juntos e eu avisei que desligaria, pois entraria no elevador. Subi até meu apartamento e estava vazio. Normal para o horário. Mas então, após passar pelo corredor até meu quarto, escutei os sons que já conhecia muito bem, oriundos do quarto de Dom Pedro. Pelo visto, meu amigo tinha matado aula naquela tarde para se divertir. A porta estava entreaberta e eu sabia muito bem que uma espiadinha ocasional não ofenderia meu anfitrião, que, ao contrário, gostava muito.
    Mas além de não querer estragar por descuido sua diversão e também por já estar tanto tempo em ponto de bala por conta de Ivan, resolvi o deixar se divertir e, após deixar minha mochila no meu quarto, voltei até a cozinha e preparei um lanche.
    Ao voltar pra sala, sentei no sofá e antes que pudesse ligar a televisão, ouvi passos ágeis vindos do corredor. Quando olhei para o lado, vi Enzo parar bruscamente ao dar de cara comigo. Rosto ainda suado, camisa e calças vestidos em pressa.
    Ficamos naquele silêncio constrangedor que só se faz quando alguém com o rabo preso é pego em flagrante.
    Dom Pedro surgiu atrás e também se surpreendeu ao me ver.
    - Fábio, chegou cedo.
    - Me dei o final da tarde de folga, pra descansar pra aula - anunciei, tentando não rir das circunstâncias. - Boa noite, Enzo.
    Ele, sem ter o que falar, saiu as pressas.
    Esperamos ele sair e estar distante para gargalhamos alto
    - Dom Pedro, Dom Pedro - julguei - comendo pelas beiradas.
    - Nenhum de vocês podem me julgar. Meu gosto só é diferente do de vocês - se defendeu, sentado ao meu lado, ainda vermelho como um adolescente.
    - Eh, amigão. Você nos colocou no chinelo. Nós três tentando pegar o marinheiro e você passou a nossa frente e abocanhou o maridão.
    - Isso não conta. Enzo é uma presa muito mais fácil - fez-se de humilde - Ivan leva a fidelidade do casal mais a sério.
    - Leva mesmo. Em pensar que ele tá se segurando todo, e foi só viajar que o marido partiu pra caça.
    - Esperou viajar? - Pedro me olhou como se eu fosse algum idiota - Leão, meu lindinho, eu já peguei ele várias vezes na escada do prédio, fora na garagem.
    - Seu pervertido - acusei com exagerada indignação. - e nem falou nada
    - Ora pois, vocês estavam preocupados com sua presa, eu que não ia me meter - fez pouco caso, sorrindo triunfante. - e me fala. Vai usar essa informação pra se favorecer?
    - Nem pensar. - descartei de imediato - agora, mais que nunca, quero comer o marinheirinho. Mas vai ser com meus méritos. Não vou chantagear nem fazer intrigas.
    - Gosto quando tem esse fogo nos olhos - e chegou mais perto e, conhecendo-o, sabia que estava ficando excitado de novo.
    - Simplesmente acho que cada um tem sua vida e não vou me meter na de ninguém. Apenas vou pegar o que quero.
    Pedro nem esperou eu acabar meu sanduíche para arriar minha calça e começar a me chupar.
    Duas semanas se passaram arrastando.
    E eu mal podia esperar para pôr as mãos naquele vizinho que estava tomando meus pensamentos nos últimos meses.
    Mil e um planos de abordagem se faziam em minha cabeça, mas nenhum prazer é maior para o caçador do que aquele fornecido por uma caçada de improviso, quando tem que usar as circunstâncias que estão ao seu dispor.
    E a fortuna tinha me sorrido no início da noite de quinta, quando desço de meu prédio para ir comprar algo para comer e vejo um taxi parar em frente ao meu bloco. E de dentro, meu marinheirinho. O vejo ir até o bagageiro e descarregar duas malas grandes e pesadas.
    Me achegando por trás dele, me ofereço.
    - Quer ajuda, vizinho?
    Ele levou um susto, mas logo sorriu ao me ver.
    - Oi, Fábio. Nossa, como é bom te ver
    Vi o porteiro vir se aproximando e lhe fiz um sinal, esclarecendo que não precisaríamos de ajuda com a bagagem.
    - Vem, eu levo uma. Melhor irmos para o elevador dos fundos, pois as malas são grandes.
    Ele concordou e seguimos. Me deliciei com o silêncio, sentindo-o um pouco inseguro.
    - Enzo não foi lhe buscar?
    - Ele está com turno essa noite. Não poderia.
    - Entendo. - Chegamos aos fundos e esperei ele chamar o elevador. Mas pareceu ter se esquecido.
    - E como foi o trabalho? - perguntei, aproveitando daquele momento a mais que ele mesmo me dava.
    - Foi bom. Mas depois da primeira semana... Fico louco para voltar.
    - Imagino - e cruzei os braços - deve sentir falta de muita coisa, né?
    E o olhei de cima a baixo e Ivan riu encabulado.
    - Esse elevador não vem - lembrou-se num espasmo.
    - Você lembrou de chamar? - fiz-me de sonso.
    - Caramba - e apertou o botão com pressa..
    Eu ri e ele sorriu amarelo. Ivan usava uma camisa simples amarelo clara e eu pude ver a ponta dos mamilos sob o tecido.
    O elevador chegou e subimos.
    - Estava indo malhar?
    - Não, lanchar mesmo. E você, vai?
    - Queria e preciso, mas estou morto da viagem.  Sempre que fico embarcado perco muito peso.
