person_outline



search

gay

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 8 – FAMÍLIA

    Durante a semana que se seguiu, uma questão criava um conflito em meu interior: O que eu deveria fazer com Siqueira? Seria minha ameaça o suficiente para garantir a paz? Ou nesse um ano que lhe resta ele ainda aprontaria alguma coisa? Teria eu que por logo um fim de uma vez e me garantir?
    A festa chegou e tudo saiu como nos conformes. Muito bem organizado. Até meu tio Vitor e seu marido Lucas vieram. Meus pais estavam sentados comigo na plateia, antes de eu ter de me retirar para começarmos nossa apresentação. E foi ali, enquanto o diretor discursava, que parte do que ele falou pareceu ser direcionado a mim.
    - A vida militar é assim. Se preparar para o que rezamos jamais acontecer. Treinamos. Não desejamos a guerra, mas estamos sempre preparados para ela. Estamos sempre prontos a defender a nós, nossos entes queridos e nosso país. Por isso, quando o dia inevitável do conflito chega, temos de ser implacáveis. Ganhar não só aquela guerra, mas todas as outras que estão por vir. Garantir que algo que nos ameaçou antes, jamais torne a acontecer
    Aquelas palavras cravaram fundo em mim. Foi então que, duas filas a frente, vi Siqueira ao lado de um homem alto, cabelos grisalhos. Meu pai o havia identificado pra mim, era o Almirante Ivo Siqueira, pai de meu superior. Não vi alguém que pudesse identificar como sua mãe. Mas aquilo não me importava naquele momento.
    Então, fiz minha apresentação e as demais turmas também. Tudo correu muito bem. Lá para os finais do evento, tomei minha decisão e pedi licença para meus país. Fui atrás do confronto final. A ideia vinha sendo arquitetada em minha cabeça ao longo das apresentações. Ia acabar com aquilo de uma vez por todas.
    Mostraria o vídeo para o Almirante, e combinaria guardar para mim desde que o filho dele me deixasse em paz de uma vez por todas. O pai não iria arriscar. Não ia querer a imagem da família na lama. E Siqueira teria a lição que merecia. Xeque e mate.
    Fui para os fundos do colégio, onde os vi pela última vez. Próximo a um galpão de mantimentos. Iria fazer a curva em torno do galpão quando ouço uma voz grossa dando bronca em alguém.
    - Foi para isso que você me tirou dos meus serviços? Para ver uma apresentação de colégio? Francamente Gabriel, esperava que esse lugar tivesse te amadurecido. Mas continua sendo o mesmo maricas quando entrou.
    - Sinto muito, pai - era a voz de Siqueira. - eu sei que não gosta dessas coisas. Mas era o centenário dos Pracinhas e eu imaginei...
    - Imaginou errado. Sabe o que eu imaginei? Que tinha me chamado porque meu filho ia ser condecorado, alguma medalha. Mas não. Você não me deu esse orgulho e talvez não dê. Você só faz o básico. Nada mais. Não surpreende, não inova. Sempre acomodado. Nunca será um oficial de alta patente com essa postura. Com essa falta de pulso. Com essa falta de criatividade. Francamente, que apresentação foi aquela da turma? Você disse que ficou como responsável. E foi só aquilo que fez?
    E a coisa foi continuando. Escutar a voz daquele homem foi me dando um aperto no peito. Não sei se foi o fato de eu ter país maravilhosos e achar inconcebível que alguém trate o próprio filho daquela maneira. Ou simplesmente pela injustiça que era cometida. Pois eu teria de ser justo naquele momento, Siqueira tinha não só tomado a frente da apresentação de sua turma, como basicamente organizou todo aquele evento, ficando como responsável. Lembro que ouvi vários comentários ao longo da semana de professores e alunos falando da atuação dele e como ele foi fundamental para a organização do evento. Não estava conseguindo suportar.
    Queria que ele parasse, mas não parava. Aquele homem rancoroso, vil. Em um momento, não consegui mais resistir e saí.
    Caminhei em direção a eles. Minha chegada fez o Almirante se calar. Quando Siqueira me viu com o celular na mão, seu rosto gelou.
    Eu parei na frente dos dois e bati continência para o Almirante. Que me olhou de cima a baixo com olhar de aprovação.
    - Desculpe interromper, senhor. Gostaria apenas de agradecer seu filho antes de partir
    Ele me olhou curioso e Siqueira, incrédulo.
    - Major Siqueira, gostaria de agradecer, em nome do primeiro ano, pela grande ajuda prestada para a concretização deste evento. Minha turma não teria conseguido sem o senhor. Os professores também, todos estão muito satisfeitos com sua atuação. Sei que ficou muitas noites sem dormir trabalhando duro. Por isso. Muito Obrigado - E me virei para o Almirante - obrigado pelo tempo, senhor. O senhor deve estar muito orgulhoso
    E pedi licença e saí.
    Voltei para onde estava. Soltei o ar, pois parecia que eu estava me segurando o tempo todo. Coração acelerado. De fato meu pai estava certo e o almirante Ivo era um comem capaz de impor sua presença e intimidar, mesmo que não estejamos em situação de conflito. Foi então que o ouvi falando
    - Bem, parece que acertou em alguma coisa. Vamos pra casa
    Eu saí antes que eles vissem que eu ouvira a conversa. Voltei para meus pais e minha mãe veio perguntar o que houve, pois eu estava abatido. Falei que era apenas fome, ela me beijou no rosto e sugeriu um ótimo restaurante para comemorarmos. Eu aceitei. Meu pai me deu um tapa no ombro, parabenizando pela apresentação. Meu tio Vitor e o marido também, todos me felicitando. Ao olhar para o lado, vi o almirante e seu filho indo em direção a saída. Ele na frente, o filho acompanhando. Siqueira olhou para o lado e nossos olhares se cruzaram. Depois ele seguiu, sua expressão não me era possível interpretar.
    Tudo aquilo que disse dele era verdade. Ele de fato ajudou todos os turnos em sua apresentação. Jamais imaginei que o defenderia, só esperava não me arrepender daquilo.
    ***
    Naquele fim de semana, saímos do restaurante e comemoramos na casa de Tio Vitor. Ele morava em uma cobertura na Barra com o marido Lucas. Lucas era arquiteto, especialista em design de interiores e aquela piscina ele chamava de sua obra prima. Lembro que quando criança eu babava por ela uns minutos antes de conseguir entrar na água. A noite foi muito gostosa e fomos ficando até tarde. E eu enfim consegui calar aquela ansiedade que me acometia desde que encontrei com Siqueira e seu pai.
    Acabou que ao fim, iriamos dormir por lá e só voltar pra casa na manhã seguinte
    - Bem, já que não vou dirigir - meu pai pegou um dos vinhos na adega de Vitor - vamos brindar - e virou pra mim - Fabio, acho que você é maduro para sua primeira bebida, o que acha, amor?
    Minha mãe fingiu condescendência e concordou.
    Olhei para ela com cumplicidade, pois meu pai não sabia que na verdade, a primeira bebida minha havia sido um licor que ela me deu há uns três anos atrás.
    Estávamos todos de roupa de banho, aproveitando a noite quente na borda da piscina. Brindamos.
    A conversa foi fluindo naturalmente. A bebida foi soltando as línguas. Meu pai, mais comedido, começava a fazer piadas e minha mãe ria fácil. Eu estava à vontade. Bebendo refrigerante após a primeira e única taça.
    Eu ficava muito à vontade entre adultos. Creio que pelo fato de meus país sempre serem abertos comigo. Falando de quase todos os assuntos. O que me tornou muito precoce
    - E o Fábio, aprontando muito na escola? - Meu tio perguntou.
    - Nem consegue. Lá a disciplina e rígida - meu pai respondeu por mim. Eu apenas tentei esconder minha cara de culpado.
    - Até parece. O Fábio, malandro do jeito que é, é capaz de virar aquele lugar de pernas pro ar - meu tio argumentou
    Foi então que brinquei.
    - Não aprontei tanto quanto vocês dois, mas faço das minhas
    Meu pai, nesse momento engasgou com o vinho. Eu olhei para ele, sem entender.
    - Fábio - me chamou atenção
    - O que? Eu não disse nada demais
    - É amor, o que tem demais? - Minha mãe riu, achando graça.
    - Eu não ia falar do que você e meu tio faziam no quarto não - soltei 'quase' sem querer e depois tampei a boca.
    Agora foi a vez da minha mãe engasgar.
    - Você contou pra ele? - Minha mãe quis saber, sem acreditar.
    Vitor ficou vermelho, já Lucas ria alto na piscina.
    Como já tinha soltado mesmo, resolvi continuar
    - E falou também de você e da Camila
    Minha mãe ficou vermelha na hora e meu pai me fuzilou com os olhos. Mas não conseguiu me censurar, pois recebeu uma encarada de minha mãe que o fez encolher uns 30 centímetros.
    - Caraca, Camila - Vitor foi recordando - gente nunca mais ouvi falar dela. Aquela menina foi a única na vida que eu achei gostosa depois de mudar de time. Sem ofensa, amor - e virou para Lucas.
    - Relaxa - Lucas estava muito à vontade com a loucura.
    - Não acredito que você falou de mim e da Camila - minha mãe se voltou para meu pai
    - Alguém suspende o vinho desse garoto, por favor - meu pai pediu
    - Já faz um tempo que eu só estou no refrigerante - me defendi, mostrando o copo.
    - Ah, fala sério, mana. Qual o problema? - Vitor ponderou. - Seu marido já experimentou homem. Você experimentou mulher. Viva o amor plural
    - Eu não vou falar da minha vida sexual com meu filho. Tudo tem limite nessa vida
    - Mãe, qual é. Não era você a mente evoluída. Me deu meu primeiro gole de álcool aos treze anos – confessei
    - Fabio! - Ela exclamou.
    Meu pai então cresceu de novo. Cruzando os braços e olhando pra ela
    - Ora, ora, ora. Então a senhora também fez pelas minhas costas. E daí que contei que eu comi o Vitor. Sem querer ser desrespeitoso, Lucas
    Mas Lucas estava se divertindo na piscina e nem se importou. Mas resolveu entrar na brincadeira.
    - Relaxa. Vitor me contou tudo. Disse inclusive que seu pau é torto para a direita, é verdade isso?
    Eu gargalhei
    - Chega, chega. Já foi história demais para uma noite - minha mãe estava abalada psicologicamente. Meu pai, na farra, a pegou, colocando-a no ombro e levando pra dentro, como num sequestro.
    - Tem razão. Hora dos adultos irem pra cama
    Minha mãe gritou
    - Ahhh. Me larga. Vou cair
    Mas meu pai ignorou e foi andando
    - Irmão. Filho. Me ajuda
    - Vai lá, pai - encorajei
    - Acaba com ela, cunhado - Vitor incentivou. Meu pai ergueu um braço em sinal de comemoração e a levou pra dentro.
    - Hoje vai ter - meu tio Vitor comentou. Depois me olhou, botou a mão no meu ombro e perguntou - como você consegue se manter normal, sendo filho da Ana e do Almir?
    Eu não precisei pensar muito pra responder.
    - Acho que não sou. Essa é a questão - e os dois riram. Ele então me abraçou e me rodou em direção a piscina.
    - Fala a verdade. Meu sobrinho é um gato, né? - Perguntou, orgulhoso.
    - Muito - Lucas respondeu. Poderia ser a experiência que tive no Pracinhas, que me ajudou a detectar esse tipo de coisa, ou só o efeito do vinho que embaralhou minha percepção, e assim me fez confundir as coisas, mas achei o comentário de Lucas não tão inocente quanto deveria.
    - Tinha que ser, olha só, puxou os genes bons da família. Puxou todo a Ana
    - Na verdade... - Lucas tinha dúvidas - acho que ele lembra mais o pai
    Vitor me virou e me analisou. Vitor era todo a cara de sua irmã, rosto mais triangular, pele clara, cabelos e olhos num castanho suave e o nariz e os lábios finos. Era alto e magro, muito bem definido.
    - Que isso, amor. Ele tem os olhos da Ana
    - Só isso - argumentou, Lucas, da piscina - o resto é do pai. O cabelo cacheado, os lábios grossos, o rosto de homem
    - Tá dizendo que eu não tenho o rosto de homem? - Vitor questionou o marido
    - Não - respondeu, achando graça. Meu tio ia abrir a boca, mas deixou passar. Acho que ele ia mandar um palavrão - sorte sua que meu sobrinho está aqui
    - Pensa bem, tio - resolvi alfinetar - pode ser por lembrar o meu pai que o senhor me ache bonito
    Vitor ficou com a cara vermelha na hora e Lucas pôs a mão na boca para segurar o riso. Lucas era moreno de sol. Cabelos e cavanhaque castanho escuro. Os olhos num azul intenso que se assemelhavam ao fundo da piscina. Era mais baixo que meu tio, e mais forte. Tinha uma bunda enorme.
    - Chega de vinho pra você - Vitor decretou
    - Puxa, mas eu ia pedir mais um golinho - e matei meu refrigerante e estendi a taça - qual é tio, só um gole
    Ele pensou e então pegou a garrafa. Pôs só metade. E terminou de matar, enchendo a taça dele e de seu marido.
    Sentei na borda da piscina, dando um gole e olhando Lucas, que nadava, mas também me olhava.
    - Sabe, Fabio - Lucas começou a puxar assunto - Vitor já me contou algumas das coisas que rolam naquele colégio. É verdade mesmo? Sempre achei que ele exagerava. Pois se for, é uma Sodoma.
    Eu dei mais um gole e Vitor deu um pigarro. Lucas riu.
    - Adoro falar desse colégio, Vitor sempre fica vermelho
    - Bem, então já que é pela nobre tarefa de deixar meu tio sem graça, vamos lá - e comecei a contar.
    Contei tudo, desde que comecei. De Siqueira, do trote, do mijão. Falei de Pinheiro, Elias. Fui apenas econômico no lance da maconha. Não falei do traficante, apenas que uma vez vi um cara de fora do colégio entrar pelos fundos pra comer o rabo de um aluno do terceiro.
    Só não fui econômico com a história de Pedro e Soares. Não, nessa eu narrei cada detalhe, cada sensação. Me vangloriei um pouco, deixando bem claro como eu tinha gostado de estar com um casal. Como tinha me saído bem. Eles que pegassem a indireta.
    Lucas me olhava fixo, prestando atenção com os olhos brilhando. Meu tio Vitor, esse fingia não ouvir, mas percebia seu pescoço se inclinar em minha direção cada vez que eu chegava em algum detalhe picante. O olhar de Lucas me deixava excitado.
    Acho que nunca olhei para meus tios com desejo. Claro, isso foi antes do Pracinhas.
    - Bem pessoal, vamos mudar de história. Não quero saber da vida sexual do meu sobrinho. Francamente, eu troquei suas fraudas, já vi esse pinto inúmeras vezes - Vitor tentou desconversar.
    Eu então desamarrei o cadarço da sunga e botei o pau pra fora. Duro e ereto. Àquela ousadia eu posso dizer que foi o vinho.
    - Olha tio, eu acho que tá um pouco diferente do que você lembra
    Meu tio engasgou. Lucas riu, mas comentou
    - Caramba, garoto. É um belo espécime o que tem aí. - E se virou pra Vitor - o do pai também era assim?
    - Pelo amor de Deus, Fábio, guarda isso
    Eu ri, achando graça do jeito dele. Meu tio, mesmo um gay assumido que teve de lutar anos contra uma instituição arcaica e preconceituosa, no fim, tinha seus conceitos conservadores e desejos os quais tinha dificuldade em confessar. A maneira como ele evitava olhar pro meu pau, mesmo sem sucesso, dizia muito. Lucas já não tinha tantos pudores. Talvez por não ter a questão moral do sangue envolvida.
    Mesmo interessado em mim, ele ficou parado. Provavelmente esperando para ver o que meu tio ia fazer, antes de tomar qualquer atitude.
    Vendo que eu não vestia, Vitor tomou a iniciativa, chegou, abaixou e pôs meu pau pra dentro, olhando para o outro lado. Aquele toque me encheu de tesão e eu ousei ainda mais.
    Peguei no seu volume, que estava duro. Tentei puxar, mas ele me segurou
    - Para - mandou, mas sua voz não era tão firme como queria.
    - Deixa eu ver o seu - pedi.
    - Não
    - Mas eu te mostrei o meu - fiz manha
    - Caralho. E eu lá pedi pra ver o seu?
    Lucas ria de se acabar
    - Para com isso, Lucas. E você Fábio, me respeita
    - Está bom. Juro que vou parar, só me mostra, rapidinho. Por favor. Fiquei curioso - pedi com jeitinho. Ele respirou fundo e deixou eu tirar o pau. Mas eu fui além. Sem dar tempo, assim que saiu pra fora, eu meti a boca.
    - Fabio... Fabio... Para... Ah... Fábio... Ai meu Deus
    Ele arfava, olhando para dentro da casa, receoso de alguém aparecer.
    Percebi Lucas nadando para a borda, para perto de nós.
    Meu tio tentava me empurrar, mas sem força, então me aproveitei da posição em que Vitor estava e passei a mão por baixo dele. Tocando seu rego. Enfiei os dedos por dentro de sua sunga e toquei o cuzinho. Ele arrepiou na hora, dando um forte suspiro. Chupei muito enquanto massageava seu cu com meus dedos.
    Lucas então, parado na borda, começou a puxar minha sunga. Ergui a cintura e depois tirei os pés da água para auxiliar. Quando tirou, pôs meus pés na borda de forma a eu ficar bem aberto. Deu uma longa lambida, que foi do rego até a cabeça do meu pau. E dali, começou a chupar
    - O que você está fazendo, Lucas? - Vitor o repreendeu.
    - Ora - deu de ombros - brincando com meu sobrinho. Igual você. Você se importa, Fábio?
    Eu só fiz que não com a cabeça, sem tirar o pau de Vitor de minha boca.
    A língua de Lucas alisava toda a região. Era gostosa. O cavanhaque dele roçando minha pele me dava arrepios deliciosos.
    - Gente, melhor parar... Ah caralho... Se minha irmã chega ela mata a gente
    - Tem razão, - Lucas falou - melhor irmos pra dentro
    - Boa ideia, - concordei e me levantei. Lucas saiu da piscina e me acompanhou depois de se enxugar rapidamente.
    - Eu não disse isso - Vitor tentou argumentar, mas nos seguiu. Antes pegou minha cueca largada no chão e desligou as luzes da área da piscina.
    Passamos pela porta do quarto de hóspedes, onde o barulho indicava que a festa particular de meus pais estava a todo vapor.
    - Teu pai deve mandar muito bem - Lucas fez cara de aprovação, olhando pra porta
    - Tal pai, tal filho - e sorri pra ele, que me olhou e lambeu os lábios. Entramos no quarto em que eu dormiria. Vitor veio atrás, mas parou na porta.
    - Gente, melhor...
    - Ah, para de palhaçada - eu e Lucas o puxamos pra dentro e fechamos a porta.
    Comecei a beijar Lucas. Que beijo gostoso. Depois puxei Vitor e juntos fizemos um beijo a três. Meu tio, já entregue, não conseguia mais abrir a boca para fazer objeções.
    - Fica de quatro na cama - mandei para meu tio Vitor.
    - Que isso moleque. Com quem você pensa que...
    - Vai logo, amor - Lucas o empurrou. Vitor ficou pasmo, mas dava para ver que no fundo ele se divertia. E acabou cedendo, ficando de quatro na cama
    - Você também - agora me voltei a Lucas
    - O que? - Ele foi pego de surpresa
    - Vai logo - mandei e o empurrei igual ele fez com meu tio. Vitor olhou pra ele, apontando e rindo.
    - Se fodeu - zombou.
    Eu tirei a sunga dos dois, deixando-os de quatro e bundas abertas pra mim.
    Comecei por Lucas. Que ia começar a falar
    - Acho que nós criamos um monstro, amor... Ahhhh caralho - se arrepiou todo quando eu abri sua bunda e enfiei a língua. – Puta que... Esse moleque é o diabo, só pode
    Vitor riu, olhando seu marido perder a linha.
    Lucas enfiou a cara no colchão, agarrando os lençóis com as mãos em garra. Passei a mão pela sua bunda, sentindo a pele arrepiada.
    Meu tio acompanhou tudo. O cu de seu marido piscava, pedindo mais. E eu me deliciei com seu sabor.
    Quando acabei, o deixei naquela posição e comecei a chupar o rabo do meu tio, que trincou os dentes e se empinou na hora
    - Caralho... - Soltou
    - Bom, né? - Lucas perguntou, com os olhos ainda brilhando - o moleque leva jeito
    - Não acredito que estou fazendo isso - ele soltou, com a cabeça entre os braços... - Mas porra, isso é tão bom
    Chupei muito, até que eles me pegarem pelas axilas, um de cada lado, e me jogaram na cama, de barriga pra cima. Os dois voaram em cima de mim, brigando pelo meu pau. Beijavam, lambiam, cheiravam, um de cada lado, cada hora puxando para suas bocas. Até que ao fim, aprenderam a dividir. Quando chegaram à cabeça, se encontraram e se beijaram, tendo meu pau entre suas bocas.
    Acompanhei tudo maravilhado
    - Quem vai ser o primeiro a sentar? - Depois de deixar eles se divertindo por um tempo. Perguntei, cheio de marra. Vitor ainda me olhava indignado, mas sem capacidade de me repreender. Lucas já gostou do jeito e subiu. Ficou de costas pra mim, encaixou o pau e foi sentando com força.
    - Nossa, que gostoso. Moleque de ouro esse - e puxou o marido e eles começaram a se beijar.
    Aquela bunda enorme e carnuda quicando em mim me proporcionou uma visão maravilhosa. E eu aproveitei cada momento. Dando até mesmo uns tapinhas na nádega farta.
    Depois trocaram. Vitor ia ficar de costas pra mim também, mas Lucas sugeriu que ele ficasse de frente.
    Não entendi o motivo, mas ele obedeceu. Quicou olhando para meu rosto e gemendo gostoso. Foi quando percebi o movimento de Lucas.
    Sem avisar nada, ele subiu na cama, se colocando atrás do marido, segurou seus ombros e encaixou.
    O olhar de Vitor arregalou na hora. Ele se virou para o marido.
    - Lucas. O que ta fazendo? Melhor não...
    - Calma, amor. Relaxa. Estou doido pra tentar isso contigo tem um tempão.
    E foi forçando.
    Senti meu pau ser espremido dentro do corpo do meu tio.
    Aguenta amor, vai - Lucas incentivou.
    Vitor abriu a boca, mas não saiu som. Fechou os olhos e segurou firme nos travesseiros. Rosto se contorcendo em agonia.
    - Vai tio, você consegue. Relaxa que entra - fui incentivando. E ele enfiou a cara no meu ombro. Músculos trincados. Lucas suado enfiando com calma o pau em seu rabo já ocupado.
    - Ahhhhhh - seu gemido abafado em meu ombro.
    Alisei sua nuca, afagando seus cabelos. E o mantendo firme com a outra mão, segurando suas costas.
    Entrou.
    - Pqp - Vitor desabafou.
    - Ahh. Amor. Conseguiu. Isso. Fica assim. Fica - e foi metendo. Deixei meu pau parado, pois qualquer movimento o faria escapar e perder todo aquele trabalho. Lucas ficou responsável pela penetração.
    Eu sentia seu pai roçar no meu no interior do meu tio.
    Meu tio se ergueu de novo, rosto vermelho, gemendo. Cara de dor e prazer misturadas.
    Foi quando vi seu pau verter gozo de uma forma nunca antes testemunhada. Como uma linha branca, grossa, escorrendo. Não eram aqueles jatos habituais que vimos no orgasmo. Era mais como se estivesse babando. Como se pegássemos um tubo de pasta de dente e fôssemos espremendo. O gozo de Vitor estava assim, como se o sêmen, pressionado pela falta de espaço, começasse a escapar por ele.
    Lucas logo se contorceu e gozou também. Quando ele tirou o pau de dentro do marido, o meu acabou escapulindo junto.
    Vitor caiu em cima de mim, quase desfalecido.
    - Caramba amor. Que delicia - Lucas o parabenizou. - E você garoto. Meus parabéns
    Eu sorri. Ele então correspondeu e voltou a chupar meu pau. Apenas uma camaradagem entre amigos, vendo que eu ainda não tinha gozado. E não demorou muito. Gozei em sua boca, sujando um pouco o seu cavanhaque. Ele bebeu tudo.
    Ao fim, ele se achegou mais pra perto e pegou no ombro do marido.
    - Amor, acorda. Está vivo?
    - Eu vou enfiar duas trolhas nos rabos de vocês da próxima vez, aí vocês vão saber o que é que eu passei - protestou.
    Eu e Lucas rimos
    - Parece uma boa ideia pra mim - Lucas sorriu - mas por hoje não. Vamos. Se não acabamos dormindo aqui e amanhã teremos problemas se os pais dele nos pegarem.
    Então Lucas ajudou o marido a se erguer, pegaram as sungas e saíram.
    - Boa noite, Fábio - desejou antes de fechar a porta.
    Na cama estava, na cama fiquei. Ainda extasiado da experiência.
    Ali, relaxado, não pude evitar que minha mente viajasse de novo até Siqueira. Duas pessoas tão próximas, eu e ele, e ainda assim tão diferentes. Não era por menos. Com a família que eu tinha, não tinha como eu ser uma pessoa normal. E a julgar pelo pai dele, não era de se estranhar afinal que ele fosse daquele jeito. Ao fim e ao cabo, Belchior estava certo e somos como nossos pais.
  • Colégio Pracinhas - CAPÍTULO 9 – OBRIGAÇÕES