    Aproveitando a deixa, eu me achego e pego a ponta de sua blusa, elevando a barra até a altura do peito. Ele congela com minha atitude e eu fingo não perceber. Fico uns segundos avaliando e respondo:
    - Que nada. Está gostosinho como quando partiu - e finalizo com uma alisada com o nó do dedo em seu peito, descendo pelo abdômen.
    -V... Valeu - gaguejou.
    O elevador chegou a nosso destino e ele saltou pra fora como se estivesse em chamas. O segui até sua porta e ignorei quando fez sinal de pegar minha mala, fingindo distração.
    Ivan não insistiu. Abrindo a porta e me convidando a entrar
    O apartamento em si, tinha a mesma estrutura de Dom Pedro, então eu o conhecia sem nunca ter entrado sntes. Deixei a mala em frente a bancada que separava a sala da cozinha americana e parei na passagem que separava os dois cômodos.
    - Obrigado, Fábio. - ele sorriu ansioso - posso te servir algo?
    - Uma água - concordei. Já esperava aquele convite, uma vez que meu vizinho sempre foi alguém muito educado.
    Não lhe dei passagem, como mandaria a boa educação, forçando-o a passar rente ao meu corpo, rosto quase colado um no outro.
    Um momento ele chegou a levantar o rosto e nossos lábios quase roçaram. Roubar-lhe um beijo seria fácil e dali, a sinfonia seguiria para o inevitável coito, mas não o fiz
    Desde pequenos, nossas mães nos ensinam a não brincar com a comida, mas as vezes a tentação é irresistível, mesmo para o predador mais profissional. Como quando o gato esfolhe brincar com o camundongo preso em sua pata ao invés de dar do bote final. Isso porque, para um caçador, o alimento é uma necessidade, mas a caça é um estilo de vida, e ele não consegue resistir ao êxtase da brincadeira, mesmo que isso possa lhe custar que a refeição escape por entre os dedos
    Bebi a água oferecida e coloquei o copo na pia, ficando mais uma vez bem próximo dele. Olhos nos olhos.
    Então, cheirei seu pescoço.
    - Gostei do perfume - comentei. - Depois me fala onde comprou
    - O que? Ah sim... Sim... - engoliu seco.
    Ficamos nos encarando. Talvez estivesse na hora de finalizar aquilo, mas admito que um lado meu desejou que aquela presa brigasse um pouquinho mais
    - Eu... Eu tenho de descer. Tenho... Que pegar uma coisa no carro.
    - Ótimo. Você me acompanha então.
    Saímos e vimos que alguém acabara de descer pelo elevador.
    - Vamos de escadas. Pra que esperar? - sugeri
    Aquilo foi apenas uma armadilha, uma vez que minha desculpa não tinha nenhuma lógica. Nosso prédio dispunha de três elevadores sociais e não seria nada doloroso esperar o próximo. Não havia motivo para ele aceitar descer 8 lances de escadas. Há menos...
    - Tudo bem - aceitou e eu abri a passagem e o deixei ir na frente
    Desci as escadas atrás dele, lentamente, permitindo-me admirar aquele porte altivo, aquela bunda carnuda e empinada. As costas largas.
    Hora ou outra ele olhava pra trás, sorria sem graça e nada falava. Eu não fazia qualquer esforço para esconder que o tinha sob minha mira
    - Por que está me olhando assim? - comentou na terceira vez que olhou pra trás e me viu o encarando.
    - Assim como?
    - Não sei. Parece... Um Predador.
    - Está com medo? - sorri
    - Não, só...
    Mas não conseguiu completar a frase. Em seu nervosismo, acabou errando um degrau e ia cair se eu não o segurasse. Acabei me desequilibrando um pouco também, então vacilamos alguns degraus, mas logo chegamos a curva da escada. Ivan colidiu de leve contra a parede eu o cobri.
    Ficamos cara a cara de novo
    - Está nervoso sim - constatei, sorrindo - fica com medo não - e lhe dei um selinho - jamais faria nada pra te machucar - e dei outro
    Ivan ficou estático, recebendo meus beijos sem conseguir expressar qualquer reação. Beijei sua bochecha, seu pescoço. Logo ele ergueu o rosto e fechou os olhos, arfando baixinho.
    Sua mão agarrou o volume em minha calça, sentindo meu órgão pulsar. Aproveitei e levantei sua blusa, lambendo e mordiscando seu peito e o arrepiando da cabeça aos pés.
    Aproveitei seu corpo mais relaxado e o virei, beijei suas costas e desci um pouco a calça, revelando apenas parte da linha entre as nádegas. Lambi aquela passagem e Ivan saltou
    - Por favor - implorou - para, por favor. Me deixa ir
    Eu levantei e o encarei, enquanto se virava ainda escorado na parede.
    - Eu não estou te segurando - observei, divertido.
    Ivan, perdido, continuou onde estava, até constatar o óbvio. Demorou ainda pra sair e descer a escada. Naquele duelo moral oriundo de tentar parecer que está lutando contra algo que na verdade deseja com cada fibra de seu corpo.
    Ao fim, vendo que eu não faria qualquer esforço para o reter, esquivou-se e desceu as escadas. Parou na próxima curva e olhou para trás, averiguando e esperando uma perseguição.
    Eu não tinha pressa. Já havia abocanhado aquela presa e não precisava me desgastar. Ela fugiria, mas não pra muito longe. Tudo o que eu precisava fazer era seguir seu rastro com tranquilidade. Como o escorpião que já havia ferroado a presa e só precisava aguardar o veneno fazer efeito.
    Desci com calma, o vi ir até o fundo da garagem e entrar no carro.
    Segurei a porta do motorista aberta e me coloquei ali, bloqueando.
    - Fábio, por favor. E se meu marido chega?
    Sem alarde, desamarrei o fio da bermuda e pus meu pau pra fora. Puxei a pele pra trás e o exibi em toda sua glória.
    - Você mesmo disse que ele está em escala hoje. - lembrei, embora com certeza que não estava sendo ouvido.
    Ivan lambeu os lábios involuntariamente e eu balancei meu órgão como um pescador agita a vara, chamando atenção para isca.
    - E se... - forcou-se  a despertar - alguém aparecer?
    Olhei em volta.
    - Você tomou o cuidado de estacionar o carro nos fundos. Acho que ninguém vem. E se vier, o veremos de longe - e sorri - claro, se estiver nervoso, podemos subir de novo. Será um prazer te foder em sua cama. De um jeito ou de outro, dessa noite você não passa.
    Usei meu tom mais firme, uma forma de intimidação que servia unicamente para tirar toda e qualquer culpa moral de minha vítima. Para todos os efeitos, ele poderia repetir para si mesmo durante todos os dias a seguir que não teve escolha, que foi levado àquela situação, que nunca teve a intenção. O conformismo da presa é, e sempre foi, a principal arma do predador.
    Peguei sua nuca com carinho e puxei, vendo-o instintivamente fechar os olhos e abrir a boca. O toque tente e úmido de sua boca, a massagem de sua língua. Me deliciei com cada aspecto de seu sexo oral.
    Acariciei seus cabelos, enquanto admirava seu rosto perdido em êxtase. Toda e qualquer sombra da culpa inicial completamente expurgada dele.
    Após longos e prazerosos segundos, Ivan parou, precisando tomar fôlego e me olhou, como quem espera algum gesto de aprovação.  Alisei, com carinho, a glande em seus lábios e então, sem aviso prévio, usei meu órgão para golpear seu rosto. Meu vizinho levou um susto e seu rosto esboçou um sorriso que ele logo reprimiu, tentando simular um ar ofendido que precisou lutar para manter.
    Bati de novo e de novo. Fechou os olhos, aceitando a penitência com resignação. Meu pau desceu mais umas três vezes, golpeando seu rosto, antes de o colocar novamente em sua boca e permitir que me chupasse novamente.
    - Vamos subir - sugeriu - tomando fôlego novamente depois de se perder no tempo enquanto me chupava.
    - Não. Mudei de ideia - e o empurrei pra dentro do carro e entrei, fechando a porta. Fui até o banco de trás e o arrastei comigo. E lá se iniciou o jogo brutal da natureza.
    Por mais duras que fossem as defesas, sempre haverá um predador adaptado a vencê-las. Mesmo o casco da tartaruga não é capaz de resistir a mordida do crocodilo.
    E foi assim que se desenvolveu uma vez dentro daquele carro. Com voracidade, arranquei peça por peça de suas roupas, como quem pulveriza uma armadura, destruindo suas defesas e expondo seu corpo nu. O deitei no banco de trás e, apenas com o órgão de fora, encravei e penetrei.
    Com força, o submeti, jogando de uma vez todos os dias de intensa espera para me banquetear com seu corpo.
    - Já era hora - urrei - não sabe quanto tempo estamos esperando pra te comer.
    - Seus amigos também? - perguntou, levemente surpreso.
    - Se interessou, safado? - regojizei -  Por isso fica se engraçando na academia? Pois é. Nós sempre comentamos o que vamos fazer contigo, quando tivermos você peladinho como está agora. - e meti com velocidade, agredindo-o com minha cintura.
    - Eu .. - gemeu - eu não me engraço... Eu... Amo meu marido.
    Não ia discutir ética ou conceitos naquele momento, mas também não resisti a vontade de fazer pelo menos um breve comentário repleto de veneno.
    - Eu sei... - meti mais - e eu tenho certeza que ele - pesei bem as palavras - te ama da mesma forma. Agora fica quietinho, sim? Quietinho.
    E me apoiei em suas costas e fui com tudo, arrancando-lhe gritos.  Proporcionando prazer ao mesmo tempo que o castigava. O carro balançando, enquanto os vidros embaçavam.
    . Dizem que o hábito faz o monge. Naquele caso, era verdade. Bastou eu abrir os caminhos com Ivan, que logo meus amigos também tiveram sucesso em suas empreitadas. Diego, após um banho no vestiário da academia, esbarrou com nosso vizinho ao sair do chuveiro, ganhando assim uma mamada caprichada.
    David, por outro lado, tirou a sorte grande e o arrastou para nosso apartamento. Naquela noite eu havia ficado preso no trabalho e perdi a aula. Nunca agradeci tanto meu azar. Pois chegando em casa, escuto meu amigo chamar do quarto
    - Quem está ai?
    - Sou eu, cheguei mais cedo.
    - Fábio, é você?
    - Não, Papai Noel - estava de mal humor naquele dia.
    - Então, vem aqui que tenho um presente de natal antecipado pra você - riu.
    Não entendi, até ouvir outra voz.
    - O que está fazendo?
    Reconheci aquele voz sonsa de longe. Logo meu humor melhorou e eu corri para o quarto. Encontrei David de joelhos na cama, encravado em nosso marinheiro, que cobria o rosto e não vestia mais nada além de um boné da marinha e coturnos.
    Com o humor renovado e sem pedir permissão para Ivan, me despi e me juntei a farra.