    Voltar para o colégio naquela semana foi nostálgico. Nem parecia que eu estava fora apenas um domingo. Pela primeira vez eu chegara ali e sentia poder olhar com clareza o colégio, apreciar cada parte de sua arquitetura, de suas pessoas. Sem a preocupação de entrar em algum conflito, de ter de me defender de algo.
    Mas minha alegria durou pouco, pois já entrei também na semana de provas, e como já haviam me avisado, essas são de arrancar o couro. Estudei muito na semana que antecedia, reservando todo meu tempo vago para isso. Não interagi com Siqueira. Só não sabia se isso se devia apenas a semana de provas ou se meu ataque havia surtido efeito sem eu precisar encerrar a guerra de uma vez. Torcia para a segunda opção.
    A verdade é que ele me evitava. Nem mesmo olhar pra mim no corredor ele fazia. O que foi bom. Acho que a única vez que o vi por mais tempo naquela semana, foi numa tarde de quarta, quando estávamos eu, Elias e Pedro na biblioteca, estudando. O vimos entrar com Soares e Pinheiro e se sentarem em uma mesa distante. Sequer nos viram ali.
    - Engraçado que aqueles três vivem andando juntos - comentei com meus amigos - Parecem nós três. Engraçado serem respectivamente nossos superiores
    - Verdade - Elias concordou e depois se virou pra Pedro - Eu só não sei como teu noivo e Pinheiro aguentam esse cara.
    Pedro então pareceu se lembrar de algo.
    - Agora que lembrei, acho que tenho uma boa notícia pra ti, Fábio. Henrique perguntou nesse fim de semana de você para o Siqueira, e pelo que parece, ele desistiu de ti enfim. Acho que agora vai ficar mais folgado
    - Ele disse por que? - Perguntei
    - Não. Só que cansou
    - Que bom, amigo - Elias me parabenizou. - Enfim está livre
    E Pedro emendou.
    - Acho, na verdade, que ele deve estar menos rabugento esses dias também. Afinal a mãe dele melhorou. Foi até pra casa
    - Como assim? - Eu quis saber.
    - A mãe dele estava em tratamento de câncer. Mas enfim a químico deu resultado e ela pôde ir pra casa nesse sábado. Só não estava disposta para vir pro centenário.
    Elias então completou
    - Bem, seria melhor que o pai dele. Vocês viram o cara? Maior mal encarado. Minha mãe o reconheceu, disse que é o Almirante Ivo. O diabo em pessoa
    Pedro riu
    - E é incrível como os pais dele são diferentes. O pai é de fato um monstro, mas a mãe é um doce. Gabriel também, é outra pessoa perto da mãe. Nem parece o babaca que lida conosco
    - Pera aí, quem é Gabriel? - Elias perguntou
    - O Siqueira. - Eu respondi, meio distraído, olhando para a mesa de nossos vizinhos - Gabriel Siqueira
    - Ah sim. Esquisito, trato todo mundo, com exceção de vocês dois, pelo sobrenome. As vezes esqueço que as pessoas tem nomes próprios
    - Verdade - Pedro emendou - Soares é Henrique, Siqueira é Gabriel e o Pinheiro é Gustavo - enumerou
    - Você parece conhecer eles bem - Elias questionou para Pedro.
    - Sim, conheço - confirmou - eles são os melhores amigos do meu noivo e já fui apresentado. Estiveram esse domingo na casa com Siqueira. Por isso, sei da mãe dele. É uma mulher encantadora
    - Pera ai, você esteve lá também? - Despertei, de repente, com aquela informação.
    - Estive.
    - E Siqueira e Pinheiro sabem de você e Soares? - Fiquei incrédulo.
    - Claro. São os melhores amigos do Henrique. Na verdade foi ideia do Siqueira o meu noivo me pegar para subordinado direto. Ele preferia que eu fosse livre. Não queria que eu me sentisse preso ficando subordinado a ele. Mas o Gabriel argumentou, que tímido do jeito que eu sou, seria trucidado aqui dentro. E que era melhor ele me proteger. Bem, não posso discordar. Prefiro assim.
    Acho que uma mosca poderia ter entrado e saído de minha boca nesse tempo que estive com ela aberta. Não estava acreditando naquilo.
    - Eu nunca imaginei Siqueira dizendo ou pensando algo assim - desabafei
    - Nem eu - Elias emendou - achei até que ele não levaria de bem a relação sua com seu noivo
    - Sabem, eu também tinha essa impressão no início. Mas até que não. Tá bom, ele ainda faz piadas muito sem graças. Mas no geral sempre ajudou. Já nos acobertou algumas vezes aqui no colégio. Uma vez até teve uma briga feia com o pai, pois eu e Henrique estávamos de mãos dadas na casa dele e parece que o Almirante não gostou
    - Que isso - Elias se inclinou.
    - Sim, foi feio. Sorte que a mãe dele estava no hospital no dia e não viu. Não suporto o pai dele. Nem ele, na verdade, mas ele bem que tenta ter uma boa relação com o Almirante. Acho, na verdade, que só o suporta pois, apesar de ser um pai horroroso, pelo menos é um bom marido. E trata a esposa com carinho e cuida muito bem dela. Engraçado como as pessoas tem muitos lados, né? O Almirante, um monstro com o filho e seus subordinados, vira um doce com a esposa. E o filho, tal qual, uma pessoa completamente diferente lá e cá
    - Eu não sei vocês, mas eu ainda o acho um pouco babaca - Elias se manteve firme.
    - Eu também. Um pouco só. Mas dá pra tolerar quando se conhece bem - Pedro relativizou
    - E você, Fábio? - Elias quis saber, mas eu voltei a ficar distraído - Fabio? Terra pra Fabio
    - Oi? Desculpe. Sim... Sim... Ainda é um babaca
    E voltamos a estudar. Apesar de ficar profundamente surpreso com aquelas revelações, ainda assim não me foi o bastante para tirar a atenção muito tempo dos estudos. Afinal, a semana se aproximava.
    Estava tão tenso que, de véspera, não consegui dormir. Fiquei virando de um lado pro outro, procurando uma forma de relaxar. Foi então que ouço meu nome sussurrado ao meu lado.
    - Caramba - dei um pulo, mas mantive a voz baixa - que susto, Elias. Que merda.
    - Foi mal - pediu, rindo baixinho - mas não estou conseguindo dormir. E vi que você também não
    - Eh - e me virei para ele
    - Aí pensei que poderia tentar relaxar de uma forma. Se liga só - e pegou minha mão e enfiou entro da calça dele. Estava completamente duro – Não baixa nem por um decreto.
    - Nossa - e apertei o pau - o que propõe?
    Ele não falou, só subiu na minha cama, se metendo dentro das cobertas. Ficou oposto a mim e foi botando meu pau pra fora e mamando.
    Eu o cobri por completo, olhei em volta pra me certificar e depois joguei os lençóis em cima de minha cabeça também. Arriei um pouco de sua calça e comecei a chupar também, enquanto apertava sua bundinha macia.
    Ficamos nos chupando até gozarmos. Na boca do outro, pra não sujar o quarto. Terminamos e limpamos bem o pau um do outro com nossas línguas, e então Elias saiu.
    - Valeu, amigão - e foi pra cama dele.
    - Disponha - e mudei de posição. Aquilo havia funcionado. Dormi logo depois.
    E a semana foi. Duas a três provas por dia. Meu cérebro queimando. Mas sobrevivi. Na semana seguinte, vieram os resultados e fomos pegar. No geral, mandei muito bem, tirando a prova de matemática que tirei apenas 4.5. Pior que não foi uma grande surpresa. Era de longe a que me deixou mais inseguro. Elias e Pedro vieram comentar. Pedro mandou muito bem, era um gênio o garoto. Elias também foi como eu, só teve dificuldade em Literatura, mas mesmo assim ficou com 6.5. Algo fácil de recuperar.
    A média era 7 e com certeza algum trabalho extra o colocaria na média.
    - Caramba, cara. Vamos te ajudar, vamos resolver isso - Elias me consolou
    - Posso ver? - Pedro pediu e eu entreguei a ele a prova de matemática, mas estava tão desanimado que larguei a folha antes de ele a pegar. O papel voou um pouquinho e foi ao chão. Fui buscar, mas antes de conseguir, alguém o tirou. Acabei de cara com as pernas de alguém. Quando ergui o rosto, vi Siqueira olhando minha folha, avaliando.
    - Obrigado. Pode me dar, por favor - pedi, controlando o tom.
    Tentei ser o mais educado que consegui. Estava sem humor para qualquer um. Mas ele apenas me olhou muito sério, guardou a folha dentro do caderno e saiu.
    - Para o meu quarto hoje, as 19h - foi tudo o que disse. Eu ia pra cima dele, mas o inspetor passou naquele momento e eu me segurei.
    - O que ele vai fazer? - Elias apareceu atrás de mim depois de Siqueira virar o corredor.
    - Não sei - respondi. Mas sentia que meu momento de trégua estava prestes a terminar.
    Às 19h em ponto, bati em sua porta.
    Eu havia chegado uns 15 min antes, mas não quis entrar. Tentei antes esfriar bem a cabeça e me preparar para o que estava por vir. Então, na hora marcada, respirei fundo e bati.
    Ele me mandou entrar. O quarto estava arrumado e ele olhava uns papéis, sentado na cama. Vestia apenas moletom e camiseta. Os braços fortes a mostra.
    - Siqueira, eu... - Fui começar, mas ele não me ouviu. Me olhou sério e apontou pra escrivaninha.
    - Senta - mandou.
    Eu olhei pra mesa e a lamparina estava acesa. Nela, lápis, um livro e um caderno. Olhei, desconfiado, e era do primeiro ano
    - Anda logo - e me empurrou para sentar. Então, parou do meu lado e apoiou a mão na mesa. Começou do nada:
    - Olha, você tem muitos defeitos, mas sei que burro você não é. Mas tá fazendo merda atrás de merda nessas questões. Você não está prestando atenção no enunciado. Se liga
    Eu olhava pra ele sem acreditar. Ainda esperava que viesse algo dali. Ele então me olhou, e sem paciência chamou minha atenção.
    - Bateu com a cabeça, mané? Acorda, Mendes. Não me faz perder tempo
    E empurrou minha cabeça em direção ao livro e começou a explicar a matéria da prova. Mesmo escaldado, fui dando ouvidos. E as coisas que ele foi falando foram me fazendo sentido. E apesar de seu jeito bruto, a explicação de Siqueira foi muito boa. Direta, eficaz. E talvez fosse pelo medo de ser agredido a qualquer momento, não me deu sono.
    Ao fim, me passou uns questionários e fui até indo bem. Até que errei uma questão e ele bufou.
    - Fez de novo, idiota - e me deu um tapinha no pescoço. Forte, mas não o bastante para marcar. Meu sangue ferveu e eu ia levantar pra tirar satisfação, mas ele segurou firme meu ombro e me empurrou de volta pra cadeira. Pegou minha prova e apontou para uma questão.
    - Olha essa porra - mandou
    A contragosto, olhei exatamente para a palavra que ele apontava e então a ficha caiu. Como eu não havia visto antes? Ela mudava praticamente todo o enunciado.
    - Você errou muito por conta dessa merda. Seu problema não é matemática, é interpretação de texto
    - Eu sou muito bom em português e literatura - me defendi, só queria ter feito de um jeito que eu não parecesse uma criança emburrada de 10 anos.
    - Eh, mas quando o assunto é matemática, você esquece e fica lesado. Faz essas questões aqui agora
    Eu obedeci. Mesmo querendo brigar, fiquei animado pois finalmente parecia ter entendido.
    E o resultado foi bom. Acertei todas.
    Siqueira pegou meus papéis. Olhou e não fez expressão.
    - Até que enfim - foi tudo o que disse - amanhã não tenho tempo. Então vamos estudar de novo na quarta, depois do treino do time. Fecha a porta ao sair
    E voltou pra cama. Eu sentia que tinha que falar algo
    - Cara... Olha, valeu pela força. Mas você não precisa fazer isso. Relaxa que não quero mostrar aquele vídeo pra ninguém. Só quero que...
    - E eu devo confiar na sua palavra? - Ele me cortou com olhar ferino - olha Mendes, não quero sua piedade. Agradeço o que você fez por mim na festa. Sério mesmo. Há muito tempo estou querendo calar a boca do meu pai. Agora, se o que você quer é me deixar no cabresto, perdeu seu tempo. Se quiser, mostra essa merda. Eu que não vou ficar pisando em ovos com você só esperando o dia em que vou pisar no seu calo e você vai me foder a vida e meu sonho
    Eu respirei fundo e controlei a voz.
    - Olha aqui, a culpa não é minha se...
    - Eu sei - me cortou de novo, levantando - eu fiz merda. Eu sei. Sou homem o bastante pra admitir. Passei por uma barra, usei esse bagulho pra me relaxar. Não é problema seu. É meu. E também não culpo você por usar isso contra mim. Estávamos em conflito e você venceu. Mandou muito bem, aliás. Ganhou a guerra. Vou te deixar em paz. E se ainda assim você quiser me foder, tem todo o direito de pegar o espolio da guerra
    Eu olhei pra ele e perguntei
    - Por que você fez isso então? Digo, por que me ajudou?
    Ele sorriu, revirando os olhos e avaliando se responderia aquela pergunta. Enfim deu de ombros, andou bem na minha direção e me encarou
    - Pelo mesmo motivo que faço tudo aqui: eu cumpro minhas obrigações. Ou não sabia que uma das funções do terceiro ano é auxiliar o primeiro?
    Era verdade. O terceiro ano ganhava até uma gratificação em pontos para ajudar os alunos do primeiro ano em um programa de monitoria.
    - Mas ninguém faz isso - eu não estava entendendo - não vejo ninguém do terceiro ano ajudando ninguém do primeiro nos estudos - respondi. E sabia que nem era tanto culpa deles. A maioria do terceiro estava ocupada demais pensando no vestibular ou nas provas militares.
    - Eu não sou todo mundo, Mendes - respondeu - eu sou eu. Eu cumpro meus deveres. Sou um babaca com vocês por que é meu dever. É pra isso que estudo. Pra isso que treino. Quero ser um líder, e pra isso preciso ser forte. Mas mais que isso, preciso ser merecedor. Preciso cumprir minhas obrigações. Não só aqui, não só na corporação. Mas para a vida. Todos temos obrigações, Mendes. Todos temos responsabilidades - e sorriu, cansado - desculpa se pareceu pessoal, mas não foi. Faria com qualquer um que me desafiasse, pois uma autoridade militar não pode ser desafiada. Mas você venceu. E se quiser acabar comigo, tem tudo o que precisa
    Senti que seus olhos iam marejar, mas ele segurou firme
    Eu abri a boca umas duas ou três vezes para rebater. Mas não consegui. Pois eu sabia que ele estava certo.
    - Olha... Caralho - soltei, suspirando - tudo bem, você tem razão. Em muita coisa. Continua sendo um babaca, mas hoje tem razão
    Ele riu, olhando para o chão. Siqueira realmente estava diferente. Mais leve talvez. Mesmo em condições tão adversas, parecia mais feliz. Talvez a notícia da mãe o tenha realmente mudado.
    - E tem mais - continuei - acho que não estou fazendo isso direito. Então... Bem... Chegou a hora de fazer
    Ele me olhou, sem entender.
    - Não quero mais brigar com você. Serei um soldado modelo a partir de agora. Não vou mais desafiar sua autoridade. Não na frente dos outros, pelo menos - e ri.
    Ele cruzou os braços e me olhou interessado. Mas ainda assim, nada falou e eu continuei.
    - Acho que quero ver, como seria ser seu subordinado. Soares me falou uma vez que sente saudades de ser recruta as vezes. E isso me deixou pensando que talvez eu não esteja fazendo isso da forma certa. Talvez, tenha algo de bom que eu estou perdendo, por ser assim como sou. - Expliquei.
    Siqueira deu mais um passo em minha direção. Seu semblante ainda tinha dúvidas, desconfiança.
    - Sinto que está dizendo a verdade. Mas ainda creio que não é toda a verdade. Me fale soldado, o que realmente o fez mudar de ideia? O que o fez querer se submeter?
    Aquela era de feto uma excelente pergunta, e se fosse feita semanas atrás, eu provavelmente não saberia responder. Mas a conversa com Elias no vestiário me ajudou a esclarecer questões sobre mim mesmo.
    - Olha, eu não sou de me submeter. Sou como um animal. Se acuado, eu ataco. É meu jeito. Não consigo largar o controle das coisas tão fácil - e me ajeitei na postura, recobrando meu jeito marrento - mas quero tentar e... Bem... Eu não estou mais acuado, não é mesmo? Eu tenho você na minha mão. Eu tenho o controle. Então sim, estou mais à vontade para você me guiar. - E me aproximei dele. Estávamos cara a cara agora - pois você pode continuar fingindo ser o mandachuva aqui. Pode me destratar se quiser. Mas no fundo, bem no fundo, você sabe que, entre essas quatro paredes, quem manda aqui sou eu
    Eu o olhei de cima a baixo e pressionei meu indicador contra seu peito
    - E digo mais... Acho que no fundo também, você bem que gosta. Gosta do meu jeito marrento. Gosta de estar na minha mão. Lembro ainda quando te peguei de jeito neste quarto. E lembro de você ter gostado
    Ficamos em silêncio. Até que a expressão de pedra de Siqueira mudou e ele sorriu. Mas não foi o sorriso maldoso ou prepotente que normalmente dava. Aquele era sincero, de quem reconhecia que eu estava com razão. E tinha algo mais também. Uma safadeza que me deixou bastante interessado. E naquelas circunstâncias eu pude perceber, pela primeira vez, como ele era um homem bonito. O rosto másculo, os olhos castanhos, o cabelo curto. O corpo atlético. Me deu tesão ver ele sorrir daquela maneira.
    - Tudo bem, Mendes - ele falou enfim - acredito em você. E já que vai fazer algumas concessões, também farei. - E lambeu os lábios - Quero que me beije - me olhou de cima a baixo e depois me deu um meio sorriso, maroto. - Por favor
    Eu sorri e o peguei. Beijei com vontade. Siqueira desfez os braços cruzados e correspondeu. Um beijo intenso, língua com língua. Um sugando o outro. Até eu fiquei sem fôlego.
    - Eh, Mendes. Pinheiro estava certo. Tu beija muito bem - ele lambeu os lábios, se deliciando
    - Obrigado, senhor - sibilei.
    - Mas eu ainda tenho dúvidas quanto a sua lealdade - e caminhou até a porta e a trancou - então gostaria de fazer um teste, se não se importa - e parou ao meu lado.
    Comandou:
    - Sentido, soldado!
    Eu fiquei logo em posição. Impecável.
    - Descansar - e eu obedeci.
    Ele me circulou. Olhando de cima a baixo.
    - Tira a blusa - e eu obedeci. Ele fez um sinal positivo com a cabeça, satisfeito. Segurou com uma mão a lateral da minha calça e arriou, junto da cueca. Depois, andou calmamente até o outro lado e arriou também. Meu pau já estava duro, calça e cuecas arriadas até o meio da coxa. Parou do meu lado. Eu, por respeito, não o olhava nos olhos, fixando meu olhar na parede, sério.
    - Quero você quietinho agora - sussurrou
    Então sorriu, alisou meu peito e foi descendo a mão pela lateral, arrepiando minha pele. Alisou minha bunda, depois os pelos pubianos. Então, num movimento rápido, ele segurou meu pau com uma mão e introduziu os dedos entre minhas nádegas com a outra.
    Quando a ponta do dedo tocou a entrada do ânus, senti o ar escapar dos meus pulmões. Mas não me mexi.
    Minhas pernas bambearam na hora e eu lutei pra me manter em pé.
    - Está tudo bem, soldado? - Falou ao meu ouvido, massageando meu ânus.
    - Sim... Sim, senhor - falei, recuperando o controle do meu corpo.
    - Ótimo - e foi massageando, rosto perto do meu, bafo quente no meu pescoço.
    - Sabe, Mendes. - Ele foi continuando, falando ao meu ouvido - fico muito feliz de você ter mudado sua postura - eu olhava fixamente pra frente. Não me atrevendo a encarar ele - pois seria uma pena não poder aproveitar de um soldado gostoso como você tal como você merece
    - Muito obrigado, senhor - falei, tentando segurar o gemido. As mãos de Siqueira eram muito eficazes. Apertava o pau com firmeza, mas sem machucar. E a massagem no cu... Como me deixava arrepiado. Mordi o lábio, corpo tremeu, mas eu não me mexi, mantendo firme minha posição
    - Você agora vai saber o que é ser um recruta, Mendes. Vou tirar essa sua crista de galo e vou te fazer submisso - comentou, falando ao meu ouvido com aquele hálito quente. Lambeu meu ouvido antes de continuar - você vai saber como é ser um cadete. E posso garantir uma coisa: você vai gostar. Vai gostar pois eu juro por tudo o que é mais sagrado que vou fazer da melhor forma que eu puder. Pois o que vai me fazer vencedor no fim de tudo isso. Minha grande vitória e minha grande vingança, vai ser quando você, no final desse ano, finalmente confessar. Quando eu ouvir da sua boca que ninguém nessa merda de escola... Não, nessa merda de mundo, te fez gozar como eu fiz.
    E finalizando isso, foi um combo. Ele enfiou novamente a língua no meu ouvido, ao mesmo tempo aumentou o ritmo da massagem no pênis e enfiou a primeira falange no meu cu.
    Foi uma loucura. Não fui mais capaz de me controlar. Comecei a gemer sem controle. As pernas perderam as forças e eu fui caindo de joelhos. Siqueira foi abaixando, acompanhando-me sem tirar as mãos de mim até o chão, enquanto meu pau vertia jatos e mais jatos de gozo.
    - Isso, Mendes. Isso. Goza, meu recruta. Goza, pois esse é o primeiro de muitos
    Quando parei de ejacular, só então tirou o dedo de mim e largou meu pau, ficando de joelhos ao meu lado, e alisando meu cabelo. Muito satisfeito em me ver enquanto eu recuperava meu fôlego.
    - Melhor você voltar para seu dormitório, Mendes - e ele levou o dedo que estava na minha bunda ao rosto. Cheirou e sorriu - limpinho. Sorte a minha
    Me ajudou a levantar e me deu meu material de volta e minha blusa. Beijou meu rosto.
    - Vai lá, descansa. Quarta eu te ajudo de novo com teu dever
    - Não vou limpar isso? - e olhei para o chão todo gozado
    - Não - e sorriu. Eu ainda me encantava com aquele sorriso sincero - deixa assim mais um pouco. Quero contemplar mais minha obra de arte. Depois eu limpo. Vai lá e descansa
    Eu saí do quarto, me sentindo meio perdido. Era como se eu não estivesse mais no mesmo colégio. Era como se não estivesse mais no meu corpo
    Desci as escadas com cuidado, pois bambas como estavam minhas pernas, tive medo de rolar por elas pisando em falso em algum degrau.
    E fui assim, anestesiado, até meu dormitório, passei pelos meus colegas e deitei na cama.
    E ainda sem saber se aquilo era um sonho ou algo real, eu adormeci.
     

     

  • COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO FINAL – FORMATURA

    O dia amanheceu preguiçoso. Senti Siqueira ao meu lado, virando-se em minha direção e me abraçando. Me espreguicei e beijei sua cabeça. Ele sorriu e me beijou o rosto, depois a boca.
    A velocidade com que ele foi despertando foi maior que a minha. E logo estava me acariciando, beijando meu pescoço, chupando meu peito.
    Aos poucos, fui sentindo aqueles espasmos deliciosos que iam acelerando meu despertar. Meu pau despertou primeiro, quando Siqueira o agarrou e começou a chupar.
    Massageei a vista e o olhei. Sua cara travessa, enquanto lambia a cabeça de meu pênis.
    - Já está animadinho logo cedo? - perguntei.
    Ele apenas sorriu e se levantou. Montando em cima de mim e encaixando meu órgão em sua entrada. Sentou com tudo, erguendo a cabeça e se deliciando com a sensação de ser perfurado.
    Então apoiou as mãos em meu peito e começou a rebolar. Devagar, suave. Sorri e agarrei sua cintura, deliciando-me com seu belo corpo nu a minha frente.
    Meu órgão era espremido dentro de seu corpo, envergado de um lado ao outro em seu balé.
    Lento e gostoso, ficamos entretidos naquele momento, sorrindo um para o outro. Até que o rosto de Siqueira sombreou um pouco, ficando preocupado.
    - Preciso te contar uma coisa - falou baixo, sem interromper o gingado - Saiu o resultado. Eu passei com folga.
    - Que maravilha - tentei me levantar para o abraçar, mas seu corpo pesado era difícil de mover. E mesmo que não fosse, estava tão gostoso meu pau dentro de seu corpo que eu não estava afim de sair agora - Eu sabia que você conseguiria.
    - Obrigado - e sorriu. Não um sorriso safado, nem alegre. Comedido. Aquilo começou a me preocupar. - o curso de Engenharia Naval é um dos mais concorridos. E eu queria fazer na melhor. E o melhor curso é fornecido pela marinha. E fica no Rio Grande do Sul...
    Ele se calou, olhando em meus olhos, muito sério.
    - Eu... entendo... - então eu senti todo o peso que estava em cima de seus ombros.
    - As inscrições são em janeiro. - continuou - Ainda dá tempo de desistir. Eu ainda posso...
    Mas não o deixei completar a frase. Me ergui em um movimento rápido, vencendo seu peso. E o beijei. Amarrei seu corpo forte entre meus braços e o apertei.
    - Não se atreva a fazer isso. Você vai - falei sem pensar muito. Não queria pensar muito.
    - Mas...
    - Cala a boca - foi minha vez de mandar. Não queria falar sobre aquilo. - Continua o que estava fazendo.
    E beijei seu peito, chupando o mamilo.
    Siqueira obedeceu. Também se mostrando interessado em interromper um assunto tão desagradável. Eu fazia pressão por baixo, metendo enquanto ele rebolada. Eu o abraçava e ele a mim. Pressionando o corpo um contra o outro. Dessa vez não para nos absorvemos, mas apenas para impedir que o outro escapasse. Me entreguei de corpo e alma naquele momento, desesperado em esquecer esses segundos que acabaram de passar. Essas poucas palavras que desmoronaram o que eu sequer tinha notado haver construído.
    Gememos juntos. Cada hora mais forte, mais intenso. O orgasmo chegou como um momento de luz. Segundos esses em que nossos sentidos estavam focados apenas naquele prazer. Mas logo passou e fomos jogados novamente na realidade.
    O beijei novamente. Encostamos as testas um no outro. E ficamos parados. Silêncio.
    Não conseguimos mais falar sobre aquilo durante aquele domingo. Nem na semana que se seguiu no colégio.
    Os dias passaram em tons de cinza, como se todo o planeta estivesse ensolarado, mas eu detivesse minha nuvem de chuva pessoal, pairando sobre minha cabeça.
    Não falei com Siqueira, nem ele comigo. Somente Soares, numa tarde em que eu estava sentado sozinho no pátio, veio falar comigo.
    - Vejo que você já sabe - sentou ao meu lado e olhou na mesma direção que eu. Para o nada. - Desculpe não ter falado contigo antes. Eu... Eu achei que deveria ter sido ele a te contar. E também não imaginava que fosse ficar assim. Confesso que fiquei mais preocupado com ele. Não sabia que você também estava tão envolvido.
    - Eu estou bem - e sorri, cansado.
    - Você é durão - ele reconheceu. - Mas se precisar conversar, me procure.
    - Obrigado.
    Mas eu não queria falar. Com Siqueira, com Soares, com ninguém. Queria apenas ficar em silêncio um pouco. Sozinho
    Em casa, o estado de espírito se manteve. Conversei pouco com meus pais. Minha mãe, sempre muito atenta, percebeu minha mudança e não falou nada. Passei uma manhã e um almoço tranquilo. De tarde, subi para meu quarto, e fiquei deitado na cama olhando o teto e pensando particularmente em nada.
    Minha mãe chegou. Sem dizer nada, ela se deitou ao meu lado e me acompanhou, em silêncio, olhando para o teto. Esperei que ela dissesse algo, mas parecia estar satisfeita apenas em me fazer companhia.
    Agradeci imensamente aquele apoio silencioso, mas foi nesse momento que meus olhos começaram a marejar. Tentei segurar, mas elas começaram a vir, sem controle.
    Minha mãe, fingindo não ver, continuou em silêncio, deixando meu pranto sair naturalmente. Então, sem ela precisar pedir ou insinuar nada, comecei a falar.
    Narrei tudo. Acho que contei desde minha entrada no Pracinhas. Falei de minhas experiências, meus medos, meus desafios. Creio ter esquecido que falava com minha mãe e contei até mesmo detalhes íntimos. Na verdade, sua inércia me ajudaram muito. Pois mais parecia que eu interagia com um interlocutor sem rosto, cuja presença neutra me ajudava a falar de coisas íntimas, como quando falamos para um total desconhecido que temos a certeza jamais ver novamente.
    E com as palavras, as emoções foram saindo. Uma catarse para minha alma. E quando eu terminei, estava mais leve.
    Só então, após um tempo de silêncio e a certeza que eu não tinha mais nada o que dizer, ela se deitou de lado, virando em minha direção. Alisou meu rosto e sorriu.
    - Como você cresceu - comentou com orgulho - Nem parece o menino que eu levei para a sua primeira aula em fevereiro.
    Peguei sua mão e a apertei contra meu rosto.
    - Estou orgulhosa de você. Em especial o que fez por ele. Lembro ainda da maneira como esse garoto, o Gabriel, falou de você na reunião que teve com o diretor, antes de você ganhar sua primeira medalha. Foi difícil pra mim crer que aquele garoto era o mesmo que você me narrou a princípio. O mesmo rapaz que você confrontou no início do ano letivo.
    Ela foi afagando meus cabelos.
    - Naquele dia eu percebi que algo tinha mudado entre vocês. Uma admiração, que podia ou não virar algo mais. Eu sei que seu pai o incentivou a viver tudo o que podia. E não o culpo por isso. Mas o que ele esqueceu de mencionar é que, quando brincamos com nossos desejos, as vezes podem surgir coisas que não esperamos. Coisas ruins, ou coisas bonitas como o que você está passando.
    - Eu só não esperava que fosse me doer tanto.
    - Eu queria que fosse diferente - respondeu com carinho e sinceridade - Infelizmente não posso fazer isso passar. Nem que eu botasse fogo no planeta, isso passaria
    Lembrei da brincadeira que ela fez no início do ano, de pôr fogo na escola. E ri. Foi bom rir. Ela me acompanhou.
    - Não tenho dúvidas que o garoto Siqueira te ame. Mas eu gostaria de perguntar: Você também o ama?
    Eu estava me perguntando isso desde o dia em que o confrontei na mata.
    - Sinceramente. Não sei... Só sei que dói - respondi a única coisa que podia falar com convicção.
    - Não teria como você saber. É jovem ainda e é sua primeira vez. Só o tempo há de te dar certeza. Mas seja o que for, com certeza é algo que valeu a pena ter sido vivido e... Eu sinceramente acho que você agiu bem em falar para ele não desistir do sonho dele.
    Essa última frase ela falou com desculpas nos olhos. O que eu mais gostava em minha mãe era sua franqueza. Ela falava o que pensava, independente de quão doloroso podia ser. Preferi a ferocidade da verdade aos afagos de uma mentira
    - Eu sei. Merda... - praguejei quando as lágrimas voltaram a descer.
    Nesse instante ela não se conteve e me abraçou. Chorei mais, dessa vez sem controle. Soluçando.
    - Eu sei o que você está passando. Passei por isso na época da faculdade. Com a Camila - e riu quando eu olhei interrogativo - Sim, a Camila que seu pai lhe falou. Quando a conheci, foi na militância. Ela fazia parte da liderança da faculdade. Era muito ativa, uma mulher forte e um coração enorme. Me encantei por ela. Não era amor. Nem desejo a princípio. Era só admiração. Mas aos poucos, levada pela curiosidade e pelo clima de liberdade universitária, acabei me permitindo experimentar algo com ela.
    Minha mãe ficou vermelha e ria como uma garotinha. Eu sorri para ela, pois entendia bem o que era confessar determinadas intimidades para um ente querido.
    - Olha, não sou psicóloga, sexóloga ou nada do tipo, mas posso dizer que acredito que todo mundo, independente de suas orientações, deveria, pelo menos uma vez na vida, se permitir uma experiência com alguém do mesmo sexo. Digo isso porque uma mulher sabe de seu prazer melhor que ninguém. Sabe onde tocar, sabe o que fazer com aquele corpo. E acredito que isso também ocorra com os homens. Bem... Eu me permiti e foi mágico. Foi intenso. Mas como você, aquilo que foi apenas um experimento, uma diversão, ganhou outras proporções. Eu me apaixonei. Mas ao contrário de você, não tive a mesma sorte e ela não.
    - Eu sinto muito - falei com franqueza.
    Minha mãe sorriu com carinho.
    - Obrigada. Camila me tratou muito bem, foi franca comigo. Me respeitou. Mas ela iria embora, para a Suécia. E eu... Bem... Cometi um erro. Achei que a melhor forma de sofrer menos seria me antecipar e me distanciar dela. Nem me despedi. E me arrependo disso - ela então me olhou nos olhos e continuou - Não faça isso. Você tem ainda um mês até a formatura. Aproveite. Não vai adiantar nada você se privar. Vai doer do mesmo jeito e infelizmente não existe remédio pra isso.
    Eu a abracei de volta.
    - Obrigado, mãe.
    - Disponha, meu amor. Bem... - e completou com uma piscadinha - Remédio não há. Mas eu fiz bolo de chocolate. Que é quase isso. Quer um pedaço?
    Eu ri bastante e aceitei. Ela rinha conseguido me tirar, nem que fossem alguns centímetros apenas, do poço em que eu me encontrava.
    ...
    E segui seu conselho. Eu e Siqueira vivemos esse último mês com intensidade. Fechamo-nos em nós e aproveitamos cada segundo que nos restava. Raríssimos eram os momentos em que tocamos no assunto de sua partida. Fiquei sabendo apenas que ele dividiria apartamento com uma prima ao invés de ficar interno no alojamento militar. E isso me era o bastante.
    Então, o dia da formatura chegou e eu estava na plateia, junto de meus pais e meus tios, acompanhando a entrega dos diplomas para os alunos do terceiro ano. Todos muito belos, vestindo seus trajes de gala
    Ao final, o diretor se dirigiu ao palanque e discursou:
    - E agora, é o momento de dar a menção honrosa ao que foi o destaque da turma esse ano. Tanto pelas suas notas, como pelas suas contribuições ao colégio. Um passo à frente, oficial Gabriel Siqueira.
    Uma salva de palmas. Gabriel caminhou orgulhoso para frente do diretor
    - Bem, oficial Siqueira. É de praxe o diretor conceder essa honraria. Todavia, existem pedidos aos quais não podemos recusar. Então, esse ano, quem irá lhe entregar a medalha pessoalmente, é o Almirante Ivo Siqueira. Queira aparecer, Almirante.
    Foi outra salva de palmas. Acho que apenas eu não o fazia. Fiquei tempo demais tentando entender o que acontecia. Imaginando não ter ouvido bem o que o diretor falava. Mas de fato era o Almirante quem subia. Pelo menos, além de mim, Siqueira parecia igualmente estarrecido.
    Eu tinha visto a mãe de Gabriel mais cedo. Falei com ela, mas não perguntei do Almirante. Não o tinha visto e imaginei que este não quisera vir. Algo que não me surpreendeu em nada. Agora aquilo.
    O Almirante subiu, pôs a medalha no peito do filho, lhe deu um forte abraço e bateu continência para ele. Siqueira teve um tempo de retardo para responder ao gesto, mas conseguiu se reestabelecer a tempo de impedir a si mesmo de ficar parado igual um bobo diante do pai.
    Mais uma salva de palmas, e dessa vez eu consegui acompanhar.
    ...
    Não tive tempo de falar com Gabriel após as honrarias, pois a festa foi animada entre os calouros. Ganhamos até uma menção honrosa do diretor, dizendo que fomos a primeira turma de calouros em 15 anos que conseguia passar do primeiro ano sem nenhuma baixa. Comemoramos muito. Não fui atrás de Siqueira, pois ele também teve suas comemorações para participar. Então aproveitei minha família e meus amigos.
    Lá pelo meio da tarde, resolvi caminhar um pouco. Precisava de um pouco de silêncio, de um pouco de solidão. Fui para os fundos do colégio, perto da área em obra, onde ocorreram os principais momentos daquela minha estadia. Fiquei ali, pensando particularmente em nada. Apenas nostálgico.
    Mas minha solidão não duraria. Senti uma presença atrás de mim e me virei para ver. E percebi que aquele dia ainda havia me guardado surpresas
    - Almirante? - me surpreendi. E o saldei.
    - Não precisa de formalidades comigo, Fábio. Não vim hoje como almirante, mas como pai de um aluno. Só queria te dizer uma coisa.
    Eu trinquei os dentes, preparando-me para o que poderia vir.
    - Obrigado - disse por fim. Eu devia estar sofrendo de algum tipo de déficit de atenção, pois estava difícil para mim compreender os acontecimentos daquele dia.
    - Desculpe... - respondi, incerto.
    - Obrigado por transformar meu filho em um homem - completou. Ignorando minha confusão.
    Resolvi não expressar nada. Tendo em vista que eu não sabia o que exatamente devia expressar.
    - Pela primeira vez na vida, Gabriel me encarou como um homem de verdade. Meu filho sempre se acovardou diante de mim. Mesmo na vez em que ele quis defender um amigo, ao fim ele baixou a cabeça. Ao fim, ele sempre baixava a cabeça. Naquela noite... ele não o fez. Me encarou do início ao fim. Não recuou. E isso, para mim, é a atitude de um verdadeiro homem.
    Eu devo ter gaguejado alguma coisa, embora não saiba exatamente o que.
    - Não pense que eu concordo com todas as suas atitudes. E desculpe não fingir que me agrada sua atual condição. Em especial, com relação as suas preferências, suas afinidades. Chame do que quiser: homofobia, mania de velho, hipocrisia. Não importa. O fato é que eu ainda não consigo gostar dessa parte dele, e não vou fingir que o gosto. Não é de minha natureza. O dia em que eu de fato puder olhar para relações como a de vocês com naturalidade, não hesitarei em fazer. Até lá, isso é tudo o que eu posso oferecer. Minha aceitação.
    Eu esperei ele concluir
    - Entretanto. Não posso também ser injusto e não ver o bem que você fez ao meu filho. Eu sei que ele só teve tal coragem porque você estava lá. Para defender você. Então... Bem... Obrigado.
    Me cumprimentou com um aceno de cabeça e saiu
    Eu não consegui dizer nada. E acho que foi melhor assim. Olhei para o lado e vi Siqueira sair de uma árvore.
    - Você entendeu o que aconteceu aqui? - perguntei para ele.
    - Vi tudo, mas não. - e sorriu ainda perplexo - Mas já contatei a ABIN e pedi para eles abrirem os olhos para atividades ufológicas na região, pois tenho certeza que meu verdadeiro pai foi abduzido.
    Rimos um pouco, então nos olhamos e ficamos um tempo perdidos um no outro, sem saber o que dizer.
    - E quando você vai? - perguntei, quebrando o gelo.
    - Janeiro. Passarei as festas de final de ano com meus pais, e depois vou. Minha prima está ansiosa, já deixou o quarto pronto pra mim. Embora eu vá passar a maior parte do meu tempo no alojamento. Quero poder dormir as noites em uma casa comum, para variar esses três anos.
    - Espero que seja feliz - desejei com sinceridade.
    - Não queria que fosse uma despedida - ele confessou.
    - E não é. Afinal, você vai vir de vez em quando, sua mãe está aqui. E você é esperto. Não vai ficar fazendo faculdade a vida toda. Não é? Logo se forma - conclui
    - Fabio... - ele começou, lutando para conseguir continuar. Eu esperei, pois sabia como para ele era difícil aquele tipo de coisa - Eu... O que eu te disse, lá em casa, é verdade. Mas não quero que você me diga nada... Não quero que você me faça promessas. Não tenho esse direito. Eu só... Queria dizer que, quando tudo isso acabar... Quando eu voltar... Se você ainda estiver solteiro... - e riu, sem jeito - Gostaria de te chamar para sair... Algo do tipo.
    Aquilo foi mais difícil para ele do que correr uma maratona. Eu sorri.
    - Vou adorar. E digo que, independente do que aconteça conosco daqui a alguns anos, quero você na minha vida. Como amigo, como algo mais... Até como rival, serve - e ri - devo admitir que você foi um desafio e tanto. E gostei de tudo o que passamos. Os altos e baixos.
    Rimos juntos. Eu não queria chorar. E vi em seu rosto que ele também não. Pelo menos a próxima atitude de Siqueira ajudou um pouco a tranquilizar o ambiente.
    Ele apontou o dedo para o meu peito e pressionou.
    - Mas saiba que eu também não esqueci o que você me disse aqui mesmo naquela noite. Você me deu uma coisa. E eu ainda não devolvi. Não devolverei e lhe proíbo de dar para qualquer outro. Entendeu? Essa parte é só minha. Seja ela o que for.
    Eu sorri e respondi.
    - Sempre autoritário, não é major?
    Ele correspondeu.
    - E você, sempre marrento, não é Mendes?
    Nos abraçamos. Olhamos de um lado para o outro e roubamos um breve beijo. Desfrutando daquela breve intimidade. Enquanto ela podia durar.
    Era hora de voltar para nossos amigos.
    Para nossos familiares.
    Para nossas vidas.
    FIM
  • Diários de caça - Capítulo 7 – Predadores

    Ficar fora de minha cidade por duas semanas, causou mais saudades do que eu imaginava. Lembro de ainda estar arrumando as malas quando minha mãe anunciou que um amigo veio me ver. Ela tinha acabado de falar quando Breno apareceu em meu quarto, com aquela cara que eu conhecia bem.
    - Tá doido, garoto? - ri, quando ele pediu pra me chupar - Minha mãe está aí.
    - Fábio, estou saindo para a feira. Quer alguma coisa, filho? - a escuto gritar, já na porta de saída.
    - Ah... Nada não, mãe. Obrigado.
    E escuto a porta fechar. Trocamos olhares e então vi que não tinha mais argumentos.
    *
    - Você não pode ficar tanto tempo fora assim - protestou, enquanto gemia daquele jeito manhoso que só ele sabia fazer.
    Breno estava deitado da minha cama de frango, eu tinha tirado seu short e cueca, mas deixei a blusa e os chinelos que usava.
    - Foi mal, garoto - pedi, enquanto metia - coisas de família, sei que entende.
    Gozei a primeira e, depois de chupar bastante aquele orifício deflorado, enfiei a pica e comecei a meter de novo.
    Adorava admirar o cuzinho de Breno após um trabalho bem feito.
    E não foi só Breno. Bianca também me procurou no dia seguinte a minha chegada. Disse que queria pedir a minha ajuda com a luz do seu quarto, que parecia ter queimado devido a algum problema na fiação. Não questionei o porquê de não pedir a seu pai ou namorado. Pois foi só chegar ao seu quarto e subir na cadeira, para perceber que o tal problema elétrico nada mais era do que uma questão de enroscar melhor a lâmpada no bocal.
    Eu iria avisar isso a ela, mas não quis incomodar, já que estava tão ocupada arriando minha bermuda e me chupando o pau.
    As brincadeiras com Bianca eram sempre divertidas, pois envolviam muita imaginação. Uma vez que ela se recusava terminantemente a perder a virgindade biológica. Mas seu fogo e sua expertise eram sem dúvidas compensadoras.
    Do contrário, seu namorado Oscar, já não me apetecia mais. Pois imaginei que, após a primeira foda, aquele joguinho de fingir que não gostava pra cima de mim ia acabar. Mas não. E sinceramente aquilo já me cansava. Pois ao contrário do que era com Gustavo, ele não me oferecia muito desafio era só cu doce mesmo.
    Bianca e Breno, por outro lado, eram mais vivos, mais ativos. E me davam muito mais prazer.
    Com Bianca, qualquer momento furtivo era válido. Ou pra um sexo oral, ou para uma penetrada entre suas coxas. Mas foi numa tarde nublada de quinta, após sua reunião de leitura da bíblia que, nos fundos da igreja, um terreno abandonado, que surgiu a ideia.
    - Será que se você fizer por trás, vai doer muito? - ela sugeriu, enquanto segurava meu pau, parecendo medir mentalmente o desafio
    Nesse instante, os sinos da loteria tocam em minha cabeça.
    - Bem, é como qualquer primeira vez, indo com calma, tudo se ajeita - tentei parecer apenas considerar a ideia.
    Ela olhou em volta e levantou a saia, virou de costas e empinou aquele monumento de bunda.
    Tirei sua calcinha com delicadeza e lhe dei um beijo molhado no orifício. Ao que ela riu.
    - Faz cócegas - comentou - Mas é gostoso. Você fez muito isso?
    Apenas olhei para ela com minha maior cara de sonso, sem responder.
    - Você é um perdido - acusou, deliciando-se com as linguadas
    Quando levantei, encaixei com cuidado, indo aos poucos. Bianca era uma ótima colaboradora, rebolando suavemente a bunda enquanto procurava a melhor posição para o encaixe. Com essa parceria, sem grandes dificuldades, fomos vencendo a barreira inicial
    Ao contrário do namorado, não reclamou uma única vez, apesar de ser visível a dificuldade que enfrentava. Com as mãos, acariciei seu seio e a outra desceu até sua vulva, massageando os lábios.
    Ela soltou um gemidinho e meu pau escorregou pra dentro após o relaxar da musculatura.
    - Nossa. Ainda tem coisa pra entrar?
    Adorava ouvir esse tipo de reclamação. Massageava o ego
    - Só um cadinho - e fiz mais uma leve pressão até o final - Pronto. Entrei.
    Massageei mais a região entre suas pernas até tocar o clitóris. Ela segurou o grito, levou as mãos para trás para agarrar minha blusa. Esperei, lendo suas reações. Seu gemidinho contigo, o suor em seu cabelo. Continuei massageando, fazendo ela se contorcer. O bico do peito estava rígido e senti meu órgão deslizar de dentro para fora com mais facilidade.
    Levei a mão que estava em seu sexo e reparei estar toda melada. Levei a boca, provando do gosto de seu prazer.
    Então voltei a tocar com tudo, Bianca segurava para não gritar. A essa altura, já colidia meu corpo contra suas nádegas.
    Tirei a mão dos seus seios e agarrei os cabelos, enrolando em meu punho como quem doma uma montaria
    Ver o rosto de êxtase de Bianca despertou o que há de mais profano em mim. Meti com mais força e ela continuava a gemer. Durante toda a minha vida acreditei que as mulheres não gostassem de fato de sexo anal. Que não eram fisiologicamente preparadas para isso. E que só o faziam para agradar aos homens.
    Tal perspectiva acabava tornando o fato de conseguir sodomizar uma menina, um feito digno de nota. Mas agora vendo que Bianca delirava ao me receber, devo admitir, causou uma sensação ainda melhor.
    - Gosta de ser montada, não é? - e puxei como uma crina.
    - Eu sou uma montaria melhor que o Oscar? - sussurrou, enquanto recebia as penetradas.
    Aquilo me pegou de surpresa. Teriam os dois conversado? Teria eu enfim a chance de profanar aquele casal ao mesmo tempo? Em tal perspectiva, até aceitaria voltar a foder o Oscar, só para que sua namorava me visse dominando seu varão, enquanto se tocava com a cena
    - O que ele te disse? - perguntei
    E nesse momento, percebi que caí na armadilha. Bianca virou o rosto para trás, sorrindo em triunfo.
    - Ele, nada. Mas você, sim.
    - Sua... - um misto da raiva de ter sido enganado junto da dominação do ato me fez querer ainda mais. Meti com ainda mais força.
    - Vai. Isso - pediu baixinho - me mostra como fez com ele.
    Meti mais e mais, sentindo ela vazar por entre as pernas, tamanho seu tesão. Quando gozei, foi como se eu tivesse sido drenado junto do meu leite, para o interior de Bianca. Imediatamente fiquei sem forças e ela também.
    Perdemos alguns instantes, ainda recuperando o fôlego, enquanto meu órgão adormecia lentamente em seu interior
    Então, recuperados, nos vestimos.
    - Há quanto tempo você sabe? - resolvi perguntar. Já que tinha sido pego mesmo. Mesmo um predador como eu devia saber reconhecer quando caiu na armadilha de um outro caçador.
    - Que Oscar gosta de outros garotos, ou que você o têm feito de montaria? - e riu. - Oscar é um bom amigo e somos úteis um para o outro. Obviamente ele jamais admitiu ou admitiria pra mim ou qualquer outra pessoa. Então, eu fingo que acredito nele e, enquanto isso, temos uma relação aceitável para meus pais. Oscar é um bom pretendente, e gosto dele. Não como homem, mas como companheiro.
    Sorri, compreendendo. Mas nosso momento de paz infelizmente foi cortado por um vulto que vi se mexer na janela dos fundos da igreja.
    Bianca não viu, mas ao perceber meu olhar, o seguiu, ficando alarmada.
    - Têm alguém ali?
    - Provavelmente.
    - Há quanto tempo? - perguntou. Já estávamos vestidos àquela altura.
    - Não sei - praguejei. Me deixei distrair.
    Criamos coragem e entramos nos fundos da igreja, como quem não tem nada a esconder. Parecia vazia, o seminário deveria ter acabado mais cedo naquela tarde. Andamos em direção a saída até que ouvimos a voz do pastor Felipe atrás de nós.
    - Com licença. Bianca e Fábio, poderíamos ter uma conversa em minha sala?
    Aquele tom educado de quem sabe que está por cima no jogo.
    Olhamos um para o outro sem demonstrar qualquer receio. E fomos
    Felipe nos ofereceu uma água, a qual recusamos. Com a expressão pesada, de quem está prestes a dar uma grave notícia.
    - Não vou me delongar em questões retóricas, garotos. Eu vi o que vocês estavam fazendo no fundo e vocês sabem disso - foi direto ao ponto.
    - O senhor ficou quanto tempo olhando? - rebati sua audácia com o mesmo ímpeto.
    Felipe conseguiu conter o espanto com minha atitude. Estava na cara que tinha o costume de, quando começava a falar naquele tom, era ouvido sem interrupções.
    - Fábio.
    - Fico me perguntando porque um homem como o senhor ficaria muito tempo bisbilhotando, o que quer que tenha visto - continuei, mas Bianca segurou meu braço com firmeza.
    Sua expressão estava impassível, mas deu para sentir em sua voz que ela estava com medo
    - Fábio, por favor.
    Aquilo desestabilizou um pouco minha convicção. Bianca não era do tipo de garota que se intimidava, mas ela estava realmente preocupada ali
    - Não sei o que passa pela sua cabeça, Fábio, mas saiba que não sou nenhum tipo de bisbilhoteiro. E devo lembrar que vocês estavam na minha propriedade e que os único que estavam fazendo coisas que não deviam onde não deviam, são vocês. - e respirou fundo - talvez seja besteira falar com adolescentes sobre assuntos tão delicados. Podem ir. No próximo encontro, falarei com seus responsáveis...
    - Não - a voz de Bianca saiu mais aguda do que pretendia, e pigarreou antes de continuar - Pastor Felipe, eu...
    Eu nunca a tinha visto tão assustada. Nesse momento, fiz um esforço para me por no lugar dela. Com certeza, as consequências da descoberta de nossas aventuras pesariam muito mais nela do que em mim. Primeiro, meus país não se importariam. Minha mãe talvez ficasse um pouco desapontada, mas ela me conhecia e de certa forma esperaria aquilo. Meu pai, riria a plenos pulmões. E também, aquele acontecimento ainda serviria para aumentar minha fama na cidade, nada com que me importasse
    Mas Bianca, ela tinha uma família mais tradicional, tinha um namorado e, infelizmente, para uma sociedade machista como a que vivíamos, era uma garota.
    - Não se preocupe, Bianca. Você não seria a primeira que se deixa cair nas tentações mundanas. Apenas seria bom termos uma conversa com seus pais e ..
    - Pastor, com todo o respeito - interrompi, dessa vez segurando um pouco a marra. - Mas Bianca não tem culpa de nada. Sou eu quem a estou tentando desde muito tempo. Ela tem me dito "não" todas as vezes... Mas hoje... Posso ter forçado um pouco a barra - admiti a contra gosto. Odiava dar a entender que eu teria forçado alguém a ficar comigo, mas não queria ver minha amiga ainda mais prejudicada.
    - Muito nobre de sua parte, senhor Fábio. Mas acredito que Bianca já tenha idade...
    - É uma garota. - rebati, como se aquilo fosse algum tipo de atestado. E que funcionou, pois o vi ponderar - Eu sou mais velho. Devia ter sido eu a me controlar.
    Bianca não se atreveu a falar nada. Concentrando toda a sua fibra em manter o rosto sem emoções. Mascarando o medo brutal que devia sentir
    - Bem, devo admitir que estou decepcionado com o senhor, Fábio. Cheguei a acreditar que estivéssemos tendo progressos.
    - Eu sinto muito - fiz minha melhor cara de arrependimento. Não era só Bianca quem sabia dissimular. - Eu apenas peço. Por favor. Deixe os pais dela fora disso. Se não fosse eu, nada disso teria acontecido. Só peço que não prejudique ela, por minha culpa.- e resolvi tentar uma isca - Se eu pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa...
    Eu tinha lançado mão desta cartada de propósito, pois precisava conferir uma coisa. E de fato, minhas suspeitas se confirmaram. Por um instante apenas, ao ouvir a expressão "qualquer coisa", percebi os olhos de Felipe se voltarem para mim. Aqueles mesmos olhos que eu conhecia bem, pois eram iguais aos meus: os olhos de um predador.
    - Entendo... - comentou simplesmente, assumindo rapidamente seu papel de bom instrutor e recostando na cadeira.
    Provavelmente nem se deu conta de que por breve momento sua máscara havia caído e eu tinha dado um bom vislumbre em seu verdadeiro eu.
    - Acho que, no fundo, o senhor tem razão. Se ambos concordarem, podemos deixar esse incidente entre nós. E eu pensarei em algo para o senhor, Fábio.
    Bianca me olhou e eu apenas fiz um sinal afirmativo com a cabeça. Ela aceitou.
    - Estão liberados por agora.
    Não esperamos novo convite. Levantamos e saímos. Quando já estávamos longe da igreja, Bianca veio falar comigo:
    - O que foi que aconteceu ali?
    - Ainda não tenho certeza. Mas irei descobrir
    Ficamos em silêncio, até ela dizer:
    - Obrigado.
    - Disponha. Bem. Acho melhor irmos separados para nossas casas. Não devemos dar mais bandeira.
    - Concordo - e sorriu de forma fraca, ainda abalada com os últimos acontecimentos. - Boa tarde.
    Nos despedimos, mas eu ainda fiquei um tempo imóvel, olhando em direção a igreja, sentindo um sorriso brotar involuntariamente de meus lábios.
    Então eu havia encontrado um predador, tal como eu. Isso seria interessante.
    Em determinadas situações na natureza, alguns caçadores se fingem de presas para atrair a vítima. A tartaruga aligátor, que usa a própria língua como isca para atrair o peixe no fundo do oceano é um exemplo. A presa, até então convencida de que era um predador, não tem chance de reagir quando é atacada. Estava ansioso para ver o rosto de Felipe quando ele se descobrisse caça, ao invés de caçador.

     

  • Diários de caça - Capítulo 9 - Faro

    Se antes do acontecimento envolvendo o Pastor Felipe eu já tinha o sonho de sair de minha cidade natal, depois o desejo era quase desesperador. Por sorte, faltavam apenas alguns meses para eu me formar no ensino médio e eu, na época, já estudava feito louco para conseguir passar em uma universidade.
    Apesar de poucos meses, como o tempo é conhecidamente relativo graças a Einstein, ele se passou como se fossem longos anos para mim. Durante esse período, me limitei as tarefas obrigatórias e fiquei em total abstinência sexual.
    Mesmo que o assunto de minha expulsão da congregação não tivesse mais sido declarado, eu sabia que se tinha um coisa que o povo daquela cidade era verdadeiramente incapaz de fazer era esquecer. Tal ação era quase tão difícil quanto perdoar. Escutei muitas vezes minha mãe e as amigas fofocando de outras pessoas pelas costas, enquanto eram gentis as vistas. E eu seria um tolo se achasse que comigo o tratamento era diferente.
    Eu definitivamente não tinha mais vínculos com aquele lugar, somente os de sangue. Mas mesmo estes já estavam cientes que minha saída seria o melhor para mim.
    Assim que passei na faculdade, meu pai se prontificou a me ajudar a custear minha vida fora. Eu não aceitei, embora não pudesse negar toda a ajuda ofertada. Eu tentava e teria de me virar sozinho.
    Minha primeira morada fora foi o próprio alojamento que a universidade oferecia aos alunos que moravam distante. Um lugar modesto, mas que me garantiu a sobrevivência.
    Mesmo tendo ansiado toda minha vida por esse momento de liberdade, a verdade seja dita, eu também o temia em segredo. Não gostava muito da cidade grande, isso era um fato desde minhas visitas a meus primos. Aquela selva de pedra nunca me pareceu convidativa. Ter de abandonar as matas, a calmaria, a simplicidade. Acredito que, tentando enxergar o lado positivo das coisas, o acontecimento em minha terra natal foi o estopim que eu precisava para cortar as últimas amaras que me prendiam.
    De abrir a porta da gaiola e eu conseguir voar.
    Isso de fato ajudou, pois apesar das condições miseráveis em que vivi ao longo daquele primeiro ano de faculdade, foi ali que eu aprendi a viver só, a de alguma forma me sustentar, e principalmente, poder ser eu mesmo, de uma maneira que eu nunca imaginei que queria ser.
    Logo de cara, consegui um trampo em uma casa de festa noturna. Que foi a forma que eu encontrei de garantir minha subsistência. Trabalhava nas madrugadas dos fins de semana e feriado e o cachê era bom. Pelo menos garantiam minha alimentação no campus, onde eu não pagava basicamente nada.
    Virar a noite foi um hábito que me adaptei mais fácil do que suspeitei. A boate em que eu trabalhava era voltada ao publico GLBT. E esse foi o outro grande ponto de mudança favorável em minha vida
    Pois estar ali, testemunhando a vida noturna da cidade grande, abriu a minha mente de uma forma tão avassaladora que eu dificilmente sairia dali o mesmo. Os homens e mulheres se beijando e acariciando livremente, os encontros sórdidos nos banheiros ou nos cantos escuros, as passadas de mão que até eu mesmo recebia em meio ao trabalho me obrigaram a enxergar o mundo com outros olhos.
    Apenas tive uma experiência parecida quando visitei meus primos a última vez e mesmo aquela aquela havia sido apenas um grão de areia em meio a todo o deserto que vivenciei ao longo daquele ano.
    Como um animal faminto que degusta carne depois de meses de fome, eu não só quis experimentar, quis me esbaldar. Não eram só os meses de abstinência, mas toda a minha vida veio a tona como uma ressaca incontrolável. Eu simplesmente não queria mais me esconder, não queria mais me privar de nada e de simular nada tal como tinha feito em toda minha adolescência.
    Posso dizer sem pudores, que este foi o período em que mais transei na vida. Tudo me era interessante e curioso. Transei com homens, mulheres, pessoas de gênero indefinido. Solteiros, casais, trisais, orgias. Não havia nada que eu negasse, pois queria experimentar de tudo o que pudesse. E tanto sexo vazio e sem sentido, apesar de intenso, não me dava o mesmo prazer que antes.
    Demorei muito para entender o que faltava. Mesmo que eu tivesse me desamarrado por completo de minhas origens, sentia que haveria algo lá atrás que eu desejava recuperar. Embora não soubesse ao certo o que.
    Minha vida regrada e de poucos custos me fez querer um pouco mais. O alojamento da universidade, apesar de útil, era muito limitado. O banheiro era compartilhado e a área comum também. Não tinha cozinha e a comida era feita em um refeitório. Comecei a pensar em ter meu próprio apartamento, mas a menos que eu quisesse pedir favor a meus pais, não teria muitas opções.
    Foi então que a oportunidade ideal literalmente me encontrou. Digo isso pois estava passando pelo quadro de avisos da universidade, quando um garoto pregava o anuncio e, num instante de distração, o mesmo caiu de sua mão e deslizou até meus pés.
    O peguei e a curiosidade inata me fez ler rapidamente, antes de devolver.
    - Aqui - entreguei - Acho que te conheço. É da turma de ética, certo? - soltei assim que seu rosto me foi familiar.
    - Oi. Fábio, não é?
    - E você... dom Pe... Digo... Pedro.
    Ele riu
    - Tudo bem, eu sei que meu apelido é esse. Dom Pedro.
    Pedro, ou Dom Pedro, como o chamavam, era um rapaz bem apessoado. Cabelos arrumados e lisos, na cor castanho claro. Olhos verdes e pele clara. Seu apelido se devia por ser um garoto extremamente educado. Ele falando parecia ter anos a mais que seus vinte e poucos. Acho que nunca ouvi dom Pedro falar um único palavrão em toda a vida.
    - Temos de admitir que o apelido lhe cai bem. - sorri e então resolvi tocar no assunto - acabei vendo o anúncio que vai pregar aí. Eu estava justamente procurando um lugar pra morar.
    - Puxa, que bom. O apartamento é meu, e eu divido com outros três caras a despesa. Mas um se formou e se mudou início desse mês. Estamos arrumando alguém. Não é nada demais, é confortável e espaçoso, mas sem grandes luxos.
    - Relaxa. Não sou exigente.
    Ele riu.
    - Pois é. Que bom. E também não cobro praticamente te nada. Só ajuda nas contas, luz, internet, condomínio. Que divididas por 4, saem baratinho.
    - Me parece uma oferta e tanto.
    - Se você quiser, posso te levar pra conhecer. Estou voltando pra casa agora.
    Parecia que a sorte estava me sorrindo.
    Aceitei e peguei carona com Dom Pedro, que dirigia na época um Volksvagem retrô muito bonito. Manter um carro daquele não devia ser barato, o que me intrigou em saber porque um cara que aparentava ter dinheiro como ele, precisaria dividir as despesas de um apartamento.
    Chegamos ao seu apartamento. Um condomínio enorme na parte nobre da cidade. Entramos e eu não pude deixar de notar que os apartamentos eram enormes. Minha cara com certeza denunciou minhas questões, pois ele logo falou.
    - Sei o que ta pensando. Mas te digo que o condomínio não é tão caro. o Apartamento é próprio então não pago aluguel. E como são muitos blocos, não fica oneroso. Acredito que vá gostar daqui.
    O apartamento era bem bonito, uma sala ampla e arejada. De cara, percebo que é tudo muito bem arrumado e limpo, nem parece um apartamento de homens solteiros.
    - Aqui não temos empregados e cada um tem uma prateleira na geladeira e uma parte da porta. O congelador é terreno neutro então, melhor etiquetar algo caso queira preservar.
    A limpeza é feita semanalmente por nós, revezamos e cada um cuida uma semana dos afazeres de faxina. Louça, cada um cuida da sua.
    Pedro foi me apresentando. Chegando no corredor, escuto o som de um violão.
    - Deve ser o David - e bateu na porta - David. Daria pra vir aqui conhecer o nosso novo colega
    Tecnicamente eu ainda não tinha concordado, mas estava tentado.
    David apareceu e era um mulato de uns dois metros e muitos músculos. Rosto bem bruto, mas olhar simpático. Tinha cabelos rasta fari e uma tatuagem de uma rosa dos ventos no ombro
    - Fábio, esse é David. Ele é formado em educação física, e está terminando nutrição. É fisioculturista também. Além de músico por vocação e faz um excelente café.
    - Prazer, Fábio - ele apertou minha mão com força. De fato, tinha um corpo invejável, volumoso e bem definido.
    - Prazer, David. Espero provar seu café.
    - Será um prazer. Aviso que faço forte - e deu um sorriso bonito e cheio de malandragem.
    Devia ser minha imaginação, mas eu senti certa conotação sexual em seu último comentário. Resolvi ignorar na falta de mais dados
    - Diego está ai? - Dom Pedro perguntou.
    - Acho que... Olha ele lá - David apontou e parecendo invocado pelo som de seu nome, surge o garoto de um dos quartos.
    Era mais magro que eu e mais alto. Moreno, cabelos lisos e barba. Vestia uma bermuda e uma blusa, tendo um avental preto por cima. Tinha um rosto fino e simétrico, com olhos pretos.
    - Diego. Esse é Fábio - Meu anfitrião me anunciou. - Fábio, esse é Diego. Estuda veterinária e trabalha com fotografia.
    - Prazer - e apertou minha mão com entusiasmo - É o novo colega de apartamento?
    Ele parecia ansioso.
    - Não sei ainda - Pedro respondeu - depende dele aceitar.
    - Ah, mas é uma ótima - falou, cheio de confiança - o condomínio é caro, uns mil e duzentos, mas dividido por nós quatro fica só 300 para cada. Mas em compensação, esse valor você economiza, pois o condomínio tem um ônibus que passa na faculdade, além de uma academia muito boa. Ou seja, só nisso você já economiza. Então o condomínio com as contas de luz e internet dão, no máximo, uns 600 reais.
    Diego falava rápido, parecendo um corretor de imóveis, mostrando-se muito interessado na venda. Mas eu tinha que admitir que a proposta era tentadora. Eu tinha pesquisado e por aquele preço eu muito mal conseguia um conjugado na parte afastada da cidade. Meu bico de segurança pagava com tranquilidade aquele valor e ainda sobrava para as despesas.
    - Então, acho que vou aceitar.
    - Maravilha - Diego comemorou. Mas Pedro fez um sinal para ele se acalmar
    - Então, Fábio. Resolvido isso, só organizar sua mudança. Precisa de ajuda?
    - Que nada. - ri - quase não tenho nada. Se toparem, hoje mesmo trago.
    - Isso - Diego deu um pulo e tirou o avental e pendurou em meu pescoço.
    - Esqueci de avisar - Dom Pedro se desculpou - é tradição o novato estrear em sua semana na limpeza do apartamento. Como era a vez de Diego, ele deu sorte de você chegar, pois a vez passou automaticamente pra você.
    Eu achei graça do entusiasmos e fiquei feliz em entender enfim o desejo de Diego em minha vinda.
    - Seja muito bem vindo, Fábio - e me deu um beijo estalado no rosto .
    A recepção foi muito tranquila. Os quartos da casa não eram espaçosos, se comparados as áreas comuns, mas ainda assim eram infinitamente maiores que meu alojamento.
    Dom Pedro era o único que não fazia rodizio na limpeza, sendo esse o único privilégio que tinha como dono da casa, porém era um rapaz tão asseado que parecia não deixar rastros por onde passava. Ele me informou que era chato com limpeza e organização, e bastaram poucos dias para eu perceber que isso era pouco. Era um verdadeiro ditador, com um faro aguçado para detectar qualquer irregularidade e achar rapidamente sua fonte. Não falava nada, bastava um simples olhar para intimidar até o corpulento David.
    Desse modo, fazer parte do rodizio de limpeza não era uma tarefa tão árdua. O que eu mais tive dificuldade de me adaptar a princípio era com a intimidade partilha pelos residentes da casa. Em alguns aspectos, lembravam meus primos e não eram avessos a, hora ou outra, oferecer abraços, beijos no rosto ou uma caricia camarada ocasional. Aquilo me deixou desconfiado que, talvez, assim como meus primos, eles fizessem algumas brincadeiras além. Mas nada comentei, apenas observei a princípio.
    A suspeita enfim teve sua confirmação numa madrugada. Acordei com vontade de ir ao banheiro e, após minha bexiga vencer o confronto contra minha preguiça, fui andando ainda sonolento até o banheiro. Na volta para meu quarto, porém, percebi que uma luz saia da brecha do quarto de Dom Pedro.
    Até aí, nada demais, se eu não tivesse escutado um trecho de algo que ele disse lá dentro.
    -... com calma, isso. Enfia agora, gatão...
    De início, duvidei ter entendido a essência da coisa. Até a voz de David surgir na sequência.
    - Hoje vai caber... Relaxa, gatinho.
    - Hum .. - o gemidinho choroso de Pedro - Ai...
    - Isso... Caramba, está entrando.
    - Não acredito - dessa vez era a voz de Diego - até o meio.
    - Para um pouco, deixa eu me acostumar. Isso - Pedro pediu.
    Então, foram só os gemidos baixinhos de Pedro, seguindo de uma ou outra risada suave de David e Diego.
    - hum... Ah... Ai... Nossa...
    Não sei quando tempo fiquei escutando por trás da porta. Só sei que, quando dei por mim, estava extremamente excitado. Vontade louca de entrar lá e participar sabe-se lá do que estivesse fazendo. Mas não seria educado de minha parte. Não havia sido convidado
    Então, me recolhi de volta ao meu quarto, mas dormir foi bem difícil, até o sangue voltar para os locais certos.
    Não comentei a noite em questão com ninguém, pois não queria admitir que fiquei ouvindo por trás da porta. Como bom caçador que era, sabia que presa de casa não se corria atrás e hora ou outra, seria convidado para aquelas festinhas noturnas .
    Por sorte, não tive de esperar muito. Pois na manhã seguinte, David e Diego saíram para a faculdade. Eu só teria aula de tarde e aproveitei para limpar o fogão, tarefa que tinha empurrado com a barriga até agora.
    Estava usando apenas meu avental e uma cueca, vantagens de se morar em uma casa somente com outros homens.
    Nesse momento, Dom Pedro vem para a cozinha, vestindo sua samba canção. Corpo magro a mostra.
    - Você leva a sério as coisas - comentou satisfeito.
    - Apenas gosto de ser útil - comentei - Odiaria ser um estorvo.
    - Ah, mas um deleite como você, seria tudo, menos um estorvo.
    Aquilo me pegou de surpresa. De comedido, de repente, Dom Pedro parecia ter partido para a ofensiva.
    - Deleite? - saboreei o efeito daquele adjetivo, achando graça.
    - Desculpe-me. Acho que me precipitei.
    - Não. Tudo bem. Ser elogiado é sempre bom.
    Continuei meu trabalho, fingindo não sentir seu olhar que me devorava pelas costas. Pedro então foi até a geladeira e pegou dois picolés.
    Nossas prateleiras eram respeitadas e cada um de nós seguia um tipo de deita. David era vegetariano e Diego tinha intolerância a lactose. Então era fácil um não se meter nas coisas do outro. Já dom Pedro sempre comprava coisas a mais e não era nada sovina em oferecer suas guloseimas aos demais.
    Aceitei o picolé que ele me ofereceu e chupei em sua companhia.
    - Posso te fazer uma pergunta, Pedro?
    - Claro, Fábio.
    - Você me parece um cara com dinheiro, que claramente não precisa dividir as contas. Então por que dividir apartamento com um bando de desconhecidos?
    Ele fingiu pensar a respeito, enquanto dava uma mordida.
    - Acho que gosto de companhia.
    - Justo. Embora percebi que você parece ter um tipo de colega de quarto. Um perfil, digamos assim
    - Como assim? - ele sorriu, era óbvio que pensávamos a mesma coisa, mas estava divertido brincar com as intuições.
    - Me diz você - e lhe cutuquei com a ponta do picolé, bem no mamilo.
    Ele levou um susto com o toque gelado.
    - Desculpe-me. Acho que me precipitei - brinquei e então me inclinei e lambi seu peito, limpando o xarope de uva que tinha ficado nele.
    - Nossa - suspirou. – É... você é do tipo que eu gosto de colega de quarto.
    - E qual seria esse tipo? - aticei e acabamos respondendo ao mesmo tempo - Ativo?
    - Ativo -ele entoou em uníssono.
    - E como sabe que sou ativo?
    - Tenho um bom faro pra essas coisas - admitiu sem modéstia e eu não discordei. Pois Dom Pedro, afinal, era um caçador como eu, todavia, não éramos do tipo que disputássemos a mesma fauna. Pelo contrário, nossos interesses compactuavam perfeitamente.
    Era impossível esconder a excitação. Meu volume estava a mostra, mesmo por trás do tecido pesado do avental. Nesse instante eu percebi o que me faltava. Era exatamente aquilo . O gosto da caça.
    Aquela brincadeira que Dom Pedro estava fazendo era justamente o que eu fazia sempre em minha cidade. Aqui, nesse mundo universitário onde o sexo é livre, minhas transas eram fartas e fáceis.
    Mas essa facilidade também tirava um pouco a graça da coisa. Você pode pegar um animal selvagem e o alimentar. Ele comerá para matar a fome, mas sempre vai sentir falta da caçada, da conquista. A fome é uma necessidade, mas a caça é um estilo de vida. Um gato, mesmo após anos de domesticação, ainda não esqueceu os instintos e eventualmente vai caçar uma presa que entrou em seus territórios, mesmo tendo comida farta todos os dias.
    Aquilo que Dom Pedro fazia me parecia muito interessante: atrair caras para sua casa e ir seduzindo aos poucos. Enrolar em sua teia e então finalizar. Fazia tempo que não me sentia tão excitado, mesmo sendo a presa da relação.
    - Então você tem seu curral particular aqui nessa casa? - perguntei
    - Não sei se curral. Vocês são só os meus gatões. Um Harém, talvez.
    - Engraçado, meu apelido era justamente leão na minha terra.
    - Providencial - comemorou - você pode ser meu leão.
    - E você? Acha que será meu dono? - questionei, terminando o picolé.
    - Claro que não - e nem esperou eu jogar fora o palito e saltou em mim com uma destreza Felina e me beijou - eu sou o gatinho de vocês.
    Correspondi aquele beijo com intensidade. Dom Pedro tinha uma boca macia e gostosa.
    Peguei no colo e o levei para o meu quarto, não parando de beijar um minuto sequer.
    - O gatinho ainda não tomou seu pires de leite - falou manhoso - você me dá?
    - Deu sorte, gatinho. A garrafa está cheia - e o deitei na cama e arranquei seu short. Fiquei um tempo admirando seu corpo nu. Dom Pedro deitado, submisso, como um animal indefeso esperando o próximo passo. Ele tinha um olhar astuto, daquelas que tinham total controle da situação. Ele brincava de se ocultar, não por pudor, mas por mistério.
    - Diz Fábio, gostou do que ouviu ontem? - inquiriu com um sorriso travesso e continuou, sabendo que me pegou de surpresa - dava para ver sua sombra por baixo da porta.
    Ele me pegou e eu sorri.
    - Me deu muito mais tesão saber que você estava ouvindo. Os garotos não perceberam, mas eu sim. Gemi só pra você aquela noite.
    - E o que vocês estavam fazendo, afinal?
    Ele engatinhou até mim, desamarrou meu avental e arriou minha cueca
    - Nossa. Meu faro nunca se enganou. Reconheço um bem dotado a quilômetros - se vangloriou, acariciando meu órgão. Depois, me olhou - posso te mostrar. Mas primeiro, preciso que me aqueça antes.
    E engatinhou virando de costas, depois, arriou a cabeça e empinou a bunda. Um cuzinho rosado e lindo. Todo pra mim. Oferecido como uma viúva negra, apenas esperando o macho que não conseguia resistir, mesmo sabendo o grave risco que corria.
    Ajoelhei em devoção diante dele e peguei em sua bunda, acariciei, beijei com suavidade. Que cheiro delicioso. Perfumado. Beijei com carinho, introduzindo minha a língua que deslizou como uma cobra pra dentro do buraco
    - Nossa - ele soltou, gemendo profundamente - Como você é bom nisso
    Chupei com vontade, com mais ímpeto que fiz com o picolé. A todo momento alisava meu rosto em suas nádegas, sentindo a macies da pele. Nunca senti nádegas tão lisas e macias, nem em meninas.
    Levantei e me posicionei por cima, aproveitando da sua postura inclinada. Encaixei e meu pau deslizou pra dentro, sendo recebido com calor e carinho por seu corpo. Dom Pedro era um perfeito anfitrião, em todos os sentidos da coisa.
    Ele mordeu o lábio e soltou um gemido choroso, carregado de prazer. Não havia resistência, o atrito provocando era gostoso. Meu pau deslizava para dentro dele de forma extremamente confortável. Quem olhava de fora jamais imaginaria que esse garoto fosse tão dilatado.
    Eu poderia meter nele por horas sem nenhum dado ao meu pau. E ouvir ele perder o controle daquele jeito estimulava e ir mais e mais a frente. Dom Pedro, um verdadeiro fidalgo fora daquelas paredes, se convertia em um verdadeiro promíscuo. Totalmente entregue e sem o mínimo de pudor em esconder seus prazeres.
    - Você fode como um animal - comentou, sem um pingo de ofensa ou remorso
    - Você não viu nada - e subi totalmente na cama, pegando pressão e, com ajuda do meu peso, meti com toda a força que possuía
    Dom Pedro gritou, gemeu, chorou e pediu mais e sempre mais. Implorou. Invocou divindades as quais eu acreditei serem invenção.
    - Fábio, por favor. Vai... Isso... Meu Deus... Por favor. Continua... sim... Vai com tudo...
    Aquele garoto não conhecia fins. Estava tão pilhado que eu não tinha sequer sinais que ia gozar, embora o esforço físico começasse a me cansar. Foi então que me lembrei
    - Acho difícil acreditar que isso foi tudo o que você fez ontem a noite. Não o vejo ter dificuldades em levar rola na bunda, a menos que David ou Diego sejam verdadeiros cavalos.
    Ele se deitou e me olhou, com faísca nos olhos e um sorriso faminto
    - Me faz um favor? Vai no meu quarto e pega um tudo vermelho na primeira gaveta da cômoda ao lado da cama.
    Não tinha como dizer não para ele. Fui e trouxe o tubo de gel que achei.
    Ele pegou e, de joelhos em minha frente, segurou minha mão e a alisou
    - Você tem mãos grossas - comentou
    - Trabalhei muito com elas
    - Adoro mãos grossas - então abriu o tudo e despejou quantidades generosas, melecando toda minha mão e parte do antebraço.
    Eu não entendi o que aquilo significava. E Pedro não explicou. Apenas voltou para a posição inicial e ofereceu o orifício, que, milagrosamente, havia voltado ao tamanho natural mesmo depois de ter sido tão judiado. Sua flexibilidade deteria ser a de uma mulher em trabalho de parto.
    - Acho que agora você já sabe o que fazer.
    A verdade é que não sabia. Na verdade, imaginava mas era incapaz de acreditar. Não querendo deixar tão evidente minha ignorância no assunto, me ajoelhei de novo e, com todo o cuidado, enfiei um dedo, depois outro. Era fácil. Muito fácil. A curiosidade venceu o medo inicial e eu uni os dedos e fui novamente.
    Foram entrando e eu não era capaz de acreditar em que meus olhos viam
    - Fico feliz que eu tenha sido o primeiro que você fistou - o ouvi dizer - esse seu olhar me valeu todo o mundo
    Mas eu não o ouvia direito. Estava demasiadamente impressionado com aquilo para poder dar atenção a qualquer outra coisa. Logo minha mão entrou totalmente. Meus dedos tocavam seu interior. Naquela hora, era mais difícil, mas tateando com calma, eu era capaz de achar caminhos e, por incrível que parecesse, enfiar mais. Eu sentia o anel de seu ânus apertar meu punho, estrangulando.
    Pedro agora começava a gemer
    - Nossa. O punho do David é maior que o seu... Mas o seu... Nossa..  você parece já ter prática. É um talento natural.
    E eu continuei, até que ele começou a se descontrolar. Eu já tinha metade do antebraço dentro dele. Mexi de leve os dedos e sentia o seu interior quente e molhado
    Se Dom Pedro gemia antes, agora ele se descontrolava todo. Não ousei enfiar mais, pois não o queria machucar. Fiquei parado, vendo ele se contorcer em uma agonia que parecia que ia explodir de prazer
    Ele não conseguia mais falar, perdido, enquanto apertava o anel do ânus em torno de meu braço.
    A sensação para mim era totalmente inédita. Uma cena tão estranha, mas incapaz de causar qualquer tipo de repulsa. Pelo contrário. Ver Pedro gemer daquele jeito me fez delirar. Meu pau não baixava, mesmo tendo sido esquecido da brincadeira por longos minutos
    Olhava para seu rosto e estava vermelho. Ele suava e seus olhos pareciam lacrimejar.
    Seu pau escorria, um sêmen grosso que não ejaculava, mas vazava pra fora
    Com a outra mão, eu alisei seu rosto, fazendo carinhos como se ele fosse realmente um gatinho, manhoso, ronronando.
    - Pode tirar, por favor. Está começando a doer - pediu e eu obedeci, ainda sem entender tudo aquilo que acontecia - devagar. Não tira de uma vez, se não leva meus órgãos contigo - e riu, fraco.
    Meu braço parecia não ter fim saindo aos poucos até enfim chegar ao ar fresco do quarto. Sem um pingo de sangue ou sujeira.
    Eu me levantei e ainda olhava minha mão estático. Dom Pedro respirava aliviado
    Ele, sem nada dizer virou, deitando de bruços diante de mim. Pegou meu órgão e chupou. Mamou até tirar todo o leite que queria. Eu ainda estava impressionado demais para expressar qualquer reação, mesmo durante o orgasmo
    - Bem vindo ao lar, Leão - ele se ergueu e me beijou o rosto. Tinha ainda uma gota de leite escorrendo do focinho.
  • Diários de caça - Capítulo 1 - Sobrevivente