    Sobre Enzo, o marido, este se tornou bem mais simpático ao longo dos dias. Sempre que me via, cumprimentava e as vezes puxava assunto. Provavelmente tentando ganhar minha simpatia e não ser denunciado.
    Nossa proximidade até nos rendeu uma saída juntos. Eu, Dom Pedro e eles fomos ao cinema, assistir um filme antes que saísse de cartaz. Na praça de alimentação, após a exibição, nos entretemos numa longa conversa, que acabou chegando ao assunto sobre, Poligamia, trisais, poli amor e outras tendências da nova Era.
    Tal assunto nos fez ouvir discursos inflamados do casal a respeito da importância da monogamia e fidelidade na relação.
    Lembro de ter trocado olhares com Pedro naquele momento. Confesso que os discursos foram emocionantes e quase me fizeram esquecer das horas anteriores, quando eu tinha ficado pra comprar pipocas enquanto eles iam pra sala. Como quando vi Ivan ir ao banheiro antes de entrar na sala e o segui. Arrastando-o para uma das cabines vazias e comido aquela bunda maravilhosa, uma metida rápida para me aliviar e despejar dentro dele.
    Ele voltou ao cinema e eu fui comprar os lanches, justificando meu tempo fora ao mal funcionamento do caixa e as filas absurdas.
    Ivan, que ainda devia estar preocupado de meu gozo acabar escorrendo de seu corpo, nada falou. Enzo e Pedro também não pareceram terem se importado com minha demora. E a razão, eu saberia depois, foi que Enzo acabara de ter se aproveitado dos serviços prestados pela boca de Dom Pedro, enquanto assistiam aos trailers na sala de cinema quase vazia.
     

     

  • Diários de caça - Capítulo 15 – Onívoro

    - Isso, falta pouco. Assim - sussurrei, enquanto olhava em direção a porta de Augusto e ainda era capaz de ouvir os sons das vozes lá dentro. Sinal que a reunião continuava em andamento.
    - Ah, meu Deus - Vera delirava, sentada em sua mesa com as pernas abertas, saia quase elevada a altura de suas nádegas, recebendo-me com fome.
    Naquela noite, eu tinha ficado até tarde para atender um casal extremamente exigente. Por sorte, naquele período eu mal tinha aulas na faculdade, precisando apenas dar os últimos ajustes em meu TCC para conseguir o tão merecido diploma.
    E tal iminência começava a me colocar em um dilema. Afinal, chegaria a hora em que eu deveria escolher. Estava ganhando muito bem como vendedor para Augusto, e sempre gostei de carros o bastante para tornar meu ofício agradável. Mas também tinha uma paixão pela minha área de eleição: a arquitetura. Talvez fosse obrigado a escolher, uma vez que seria difícil conciliar duas profissões tão díspares. 
    E foi quando me dirigia ao vestiário que passo em frente ao escritório de Verá e a encontro sentada na mesa, batendo cabeça.
    - São 19:30, Vera. Pensei que a Lei Áurea tivesse posto fim a esse tipo de regime de trabalho - brinquei
    Vera, que já nem devia ter a real noção de onde estava, demorou um tempo para me reconhecer e mais ainda para entender o gracejo.
    - Ah? Fábio. Ainda está aqui? Como vai?
    - Cansado. Mas pelo menos fechei a venda com os Jacobis.
    - Incrível como sempre consegue - apesar de sincero, seu cansaço a impediu de demonstrar maior entusiasmo com minha notícia.
    Me acheguei e sentei na mesa a sua frente.
    - Sua vida pessoal deve virar fumaça depois de tantas horas extras.
    Vera riu, mas negou.
    - Não. Hoje é uma exceção. Uma reunião importante com fornecedores do Nordeste. Estou de prontidão, caso precisem de algo.
    - Conhecendo Augusto, terão tantos assuntos que duvido lembrarem de consumir algo, mesmo com as gargantas secas. Aí pegarão algo do frigobar - ponderei ao que Vera assentiu.
    - Eu sei. O tempo não passa. Ainda bem que casos assim ocorrem no máximo uma vez a cada três meses. Mas e você? Parece cansado.
    - Tenho dormido pouco - admiti.
    Naquela altura da vida, por mais que não tivesse quase matérias, a pressão para entrega do meu TCC tomava todo meu tempo vago. Além disso, com uma carteira de clientes que faziam questão de serem atendidos por mim, eu começava a ficar mais tempo no trabalho do que planejava.
    Mas apesar do cansaço físico e mental, devo dizer que o que me tirava mais as horas de sono eram as horas gastam sem conseguir dormir, deitado na cama sentindo o momento de fazer a escolha de minha carreira se aproximar cada vez mais
    - Precisa descansar - alertou, segurando minha mão.
    - Eu preciso é relaxar - corrigi, o descanso será consequência.
    - Quem de nós não precisa, não e mesmo? - assentiu.
    Creio que não foi a intenção de Vera insinuar nada, mas eu nunca precisei de incentivos para pensar besteira. Olhei em volta e então comentei:
    - Vera, não vejo câmeras em sua sala.
    - Ah? Ah sim. O senhor Augusto não quis colocar, para não parecer que estava me vigiando. - explicou - Eu disse a ele que não haveria problema, que são procedimentos de segurança, mas ele ainda assim não quis. Deixou apenas uma na entrada de minha sala, que apenas pega quem entra ou sai, e um botão de alarme silencioso, colocado estrategicamente abaixo da minha mesa.
    - Interessante - e me levantei e dei a volta na mesa - vamos aproveitar, então. Levanta.
    Vera obedeceu, mesmo sem entender.
    - Senta na mesa e faz silêncio - continuei, olhando bem em volta.