    Se têm memórias que guardo com maior carinho dos meus tempos de infância e adolescência, são os dias na natureza com meu pai. O sargento Mendes não era um homem de muitas palavras. Pelo menos não no que dizia respeito a se abrir para os outros, nem para sua esposa, nem para seus filhos. E disso eu tive a quem puxar. Nesse sentido, acho que são raras as vezes em que conversamos sobre algo íntimo. Acho, na verdade, que nossa relação independia de palavras. Havia respeito e um profundo afeto, mesmo que não declarado. As vezes me pergunto se deveria ter me expressado melhor em palavras os sentimentos para ele. Mas eu sei a resposta. Não precisei. Ele sempre soube e eu também.
    Porém, uma exceção a regra, ocorria na mata próxima de casa, quando caçávamos, pescávamos ou simplesmente saíamos para nos conectar a natureza. Nessas ocasiões, meu pai era um homem falante, ansioso de me ensinar tudo o que sabia e acreditava na relação com o homem na natureza.
    - Na natureza, filho, assim como na vida, existem os caçadores e as presas. Tudo faz parte do jogo, todos querem sobreviver. Tentamos sempre estar no topo, tentamos não sermos as presas, mas isso não significa que devemos desrespeitar os que estão no outro extremo da relação.
    Ele narrava enquanto tirou um coelho da armadilha e, com rapidez e destreza, o matou.
    Sempre que saiamos para caçar, o jantar daquela noite seria o fruto dessa saída. Papai abominava a caça esportiva, por diversão. Para ele, se fosse para tirar uma vida, essa deveria ter algum sentido.
    Ele pegou o segundo coelho da armadilha e analisou
    - Está vendo? - e me fez tocar em seu ventre - é uma fêmea e está grávida - e fez carinho e soltou. O animal saiu correndo com a boca cheia dos legumes que deixamos como isca.
    - Respeitar a caça é fundamental. Nenhum predador sobrevive sem a presa. Não somos parasitas, que destroem tudo por onde pisam e migram para outro lugar. Nós, ao mesmo tempo que nos alimentamos, cultivamos o local para que o ciclo se permaneça.
    - Entendi, Mufasa - brinquei e levei um tapa da nuca.
    Rimos bastante.
    Meu pai, além de um caçador por vocação, policial por profissão, era também um naturalista, agnóstico e evolucionista por natureza. Com o tempo, os paralelos de seus ensinamentos para com a vida cotidiana se mostraram muito valiosos e foram os alicerces de minha formação moral.
    - Você é um caçador, Fábio. Nunca esqueça disso. Um caçador e um sobrevivente.
    Obrigado, pai.
    *
    A descoberta de minha sexualidade foi o primeiro grande desafio que tive de encarra como homem. Quando esteve claro para mim meu gosto pelos corpos masculinos, eu tinha 15 anos. Modéstia a parte, sempre fui um rapaz bonito. Herdei a aparência de mamãe e a sagacidade de meu pai. Nossos constantes exercício ao ar livre me deram um corpo forte e uma aparência rústica que sempre agradou o sexo oposto. E o mesmo, só que de forma velada.
    Crescer em uma cidade pequena, comandada por igrejas protestantes e cultura camponesa, em minha condição, era um risco. Tive ciência disso desde o primeiro instante em que me assumi para mim mesmo. Sabia desde cedo como o mundo poderia ser cruel com tipos como eu. E como impor minha orientação seria belicoso. O problema: não seria danoso apenas para mim, mas para meus familiares. E também, eu ainda era jovem e sem capacidade de me sustentar sozinho, ou abandonar aquela cidade e sua população medieval. Nesse sentido, minha estratégia de sobrevivência deveria ser outra.
    Minha vantagem era que, além de um jeito bem masculino de ser, eu também tinha um voraz apetite por mulheres. Minhas conquistas naquela cidade me tornaram uma jovem lenda e me garantiram um currículo acima de qualquer suspeita.
    Na natureza, muitos animais, para sobreviver, recorrem a imitação do ambiente a sua volta como forma de se camuflar. Chamamos isso de mimetismo.  O mimetismo é utilizado tanto pela presa, pra escapar do inimigo, quanto pelo caçador, para conseguir alimento.
    Eu, em minha condição de bissexual, poderia tranquilamente utilizar de meu gosto por mulheres e me doutrinar a apenas sair com elas, passando assim a vida completamente incólume naquela cidade atrasada. Um mimetismo defensivo. Mas, como meu pai mesmo já havia me mostrado, eu não era apenas um sobrevivente, mas também um caçador. E foi assim que logo descobri em minha condição uma arma poderosa para me aproximar, avaliar e, com a técnica correta, abater minha presa. E minha primeira foi um colega de escola chamado Gustavo Martins.
    Gustavo fazia parte da equipe de futebol do colégio. Era moreno, forte, uma cara máscula. A virilidade é uma coisa que atrai os homens, o senso de grupo, ou de alcateia. Tal condição fez Gustavo se aproximar de mim, e aos poucos se tornar meu melhor amigo. Éramos de longe os dois mais atraentes da escola e tínhamos por hábito trocar figurinhas a respeito de nossas conquistas. Algo que fazíamos apenas entre nós. Jamais fomos de espalhar aos quatro cantos a intimidade das pessoas. Seja por respeito, mas também por um senso de caçador. Afinal, a raposa caça muito melhor em silêncio. E isso, Gustavo aprendeu comigo. Nem nossas maiores conquistas eram divulgadas. As pessoas, se descobriam, era pela boca de terceiros, nunca pelas nossas. Mesmo quando partilhamos Suzana Lousada, uma veterana do terceiro ano, que só pegava caras de universidade. Tal façanha, em nossos 15 anos, nos transformariam em deuses naquele colégio. Mas nossa brincadeira no banheiro do vestiário, naquela memorável tarde de 15 de junho, ficou guardada no segredo daquelas paredes
    Lembro enquanto fodia a bela loura, onde tive pela primeira vez a oportunidade de reparar com maior liberdade no corpo de Gustavo. Ele estava de frente pra mim, agarrando os cabelos de Suzana enquanto ela lhe chupava ao pau. O corpo forte, abdômen trincado. Os poucos pelos ainda crescendo na barriga que desciam até o pau.
    Depois, quando trocamos, ele veio penetrar. Eu fiquei por trás observando e pude olhar bem sua bunda carnuda contraindo enquanto metia. Naquela tarde eu havia decidido: aquela seria minha presa.
    Gustavo confiava em mim, e com isso, jamais me percebeu como o predador que apenas estava esperando a hora certa para dar o bote. E foi em nossas férias de verão que encontrei a oportunidade perfeita. O calor assolava a cidade e eu, como bom conhecedor das matas da região, resolvi levar meu amigo para um passeio, onde o apresentei em um de meus locais favoritos.
    Tratava-se de uma cachoeira isolada, que ficava a uns 20 min de caminhada se a pessoa soubesse por onde estava indo. Por ficar mais adentro na mata e sem uma estrada para guiar, os moradores de minha cidade a evitavam. Preferindo a queda d’água mais próxima. Apenas mateiros experientes como meu pai e eu se aventuravam a ela. E o esforço era recompensador.
    - Caramba, Fábio. Que lugar maneiro - Gustavo se maravilhou ao chegar. Além de maior que a cachoeira comum, esta ficava quase sempre deserta, diferente do rebuliço da queda d'água, repleta de crianças..
    - Te falei que valeria a pena. Precisa confiar no teu irmão aqui - e bati em seu ombro enquanto tirava a roupa. Logo, estávamos os dois pelados e dentro d'água.
    Na verdade, a princípio, Gustavo estava de short de banho, mas a falta de pessoas e a confiança em me ver completamente nu o incentivaram a também se livrar delas. Nadamos, batemos um papo e aproveitamos a água gelada. Aproveitei para olhar o corpo de me amigo mais um pouco, seus músculos, sua pele. Era uma visão bem agradável e o primeiro momento serviu também para testar meu auto controle. Devo dizer que fiquei satisfeito em ver que meu pau me obedecia plenamente. Apesar do que via, não ficava ereto sem meu consentimento.
    Afinal, eu estava me mimetizando. E como bom predador, só faria o primeiro movimento quando tivesse certeza que minha presa não teria chances de fuga. Como a cobra que permanece imóvel entre a mata até sua vítima estar a uma distância promissora ao bote. Enquanto batíamos papo, pensava na melhor estratégia. O assunto entre nós fluía fácil, das baboseiras do colégio, às meninas bonitas e assim, inevitavelmente chegamos em Suzana.
    - Cara, sabia que ela está namorando um cara mais velho? - Gustavo de repente se lembrou da fofoca.
    - Na verdade soube que ela já está com esse cara a mais tempo. Que inclusive vai bancar a faculdade dela em São Paulo
    - O que? - meu dado o havia atiçado.
    - Então quando a gente e ela...- fez a mimica, simulando o sexo - Ela já estava com o cara?
    - Aham - e ri - corneou o maluco com a gente. Acho que foi a última aprontada dela antes de se mudar. Agora lá fora, dependendo do cara, ela deve ficar no sapatinho.
    - Com certeza e uma pena. Essa cidade não têm muitos peitos como aqueles - comentou, saudoso.
    - Nem uma bunda daquelas - completei e então, com maldade, brinquei - até porque a sua sua não conta.
    - Que isso, irmão. Ta de sacanagem? - riu, levando na farra meu comentário. Eu de fato gozava de uma boa imunidade, que permitia esse tipo de brincadeira sem levantar suspeitas. Ainda mais com Gustavo.
    - Com todo o respeito, irmãozinho. Mas na falta de mulher nessa cidade, tu rodava fácil - zombei e ele riu, me atirando água.
    - Tu é um filho da puta - atacou, mas bem relaxado. - E quem te garante que, na falta de mulher, eu quem rodaria?
    - Simples - respondi com marra - lei da selva. Sou mais forte, então eu te comeria.
    A armadilha tinha sido lançada. Apesar de ser um seguidor dos ensinamentos de meu pai, também sabia ouvir as sabedorias de minha mãe, em especial quando ela conversava com suas amigas. E algo que ela sempre dizia era: se quiser que um homem faça algo, atente contra sua dignidade que ele fara de tudo para limpar a honra.
    Menosprezar tão declaradamente a capacidade de Gustavo de me vencer em um confronto, só tinha uma consequência possível. E foi quando ele partiu pra cima de mim 
    O ataque direto foi facilmente interceptado e eu o afundei na água, deixando-o submerso alguns segundos.
    Quando ele saiu, puxando o ar, eu ria
    - Nem tenta, coleguinha - zombei e me virei, como se fosse nadar para longe, já antevendo seu próximo movimento.
    E nesse instante, o senti avançar e me virei a tempo de desviar e afundar novamente.
    - Patético - desdenhei - Não dá pra você não, Gutinho. Aqui o macho Alfa sou eu.
    Ele riu, mas deu pra ver a faísca cintilar em seus olhos. Apesar de ainda amigos, brigas pela supremacia sempre foram inerentes entre homens. Seja nos jogos, nas competições, seja nas paqueras. Brigas corpo a corpo eram raras entre nós e nunca sérias. Mas naquele momento eu estava tentado a testar isso até um nível mais elevado
    Ele me encarava, estudando o próximo movimento. Gustavo era visivelmente mais forte que eu, mas enquanto seus músculos eram moldados em quadras e aparelhos de academia, os meus foram lapidados naquela floresta, eram mais potentes pois estavam acostumados a fazer as coisas do jeito mais difícil, em contato com a natureza.
    Ele tentou mais uma, duas, umas cinco vezes, sendo subjugado em todas elas. Nossos corpos roçavam, apertavam a carne um do outro, os músculos trabalhando na tarefa de impor sua vontade sobre o oponente
    Em um momento, o afundei de forma a ele ficar com a cabeça bem próxima de meu pau e o esfreguei em seu rosto sem piedade por baixo d'água.
    - Porra! - praguejou, saindo de perto - isso é jogo sujo.
    - Será? Pois comecei a suspeitar, depois da quinta derrota, que você estava era vindo pra ficar roçando - e ri. Ele ficou irado. Ou pelo menos tentou parecer assim - pois vencer não parecia.
    - Brincadeira idiota.- tentou recuperar o fôlego e assim, demos uma trégua
    - Vai se acostumando. Pois se um dia estivermos sem opção de fêmea, você vai ter de ser minha putinha
    E sorri.
    Então, sentei em uma das pedras de forma relaxada. Meu pau, àquela altura, já estava com volume. Não estava ereto, mas já impunha sua presença. Percebi o olhar surpreso de Gustavo, mesmo tentando rapidamente desviar o olhar.
    Modéstia parte, sempre gostei do meu pau. Talvez a parte do meu corpo que mais gostava. Comecei a ter um carinho por ele aos meus 14 anos, quando perdi a virgindade com Camila, uma mulher de 30, viúva, a quem eu ajudava nos afazeres do jardim, como forma de me ocupar nas férias. Lembro que quando ela me viu pelado pela primeira vez, disse que meu órgão era "esplendido"
    E acho que ela não estava errada. Era grande, grosso, bonito. Longo, com uma cabeça bem saliente e rosada. Fiquei ali, sentado na pedra, pernas abertas de forma a exibir meu troféu, deliciando-me com o conflito de Gustavo. Era óbvio que a curiosidade o fazia querer olhar, mas ao mesmo tempo havia o protocolo de não deixar transparecer tal anseio.
    Tal posição foi me deixando irremediavelmente excitado. E desta vez, não tentei controlar. Brinquei com ele e o deixei ereto, cabeça apontada para o alto. Fiquei entretido puxando sua pele e analisando a cabeça, naturalmente, como quem ajeita o cabelo ou confere se os dentes estão limpos.
    Gustavo estava em silêncio. Eu não olhava diretamente pra ele, de forma a o deixar menos constrangido e assim percebia quando seu olhar recaia sobre meu pau. Aquele jogo estava delicioso.
    - Mas admite. Lugar maneiro esse, né? - puxei o assunto de repente, como quem lembra de sua presença
    - Hã... Ah sim. Sim...
    - O que foi, distraído? - sorri - assustou? - e apontei para meu pau.
    - Vai se fuder, Fábio. Até parece.
    - Ora pois. É maior que o teu, irmão. Normal ficar impressionado.
    - Até parece - mais uma vez eu o havia posto na defensiva.
    - Tanto que tu está aí escondido na água desde que entramos - zombei.
    - Eu? Que nada. Só estou nadando. Até parece que vou ficar com medo de você.
    - Relaxa, irmão. Nada demais. Pessoal é muito fissurado com lance de tamanho. Nada demais
    - Mas o meu não é pequeno
    - Não disse que é pequeno - e ri - só que é menor que o meu
    - Ai caralho  - tentou desdenhar
    - E se for? O que tu vai fazer? - ataquei de repente, deixando-o sem reação.
    Pobre Gustavo, estava tão ansioso para vencer algum desafio contra mim que caiu rapidamente na armadilha. Eu já tinha visto o órgão dele e sabia que o meu era maior. Se ele não prestou atenção no meu enquanto comíamos a Suzana, azar o dele . Ele quem estaria entrando em uma batalha perdida.
    - E se for? - desafiou
    - Se for, bato uma pra tu até tirar leite. - apostei
    Ele ficou surpreso, mas não deu ora trás.
    -Tu vai fazer isso?
    - Claro que não. O meu é maior. Agora, se eu ganhar, tu que vai ter de bater pra mim.
    - Brincadeira idiota - senti murchar, com a ameaça de perder.
    Eu apenas ri.
    - O que foi? - quis saber
    - Nada
    - Fala, caramba
    - Nada, cara - insisti, sem esconder o ar superior
    Percebi então que ele começou a mexer no próprio pau por dentro da água. Minha boca salivou
    - Quando estiver pronto, vem medir - chamei, brincando com meu pau. Que estava mais duro que nunca.
    Gustavo veio, e colocamos nossos membros um ao lado do outro. O pau dele estava duro, mas poderia ter ficado melhor. O nervosismo não o estava ajudando.
    - Tem dúvidas ainda? - brinquei. Balançando o meu como se fosse um troféu
    - Espera que ainda não estou pronto.
    Esperei ele se masturbar mais.
    - Beleza, eu espero - e continuei brincando com meu pau fingindo não notar que ele olhava meu corpo pelado
    - Aqui - e apontou. Agora sim estava na real forma
    Colocamos bem ao lado um do outro. Ficamos de frente, o meu pau tocou sua cintura e o dele ainda faltou uns 3 dedos para chegar na minha
    - Viu só - ele tentou desconversar - não é pequeno
    - Eu não disse que era pequeno - lembrei - só que o meu é maior.
    Ele baixou a cabeça, derrotado. Ia sair quando eu segurei sua mão.
    - Hey, hey, hey. Esquecendo de nada não?
    E pus sua mão no meu pau. Ele tentou tirar, mas eu segurei firme
    - Vai dar pra trás agora? Achei que fosse homem.
    - Por que faz tanta questão?
    - Só estou reivindicando minha posse. Você apostou porque quis - lembrei.
    As vantagens da honra masculina. Nós homens tínhamos disso. Esse desejo de se colocar acima dos outros, de competirmos. Mamãe estava certa e se você apelar para a honra de um homem, é capaz de conseguir tudo dele.
    Apostas tinham dessa mágica. Elas transformavam tudo e qualquer experiência em apenas um jogo de poder. O desejo sexual em si era disfarçado. No caso do vencedor, era apenas uma forma de mostrar sua superioridade ao outro. E para o perdedor, poderia se consolar com a ideia que estava apenas sendo obrigado a fazer o que, muito provavelmente, queria fazer.
    A mão do Gustavo envolveu meu órgão e eu fui mexendo com ela de início.
    - Relaxa. Quase ninguém sabe desse lugar. Mas se ficar enrolando, pode ser que alguém apareça.
    Sentei na pedra e abri novamente as pernas, o deixando livre para fazer como era melhor
    - Bora mano, tira leite que acaba logo pra você.
    Ele começou a me masturbar com mais afinco, olhando em volta a todo o momento.
    Eu me divertia com aquilo
    - Gustavo - o chamei e ele olhou - sabe que te considero um irmão, né? Nada disso vai vazar daqui.
    Falei sério, e isso o tranquilizou um pouco.
    Continuou a me masturbar.
    - Relaxa, amigão - brinquei, beliscando o bico do seu peito. Ele tremeu e sorriu, mesmo que de forma hesitante.
    - Vai se sentir melhor se eu bater uma pra você também? - sugeri e sua voz falhou
    - Ha? Digo... Você faz?
    - Se você tirar essa cara de culpa da cara, faço.- ponderei com tranquilidade - depois você me paga
    - Como assim?
    - Ora. Vou estar te fazendo um favor. Você fica me devendo.
    - Mas eu to fazendo em você.
    - Só porque foi bobo de querer medir forças comigo - rebati, com marra.
    Então, entrei na água e peguei o pau dele
    - Relaxa, não vou pedir pra matar ninguém. Quer ou não?
    Ele apenas fez um sinal positivo com a cabeça e eu comecei.
    Sua boca abriu, mas não emitiu som. Seu pau estava extremamente duro e eu gostei do que senti. Nos masturbamos em silêncio, em baixo d'água. A manhã quente e a água fresca, além do silêncio da natureza davam o oásis que precisávamos. Gustavo lutava para tentar demonstrar menos prazer do que sentia. E eu não conseguia tirar o sorriso altivo da cara
    - Lembra do dia da Suzana? - comecei - Vou ser honesto. Fiquei com uma puta inveja da tua bunda, enquanto comia ela. Maior bundão - elogiei.
    Ele riu
    - É o futebol. - explicou, mas deu pra ver que meu elogio, ou o fato reconhecer que havia algo nele que era melhor que o meu, o havia deixado mais confiante - tenho inveja é do teu pirocão - admitiu e logo se arrependeu
    Eu apenas sorri, fazendo pouco caso. Não era hora de zombar dele.
    - Cara, vou gozar assim - anunciei, sentindo meu corpo sofrer os espasmos.
    Gustavo logo olhou para baixo, onde a água cristalina deu uma boa visão de meu leite saindo e flutuando em grossas linhas brancas.
    - Caralho - suspirei. Então peguei no seu peito de novo enquanto o masturbava - Bora, tua vez
    Masturbei com mais vontade e ele logo começou a gemer. Senti seu pau dilatar quando a uretra abriu caminho para o gozo. Ele trincou os dentes e fechou os olhos, se segurando na onda de prazer .
    - Caralho - ecoou.
    Largamos os membros uns dos outros e deixamos a água nos embalar. Não falamos nada, e eu o deixei em silêncio com os pensamentos que deviam estar turbilhoando sua cabeça.
    Meu pau amoleceu e, por mais tentado que estivesse, sabia que já tinha estivado aquele elástico ao máximo possível naquele dia. Como meu pai me ensinou em nossas pescarias, tinha a hora de puxar a linha e hora de afrouxar, se não, o peixe acaba arrebentando e fugindo. Era hora de eu afrouxar. Não ia mais brincar de forma maldosa nem mesmo continuar em minhas investidas para me colocar acima dele
    Assim, puxei um assunto aleatório, falando da festa de aniversário de um colega nosso e do mico que alguns amigos tinham pagado nela. Feliz em poder falar de outra coisa, ele se deixou levar e continuamos a tarde na cachoeira como se nada de diferente tivesse ocorrido. Eu teria a oportunidade de puxar novamente aquele anzol. Já até tinha ideia de quando.
    *
    Dois dias depois, era a data que eu havia marcado no meu calendário, pois tinha prometido ajudar Gustavo a pintar um muro de sua casa. O momento chegou e eu prontamente me apresentei. Trabalhamos a tarde toda, onde fiquei apenas de short durante todo o serviço, fingindo não notar as olhadas de esgoela que meu amigo me dava hora e outra.
    Ao final, eram 16h e estávamos suados. Eis que ele sugeriu:
    - Que tal um banho de cachoeira?
    - Eu topo - sorri - Qual, a queda d'Água? - me fiz de sonso
    - Melhor não. Muito cheia. Vamos na outra - tentou parecer desinteressado.
    Assim, seguimos novamente e, chegando lá, tiramos as roupas. Desta vez Gustavo nem cogitou nadar de short, se colocando nu na água. Nadamos despreocupados e eu não tentei nada de inicio, intrigado em saber como ele se portaria. Minha presa estava agitada. Tentava me atiçar, jogando água e rindo pra mim. Chegava a ser brincadeira de tão fácil. Dócil como estava
    Então, tive uma ideia. Pedi para ele me seguir
    Fui subindo as pedras e rumando para trás do véu d'água.
    - Cuidado, pois as pedras aqui escorregam. - alertei
    - Não sei se vou conseguir, cara - ele realmente estava com medo de cair e se machucar. Risco real.
    - Vem comigo - e fui guiando, mostrando onde pisar.
    Mas não foi o bastante. Pois ele pisou em falso em uma pedra lodosa e ia caindo se eu não o segurasse. O abracei forte, mantendo-o estável.
    - Tudo bem? - perguntei.
    - Sim... Valeu - deu pra ver que ele ficou sem graça. Senti o sangue correr para meu órgão ao ter seu corpo quente abraçado ao meu.
    - Confia em mim? - quis saber
    - Aham.
    Então lhe dei a mão e o fui o conduzindo, onde pisar e, com calma, chegamos a nosso destino. Uma gruta atrás da queda de água, completamente encoberta, com uma pequena piscina natural .
    - Caramba, que maneiro.  - se encantou.
    - Tem muita coisa nessa mata que eu conheço, amigão - me gabei.
    - To vendo - e riu, olhando meu corpo mais uma vez.
    - E ai? - incitei.
    - E aí o que?
    - Ora. Afim de fazer um favor pra mim, não?
    - Do que você está falando? - se fez de sonso.
    - Bem, você ficou me devendo um favor lembra? Na última que estivemos aqui. Dois, se contar a mão na pintura que eu dei hoje.
    - Para de palhaçada. - tentou não rir
    Sorri mais. Estava adorando o joguinho dele. Estava na cara que ele já sabiá que a coisa ia para este caminho quando me chamou pra nadar, mas não podia dar o braço a torcer. Orgulho de homem, sabia como era.
    Me acheguei pra perto dele e sussurrei
    - Sabia que tenho a maior curiosidade de levar a mamada de um amigo?
    - Ta de sacanagem - se fez de surpreso, rindo incrédulo.
    - Sério. Da uma mamadinha.
    - Fábio., melhor parar com essas coisas
    - Por quê? Se anteontem não veio ninguém, aqui atrás mesmo que ninguém vê. Do lado de lá não se vê nada aqui dentro e o som d água abafa qualquer ruído.
    E peguei a mão dele e pus no meu pau
    - Vamos... Você ficou devendo  e me deu tua palavra.
    - Pô, cara. Tu é um filho da puta... - se fez de difícil.
    Eu então sentei numa pedra, com as pernas abertas, pau já duro, e o chamei.
    Ele veio, daquele jeito dengoso, cheio de cuidados. Guiei a cabeça dele e levantei meu pau.
    - Começa pelo saco. - pedi
    Ele riu e deu uma lambidinha. Olhou pra mim e eu aprovei. Então continuou, lambendo um pouco até pegar uma bola e chupar.
    - Caraca. Delicia - parabenizei.
    - Vai chupar também? - perguntou.
    - Posso te fazer um agrado, mas primeiro tem que merecer - e abri sua boca com delicadeza e mostrei a cabeça. Enfiei com calma e ele chupou a glande, com carinho, degustando.
    - Até onde você aguenta? - quis saber e fui enfiando. Devagar, até ele engasgar e eu tirar - caramba. Foi fundo. Será que consegue mais?
    Ele riu e pegou, dessa vez, movido pelo desafio, chupou e depois foi engolindo. Desta vez conseguiu até o talo e eu o parabenizei.
    - Caramba, moleque. Mandou bem
    - Tenta você - sugeriu
    - Calma jovem. Falei que você tinha de merecer. Então desci e cheguei perto dele e apertei sua bunda.
    Ele não entendeu o que eu queria e não fez resistência quando eu me pus atrás dele. Então, quando dei o bote e o agarrei por trás, já era tarde.
    - Ta na hora de cobrar o outro favor. O da pintura.
    - Que isso cara - se assustou, quando meu pau roçou na sua bunda.
    - Fica de quatro aí nessa pedra - falei.
    - O que?
    - Fala sério. Vai logo. Quero ver uma parada
    E fui empurrando, me fazendo da minha força para subjugar. Gustavo tentava resistir, ou pelo menos fazia parecer que sim. Digo isso porque, colocar ele de quatro em cima da pedra foi muito mais fácil do que deveria ser. Antes de dar tempo de ele desistir, abri sua bunda e enfiei a língua.
    - Acho que estamos passand... Ohhh - interrompeu a frase no meio quando minha língua começou a massagear seu anel.
    Não consegui me conter. Estava muito ansioso para chupar aquele cu e chupei com vontade, mordendo e lambendo as nádegas gostosas do meu amigo. Conforme provava, a fome que me impulsionava ia aumentando. Olhava pra aquele anel piscando e a boca enchia de água. Meu pau latejando.
    Sem aviso, o fiz descer, mantendo-o escorado contra a pedra. Empurrei suas costas de forma a dificultar qualquer tentativa de ele sair. Ali, imprensado contra a rocha, ele balbuciou
    - O que vai fazer?
    Sem resposta, fui encaixando a entrada.
    - Relaxa - foi tudo o que disse
    - Fábio., espera cara. - tentou mudar a posição, mas eu forcei e ele foi obrigado a se manter onde estava
    - Eu só disse pra relaxar.
    - Vai doer - avisou
    - Se doer, eu paro - e a cabecinha entrou. Gustavo deu um salto e tremeu.
    - Ai cara. Vai doer
    - Calma que nem comecei. Para de frescura - mandei, sentindo sua pele toda ouriçada. - empina a bunda, se não vai dificultar e aí vai machucar.
    - Porra. Cuidado. Cuidado - apesar do medo, obedeceu e o meu pau começou a deslizar.
    Com a paciência de um pescador, fui introduzindo.
    - Tá bom, tá bom cara. Já fez o bastante - tentou ponderar
    - Fica calmo. Depois faço um agrado pra você. - prometi.
    - Porra... - gemeu em protesto, mas abriu mais a bunda e eu sorri.
    - Isso. Assim. Assim... Caralho, que delicia - entrou até o fundo e eu deixei ali - Viu. Fácil.
    - Fácil porque não é teu cu, seu filho da puta - atacou
    - Exatamente - e ri em deboche.
    - Filho da puta - xingou de novo
    - Olha a boca - e beijei seu pescoço - to te tratando com carinho. Agora relaxa que vou começar a meter
    - Ah não.
    - Shiiii. Relaxa. Olha, devagarzinho - e comecei, bem calmamente.
    - Ai porra - sua respiração estava pesada, seu coração estava a mil, eu era capaz de sentir com o peito colado em suas costas - Depois vai ser tua vez - exigiu
    - Se pensa que eu vou te dar o cu, vai tirando o cavalinho da chuva - sussurrei ao seu ouvido.
    - Você prometeu - e tentou me empurrar, mas naquela posição, com as pedras escorregadias do jeito que eram, Gustavo não tinha mais a menor chance de fugir.
    - Prometi nada - me defendi - minhas palavras foram que eu te faria um agrado
    - Vai me chupar então?
    - Bato uma pra você - prometi.
    - Ah não. Só isso não - protestou.
    - Shiiii - e o imprensei de novo. Metendo um pouco mais forte - se ficar de pirraça, nem isso. To te fazendo um favor, ainda quer exigir?
    - Você está me comendo o cu, maldito.
    - Porque você estava me devendo. A mamada foi pela punheta de anteontem e o cuzinho foi pela ajuda na pintura da casa. Pronto. Estamos quites. Só porque sou um cara legal, bato uma pra você de graça, sem cobrar nada depois. Mas você tem que se comportar.
    - Tu é um filho da puta - e trincou os dentes quando eu enfiei fundo.
    - Isso, vai, xinga teu macho, vai - zombei, metendo.
    - Ai, ai. Devagar.
    - Pede por favor - mandei, embora já tivesse reduzindo o ritmo. Afinal, tinha me empolgado
    - Por favor.
    - Por favor, meu macho - insisti, cheio de maldade.
    - Vai tomar no teu cu. - atacou
    - Enganado, amigão. Eu to tomando o seu - e ri. Metendo gostosinho
    Eu tinha de me controlar, pois o poder que eu estava exercendo era tentador demais. Gustavo estava completamente a minha mercê. Estava numa posição impossível de escapar, meu pau já estava dentro, e ele não conseguia me por pra fora. Além disso, atrás do véu d'água, era impossível, mesmo que tivesse alguém do outro lado, nos ver ou ouvir.
    Pensar naquilo me deu uma vontade louca de judiar dele. Meter com força. Mas segurei a onda. Afinal, era meu amigão ali. E ao passar a mão pelo seu corpo, sentir seu pau duro, isso mudou meu foco.
    Agora, mais que nunca, eu queria fazer ele gemer. Minha presa estava ali, completamente entregue, então era hora de fidelizar aquela bunda. Comecei a massagear seu pau.
    - Tá gostando, safado - sussurrei ao seu ouvido.
    - Vai se fuder - falou baixinho, ainda controlando os gemidos.
    Meu pau já não encontrava nenhuma dificuldade em deslizar pra dentro e pra fora de seu corpo, sentia suas pernas bambas e sua pele toda ouriçada. Não precisava mais fazer forca para o manter preso, então usei as mãos para masturbar ele enquanto alisava seu corpo.
    Ele segurava os gemidos e eu então fui punhetando mais forte. Gustavo foi lutando para manter o controle, mas começou a tremer todo. Os gemidos começaram a escapar mais alto. Seu pau sofreu fortes espasmos quando enfim, começou a bombear leite pra fora. Nesse instante, ele gritou. Tremeu todo, da cabeça aos pés e o som de seu orgasmo ecoou pelas pedras, entoando junto do ritmo da cachoeira.
    - Caralho! Isso, isso! - comemorei, metendo forte. - Isso amigão. Goza vai. Goza.
    E eu também. Não resisti, sendo levado pelo tesão e leitando dentro de Gustavo. Urrei de prazer, sentindo o anel de meu amigo estrangular meu órgão dentro dele .
    - Ah. Ai. Tira, cara. Tira, ta doendo. Agora é serio - pediu
    - Com calma, deixa eu tirar - e fui puxando com cuidado, até ele me expelir por completo
    - Ah, caralho - respirou fundo, um alívio.
    Eu o fiz se deitar em cima da rocha, saindo da água, abaixei o rosto e contemplei o buraquinho. Estava rosado em volta, além de bem dilatado. Parecia respirar em compasso a seu peito. Não resisti e chupei novamente, arrancando mais gemidos dele. Minha língua agora entrava sem dificuldade.
    Depois dali, aquele se tornou nosso lugar favorito. Praticamente todas as tardes inventávamos algum pretexto para ir pra lá. Obviamente o calor nos ajudava.
    Gustavo ainda tentava resistir, fazendo o joguinho dele. Tentava também me comer, mas nunca conseguia. Ao final, era sempre ele quem liberava.
    Numa tarde, voltando de uma pelada, fomos para a cachoeira. Gustavo andava na minha frente, camisa do jogo pendurada no ombro, usando apenas o short de futebol. Não resisti vendo aquela bunda enorme balançando na minha frente, coberta apenas por aquela peça de roupa minúscula. Avancei e apertei bem a carne.
    Ele levou um susto, mas olhou pra trás e riu.
    - Que isso, parceiro?
    - Da pra Esperar chegar lá não. Dá pra mim aqui - pedi, já me achegando e tomando o que é meu. Enfiei a mão por dentro do short e apertei bem sua bunda.
    O efeito foi instantâneo. Logo deu ora ver o volume despontando no short de Gustavo. Mas era óbvio que ele ainda ia tentar resistir. Para ser franco, não teria tanta graça se ele não o fizesse. Aquele era nosso joguinho e o que catalisava meu tesão. Pegar um homem forte daqueles e impor minha vontade.
    Ele se virou de frente pra mim e tirou minha mão. Num movimento rápido, eu agarrei seus pulsos e forcei seus braços a irem pra trás. Praticamente o abraçava, mantendo seus braços presos pelos pulsos atrás do corpo. Estávamos cara a cara. Senti seu hálito. Meu pau duro se encontrava com o dele por cima dos shorts. Peito com peito, colados e sincronizados numa respiração mais intensa. O cheiro do churrasco que comemos após o jogo exalando de sua boca.
    - Da pra mim - meu tom não deixava claro se era uma ordem ou um pedido.
    - De novo? - se queixou, num muxoxo sem convicção - sou sempre eu quem dou
    Lhe dei então um beijinho estalado nos lábios. Meu gesto o surpreendeu.
    - Da pra mim - repeti, ignorando completamente suas queixas.
    - E quando vai ser a sua vez?
    Outro beijo, dessa vez mordisquei de leve seu lábio, sentindo melhor o gosto.
    - Da pra mim - e lambi seu rosto, como quem degusta a carne antes de comer.
    Beijei seu pescoço, descendo e chegando seu peito. Chupei o mamilo e ele perdeu completamente a voz. Sua boca abriu, mas som nenhum saiu. Sem forças, não fez qualquer resistência quando eu o virei e o coloquei com as mãos apoiadas na árvore. Desci e tirei seu short, deixando-o cair até o chão. Abri sua bunda ,vitorioso e minha recompensa estava ali, pronta para ser tomada.
    Chupei com carinho, sentido o anel se abrir para receber um velho amigo.
    - Sou sempre eu quem tem que dar. - gemeu, menos convincente ainda quanto a sua indisposição.
    - Pra que mexer em time que esta ganhando? - ri, enquanto levantava e encaixava.
    - Tu é um filho da puta, isso sim.
    Enfiei tudo de uma vez, fazendo ele gemer. Agarrei pelas axilas, aproveitando para brincar com seu peito com os dedos.
    - Quem sabe um dia você consegue. - supus.
    - Você vive prometendo, mas nunca faz - se queixou, tentando manter o ar indignado enquanto segurava os gemidos. Gustavo mantinha a bunda empinada, na ponta dos pés.
    - Não desista, garoto. Quem sabe, você me dando direitinho, um dia eu não resolva experimentar - brinquei. Adorava dar esperanças a ele, só para fazer tentar e ao fim o subjugar a minha vontade. O gosto era melhor quando era conquistado assim.
    Então eu cheguei bem ao seu ouvido e sussurrei:
    - Mas fala a verdade. Tu gosta de levar no cuzinho, né? Pode admitir pra mim. Fica entre nós.
    Ele gemia baixinho, grosso. Tudo muito bem controlado.
    - Tu é um filho da puta - praguejou
    - E você tem que parar de xingar minha mãe - zombei e meti mais forte.
    Rimos um pouco, mas logo os risos foram cortados pelos espasmos que se tornaram impossíveis de conter.
    Infelizmente, nossas brincadeiras de verão não avançaram para além da estação. Em janeiro, Gustavo recebeu a notícia que seu pai fora promovido e ele e a família sairiam da cidadezinha em que nascemos. Um sonho de muitos ali e o qual eu realizaria somente anos depois.
    Não completaríamos o ensino médio juntos.
    Na tarde em que me despedi dele, dei um forte abraço e falei ao seu ouvido:
    - Vou sentir sua falta - admiti
    - Eu também - sibilou em resposta - quando nos encontramos de novo, vou comer teu cu – completou.
    - Pode tentar. Mas sabemos como vai acabar - ri.
    - Tu é um filho da puta - e rimos. A risada foi morrendo enquanto seu carro se distanciava, dando adeus a mim.