    - Fábio, você está louco. Não vamos fazer nada aqui - alertou, enquanto se sentava na mesa.
    - Relaxa. Abre as pernas.
    - Fábio, Augusto pode sair a qualquer momento.
    Ela abriu as pernas e eu puxei sua calcinha.
    - Chega mais pra ponta. - e a apoiei e ela se ajeitou.
    - Fábio, você está me ouvindo?
    Eu ri e arriei minha calça. Achei graça, pois nem mesmo ela parecia estar se ouvindo, uma vez que fazia tudo o que eu mandava, sem sequer questionar. Fiquei me perguntando se Vera tinha noção que fazia tudo ao contrário do que estava pregando. Ela não era do tipo de mulher de fazer joguinhos. Então, a única coisa que era capaz de deduzir era que meus poderes de persuasão eram maiores do que supunha
    E isso me deixava em dúvida no que isso me transformava: num galante ou num assediador, que ludibria suas vítimas.
    Ética e jurídica a parte, encaixei com carinho naquela região quente e já úmida no interior de suas pernas. Levantei sua saia até a cintura e penetrei. Todo e qualquer discurso em desenvolvimento, perdeu-se no caminho para a boca de Vera.
    Sem perder tempo, a penetrei com movimentos rápidos e silenciosos. Ela se agarrou a mim, segurando-se enquanto gemia.
    - Mais baixo, Vera. Não se esqueça que estão na sala ao lado - lembrei.
    - Desculpe - e tentou segurar. Apoiou a cabeça em meu peito e agarrou minhas nádegas enquanto eu a fodia.
    Beijei, devorando-a. Sua língua sedenta vasculhou toda minha boca. Quando soltamos, ela deu um espasmo e eu lhe calei com a mão.
    - Se controla, mulher - ri, percebendo se alguém na outra sala havia ouvido - porém, pela permanências dos sons animados da conversa que ali se desenrolava, julguei ainda estarmos seguros.
    O tesão também me deixava mais ousado. Eu penetrava com mais força, delirando com seu êxtase.
    - Ah meu Deus.
    - Tenta tampar a boca de algum jeito - orientei - morde algo.
    Eu talvez devesse ter sido mais específico. Pois Vera enfiou a cara em meu peito e o mordeu, entre o ombro e o mamilo.
    A onda de dor desanuviou minha mente de uma maneira que até hoje não sei explicar.
    - Desculpe - pediu .
    - Pode fazer de novo - avisei.
    - O que?
    - Faz de novo - mandei, e a penetrei com mais força, mantendo-a bem segura para que não fosse empurrada e fizesse mais barulho.
    Para conter a onda causada pelas penetradas, Vera voltou a me morder, cravando fundo os dedos em garras em minhas nádegas.
    - Isso. Assim - rosnei baixinho - - Isso, falta pouco. Assim - sussurrei, enquanto olhava em direção a porta de Augusto e ainda era capaz de ouvir os sons das vozes lá dentro. Sinal que a reunião continuava em andamento.
    - Ah meu Deus - Vera delirava, sentada em sua mesa com as pernas abertas, saia quase elevada a altura de suas nádegas, recebendo-me com fome.
    Meti mais, sentindo o gozo chegando com força. Fechei os olhos e trinquei os dentes para não urrar, quando encravei fundo e me despejei.
    - Nossa - sussurrei.
    Em resposta, senti as pernas de Vera tremerem. Ela me mordeu com mais força, abafando um grito. Se ela fingiu, foi bem convincente. Nunca imaginei que uma mulher pudesse chegar tão rápido ao orgasmo.
    Respiramos fungo, atentos ao som da sala.
    - Acabei de me lembrar - suspirou, ainda abraçada a mim, massageando minhas nádegas. - preciso passar na farmácia, pois minhas pílulas estão no fim - e riu, sozinha - desde que você começou a trabalhar aqui, voltei a ter esse tipo de preocupação.
    Achei graça do comentário.
    - Por que? Está dizendo que eu não daria um bom pai? - gracejei, fazendo-me de ofendido.
    - Ainda não imaginei algo no qual não fosse bom. Apenas acho que já passou de minha hora de ser mãe.
    Nesse instante, acariciei seu rosto e ela me sorriu cansada, mas em paz. Fiquei admirando o rosto de Vera, lendo sua beleza, mas também sua tristeza. Algo nela me atraia de uma forma que não era capaz de descrever. Meu tesão por ela só se comparava ao carinho que lhe sentia. Ambos sabíamos que nosso caso não tinha futuro, mas gostávamos de pensar que, mesmo que por alguns instantes, fazíamos bem um ao outro.
    Porém, nosso momento foi interrompido quando pude ouvir a voz ressoante de Augusto do outro lado da parede :
    - Bem, senhores. Creio que já tomei demais seu tempo. E como já sabem, minha patroa é uma verdadeira fera raivosa quando chego em casa tarde.
    Acelerados, eu recoloquei a calça e Vera ajeitou a saia. Sua calcinha não teria tempo, então teve de ser posta na gaveta e trancada a chave. Ajeitamos rapidamente sua mesa e nos colocamos em posição de inocência no instante em que a porta abriu.
    - Garoto, você por aqui? Espero que tenha feito boa companhia a Vera.
    Augusto era daquele tipo de homem cujo todo e qualquer comentário parecia ganhar conotações sórdidas. Embora isso se devesse mais a seu jeito afoito do que a qualquer malicia.
    Apenas sorrimos e concordarmos.
    - Mas fico feliz de estar aí. Fábio, esses são Eliandro e Saulo. Meus sócios em negócios nas cidades de Fortaleza e Natal. Estávamos falando justamente de você. Poderia entrar rapidamente? Prometo que não vai ser muito tempo. Vera, minha flor, poderia nos trazer água, por favor? Meu frigobar está nas últimas.
    Sorri amarelo para Vera, num pedido silencioso de desculpas. Ela apenas sorriu e ajeitou os cabelos.
    Segui os três para o escritório.
    - Garoto, estava falando de você para meus sócios e eles estavam doidos para lhe conhecer. Como um garoto, cujo primeiro trabalho com vendas na vida, consegue tantos números positivos? Eu disse a eles que o que você tem não se ensina. Que é um Dom. Mas eles acreditam que você pode ao menos inspirar os pretensiosos de Natal.
    Olhei para os dois, que apenas acenavam positivamente.
    - Não sei se está sabendo, Fábio. Mas daqui a duas semanas teremos um grande simpósio no Rio Grande do Norte e adoraríamos que você apresentasse um pouco do que Augusto chama de "Instinto Selvagem para vendas" para nossos aspirantes. - narrou o que eu acho que se chamava Saulo.
    - Nossa - me surpreendeu - é tão de repente. Nem sei o que dizer.
    - Desculpe falar assim de sope tão, garoto. A verdade é que pegou a todos nos de surpresa. Estávamos conversando sobre o simpósio e o Eli ali acabou de descobrir que um dos palestrantes cancelou. Conversa vai, conversa vem, o assunto sobre inspiração caiu em seu nome. Falei de você e meus amigos aqui ficaram impressionados. Também pudera.
    - Não sei se você tem experiência com palestras, Fábio. Mas a verdade é que o que queremos é um relato sincero vindo de você. Algo que fale ao coração, entende? - concluiu, Eliandro.
    Eu de fato já havia me apresentado nos simpósios da universidade, trabalhos em grupo e outras atividades que valiam pontuação. Mas algo daquele tipo, nunca antes na vida. Sempre fiz o estilo isolado, mais introspectivo, daqueles que não gostavam dos holofotes. Um bom caçador sempre atua melhor nas sombras, esse era meu lema.
    Mas foi difícil resistir as expectativas postas em mim naquele momento e eu acebei concordando antes de pensar o suficiente no assunto.
    Quando saímos, aproveitamos para parar num bar próximo e, nós quatro e Vera, brindamos a boa nova. Isso até Augusto receber a ligação de sua esposa e teve de sair as pressas.
    Ficamos ainda, Vera eu e os sócios, bebendo mais um pouco, até a hora que Saulo começou a olhar Vera como se ela fosse um pão recém saído da padaria e ela resolveu sair. Dividimos um táxi e a deixei em casa. Esperei um convite para passar a noite com ela, que não veio. Vera era muito cuidadosa em ultrapassar limites que talvez não tivessem volta.
    Ainda no táxi, agora sozinho rumo ao meu apartamento, recebo a mensagem de Dom Pedro.
    "Garoto, onde você está? Esqueceu da Valquíria? Ela já está quase pronta e eu menti dizendo que você estava no banho. Não me faz passar por mentiroso"
    Levei a mão a cabeça, enfim me recordando que hoje era aniversário de nossa vizinha, a qual era grande amiga de Pedro. Sorte estar chegando. Subi sorrateiramente ao meu apartamento e fui acobertado por Pedro. Escovei os dentes rapidamente e corri para o banho.
    Quando escuto o som vindo da sala.
    -Amorrrrr - a voz estridente que Pedro fazia sempre que encontrava sua amiga ecoou pela casa.
    - Espero não ter me atrasado? - ela falou.
    - Que nada. O Fábio é mais Cinderela que você. Acredita que ainda esta no banho?
    - Não acredito...
    Terminei rapidamente e me sequei. Sorte que já tinha feito a barba e me raspado de véspera.
    Saí, ainda com a toalha enrolada.
    - Desculpe. Tive de fazer a barba e dar uma caprichada, se é que me entende - brinquei, ao que ela sorriu com malícia.
    - Prove - desafiou.
    Eu então me acheguei e abri a toalha só pra ela.
    - Ah não é justo. Eu também quero ver - Pedro chegou e arrancou a toalha. - Meu Deus.
    Todos rimos e eu peguei a toalha e me cobri novamente.
    - Está ótimo - Valquíria parabenizou.
    - Fábio, já pensou em se depilar, ao invés de passar gilete? Acho que ficaria ótimo.
    - Está doido. Não sei como vocês aguentam essas sessões de tortura.
    - Ah não, eu gosto de um pouco de pelos. - Valquíria defendeu e eu apontei para ela como se fosse o argumento do qual precisasse.
    - Mas eu ainda acho que ficaria ótimo. Além do que, iria parecer que é ainda maior. - argumentou
    - Todos aqui sabemos que eu não preciso de simulacros - rebati, sem um pingo de humildade e, vencendo a discussão, saí para terminar de me arrumar.
    Valquíria decidiu comemorar em uma boate muito boa próxima de nossa casa. David e Diego chegaram depois, vindos direto da última aula. Lá, vários amigos e amigas de Valquíria, muitos da nossa faculdade onde ela cursava farmácia, estavam e a festa correu bem. Bebi mais alguns drinques em homenagem a aniversariante. Farreei, brinquei e beijei muitas bocas.