  • Diários de caça - Capítulo 11 – Resiliência

    Resiliência é a capacidade de um organismo de, como a água, se adaptar as mais diversas condições. Como cresci basicamente no mesmo habitat, nunca tive a necessidade de praticar tal habilidade, tão essencial a evolução de qualquer ser. Porém, acredito que os anos longe de casa me fizeram ver essa força que eu tinha dentro de mim. No dia seguinte bem cedo, me arrumei para sair.
    Pedro tinha acabado de acordar e pedi permissão para dividir a pia para escovar os dentes.
    - Está galante. Conseguiu o emprego? - comentou, escovando os dentes. Seus cabelos, bagunçados como estavam, lhe conferiram um charme a mais.
    - Na verdade, ainda não. O teste de verdade será hoje
    Ele enxaguou a boca e secou, então me deu um tapa na bunda e um beijo no rosto
    - Boa sorte. Não que precise.
    - Valeu
    Cheguei a concessionária na hora marcada e fui para o vestiário e me troquei. Em meia hora, me apresentei ao escritório de Augusto já pronto, recebendo um belo sorriso de aprovação de Vera. Augusto chegou logo depois
    - Vera, mas já? Daqui a pouco vai dormir aqui. E está diferente. O que houve? Soltou os cabelos, parece mais alegre - e riu.
    - Nada demais, senhor Augusto - respondeu, corando levemente
    - Bem, seja o que for, está ótima. E olha pra você - se voltou pra mim - Parece um cavalheiro. Gostei. Então, vem aqui no escritório que quero te passar os detalhes.
    Entramos e eu mandei um beijinho para Vera, na surdina, que o recebeu rindo como uma colegial.
    - Garoto, na verdade não tenho muito o que dizer. O cliente de hoje, o Sr. Maia, é um homem estritamente pontual. Marcou conosco as 10h , então as 9h50 já esteja pronto para receber. É um homem de poucas palavras, não entende muito de carros, mas entende de blefe. Sabe quando o tentam enganar então, se não for um exímio jogador de poker, seja sincero com ele.
    Eu apenas confirmava com cada palavra, absorvendo tudo o que podia
    É um homem de rotinas sólidas, e uma de suas  tradições mais sagradas é trocar de carro uma vez por ano, na mesma época. Caímos em suas graças o bastante para ele vir a nossa loja nos últimos três anos, mas sei que podemos ter mais dele. É um homem influente e conhece muitas pessoas. Poderia nos indicar amigos.
    - Agradeço a oportunidade - respondi - Só uma coisa. Me parece ser uma tarefa muito importante. E eu sou iniciante. Não me leve a mal, não estou fugindo do desafio, apenas quero garantir quero senhor está plenamente ciente de sua escolha.
    Parece que eu tinha chegado ao "x" da questão. Uma coisa que até mesmo Augusto devia estar pensando desde que me propôs a tarefa.
    - Pois é, garoto. A verdade é que estou apostando muito. Você joga xadrez?. - e se mostrou desconfiado quando respondi afirmativo - Então, conhece a jogada do gambito.
    - Sim. Basicamente, usar uma peça como sacrifício para tentar conseguir algo com isso. Um truque, para atrair a vítima. Não me leve a mal, eu reconheço que como novato sou como um peão, que pode ser sacrificado sem grandes danos. Mas não tem medo de perder um cliente, que pode ser uma peça muito mais valioso.
    Ele ergueu as sobrancelhas em surpresa.
    - Outras pessoas se sentiriam ofendidas se serem referidas como peão - brincou.
    - Na natureza é assim. As formigas, por exemplo, se unem para criar uma barreira e proteger a toca do frio, chuva e outras coisas. Se sacrificam em nome no grupo e da rainha. Eu, como líder, também pensaria assim.
    Ele me olhou em silêncio, parecendo  cada vez mais difícil esconder o espanto.
    - Pois bem... - e riu, ainda sem acreditar - o fato é que perder o senhor Maia não seria uma perda tão grande assim. Ele compra um carro por ano, como falei. Tenho clientes que compram um carro quando estão estressados. E a maioria são banqueiros então - riu - você deve imaginar quanto eu vendo a eles - Não. Maia só é valioso enquanto potencial. Que se não realizado, não vale. Vários vendedores bons não caíram em suas graças. Então estou apostando em você. Se caiu em minhas graças, creio que vai dobrar o cara. - e pigarreou, claramente arrependido de ter admitido aquilo tão cedo - Pois bem. É isso.
    - Entendo - fingi não ter notado seu constrangimento - Mais algum conselho?
    - Sim. Não me decepcione - esse ele falou bem sério.
    Eu então obedeci. Quando cheguei no pátio, na parte coberta, fiquei olhando o ambiente, reconhecendo cada lugar, as pessoas que o frequentavam. Conhecer o terreno é fundamental para qualquer caçador e não importa em qual selva esteja, essa regra é fundamental em todos os locais.
    Na hora inglesa, vejo Augusto acenar para mim de longe. O tal Maia era um homem de meia idade, porte de nadador. Daqueles que parecem sempre encontrar tempo para se exercitar. O terno lhe valorizava. O cinza do tecido combinava bem com o grisalho dos cabelos de do cavanhaque. Tinha olhos azuis, pele queimada de sol.
    Fiz um gesto afirmativo para meu futuro patrão. Observei que Maia falava ao telefone e olhava alguns carros de forma desinteressada. Esperei onde estava, estudando. Era um daqueles homens objetivos, olhava bem sucintamente e rapidamente parecia fazer uma avaliação do modelo, partindo logo para outro.
    Meu patrão gesticulava para eu ir e eu fiz sinal que iria esperar mais. Seu gesto deu a entender que ele iria arrancar os próprios cabelos. Achei graça, mas mantive o tom profissional. Maia já tinha saído do telefone e continuou olhando. Até que parou no último lançamento. Um modelo veloz e na cor cinza. Tive o palpite de que ele gostava dessa cor. Olhou bem o veículo e então olhou para o relógio.
    Foi minha deixa.
    - Vejo que gostou do A7 Sportback. Não poderia ter eleito melhor. E a cor cinza combina com o senhor. - cheguei direto ao ponto, então completei, fingindo ter me precipitado - ah desculpe. Me chamo Fábio. Irei lhe atender hoje.
    Ele me olhou de cima a baixo, gesto aparentemente comum naquele meio, onde as pessoas te julgam logo o primeiro segundo e você tem que causar uma boa primeira impressão.
    - Estou te esperando um tempão.
    - Desculpe, o vi entretido há alguns minutos e não quis atrapalhar. Estava bem ali - indiquei, sem demonstrar nenhum receio - Vi que descartou os utilitários familiares e foi direto nos esportivos. Parece um homem que gosta de ação. Imagino que queira experimentar uma corrida nessa belezinha - e mostrei as chaves que já tinha pego de antemão.
    Maia continuou a me olhar como se eu fosse uma criatura estranha e única. Imaginei que minha atitude de cara o desarmaria. Tal como Augusto, ele era do tipo de homem que não está acostumado as pessoas de cabeça erguida ao falarem com ele. Estava acostumado a intimidar e não a ser intimidado. Na verdade, esse era um ponto que ainda me intrigava. Digo isso, pois percebi um certo receio nele que não identifiquei de cara o que seria
    - Aceito. Você dirige. - e foi indo ao pátio onde estavam os modelos para teste de direção.
    Chegamos e eu tentei insistir.
    - Tem certeza que não quer dirigir?
    - Eu não dirijo.
    - Sinto muito. Não queria lhe constranger  - e sentei no banco e ele no banco de trás.
    - Para sua informação. Eu sei dirigir, mas não o faço. - corrigiu, claramente com o orgulho chamuscado.
    - E eu jamais insinuei o contrário. - e lhe pisquei pelo retrovisor, usando minha melhor cara de poker.
    Mais uma vez senti Maia encolher e algo dentro de mim acelerava o sangue em minhas veias. Já tinha entendido porque Augusto me escolheu para aquela tarefa. Pois a estratégia usada contra ele era a mesma que usei contra meu futuro patrão. Minha defesa anti predatória que era capaz de inverter o jogo e deixar meu predador encurralado.
    Mas tinha algo mais. Algo que provavelmente nem Augusto previa mas eu sim. Meu faro não me enganava. Eu só tinha que encontrar uma brecha para cravar minhas presas. Como uma onça, quando eu desse o bote, seria diretamente na jugular.
    Aproveitei o silêncio do senhor Maia durante o trajeto e lhe expliquei sobre o veículo, seus potenciais. Fui bastante honesto com os defeitos, pois seguia o conselho de Augusto que me alertou sobre a inutilidade de tentar mentir para aquele homem.
    Foi quando seu telefone tocou. Ele o pegou, olhou a tela e bufou antes de atender, fazendo sinal para eu interromper a explicação.
    Me calei e ouvi, fingindo ter atenção somente na estrada
    - Oi Amor. Sim... Aham... Entendo... Eu já disse que sim... Não. Não há a necessidade de... Tudo bem... Tudo bem... Te ligo depois, sim? Estou ocupado agora. Sim, negócios... Outro.
    E desligou. Tentei esconder o sorriso que brotava em minha boca, procurando parecer o mais casual possível.
    - Mulheres - fiz pouco caso, usando de uma tática comum a qualquer homem casado. Falar mal das patroas.
    Pela primeira vez, vi, nem que fosse um milímetro de sorriso. E me espantei em perceber como ele ficava mais bonito quando tentava sorrir.
    Era hora de partir para a jugular.
    - Como é minha função aqui orientar sua escolha, senhor Maia, devo dizer desde agora que esse carro não é para o senhor. Deveria escolher outro
    Ele me olhou intrigado.
    - Nada de errado com o carro. Ele é impositivo. É forte. E confere essas características a quem o dirige. Mas só a quem o dirige. O senhor é um homem que provavelmente precisa chamar a atenção nos eventos de negócios. E chegar de carona neste veículo, não vai funcionar. Sem ofensas, mas esse é para homens que tomam as rédeas da situação.
    Ele ia protestar, mas ficou tão chocado com minha ousadia que vacilou e eu aproveitei a chance.
    - O senhor tem muito dinheiro e prestígio. Isso é inegável. Mas por alguma razão não toma as decisões da sua vida. Suspeitei quando abriu mão de dirigir e testar o próprio carro. E confirmei agora ao escutar sua conversa - e me apressei em acrescentar - Desculpe. Não tinha como não ouvir. E basicamente só ouvi concordâncias, mesmo que seu tom de voz insinuasse que quisesse dizer o contrário.
    - Você está abusando de sua posição - alertou, tentando parece mais ameaçador do que conseguia.
    - Pelo contrário. A princípio, deveria eu estar falando apenas de carro. Mas escolher um veículo e como escolher qualquer coisa na sua vida, tem que estar de acordo com sua natureza. Qualquer animal sabe disso. Sabe onde sua mão pode alcançar. Você não vê leões caçando elefantes, ou tubarões atacando baleias. Mesmo eles sendo os predadores, eles sabem escolher aquilo que está diante de suas capacidades. O senhor é um homem que se sente confortável em se deixar conduzir. Se me permite, tenho outros modelos que seriam muito melhores ao senhor.
    - Vou ter de falar com Augusto, sobre você.
    Sorri em triunfo. A ameaça, a última saída daqueles que sabem que perderam. Não era preciso ser um conhecedor da natureza como eu para saber que, quanto mais um cão late, menores são as chances de efetivamente morder.
    - Bem, senhor Maia. Acho que devo lhe avisar que ainda não fui contratado. Então, Augusto não pode fazer nada comigo senão negar uma coisa que já não é minha a princípio.
    Maia riu, descrente.
    - Augusto me mandou um iniciante para me atender? Inacreditável.
    - Errado, mandou seu melhor vendedor para seu perfil de cliente. - e encostei o carro - Se eu parasse de dirigir agora, o que faria?
    Ele ficou sem palavras
    - Você tem que me levar de volta
    - Errado, senhor Maia. Não sou obrigado a fazer nada. Se o senhor deixou bem claro que não serei empregado quando voltarmos, porque teria alguma responsabilidade sobre o patrimônio da concessionária de Augusto?  - e o encarei muito sério pelo retrovisor. - E então, vai sair e pedir um Ber, ou vai pegar no volante e dirigir?
    Ele não respondeu e eu saí do carro, dei meia volta, abri a porta de seu lado e me inclinei em sua direção. O receio que ele emanou me deixou em êxtase. O medo da presa aumenta a fome do caçador. Essa é uma verdade universal. Saboreei aquele impacto por mais tempo.
    - Então? Afim de me colocar em meu lugar e me levar para poder falar mal de mim para Augusto?
    Ele me olhava de cima a baixo, numa confusão de sensações. Meu porte ficava ainda mais realçado naquela posição, quase debruçado sobre ele. Eu sabia que ele me olhava. Minhas suspeitas já estavam mais que confirmadas.
    Ao final, ele bufou, ergueu e foi para o volante. Eu sentei ao seu lado e mais uma vez Maia não soube bem o que fazer. Peguei sua mão direita e guiei.
    - Vai perceber, senhor Maia, que pegar o que quer é muito melhor do que mandar outra pessoa fazer pelo senhor.
    Passei a mão direto pela marcha e aproximei de meu órgão. Ele tremia, sua mão suava, mas ele não fez nenhum sinal de puxar de volta. Eu então retornei e, antes que me tocasse, a pousei em cima da marcha do carro.
    - Então? Qual será nosso destino? - e sorri, fitando com muita arrogância - O senhor pode seguir nossa rota e eu poderei te explicar mais sobre esse veículo. Ou podemos voltar a concessionaria e você me destruir para meu futuro ex chefe. Ou... Bem... Ficamos por conta de sua imaginação. - me inclinei ao lado e falei ao seu ouvido - você é o motorista, senhor Maia. Pode me levar onde quiser.
    Sua reação foi mais rápida do que imaginei. Ele logo saiu com o carro e tive de admitir que ele de fato era um exímio motorista. Andamos em silêncio pela rua, onde saboreei sua tensão. Até que ele virou uma esquina e entrou direto pela garagem de um motel.
    Entrou, pegou um quarto e foi sem olhar para mim. Ao estacionar na garagem do quarto, saímos e eu o segui com as mãos no bolso e muito relaxado.
    Entrei no quarto e ele me olhou novamente dos pés a cabeça. Tinha percebido desde cara, só não tive certeza. A primeira vez que ele fez isso, de inicio parecia que me olhava de cima, tal como fez Augusto. Mas tinha algo a mais e eu quase deixo passar se seu medo diante de meu charme não o denunciasse tão descaradamente.
    - Então, senhor Maia - dei de ombros - para o que me trouxe?
    Ele avançou em mim como uma fera faminta, me beijou, jogando seu peso contra mim. Me conduziu até a cama onde me atirou, ajoelhou-se e, desajeitadamente, abriu meu cinto e minha calça.
    Após conseguir tirar, arriou minha cueca e abocanhou meu órgão como um homem sedento. Somente conseguindo respirar em paz após sentir o gosto em sua boca
    Aos poucos ele foi se acalmando. Sugando meu pau e respirando mais manso. Um suspiro de alívio, como se tivessem lhe jogado um bálsamo sobre uma queimadura.
    Ele chupou, lambeu, cheirou. Arrastou meu órgão pelo rosto, em transe.
    Adorava aquele olhar de êxtase. Era o mesmo dos garotos de minha cidade, que de tanto se segurarem, quando enfim tinham a chance de experimentar o que tanto queriam mas não podiam ter, se esbaldavam.
    Eu antigamente pensava que o povo da cidade era melhor resolvido nessas questões, em especial conforme fui me envolvendo com os universitários. Mas dava para ver que para gerações anteriores, esses tabus ainda existiam. Quanto mais livre você podia ser, mais criava amarras para se prender
    - Ainda vai conversar com Augusto sobre mim?
    - Vou sim - e chupou mais - Vou mandar ele te contratar, caso contrário será o mais idiota dos homens.
    Aquela devoção, vinda de um homem que me olhava há pouco como um lacaio, me encheu de tesão.
    - Ele não acreditará, ha menos que compre um carro
    - Aquele já é meu. - prometeu.
    Sorri e o deixei chupar mais. Apesar de sua afobação estar o deixando meio descuidado com os dentes, aquela dor oriunda de seu desespero me era muito atraente. Acho que sempre gostei quando a dor e o prazer se mesclavam de forma tão harmônica.
    Depois, o peguei e o fiz se levantar. Fui tirando sua roupa e vendo que seu corpo era bonito mesmo sem aquele terno caro. Seus olhos estavam demonstrando sua apreensão. Ele não devia ser o tipo de pessoa que se sentia a vontade se despindo pra outra. Dava para ver que me estudava, como que tentando encontrar algum desagrado em meus olhos.
    Mas gostei do que vi. Gostei muito
    - Me diga, Maia. Ou melhor, Henrique - e sorri ao ver sua surpresa. Eu tinha visto sua ficha de cliente antes de o encontrar. - O que você deseja agora?
    - Quero você dentro de mim
    Sem rodeios. Assim que eu queria
    O peguei pela nuca e o beijei com mais intensidade, mantendo-o bem preso junto a mim. Então, num movimento preciso, girei meu corpo e o atirei de bruços na cama atrás de mim.
    Peguei suas pernas e as abri, montei por cima dele e abri suas nádegas. Deixei uma linha grossa escorrer de meus lábios e atingir em cheio o orifício. Depois, encaixei e enfiei
    Aquele atrito gostoso de um rabo pouco usado. Maia esperneou, contorceu, suou, mas em nenhum momento ousou mandar eu parar. Quando entrei por completo, olhou pra trás e disse:
    - Vai. Por favor. Vai.
    Me ajeitei e comecei a movimentar o quadril. Golpeando com força e arrancando seus gritos e gemidos. Durante aquele longo tempo, esses eram os únicos sons que se ouviam naquele quarto, guiados pelo estalar de nossos corpos.
    *
    A volta foi infinitamente mais tranquila, onde pela primeira vez vi o senhor Maia sorrir de forma relaxada.
    Chegando de volta na concessionária, ele foi tratar as questões finais com Augusto que notou de cara que havia algo diferente e me lançou um olhar interrogativo. Deixando claro que queria falar comigo depois.
    - Vera, minha flor, se quiser aproveitar para tirar seu almoço. Vou sair agora com o senhor Maia.
    Vera atendeu prontamente e eu aproveitei para comer também. O refeitório da empresa era amplo e serviam uma comida simples mas bem apetitosa. Aproveitei o momento para conhecer melhor Vera, que era uma mulher muito interessante. Era uma grande conhecedora do mundo, muito erudita, o que me fez perguntar o que ela fazia como secretária?
    Resumindo, Vera fora casada durante 15 anos com um homem um tanto quanto obtuso. Viveu esse tempo como dona de casa apenas e infelizmente descobriu que não poderia ter filhos, culpa essa que o marido atribuía a ela, embora os médicos discordassem. Acostumada a sua vida mais ou menos, apenas teve a alforria quando o marido faleceu, vítima de infarto. Com a liberdade recém conquistada e sem nenhuma experiência no currículo que Sá os muitos livros que leu ao longo da vida para lhe salvar da monotonia, ela acabou conhecendo Augusto e foi contratada.
    - Augusto viu em mim alguém capaz de arrumar bem qualquer coisa, uma casa, ou uma agenda atrapalhada como a dele - riu. - gosto do senhor Augusto. É um homem bom.
    -Ele de fato parece ter um bom olho - comentei.
    - Sim. Por isso viu em você algo a mais - e sorriu com carinho. - Eu também vi. - completou.
    - Vocês dois estão colocando muitas expectativas em mim - sorri.
    - E você coloca expectativas de menos - corrigiu. - Ah se eu fosse alguns anos mais jovem. Agarrava você e não soltava mais
    A diferença de idade entre mim e Vera era de uns 20 anos. Era uma linda mulher. Nunca pensei em idade como um problema, embora naquela época ainda, nunca tivesse pensando em um envolvimento maior que algumas horas de uma boa transa com ninguém.
    - Pode me agarrar sempre que quiser - brinquei e ela corou.
    - Vamos mudar o assunto - riu e então conversamos sobre a empresa. Uma conversa agradável e que fluiu com naturalidade.
    Quando voltamos, Augusto e Maia ainda não tinham voltado. Augusto chegou sozinho, uma meia hora depois e me mandou ir a sua sala.
    - Boa sorte - desejou Vera. - Faz anos que não o vejo animado assim.
    Eu entrei e não posso negar que sentia um pouco de nervosismo. Daquele que nos acometem ao receber o resultado de uma avaliação, mesmo sabendo que mandou muito bem
    - Fábio, meu garoto. Me diga, o que diabos fez com aquele homem? - seu rosto era difícil de traduzir. Se aquilo era una felicitação ou uma bronca - Nunca o vi daquele jeito, falante, animado. Normalmente ele vem ao meu escritório, fecha o negócio e sai sem dar tchau. Mas hoje... Até para almoçar me convidou. Falou dos amigos, dos negócios. Ah, garoto, garoto. Grandes coisas vem dali, poso sentir.
    - Fico feliz que tenha sido proveitoso. Espero ter causado uma boa impressão.
    - Com certeza causou. Ele basicamente disse, não em palavras, que eu seria um imbecil se o deixasse escapar.
    Fingi surpresa.
    - Como dizem, homens inteligentes pensam igual. O que me faz lembrar - e pegou um papel do bolso - isso é seu. Sua primeira comissão.
    Eu peguei o cheque e desta vez não fui capaz de dissimular. Nunca recebi tamanho dinheiro em uma única tacada.
    - Nosso salario base não é glorioso, mas sem duvidas dá pra viver dignamente. Agora, se você quiser ganhar dinheiro mesmo garoto, são as vendas que lhe trarão isso. Quero você aqui. Não me interessa o horário que vai escolher, converse isso com o Igor do RH, não vou discutir questões idiotas como essa. Pra mim tanto faz. O que quero é que use, sei lá o que você tem, para atrair nossos clientes - e bateu em meu ombro com força. - Garoto, vejo um futuro brilhante pra você.
    Eu fiquei realmente grato. A verdade é que nunca fui um aluno brilhante na escola, e nunca fui elogiado dessa forma em minha vida. Normalmente meus elogios são outros.
    - Obrigado, senhor - falei, emocionado.
    - Não venha com sentimentalismo, garoto. Deixe isso para os que precisam se sentir gratos por qualquer migalha de elogio que recebem, pois são medíocres. Para nós, pessoas de talento, aceite com honra o que é bom e pronto.
    Eu concordei, recompondo-me
    - Agora, garoto. Me diga. Qual foi seu segredo com Maia?
    - Não espera que eu exponha meu talento assim, não é senhor?
    Augusto soltou uma sonora gargalhada e bateu mais forte em meus ombros
    - É disso que gosto em você. É disso que gosto.
  • Diários de caça - Capítulo 12 – Harém