    Não sei que fama eu tinha na faculdade, mas muitas garotas vieram dizendo querer experimentar meu beijo. Que haviam ouvido histórias a respeito. Eu, como bom cavalheiro do interior, não neguei nenhuma. Passados alguns momentos, até mesmo alguns garotos mais atirados vieram pedir uma provinha, que eu não neguei. Até mesmo Rosana, uma transexual recém operada, eu beijei.
    - Você hoje está a periga, hein? Não imaginava que tinha um cardápio tão variado - comentou Valquíria, dançando comigo
    - A evolução diz que animais Onívoros tem maiores chances de sobreviver. Quanto mais variado o cardápio, maior a chance de alimentação.
    Valquíria riu
    - Só quero saber se sobrou algo pra mim.
    - Estou guardando o melhor pra você - e a encochei por trás.
    - Agora vi vantagem.
    Nesse instante, puxei David que passava e o fiz dançar conosco, mantendo Valquíria no meio. Nos beijamos os três e eu senti a mão boba de minha amiga entrar em minha calça e apertar meu órgão com força.
    - Gente, nunca vi o Fábio bêbado - Pedro comentou - fica mais safado que de costume.
    - Mas eu não estou bêbado - rejeitei.
    - Ah tah - exclamou - Vai dizer que esse olhar fechado aqui é sobriedade?
    - Estou te falando. Estou ótimo.
    Eu de fato tinha tomado alguns drinques na festa e somados a cerveja no pós trabalho, poderia me deixar um tanto tonto, mas não bêbado.
    - Olha só - e fiz o quarto com as pernas para ele ver.
    - Isso é moleza - Pedro riu e eu então o desafiei.
    - Beleza então. Quer que eu ande de ponta cabeça? Plantando bananeira?
    - Fábio, se você conseguir dar três passos assim já seria um milagre. Vamos fazer o seguinte, então: se você não conseguir dar pelo menos três passos de bananeira, vai ter de ir no meu depilador.
    Nada melhor para atiçar minha ousadia que um bom desafio
    - Ta aí, aceito. Mas se eu conseguir - e cheguei bem perto dele para o encarar - tu vai chupar uma buceta.
    - Eca - ele deu um passo pra trás como se a ideia lhe causasse repulsa.
    - O que foi? Está com medo? Não está tão certo que vou cair?
    - Vamos lá, Pedrinho. Mostra tua coragem, viado - Diego o incentivou
    - Essa eu quero ver - Valquíria se animou.
    De repente, as pessoas em volta se mostraram mais interessadas em nossa aposta que na festa em si. Abriram caminho e eu me preparei.
    - Tenho sua palavra? Aposta valendo? - garanti, deixando-o em saia justa e o forçando a concordar.
    Quando ele deu de ombros, eu me enchi de coragem e fui.
    Ainda bem que Pedro tinha escolhido três passos apenas. Eu sequer poderia chamar aquilo de passadas. Eu simplesmente me joguei, desequilibrei na primeira e vacilei umas quatro palmas até me estatelar no chão. Som ecoando e vencendo até mesmo a música alta.
    - Ai. Acho que to bêbado sim. - fui forçado a admitir.
    Logo vieram me acudir e me colocar sentado num banco. Mas eu estava bem, o sangue ainda quente. Amanhã aquela brincadeira cobraria seu preço.
    - Fábio, você é doido - Pedro me repreendeu.
    - Mas valeu a pena. Consegui.
    - Como assim? Você nem andou nada, desabou logo.
    - Pedro, eu contei 4 passadas - David veio intervir.
    - Mas ele desequilibrou logo de inicio - Valquíria ponderou.
    - Mas ninguém falou que as passadas tinham de ter classe - uma terceira voz entrou na discussão.
    Logo a polêmica estava gerada.
    - Olha, melhor considerar logo empate - Pedro sugeriu - ambos ganhamos.
    - Pensei melhor - corrigi - Ambos perdemos. E vamos ter de pagar.
    Pedro me olhou como se eu estivesse maluco.
    - E você vai encarar cera quente?
    Botei a mão em seu ombro
    - Vai valer a pena - zoei e ele engoliu em seco.
    Logo a brincadeira apagou o episódio da aposta, mas eu jamais permitiria a Dom Pedro esquecer sua dívida.
    A noite passou rápido. David, saiu mais cedo, pois teria de acordar cedo no sábado. Já eu, Dom Pedro, Diego e a aniversariante, só saímos as 4h. Andamos até nosso condomínio rindo a toa e levamos Valquíria até seu apartamento, para garantir que ela não erraria o caminho. Ao chegarmos, ela nos insistiu para tomarmos uma saideira.
    - Só se for de café - sugeri, cansado de álcool.
    - Deixa eu ir para o seu banheiro então. - anunciou Dom Pedro e, assim que entrou, disparou como uma flecha.
    - Está tão apertado assim? - questionou Diego, logo antes de o ouvir regurgitar a bebida, corrigindo-se com uma cara de asco - Ah tah.
    Enquanto Valquíria tentava o milagre de fazer a cafeteria funcionar antes de ligar na tomada, eu aproveitei para dar um beliscão na bunda de Diego, que pulou sem nada entender.
    - Ta maluco, cara?
    - Vem cá. Me ajuda com uma parada - pedi e o beijei, sem mais informações.
    Diego não fez qualquer resistência.
    - E o que seria? - perguntou, quando demos uma pausa.
    - Você vai ver.
    Voltamos a nos beijar.
    - Beleza, então - deu de ombros, deixando-se levar
    Senti o olhar de Valquíria nos acompanhar da cozinha e continuei. O beijo de Diego era bom, com pegada. Tirei a blusa e ele me acompanhou, roçando o peito um no outro. Desafivelamos os cintos um do outro e deixamos as calças caírem. Tiramos com os pés os tênis e deixamos as calças no chão.
    Olhei para Valquíria e disse:
    - Encare isso como um presente de aniversário
    E ajoelhei e arriei a cueca de Diego. Segurei aquele pau enorme e tentei encaixar na minha boca. A falta de prática se mostrou clara e eu muito mal consegui chupar além da cabeça. Mas o que valia era a intenção.
    - Caramba, amigão. Gostei.
    - Vai se acostumando não, malandro - alertei, segurando seu pau e o tirando da boca - é só um favor entre amigos.
    Tentei lembrar de todos que já me chuparam para simular a técnica. Lambi as bolas, cheirei o órgão. E devo admitir que não me foi nada demais. Não era algo que me despertasse tesão, mas como estava agradando dois amigos de uma vez, continuei de bom grado.
    Valquíria já tinha desistido da cafeteira e se recostou no sofá, para apreciar o espetáculo.
    Levantei-me e retirei minha cueca também. Pelados, deitamos no chão e começamos a nos lamber. Como dois gatos que banhavam um ao outro, nossas línguas passaram por rostos, bracos, peitos, axilas, barrigas, pernas e por assim foi.
    Diego, aproveitando-se de minha boa vontade, deixou a língua correr pelo meu rego, lambendo a entrada entre minhas nádegas.
    - Já está abusando - alertei.
    - Pela Valquíria, amigão. Pela Valquíria.
    - Canalha - ri, mas de fato nossa amiga estava curtindo.
    Então deixei ele se banquetear pela região nunca antes visitada por qualquer homem e lhe chupei o pau novamente.
    Abraçando seu corpo.
    Diego, entrando na brincadeira, também me chupou o pau, com a mesma néscia.
    Nos colocamos de joelho, de frente um para o outro, e voltamos a nos beijar, paus duros duelando um contra o outro, até que, num sincronismo natural, olhamos para nossa espectadora.
    Engatinhamos até ela, a arrancamos de seu conforto, e a derrubamos no chão, dilacerando suas roupas e a pondo nua entre nós.
    Valquíria ria, enquanto seu vestido era rasgado e sua pele ébano exposta.
    Chupei com voracidade, enquanto Diego chafundava entre seus seios.
    Meu amigo foi o primeiro a se colocar entre suas pernas e penetrar, sendo recebido de bom grado. Aproveitei a oportunidade, e lhe retribui o beijo no rego.
    - Para, Fábio. Vou brochar assim - avisou.
    - Ora, ora. Não consegue manter a ereção amigo? Podemos ver uma clínica pra você - zombei.
    - Seu filho da puta - e riu.
    - Você consegue, amigão. Concentra. Qualquer coisa, passamos a comprar uma azulzinha pra você.
    - Vai. Não desiste - Valquíria o incentivou, segurando para que se mantivesse dentro dela
    Diego, movido pelo orgulho, continuou a penetrar, enquanto eu brincava com sua bunda vulnerável. Lambi e mordi as nádegas, subindo pelas suas costas e me colocando atrás dele.
    O abracei e o senti trincar as nádegas, para impedir que eu ultrapassasse a linha do permitido.
    - Com medinho, é? - ri
    - Vaza dai, leão - avisou, rindo - Aqui é território proibido.
    Rimos muito, quando ouvimos a exclamação de Dom Pedro.
    - Amiga. O que estão fazendo com você?
    Olhamos supressos. Tínhamos nos esquecido completamente dele.
    - Me ajuda, amigo - Valquíria ergueu a mão em súplica. Rindo como uma colegial.
    - Cuida dela, que eu vou atrás do outro. - sussurrei ao ouvido de meu parceiro.
    Me levantei e, antes que Dom Pedro pudesse assimilar os acontecimentos, tomei suas roupas e o pus nu e deitado de bruços ao lado da amiga, abri suas nádegas e chupei com vontade.
    - Desculpa, eu tentei - Pedro pediu e Valquíria sorriu.
    Diego penetrava com agilidade, gingando com destreza e arrancando gemidos ofegantes de sua parceira.
    Eu logo me juntei a ele, montando em Dom Pedro com a brutalidade que ele tanto gostava. Em um dado momento, Valquíria deu a mão ao amigo, unidos enquanto eram fodidos, até Diego retirar de dentro dela e me oferecer:
    - Quer trocar?
    Pensei um pouco, então neguei
    - Tenho uma ideia melhor
    E peguei Dom Pedro pela nuca e o puxei
    - Chegou a hora de pagar sua parte da aposta - anunciei.
    Pedro demorou um pouco para compreender o que significava aquilo. E quando a ficha caiu, seus olhos se alarmaram e seu rosto metamorfoseou, assumindo um aspecto de asco.
    - Não, por favor - implorou, enquanto eu guiava seu rosto para a região entre as pernas de Valquíria.
    Ela levou as mãos ao rosto, abafando a gargalhada, olhos lacrimejando.
    - Vamos, Dom Pedro. Variar o cardápio de vez em quando não faz mal a ninguém.
    - Eh gatinho - Diego deu corda - você quem inventou de apostar.
    Nosso amigo engoliu seco e, percebendo que ninguém ali viria em seu socorro, respirou fundo e encarou o destino.
    - Vou vomitar - anunciou, exageradamente.
    - Que bom que já esvaziou a barriga então- e conduzo sua cabeça, olhos fechados e ar preso. Até seu rosto sumir e Valquíria soltar uma gargalhada que poderia ter acordado todo o prédio.

     

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