    Uma das lembranças mais prazerosas de minha vida e que me deixam ereto cada vez que resolve povoar a mente, é daquela noite em que, pela primeira vez, fui convidado ao circulo de prazeres internos daquele apartamento.
    Era um noite bem tempestuosa e eu tinha ficado em casa. Meus colegas também e eu estava no meu quarto lendo quando alguém bate a porta. Mandei entrar
    - Oi Leão - Dom Pedro enfiou a cabeça e tinha em seu rosto aquele sorriso sapeca de quando queria brincar - Está ocupado?
    - Não. Pode entrar.
    Ele veio e tinha nas mãos um pedaço de tecido.
    - Estava pensando em você aí sozinho. Sem nada pra fazer e pensei em te convidar para um joguinho.
    - E qual séria esse joguinho? - sorri, antevendo.
    - Coisa boba - e se achegou - eu coloco essa venda nos seus olhos e te levo pra fora. Lá, nos brincamos.
    - E eu iria gostar desse jogo, por que? - inquiri.
    - Ora. Só provando para saber, não acha? Não me diga que está com medo - e sorriu, travesso.
    Não tendo uma resposta, ele se achegou e passou a venda em meu rosto , amarrando bem firme.
    - Vem cá - e segurou minha mão. Levantei e deixei me guiar. Em passos lentos e cuidadosos, Pedro me tirou do quarto e a julgar pelo meu senso de direção, levava-me ao dele.
    Ali, não estávamos só. Meus instintos detectavam outra pessoa ali.
    Fiquei parado, no meio do cômodo, ainda vendado. Esperando, sentindo que eles circulavam em torno de mim. Como uma matilha de hienas cercando o leão.
    Alguém se achegou e soprou meu pescoço. Veio de um ponto mais alto que eu.
    - Diego também está aqui - comentei, achando graça.
    Ouvi risadas.
    Alguém agora cheirou minha nuca, o perfume era de David.
    Me abraçaram por trás, e eu senti um volume encostar em minha bunda. Pelo tamanho e força, ainda era David. Ele passou a mão por dentro de minha blusa e acariciou meu corpo, levantou o tecido e foi beijando minhas costas.
    Eu deixei, sentindo um arrepio gostoso provocado por sua barba. Outra pessoa arriava meu short e esfregava o rosto em minha cueca. Então puxou minha cueca devagar, fazendo meu pau saltar e colidir contra seu rosto. E o beijou. Alguém estava e minha direita. Diego. Chegou perto e eu me virei a tempo de retribuir seu beijo.
    - Como você sabe onde todos estamos?
    - Sou um caçador, Diego. Nunca te falei?
    - Nosso Fábio é um verdadeiro leão - ouvi dom Pedro falar, enquanto me chupava o órgão.
    - Mais um gatão para nosso lar.
    - Leão é? Tá explicado a juba - ouvi David zoar enquanto puxava minha blusa. Eu já estava completamente nu àquela altura.
    Sinto um órgão duro bater em minha bunda. David, atrás de mim, já devia ter se despido também e agora me beijava a nuca, seus mamilos roçando em minhas costas.
    - Tá aí, gostei. - e me chupou o peito, mordiscando.
    - Ai - protestei, embora tivesse gostado.
    Dom Pedro, agora me beijava os pés e ia subindo e lambendo da perna até a coxa.
    - Pelo visto, Dom Pedro arrumou outro espada para o grupo - David comentou.
    - Sabem como sou. Não gosto de concorrência em meu território.
    Alguém puxou minha venda e logo me acostumei a luz do quarto.
    Todos estavam nus.
    Diego falou ao me ouvido
    - Como você é novo, vamos te deixar ir primeiro hoje.
    Pedro, como um gato, engatinhou até a cama onde se pôs de bruços.
    - Vejo que investiu bastante nesse harém particular, não é, Dom Pedro? - comentei, notando que tanto David quanto Diego eram também bem dotados.
    David era o menor, porém extremamente grosso e o de Diego era longo e mais fino como uma cobra, meio torto pra cima quando ereto.
    Me acheguei e abri as nádegas de Don Pedro sentindo aquele aroma perfumado que só ele tinha.
    Beijei suas nádegas macias e passei a língua na pele lisa. Logo estava novamente com a cara enfiada entre elas e chupando o orifício.
    Seu gemido era baixo e manhoso, como um ronronar.
    Ali estava explicação que me faltava, do que motivava o bom samaritanismo de Pedro. Ao longo de meus dias ali, eram comuns festas como aquela. O fato de ser o dono da casa e ter uma bunda irresistível, tornavam Pedro o centro das atenções. O rei de nossas festas. Mas na natureza o status de Rei não era garantia de soberania. Pois o mesmo, poderia ser facilmente convertido em um escravo.
    A abelha rainhas é o centro vital de sua colmeia, atraindo todo o enxame a girar em torno dela. Todos ali dariam a vida por ela, todos os machos estavam a seu dispor. Mas isso também significava que ela teria de se dispor aos seus súditos.
    Como a abelha rainha é capaz de atrair os machos e, após àquilo é forcada a servir a eles, Pedro também era capaz de nos deixar loucos de prazer, mas isso significava também ter de aguentar os avanços de nossos desejos
    Pedro engatinhou até David, e ia lhe chupar o pau quando eu o peguei pelas pernas e o puxei. Ele caiu de novo de bruços sobre o colchão. Olhou pra mim com um sorriso surpreso
    - Você disse que eu seria o primeiro e eu ainda não acabei. Então, montei em cima dele e comecei a penetrar sem aviso. David e Diego não se importaram. Estavam em êxtase vendo a surra que eu dava em nosso benfeitor.
    O golpeei com força, jogando meu peso contra seu corpo jovial.
    Foi quando a campainha tocou e Diego riu
    - Vou atender.
    Eu não entendi e Pedro também não parecia saber o que se tratava. Embora o brilho em seu olhar pudesse intuir
    - Aqui, pessoal - David chamou e outros dois caras entraram. Vestiam uniformes ainda. Um deles trabalhava nos Correios. Outros, pelo que entendi da logo, devia ser uma loja de calçados.
    Eles sorriram me vendo foder Pedro.
    - Fiquem a vontade - David falou. Assim que nosso amigo terminar, ele é todo de vocês.
    Pedro olhava de um pra outro salivando. Eu fodi mais enquanto os dois novos se despiam. Quando nus estavam, eu sai e dei lugar, já que não era uma pessoa egoísta. Um deles o virou de barriga pra cima e se enfiou entre suas pernas, o outro ajoelhou na cama e enfiou o órgão em sua boca
    David chegou até mim e me beijou, roçando o pau contra o meu.
    Diego me veio por trás e colou o corpo em mim. Apesar de não gostar de macho atrás de mim, deixei. Afinal todos ali éramos predadores e assim, devíamos saber respeitar um ao outro.
    Brincamos entre nós enquanto Pedro era devorado pelos dois homens que eu não sabia sequer o nome. O dos correios logo gozou e pediu licença, pois ainda estava de serviço.
    A vaga na bunda de Pedro foi coberta por Diego. O outro rapaz veio até nós e quis nos chupar. Pedro não gostou. Era um territorialista. Logo então eu ia descobrir que Pedro não tolerava nenhum outro passivo nas festas em que organizava. Sempre que chamávamos outros, era quando ele não ia brincar.
    Apesar de um pouco egoísta, Pedro era um bom anfitrião em todos os sentidos. E poderiam ser três ou mais ativos, ele aguentava e dava atenção a todos, de forma intensa e insaciável. Não tinha problema ele querer monopolizar os paus para si, uma vez que era capaz de dar atenção a todos.
    Deixamos o garoto nos chupar, já que não íamos estragar a brincadeira. E ele logo depois foi embora.
    Depois de Diego, foi a vez de David deitar ao lado de Dom Pedro e lhe penetrar naquela posição.
    - Nossa. Estou todo ardido. - desabafou
    Mas ignoramos. David se levantou e o pegou no colo, de frente para si e o penetrou assim mesmo. Eu aproveitei e fui por trás, encaixei junto de meu amigo e, depois de algum esforço, dividi aquele canal com David.
    - Ah - gritou, soltando o ar de uma vez - Vocês vão acabar comigo assim - protestou.
    - Aguenta gatinho - Diego veio para o lado e calou sua boca com um beijo.
    A abelha rainha tinha começado o acasalamento e não era mais direito dela encerrar até que todos a tivessem fecundado. Esse é o problema de se brincar com fogo. Você pode iniciar uma chama, mas é bem capaz que perca o controle do incêndio.
    Fodemos Dom Pedro sem piedade. Ele já não falava mais nada, apenas gemia, recebendo nossos órgãos sem nenhuma resistência. Ao final, fomos brindados com o fisting que David lhe deu. O braço do personal era grosso e era uma cena excitante o ver enfiado até o antebraço no corpo de nosso amigo. Quando acabamos, o deixamos jogado na cama, recuperando o fôlego.
    - Hoje esse aí dorme a noite toda - gabou-se Diego.
    - As noites são sempre animadas assim? - perguntei, sentando entre eles no sofá de três lugares.
    David fingiu pensar a respeito
    - Nas melhores sim. Nosso recorde foi conseguir mais 5 caras pra foder o Pedro.
    - E nunca pegaram outro passivo? Pra dividir e conquistar.
    Eles riram
    - Você nunca viu Dom Pedro dividindo cama com outro passivo, não é mesmo? O bicho parece um animal defendendo território. Não dá não. Ele é guloso. Mas pelo menos dá conta.
    "Animal defendendo o território". De fato eu e Dom Pedro tínhamos mais coisas em comum do que parecia.
    - Mas nós podemos é chamar um passivo, sem a participação do Pedro ali. - Continuou, David - ele não liga, só não vai querer comparecer a uma festinha que não seja o único a distribuir.
    - Justo - ri, relaxando.
    Era bom ficar assim, a vontade. Sem aqueles pudores desnecessários entre homens. Estávamos ali, nus em pelo, falando das mais diversas coisas sem a preocupação de estarmos sendo indelicados
    David segurou meu pau e analisou.
    - Pedrinho tem faro pra pirocudo, nunca vi - riu.
    De fato, os três ali éramos bem dotados. E ele nunca tinha me visto pelado para me chamar. Instinto também era uma coisa que eu e nosso anfitrião tínhamos em comum, mas usávamos para farejar caças diferentes.
    David massageou meu órgão de forma despreocupada. Acredito inclusive que nem tinha segundas intenções. Era apenas alguém acostumado a tocar outro homem sem precisar de desculpas.
    Então, resolvi dar uma chance a mente aberta e acariciei o dele também. E peguei no de Diego de quebra. Diego alisou minha perna, acariciando meu saco ocasionalmente.
    Nos recostamos e relaxamos, aproveitando daquela camaradagem ocasional sem fins mais obscuros em mente. Apenas uma relação entre irmãos de ofício. Pessoas que se permitem algo sem pensar nos rótulos.

     

  • Diários de caça - Capítulo 13 – Gataria

    Caçar em bando é comum a muitos predadores. Além de aumentar as chances de sucesso, é uma forma de estreitar os laços que são os primórdios de uma vida social. Não há um animal na terra evoluído que não tenha adotado tal método e construindo assim uma vida em grupo.
    Durante muito tempo, vivi como um lobo solitário, uma vez que o lugar onde cresci não era favorável a esse tipo de relação. Preservando minha intimidade, eu só me revelava para uma presa, nunca para outro possível predador.
    Mas ali, dividindo apartamento com David e Diego, aprendi os prazeres de dividir e conquistar. A empolgação da caça ficava ainda maior quando se tinha amigos com quem contar as vitórias e as derrotas, trocar experiências e conselhos. E também, por que não, dividir os espólios.
    Numa noite, por exemplo, eu estava usando um daqueles aplicativos de encontros. Normalmente teclava por uns 20 a trinta minutos e perdia logo a paciência. Não era tão fã assim de usar a tecnologia a esse favor. Sempre fui um caçador a moda antiga.
    Todavia, naquela noite estava em um proveitoso papo com um perfil chamado "110%passivo". Estava praticamente tudo certo para eu ir ao seu encontro, quando ele me manda mensagem dizendo que seus pais haviam chegado e que o encontro havia babado.
    Imaginei que se tratava de mais um desocupado que fazia as pessoas perderem tempo e já ia dispensar quando ele perguntou se não teria como ser na minha casa, pois estava muito necessitado.
    Eu nunca tinha levado ninguém lá, embora me fosse totalmente autorizado. Olhei para David e Diego que estavam lendo e vendo TV respectivamente, e respondi:
    - Eu moro com outros três caras - falei - se não se importar, pode chegar aí. Ficamos no meu quarto.
    - Eles não se importam?
    - Nem um pouco. Pode vir. Eles já devem sair daqui a pouco - inventei. Somente Pedro tinha saído para visitar um parente.
    - Show. Vou me arrumar.
    Passei o endereço e esperei, achando graça da ideia que germinava em minha mente sem eu nem mesmo saber porque.
    Ele anunciou que tinha saído de casa e perguntou se já estava sozinho. Eu respondi com sinceridade.
    - Fico meio sem graça - disse.
    - Relaxa. Como disse, vamos para meu quarto. Todos aqui somos homens e adultos. Então não tem porque se encabular. Mas se não quiser vir, beleza - cortei logo para ele saber que eu não ia ficar enrolando.
    Ao fim, ele veio. Desci até a portaria para receber.
    O olhei pessoalmente e era aquilo que prometia nas fotos. Mais baixo que eu com um corpo muito bem feito. Usava um short apertado e uma blusa colorida justa, que realçam suas definições. Uma perna musculosa e uma bunda carnuda. O rosto, imberbe. Apesar de ser mais velho que eu, tentava manter o ar jovial com um corte moderno e tratamentos estéticos. Um trabalho bem feito, pois era muito bonito. Ele me olhou de cima a baixo quase babando e isso me deixou ainda mais excitado.
    Eu sempre gostei de ser admirado, nunca neguei. O cumprimentei, abracei e o levei para o apartamento.
    - Desculpa, estava nervoso - falou, quando chegamos ao elevador 
    - Fica tranquilo. E também, não tenha medo. Ninguém aqui morde - e sorri.
    Ele riu.
    - Eles sabem que você está me trazendo aqui?
    - Não dou esse tipo de satisfação. Nem eles. - fiz pouco caso. - Desculpe. Seu nome é qual mesmo?
    - Matheus - sorriu
    - Fábio. Muito prazer
    Levei um encabulado Matheus pata o apartamento. Apresentei rapidamente aos dois outros amigos que o olharam num misto de surpresa e cobiça.
    Fomos para o quarto. Senti que os olhinhos de Matheus pousaram mais que o necessário em meus amigos. Aquilo que fez salivar novamente. O garoto havia gostado da gataria.
    Isso podia ter potenciais.
    Chegamos no quarto e fechamos a porta.
    - Gostou dos meus amigos? - perguntei, sem acusação. Apenas constatando um fato.
    Ele tentou desconversar, sem graça e eu segurei seu rosto e o fiz me encarar
    - Relaxa. Não sou ciumento nem possessivo - e lambi seu rosto como um gato. - Se você se comportar direitinho, deixo eles te foderem também.
    Seus olhos se alarmaram mas vi o volume em seu short reagir quase instantaneamente.
    - Mas... Eu não.
    - Shiiii - o calei, sentindo-me extremamente excitado com aquele poder - Relaxa que quem decide sou eu. Você só precisa se comportar.
    E o beijei. O senti se desfazer. Peguei sua bunda e apertei e colei seu corpo no meu.
    Quando descolamos os lábios, ele aspirou o ar com vontade, seus olhos brilhando de desejo.
    Tirei sua blusa, seu short e sua cueca. Então, o deixei nu e recuei. Sentei na cama e o olhei de cima a baixo, sentindo se encolher.
    - Para de me olhar assim - pediu, tentando se cobrir
    - Por quê?
    - Fico sem graça.
    - Ótimo - falei, me deliciando com seu medo. Da uma voltinha.
    - Fábio, por favor.
    - Agora - mandei.
    Meu tom de voz o deixou estático e ele obedeceu. Seu pau duro como rocha. Era um pau bem pequeno. Despontando excitado para frente.
    Levantei, cheguei por trás e falei ao seu ouvido.
    - Não precisa ter vergonha. Seu corpo é lindo. Aposto que meus camaradas achariam a mesma coisa se vissem. Se quiser, posso esquecer a porta aberta e deixar eles verem.
    Ele tremeu, mas nada falou. Alisei suas costas com a ponta do dedo, descendo até a linha que divide as nádegas.
    - Tira a roupa também - pediu, tentando jogar a mão para trás e me ajudar. Eu a segurei com firmeza.
    - Aqui quem manda sou eu - falei ao seu ouvido e eu senti que ele ia desmaiar. Sua respiração era apenas um assovio,
    Passei as mãos em sua bunda e toquei o orifício, que estava dilatado e piscava.
    - Fica de quatro na cama - mandei e ele obedeceu. Empinando aquela bunda.
    Ajoelhei e analisei bem. Lisa, um cuzinho bem usado, mas bonito.
    Lambi os lábios e cai de boca. Fazendo ele gemer e tampar a boca contra o colchão. Levantei e o peguei pelos cabelos
    - Geme - ergui seu rosto do colchão com a dosagem certa de brutalidade. - quero que ouçam.
    Voltei a chupar seu ânus. Matheus se segurava o quanto conseguia, mas hora ou outra deixava escapar. Não se atreveu a tampar a boca mais nenhuma vez.
    Devorei seu rabo, mordendo e lambendo toda a região.
    Então, levantei e fui até a porta
    - Vou pegar um copo de água. Espera aqui.
    Só falei isso e saí, antes que pudesse responder.
    Passei pela sala e meus dois amigos ergueram o rosto como dois suricatos. Não falaram nada, mas vi seus olhos em chamas. Como hienas espreitando a carne.
    Sorri para eles e peguei um copo e uma garrafa e levei para o quarto, sem nada dizer.
    Quando voltei, Matheus estava sentado coberto.
    - Pensou que eu ia trazer mais alguém? - me diverti quando ele tentou negar.
    Bebi a água que trouxe e lhe ofereci um copo, que ele aceitou, com uma sede voraz.
    Esperei ele beber e peguei o copo e botei na cômoda. Abaixei de frente pra ele e olhei em seus olhos.
    - Está com medo?
    - Um pouco - admitiu com um sorriso vacilante.
    - Não precisa. Garanto a você que ninguém aqui vai te machucar. - e alisei seu rosto com carinho.
    Me ergui e o deitei, colocando-me acima dele.
    Continuei admirando seu corpo, prazer esse que era temperado pelo constrangimento que o causava.
    Alisava seu corpo o sentindo se contrair. Ele não tirava o olho de mim, perdido entre o receio e o desejo. Sentimentos a princípio contraditórios, mas que quando somados formavam uma experiência única, a qual eu, modéstia a parte, sempre soube conduzir com maestria.
    O beijei novamente, com vontade, engolindo-o. Passei a mão por entre suas pernas e brinquei com seu orifício.
    Matheus gemeu e acabou arranhando meu pescoço quando, tomado pelo espasmo, tentou se agarrar em mim
    Aquela dor me deixou louco.
    - Desculpa, se apressou em dizer.
    Eu nada falei. Andei até a porta e a abri. Deixei entre aberta de propósito. Matheus nada disse, atento a mim.
    Tirei a roupa e voltei, me colocando entre suas pernas e deitando por cima dele . Fiz tudo olhando bem no fundo dos seus olhos. Encaixei e meti, vendo-os se revirarem nas órbitas.
    - A porta - gemeu baixinho.
    - Esquece ela - e o calei com um beijo.
    Meti com força, deixando ele louco e incapaz de abrir a boca para qualquer outra coisa que não fosse gemer.
    Então, o peguei e o virei, forçando a fica de quatro como uma fêmea no cio. Meti de novo. Promovendo poderosas estocadas, como quem golpeia um inimigo sem piedade.
    Matheus já não se escondia. Gemia e gritava a plenos pulmões. Lutando para manter os braços firmes e conservar a posição em que foi colocado. Suando.
    Como previ, apesar da porta aberta, não houve invasão ao quarto. Diego e David, como caçadores dignos como eu, não iriam se meter em uma caçada ao qual não foram convidados. Embora tivesse a certeza que eles acompanhavam tudo e estavam excitados
    - Diego. Pode vir aqui, por favor - chamei sem tirar o pau de dentro.
    Matheus olhou para mim em Pânico e eu fiz sinal para que se calasse.
    Meu amigo apareceu na porta, tentando a custas parecer alheio a tudo
    - Pode pegar um copo de água pra mim, por favor - e apontei a cômoda
    - Claro - e, solicito, ele veio e me serviu. Oferecendo também a Matheus, que recusou, vermelho com a vergonha.
    Eu então saí de dentro dele e bebi a água.
    - Obrigado - e bati em seu ombro - Preciso mijar. Diego, faz companhia pra ele enquanto eu vou, por favor.
    - Claro - Diego sorriu como um lobo e eu enchi mais um copo e sai, deixando os dois sozinhos
    Chegando na sala. David me olhava.
    - Só o Diego? Que maldade, cara - cobrou e eu ri.
    - Relaxa amigão. Deixei seu pau, que é o mais grosso, pro final
    Apesar de preterido, seu ego aceitou o elogio ao seu instrumento.
    Não demorou muito e logo ouvimos o som de novas estocadas vindas do quarto, seguidas dos gemidos de Matheus.
    - Diego não brinca em serviço - comentei, dando mais um gole na água.
    Fechei os olhos e me deliciei com aquele som.
    - Nossa. Parece música - comentei sob o olhar aprovador de David. - quer saber, melhor você assumir lá meu posto, vou ficar aqui me deliciando mais um pouco
    Não precisei mandar mais de uma vez. David logo se levantou e tirou a roupa ali mesmo, indo pelado e pronto para o quarto.
    - E o Fábio, ele... - escutei a voz de Matheus começar quando pareceu se engasgar e forçado a interromper.  Depois, mais sons de estocadas violentas.
    Sentei no sofá e me deliciei com os sons vindos do meu quarto. Os gemidos de meus dois amigos, os sons das peles colidindo, o arfar quase sem forças de nosso convidado.
    Minha mente se perdia em imagens criadas, tentando intuir o que acontecia lá dentro.
    Fiquei mais um tempo, bebendo devagar minha água e relaxando. Quando terminei, pus o copo vazio na mesa e voltei. Parei no portal para ver David deitado de barriga pra cima, com Matheus encaixado em sua cintura, sentado em cima de meu colega enquanto lambia o membro de Diego, que estava em pé em cima da cama ao lado do garoto e o mantinha preso com a mão pelos cabelos
    Admirei a cena mais uns instantes, antes de subir também na cama e me colocar atrás da minha caça. Sem avisar, ajeitei-me e procurei com o pau a sua entrada.
    - O que está fazendo? - perguntou, arfando.
    Mas eu já estava encaixado e comecei a forçar entrada.
    - Ah... - perdeu o fôlego quando meu órgão foi abrindo passagem no espaço já tomado por David.
    Matheus erguei o rosto, com. Aboca aberta sem consegui emitir sons. Entrei pro completo e fiquei ali parado, sentindo meu pau esmagado pelo de David naquele pequeno espaço que partilhávamos.
    Devagar, fui penetrando. Matheus nada dizia, incapaz de qualquer coisa. Sua voz tinha sido roubada de si.
    Mas quando eu segurei seu pau, envolvendo-o por completo com minha mão, e acariciei a cabeça com a ponta do polegar, ele me segurou com um espasmo.
    - Não. Por favor. - implorou - vou gozar assim.
    Ele havia cometido um grande erro. Quem tem contato com a natureza sabe que nunca se deve mostrar vulnerabilidade diante de um predador. Se anda pela mata e cruza com uma onça, jamais deve-se dar as costas para ela e fugir, pois a partir daí você será perseguido e abatido.
    Foi apenas Matheus demonstrar sua fraqueza para a o bando avançar em sincronia.
    Eu o enlacei com meu outro braço passando pelo seu tronco, enquanto agarrei seu pau com mais força. Diego deu um rasante e prendeu seus pulsos, e David segurou sua cintura.
    Em instantes, nossa presa estava presa e eu continuei a alisar sua glande com a ponta de meu dedo. Ele não teve a menor chance. Perdeu o controle em questão de segundos, guinchando e tremendo. Nunca imaginei sair tanto gozo de um órgão tão pequeno. Em instantes, minha mão estava encharcada, assim como o peito de David.
    - Tira. Tira, por favor - clamou.
    A vontade de continuar foi grande demais, mas fazer qualquer coisa com ele naquele estado seria de uma crueldade que transcenderia qualquer prazer possível. Como bom caçador, eu sabia respeitar os limites de minha caça.
    Com cuidado, tiramos os órgãos e o deixamos cair de lado e rolar, desabando da cama. O pobrezinho parecia ter levado uma surra, desolado, lutando para respirar. Ficamos em volta observando, ainda lutando contra o desejo de estraçalhar aquela presa de uma vez.  Eu cheguei a alisar sua pele e ele tremeu todo, extremamente sensível ao toque como estava.
    Levou alguns minutos até que conseguisse virar de barriga pra cima e nos encarar, um pouco assustado, mas também encantado
    - Sabe que nenhum de nós gozou ainda, né? - comentei e ele arregalou os olhos
    - Não. Por favor. Eu não consigo mais.
    Sorrimos. Nossa, como era bom dar um trato desses em alguém. Por melhor fodedor que eu fosse, tinha de admitir que não conseguiria aquele tipo de trabalho sozinho.
    Matheus, apesar de ter servido direitinho, não era um ser insaciável como Dom Pedro. Era humano e tinha limites. E brincar com eles era perversamente prazeroso.
    - Na verdade, eu estava pensando em outra coisa - Diego comentou e trocamos sorrisos.
    Tínhamos todos pensado na mesma coisa
    Começamos a nos masturbar, olhando para Matheus. Entendendo o que ia acontecer, ele fitou de um a outro ansioso.  O primeiro a gozar foi Diego, que despejou longas e grossas linhas no corpo de nossa presa.
    Depois fui eu, que fiz questão de banhar seu rosto, vendo-o lamber os lábios. David foi o último e ao fim, o deixamos deitado, completamente sujo. Passado todo aquele êxtase, Matheus olhou para si mesmo e, levando as mãos ao rosto, constatou:
    - Ah meu Deus. Eu virei uma puta - alarmou-se e todos rimos.
    *
    Aquele foi um dos muitos exemplos que tivemos em nosso trabalho em equipe. Não éramos egoístas e sempre que possível, dividíamos a caça, pois é isso que um bando faz. Meu apelido da adolescência - leão - voltou com tudo naquela época. Cortesia de Dom Pedro, que era nosso gatinho oficial
    - Já que esse gato aí evoluiu, também vou fazer - comentou David, numa noite - Acho que vou ser uma pantera. Ta ai, gostei.
    Eu e Pedro gostamos do novo apelido. Estávamos os quatro deitados em sua cama, nus após uma farrinha nossa onde Dom Pedro, mais uma vez, deu uma canseira nos três felinos de porte grande.
    - Mas e eu. O que sou? - Diego não queria se sentir excluído.
    - Você é magro e ágil, eu recomendaria um guepardo. - sugeri
    - Adorei!!! - Pedro vibrou - guepardos são tão lindos - e aceso por aquele laço que estava se formando entre nós quatro, engatinhou em direção a Diego e começou a lhe chupar novamente o órgão, retornando-o a vida.
    Logo, motivados pela fome insaciável do nosso gatinho, nos três nos apresentamos e a gataria estava reunida de novo. Anos depois, celebraríamos aquele dia com minha primeira e única tatuagem, um leão em arte tribal na lateral do corpo, logo abaixo da axila. A mesma arte foi adaptada em uma pantera para David, no bíceps, uma guepardo para Diego na panturrilha e um gatinho para Dom Pedro na nádega.
  • Diários de caça - Capítulo 14 – Poligamia

    Um dos períodos mais memoráveis de partilhar o apartamento com a gataria, foi no outono daquele mesmo ano, em que o prédio se preparava para receber seus novos vizinhos, os quais conheceríamos em breve. Estávamos subindo juntos, os quatro, voltando da academia, quando percebemos o caminhão da mudança no térreo e, ao chegarmos em nosso andar, quase recebo o encontrão e sou soterrado por uma avalanche de caixas.
    Eu e Diego conseguimos segurar a tempo e impedir a tragédia iminente. Atrás das caixas, tentando equilibrismos, estava um rapaz jovem, corpo forte, ombros largos e pele branca. Tinha os cabelos bem penteados e usava uma camiseta branca e bermuda jeans justa.
    - Desculpe, mil desculpas - pediu.
    - Relaxa - fiz pouco caso. Qualquer raiva que poderia ter causado dissipou olhando aquele cervo suculento que invadira nosso território.
    - Quer ajuda com essas caixas? - ofereci.
    - Não precisa, obrigado. Meu marido vai me ajudar. Estão vazias e eu vou colocar no lixo, mas me desequilibrei.
    De todos nós, o único que não se encantou com o novo vizinho foi Dom Pedro, que como bom farejador, percebeu que ali não havia nenhum potencial espólio, apenas um competidor em seu habitat.
    - Meninos, vou me adiantando - e acenou para o novo vizinho e seguiu na frente.
    Contudo, ao passar pela porta aberta do corredor e dar uma olhada, parou por um instante e pareceu considerar alguma coisa. Depois, continuou seu caminho e entrou. Segundos depois, saiu a razão pela qual nosso gatinho repensou melhor a nova vizinhança.
    De dentro, saiu um homem mais baixo e mais forte. Barba e cabelos negros. Rosto bastante másculo e um tanto sisudo. Embora essa última parte, creio eu, tenha sido fruto de ver seu marido com três desconhecidos no corredor
    Eu me aprecei e me apresentei
    - Sou Fábio. Esses são David e Diego. O apressado ali é Pedro.
    Ele riu e o marido se aproximou, cauteloso.
    - Eu sou Ivan - o das caixas anunciou - Meu marido Enzo.
    Apertamos as mãos e expliquei:
    - Bem, moramos no apartamento ao lado. Se precisarem de qualquer coisa, não hesitem em chamar.
    E saímos.
    Quando entramos, Pedro estava na cozinha bebendo água.
    - Interessante a nova vizinhança, não?
    - Nem fala - David deu corda - embora ache que nossos gostos destoaram.

    Normalmente, não sou do tipo que fico encegueirado por ninguém. Mas era difícil saber que um vizinho tão gostosinho estava a uma parede de distância.
    E a coisa ficou pior quando o vimos na academia naquela semana. Usava um short de malhar que deixava a  bundinha empinada. A camiseta de alça fina mostrava bem o ombro definido e parte do peitoral volumoso.
    - Nossa, delicia - David comentou comigo quando o viu chegar.
    - Deve dar muito, olha a bunda do safado - completei e rimos. Pelos comentários, faltava só estarmos comendo nossas marmitas em cima dos andaimes com nossos amigos pedreiros.
    Mas era uma visão e tanto. Fazia a gente babar
    - Parece que o marido dele é policial militar. A nossa vizinha, Elizabeth, quem falou - David comentou. Sendo Elizabeth uma detetive da vida alheia, é bem provável que soubesse o que estava falando.
    - Eita. Perigoso. Ele já olhou pra gente estranho. No mínimo sabendo que estávamos de olho no marido dele - David lembrou.
    - Vamos acabar levando tiro se nos engraçarmos - conclui
    Ficamos em silêncio vendo ele malhar glúteos na máquina.
    - Mas que ia ser bom chupar aquele rabo, ia - Diego inclinou a cabeça antes de eu lhe dar uma cutucada para disfarçar.
    - Vale até o risco - concordei afinal.
    Com o tempo, o que era uma brincadeira começava a ganhar contornos de uma real motivação. O horário que usávamos a academia eram os mesmos e isso deixava a coisa mais difícil de resistir. Pois, além de ser uma delícia, nosso vizinho ainda era simpático. Sempre cumprimentava com um sorriso aberto e sereno, o contraste de seu cônjuge. As vezes o marido o levava, antes de sair para o trabalho. Nessas horas, nem nos atrevíamos a olhar, mas sabíamos que ele nos dava uma encarada antes de sair. Não sabia se Enzo era sempre mal encarado assim ou se era apenas o nossa presença que indicava iminente ameaça ao seu curral.
    - O cara é bravo - riu-se David.
    - Com essa presa, temos de ir com calma - falei de repente, só então me dando conta de que estava realmente decidido a investir - Mas alguém tem que comer esse cara. Se não for eu, que seja um dos meus amigos - falei com convicção. O que deixou meus amigos muito animados.
    - Eh, amigos. - Diego, completou - Apesar dos potenciais problemas me fuder alguém casado com um homem ciumento e com porte de arma, acho que vale.
    - Não teria graça se o galinheiro não tivesse ao menos um cão de guarda, não é? - David concluiu. A convivência estava transformando aqueles dois em belas projeções tóxicas minhas. Até metáforas animalescas já estavam usando. Não era capaz de descrever o orgulho que tinha daqueles jovens caçadores.
    Naquela mesma manhã, resolvi dar um passo no sentido de estreitar laços. E resolvi puxar assunto. Aproveitei quando o vi começar a usar o aparelho de supino reto, para malhar peito, e pedi para revezar.
    - Ah... Claro - ele olhou rapidamente para o lado, onde outro cara tinha acabado de liberar um aparelho igual. Mas nada falou.
    Eu, fingindo distração, não olhei para o aparelho vago, esperando para ver se ele sugeriria.
    O que não fez. Se por educação ou outro interesse, não sabia. Mas aquilo já era um bom sinal. Dava para ver que ele estava nervoso com minha presença, muito provavelmente receio por conta do marido. Eu o observei nesses dias e ele era uma pessoa diferente com e sem Enzo.
    Mas naquelas circunstâncias, onde eu estava tão próximo e estreitando laços, provavelmente sua mente estava pensando em o que o marido pensaria.
    Resolvi então adotar uma tática a qual já fazia nos tempos de adolescente. Pois a melhor maneira de se aproximar de uma presa era não deixar ela saber que você era uma ameaça, até o momento certo.
    Por sorte, minha fantasia de cordeiro chegou até mim sem esforço. Na forma de Valquíria, uma bela mulata do nosso condomínio com quem eu já tinha brincado bastante na garagem e nas escadas do prédio, além de umas visitas noturnas ao seu apartamento quando o companheiro tinha plantão no hospital. Devido a seu relacionamento, nossas investidas tinham de ser na surdina. Mas quando estávamos ali na academia, ela se deixava livre para soltar seus gracejos em uma aparente inocência que um espectador mais atento era capaz de distinguir.
    - Oi Fábio - ela me cumprimentou com aquele sorriso cheio de sortilégio - Bom dia - e acenou para Ivan, por educação - Fábio, depois teria como você me ajudar com aquela barra? Preciso fazer agachamento e sabe como são pesadas.
    Sim, eu sabia que ela pegava peso igual ou mais que qualquer homem, e que aquilo era só uma maneira de poder trocar indecências comigo ao pé do ouvido. Fiquei excitado de imediato
    - Claro - falei de prontidão - Só mais uma repetição e estou livre
    - Ótimo.  Vou encher minha garrafa enquanto isso.
    E saiu. Eu continuei seguindo-a com olhar até desaparecer.
    - Nossa - comentei baixinho - Essa dai... - e interrompi, fingindo só notar ele ali agora. - Foi mal. Sua vez, né?
    - Ah, sim - falou, também despertando - Vou fazer logo a última e te libero o aparelho.
    Achei ter detectado uma pintadinha de ciúmes em seu tom apressado.
    Me ajeitei atrás de sua cabeça para segurar a barra. Já estava fazendo isso antes, mas desta vez fiquei mais perto, deixando minhas pernas abertas quase acima de sua cabeça, dando-lhe um ângulo privilegiado para perceber o quanto tinha ficado excitado.
    Acompanhei seu exercício, mas olhando o tempo todo para a direção de Valquíria. Anos de prática me deixaram bastante perceptivo e era capaz de perceber que seu olhar estava fixado em mim sem precisar averiguar. Quando terminou, ajudei a colocar a barra no lugar e dei uma ajeitada no volume por cima do short.
    Foi minha vez de usar e ele se posicionou para me ajudar também.
    Esperei um pouco, vendo ele encarar meu short por cima de mim. Então sorri e falei:
    - Você, poderia, por favor... - e apontei para a barra, sorrindo.
    - Ah, desculpa. Me distrai - e ajudou a tirar.
    - Tudo bem - e comecei a fazer.
    Desta vez, enquanto minha atenção estava na barra, vigiei-o discretamente pelo meu campo de visão. Ivan tentava evitar olhar diretamente para meu short, embora, hora ou outra, acabava por dar uma fitada com o rabo de olho. Aquilo temperou minha excitação e contribuiu para deixar meu volume daquele jeito bem vistoso por mais tempo.
    Quando acabei. Apertei sua mão e agradeci:
    - Valeu, cara.
    - Nada - e sorriu ainda encabulado. Ficava lindo quando sorria assim.
    - Depois devíamos marcar algo. O pessoal e você e seu marido.
    - Eh... Acho que sim - mas pareceu duvidar.
    Eu então o olhei e resolvi arriscar.
    - Fala aí, seu marido não gosta muito de mim e do meu pessoal, não é?
    Ele sorriu amarelo e concordou.
    - Deve pensar que queremos te comer - e ri, deixando ele vermelho - mas relaxa. Você é gostosinho, não nego, mas não precisa se preocupar conosco
    - Ah... Legal - e coçou a cabeça, ainda encabulado.
    - Mas deixa quieto. Se não se sente seguro ainda, esperamos ele se sentir mais a vontade. Relaxa que não vamos ficar puxando assunto contigo no corredor, para ele não sentir ciúmes. E nossos papos aqui podem ficar entre nós - e pisquei para ele e saí.
    Fui até Valquíria, mais excitado que nunca. Peguei a barra pesada e coloquei em suas costas. Fui acompanhando seu agachamento e em um dado momento acabei "sem querer" encostando meu volume em sua bunda.
    - Nossa - sussurrou - alguém aí está bem saidinho hoje.
    - Nem te conto - respondi ao pé do ouvido.
    - E isso tudo sou eu, ou o bonitinho ali no voador tem algo haver?
    Ivan estava agora no voador e desviou rapidamente o olhar quando eu e Valquíria o encaramos ao mesmo tempo.
    - Ele ajudou - admiti - mas você acendeu a centelha.
    - Seu safado - sibilou. Valquíria tinha um apetite sexual insaciável. E seu marido, um homem bem mais velho que ela, não dava conta. Naquele tempo a expressão Suggar Daddy ainda não estava em pleno uso, mas era basicamente a relação que ali se estabelecia.
    - Então esse leão possui um cardápio diversificado? - perguntou, com malicia.
    - Carne é carne - respondi, gostando do rumo da conversa.
    - Adoraria ver um dia. - admitiu.
    - Isso pode ser providenciado - prometi
    - Em um mês é meu aniversário - e fez beicinho - e meu Carlos vai ficar fora em um congresso. Não conseguiu recusar..
    - Tadinha. Vai passar o aniversário sozinha?
    Ela apenas acenou em concordância, fazendo-se de vítima.
    - Não se preocupe. O senhor e a senhora Mendes criaram um cavalheiro. E jamais permitiria a uma dama esse tipo de destino.
    Seus olhos pegaram fogo.
    *
    Os planos para Valquíria já estavam traçados e seriam facilmente executáveis. O foco naquele momento era nosso vulnerável Ivan. O plano seguiu com calma e constante. Decidimos abordá-lo individualmente nos corredores ou na academia, de forma casual e despretensiosa, para não assustar a presa. Se conseguíssemos abater a caça em bando, melhor. Mas muito provavelmente teríamos de dar o bote de forma individual.
    Numa cumplicidade comum a predadores, acabou se estabelecendo meio que uma competição amigável entre nós. Nos permitíamos uma ou outra insinuação, de forma a atiçar sua curiosidade sem deixar claras nossas intenções. E partilhávamos as experiências e os resultados.
    Devia dizer que Ivan era um marido modelo, e resistia bravamente enquanto lutava para esconder bem os desejos profanos que sabíamos estarem germinando aos poucos em seu amago.
    - Essa noite, encontrei com ele no elevador - narrou, David - tinha voltado da corrida e subi sem camisa e suado. Ele entrou depois. Devia estar voltando do trabalho - e riu, sacana - Cara, ele com certeza ta afim, reparei que hora ou outra olhava pelo espelho. Fiquei excitado na hora. O pau duro apareceu fácil naquele short de corrida.
    - Esse aí está quase no ponto. Começo a perceber que a única coisa que o impede é o medo do marido descobrir - analisei, montando a estratégia como quem se prepara pra guerra. - Acho que está na hora de investirmos pesado.
    - Nossa fonte,. Senhora Elizabeth, me contou que ele também é militar, mas marinheiro. Trabalha embarcado e vai ficar fora 15 dias. - Diego confidenciou.
    - Perfeito. 15 dias sem trepar vai ser o ponto que precisamos pra dar o xeque.
    - Temos ainda dois dias para a viagem, acho melhor a gente começar a atiçar a ideia nele - Diego arquitetou - deixar ele embarcado sabendo que queremos comer ele.
    - Concordo - apoiei - vamos deixar ele com vontade, pra quando voltar, estar pronto.
    - O marido vai dar um bom trato nele quando voltar, então temos de deixar ele com tanto fogo que ele volte de um jeito que nem o marido consiga saciar.
    Nos cumprimentamos como um time que parte para o jogo decisivo.
    Dom Pedro acompanhava nossas conversas, parecendo se divertir.
    - Olha só, minha gataria se preparando para o ataque -  estava a vontade sentado no balcão, nos observando como quem sabia de algo, mas preferia não estragar o final.
    Naqueles três dias, investimos pesado em nosso plano. David tomou banho no vestiário na hora em que ele chegou e aproveitou para se mostrar como veio ao mundo para nosso Ivan. Como bom caçador, esperou a hora que nossa presa vacilou e olhou para seu membro. Para então cruzar os olhos com ela e sorrir, passando a mensagem: "eu vi que gostou".
    Ivan fugiu do vestiário como diabo da cruz.
    Naquela noite, aproveitei-me de uma oportunidade em que pegamos o mesmo elevador cheio. Ivan entrou depois e, na minha frente, deu alguns passos para trás a fim de dar lugar para uma senhora com seu filho pequeno.
    Quando se aproximou, dei um leve passo pra frente, quase imperceptível, mas o bastante para frustrar seus cálculos e sua bunda encostar em meu volume.
    - Desculpe - tratou logo de dizer, com susto.
    - Sem problemas - e me recostei na parede, para lhe dar espaço.
    Enquanto subimos no elevador, fiz questão de o encarar através do espelho. Quando notou, tomou um susto e desviou o olhar, só para logo depois espreitar de novo. Sorri pra ele e Ivan retribuiu, sem graça.
    Quando o elevador parou no andar antes do nosso, ele chegou pra trás pra deixar um dos condôminos passarem e encostou novamente a bunda em mim. Desta vez, eu não tive qualquer participação, mas me aproveitei para dar uma leve alisada rápida em sua farta nádega. Desta vez ele não pulou ou fez qualquer sinal de surpresa. Sinal que, no fundo, esperava por aquilo.
    Descemos e andamos pelo corredor até ele parar em seu apartamento.
    - Boa noite, Fábio - falou.
    - Boa noite, Ivan. Até amanhã?
    - Ah, não. Viajo amanhã de noite e não sei se vou conseguir malhar cedo. Algumas coisas pra arrumar
    - Ah sim - fingi surpresa - Boa viagem então. Lua de mel? - brinquei.
    - Quem me dera - riu - trabalho mesmo. Trabalho embarcado. Vou ficar 15 dias fora
    Fiz minha melhor cara de sonso e andei até ele
    - Caramba. 15 dias. Parece dureza.
    - Nem fala - e sorriu amarelo e revirou os olhos.
    Eu então o escaneei de cima a baixo e suspirei.
    - Bem. Bom trabalho então. Vou sentir sua falta. - dei mais uma olhada de cima a baixo - muita mesmo.
    E toquei em seu ombro e nos olhamos. O vi engolir seco e senti aquela pulsação acelerar. Da presa que sabe que está a um triz de ser atacada. Senti minha boca salivar, as presas estavam despontando quando percebemos um movimento no interior do apartamento.
    - Enzo chegou mais cedo - informou, mostrando que estava tão surpreso quanto eu com aquela notícia. Sua voz tinha uma combinação de decepção e alívio.
    - Bom, não é? Aproveita o maridão antes da viagem - e dei um tapa em sua bunda. Para todos os efeitos, meu ato não tinha nada de libidinoso. Apenas uma brincadeira saudável entre dois amigos
    - Obrigado - riu, ainda se recuperando do susto do tapa.
    Apesar de frustrado, pois se não fosse aquele inconveniente, eu teria metido as presas naquele espécime suculento ainda aquela noite, não posso negar que a espera iria temperar ainda mais a caça. Antes de entrar em casa, o vi hesitar um instante, me olhando, maquinando. Bastaria um empurrãozinho e eu o levaria para meu covil. Percebendo também essa potencialidade, Ivan entrou em casa correndo, com medo não de mim, mas de si mesmo.
    Na manhã seguinte, fomos a academia, eu e David, Diego havia descido antes e ao nos ver, nos chamou para o vestiário.
    Não entendemos o convite, mas não questionamos.
    Chegamos lá e ele fez um sinal para uma das cabines do banheiro. Entendemos o recado rapidamente.
    - Mas foi o que estava dizendo - começou, proferindo uma simulada conversa - aquele ali, dá muito. Deveriam experimentar.
    E sorriu com malicia. Resolvemos dar corda e seguir no improviso.
    - Isso a gente vê de cara. Admito que, determinados carinhas assim dão melhor que muita mulher. Dão com fogo, sabe. Sem receio. - continuei.
    - Sabe quem deve dar muito, o novo vizinho - David foi na onda e nem eu esperava que ele fosse direto ao assunto. Mas demos de ombro e resolvemos continuar.
    - Ele tem uma bundona, né? - Diego reprimiu a vontade de rir - mas tu acha que é ele o passivo da relação?
    - Tenho certeza - David entoou - Se não fosse, tinha de ser. Bunda daquela, ser o ativo seria um desperdício. Fala ai Fábio, se ele quisesse te dar, comeria não?
    - Sem pensar duas vezes - dei de ombros, agora que já tínhamos atravessado a toca do coelho. Vou te contar, ontem, encontrei com ele no elevador. Sem querer ele esbarrou a bunda em mim. Cara, que bunda dura. Gostosinha.
    - Sério? Mas foi de propósito?
    - Nada. O cara ali ama o marido - e fiz que não com a cabeça só pra eles - mas seria maneiro se um dia quisesse experimentar outra coisa, né? Já viram ele fazendo agachamento com a barra? Aquela bundinha empadinha pra trás?
    - Mas teria de ser na encolha - Diego lembrou - o marido dele tem jeito de mal encarado.
    - Com certeza - reforcei - aquele ali tem que ficar no sigilo. Segredo de Estado. Mas imagina David, pegar aquele ali de quatro e só - e bati com as mãos na perna, pra simular uma boa penetrada.
    Saímos do vestiário, gargalhando pela travessura. Demorou mais um pouco e Ivan saiu também. Fingimos não o notar. E o melhor foi perceber que depois de alguns exercícios, ele foi justamente fazer o tal agachamento que comentei lá dentro.
    - Olha lá. - foi David quem notou - disfarça e olha o Ivan.
    - Ora, ora. E ele nem estava malhando pernas hoje. - Diego observou
    - Acho que esse é um show pra gente. Esse aí está no papo. - concluí.
    Dessa maneira, com paciência, esperamos nossa presa retornar para o xeque e mate, nos deliciando com todas as ideias que estávamos tendo sobre como finalizaríamos o serviço.
    A resistência de Ivan era o ponto alto, que fazia tudo aquilo valer a pena. Naquela altura, já não nos importávamos se todos conseguiríamos os espólios, um de nós, sendo bem sucedido, já seria o bastante.
    - Cara, nem acredito. Se tu tivesse insistido mais, ele entrava - Diego falava comigo pelo celular quando eu voltava pra casa do trabalho.
    - Eu sei. Confesso que um lado meu até está arrependido de não ter insistido mais. Mas deixar ele se consumindo no fogo nessas semanas sem marido e sem ninguém também é divertido.
    Rimos juntos e eu avisei que desligaria, pois entraria no elevador. Subi até meu apartamento e estava vazio. Normal para o horário. Mas então, após passar pelo corredor até meu quarto, escutei os sons que já conhecia muito bem, oriundos do quarto de Dom Pedro. Pelo visto, meu amigo tinha matado aula naquela tarde para se divertir. A porta estava entreaberta e eu sabia muito bem que uma espiadinha ocasional não ofenderia meu anfitrião, que, ao contrário, gostava muito.
    Mas além de não querer estragar por descuido sua diversão e também por já estar tanto tempo em ponto de bala por conta de Ivan, resolvi o deixar se divertir e, após deixar minha mochila no meu quarto, voltei até a cozinha e preparei um lanche.
    Ao voltar pra sala, sentei no sofá e antes que pudesse ligar a televisão, ouvi passos ágeis vindos do corredor. Quando olhei para o lado, vi Enzo parar bruscamente ao dar de cara comigo. Rosto ainda suado, camisa e calças vestidos em pressa.
    Ficamos naquele silêncio constrangedor que só se faz quando alguém com o rabo preso é pego em flagrante.
    Dom Pedro surgiu atrás e também se surpreendeu ao me ver.
    - Fábio, chegou cedo.
    - Me dei o final da tarde de folga, pra descansar pra aula - anunciei, tentando não rir das circunstâncias. - Boa noite, Enzo.
    Ele, sem ter o que falar, saiu as pressas.
    Esperamos ele sair e estar distante para gargalhamos alto
    - Dom Pedro, Dom Pedro - julguei - comendo pelas beiradas.
    - Nenhum de vocês podem me julgar. Meu gosto só é diferente do de vocês - se defendeu, sentado ao meu lado, ainda vermelho como um adolescente.
    - Eh, amigão. Você nos colocou no chinelo. Nós três tentando pegar o marinheiro e você passou a nossa frente e abocanhou o maridão.
    - Isso não conta. Enzo é uma presa muito mais fácil - fez-se de humilde - Ivan leva a fidelidade do casal mais a sério.
    - Leva mesmo. Em pensar que ele tá se segurando todo, e foi só viajar que o marido partiu pra caça.
    - Esperou viajar? - Pedro me olhou como se eu fosse algum idiota - Leão, meu lindinho, eu já peguei ele várias vezes na escada do prédio, fora na garagem.
    - Seu pervertido - acusei com exagerada indignação. - e nem falou nada
    - Ora pois, vocês estavam preocupados com sua presa, eu que não ia me meter - fez pouco caso, sorrindo triunfante. - e me fala. Vai usar essa informação pra se favorecer?
    - Nem pensar. - descartei de imediato - agora, mais que nunca, quero comer o marinheirinho. Mas vai ser com meus méritos. Não vou chantagear nem fazer intrigas.
    - Gosto quando tem esse fogo nos olhos - e chegou mais perto e, conhecendo-o, sabia que estava ficando excitado de novo.
    - Simplesmente acho que cada um tem sua vida e não vou me meter na de ninguém. Apenas vou pegar o que quero.
    Pedro nem esperou eu acabar meu sanduíche para arriar minha calça e começar a me chupar.
    Duas semanas se passaram arrastando.
    E eu mal podia esperar para pôr as mãos naquele vizinho que estava tomando meus pensamentos nos últimos meses.
    Mil e um planos de abordagem se faziam em minha cabeça, mas nenhum prazer é maior para o caçador do que aquele fornecido por uma caçada de improviso, quando tem que usar as circunstâncias que estão ao seu dispor.
    E a fortuna tinha me sorrido no início da noite de quinta, quando desço de meu prédio para ir comprar algo para comer e vejo um taxi parar em frente ao meu bloco. E de dentro, meu marinheirinho. O vejo ir até o bagageiro e descarregar duas malas grandes e pesadas.
    Me achegando por trás dele, me ofereço.
    - Quer ajuda, vizinho?
    Ele levou um susto, mas logo sorriu ao me ver.
    - Oi, Fábio. Nossa, como é bom te ver
    Vi o porteiro vir se aproximando e lhe fiz um sinal, esclarecendo que não precisaríamos de ajuda com a bagagem.
    - Vem, eu levo uma. Melhor irmos para o elevador dos fundos, pois as malas são grandes.
    Ele concordou e seguimos. Me deliciei com o silêncio, sentindo-o um pouco inseguro.
    - Enzo não foi lhe buscar?
    - Ele está com turno essa noite. Não poderia.
    - Entendo. - Chegamos aos fundos e esperei ele chamar o elevador. Mas pareceu ter se esquecido.
    - E como foi o trabalho? - perguntei, aproveitando daquele momento a mais que ele mesmo me dava.
    - Foi bom. Mas depois da primeira semana... Fico louco para voltar.
    - Imagino - e cruzei os braços - deve sentir falta de muita coisa, né?
    E o olhei de cima a baixo e Ivan riu encabulado.
    - Esse elevador não vem - lembrou-se num espasmo.
    - Você lembrou de chamar? - fiz-me de sonso.
    - Caramba - e apertou o botão com pressa..
    Eu ri e ele sorriu amarelo. Ivan usava uma camisa simples amarelo clara e eu pude ver a ponta dos mamilos sob o tecido.
    O elevador chegou e subimos.
    - Estava indo malhar?
    - Não, lanchar mesmo. E você, vai?
    - Queria e preciso, mas estou morto da viagem.  Sempre que fico embarcado perco muito peso.
    Aproveitando a deixa, eu me achego e pego a ponta de sua blusa, elevando a barra até a altura do peito. Ele congela com minha atitude e eu fingo não perceber. Fico uns segundos avaliando e respondo:
    - Que nada. Está gostosinho como quando partiu - e finalizo com uma alisada com o nó do dedo em seu peito, descendo pelo abdômen.
    -V... Valeu - gaguejou.
    O elevador chegou a nosso destino e ele saltou pra fora como se estivesse em chamas. O segui até sua porta e ignorei quando fez sinal de pegar minha mala, fingindo distração.
    Ivan não insistiu. Abrindo a porta e me convidando a entrar
    O apartamento em si, tinha a mesma estrutura de Dom Pedro, então eu o conhecia sem nunca ter entrado sntes. Deixei a mala em frente a bancada que separava a sala da cozinha americana e parei na passagem que separava os dois cômodos.
    - Obrigado, Fábio. - ele sorriu ansioso - posso te servir algo?
    - Uma água - concordei. Já esperava aquele convite, uma vez que meu vizinho sempre foi alguém muito educado.
    Não lhe dei passagem, como mandaria a boa educação, forçando-o a passar rente ao meu corpo, rosto quase colado um no outro.
    Um momento ele chegou a levantar o rosto e nossos lábios quase roçaram. Roubar-lhe um beijo seria fácil e dali, a sinfonia seguiria para o inevitável coito, mas não o fiz
    Desde pequenos, nossas mães nos ensinam a não brincar com a comida, mas as vezes a tentação é irresistível, mesmo para o predador mais profissional. Como quando o gato esfolhe brincar com o camundongo preso em sua pata ao invés de dar do bote final. Isso porque, para um caçador, o alimento é uma necessidade, mas a caça é um estilo de vida, e ele não consegue resistir ao êxtase da brincadeira, mesmo que isso possa lhe custar que a refeição escape por entre os dedos
    Bebi a água oferecida e coloquei o copo na pia, ficando mais uma vez bem próximo dele. Olhos nos olhos.
    Então, cheirei seu pescoço.
    - Gostei do perfume - comentei. - Depois me fala onde comprou
    - O que? Ah sim... Sim... - engoliu seco.
    Ficamos nos encarando. Talvez estivesse na hora de finalizar aquilo, mas admito que um lado meu desejou que aquela presa brigasse um pouquinho mais
    - Eu... Eu tenho de descer. Tenho... Que pegar uma coisa no carro.
    - Ótimo. Você me acompanha então.
    Saímos e vimos que alguém acabara de descer pelo elevador.
    - Vamos de escadas. Pra que esperar? - sugeri
    Aquilo foi apenas uma armadilha, uma vez que minha desculpa não tinha nenhuma lógica. Nosso prédio dispunha de três elevadores sociais e não seria nada doloroso esperar o próximo. Não havia motivo para ele aceitar descer 8 lances de escadas. Há menos...
    - Tudo bem - aceitou e eu abri a passagem e o deixei ir na frente
    Desci as escadas atrás dele, lentamente, permitindo-me admirar aquele porte altivo, aquela bunda carnuda e empinada. As costas largas.
    Hora ou outra ele olhava pra trás, sorria sem graça e nada falava. Eu não fazia qualquer esforço para esconder que o tinha sob minha mira
    - Por que está me olhando assim? - comentou na terceira vez que olhou pra trás e me viu o encarando.
    - Assim como?
    - Não sei. Parece... Um Predador.
    - Está com medo? - sorri
    - Não, só...
    Mas não conseguiu completar a frase. Em seu nervosismo, acabou errando um degrau e ia cair se eu não o segurasse. Acabei me desequilibrando um pouco também, então vacilamos alguns degraus, mas logo chegamos a curva da escada. Ivan colidiu de leve contra a parede eu o cobri.
    Ficamos cara a cara de novo
    - Está nervoso sim - constatei, sorrindo - fica com medo não - e lhe dei um selinho - jamais faria nada pra te machucar - e dei outro
    Ivan ficou estático, recebendo meus beijos sem conseguir expressar qualquer reação. Beijei sua bochecha, seu pescoço. Logo ele ergueu o rosto e fechou os olhos, arfando baixinho.
    Sua mão agarrou o volume em minha calça, sentindo meu órgão pulsar. Aproveitei e levantei sua blusa, lambendo e mordiscando seu peito e o arrepiando da cabeça aos pés.
    Aproveitei seu corpo mais relaxado e o virei, beijei suas costas e desci um pouco a calça, revelando apenas parte da linha entre as nádegas. Lambi aquela passagem e Ivan saltou
    - Por favor - implorou - para, por favor. Me deixa ir
    Eu levantei e o encarei, enquanto se virava ainda escorado na parede.
    - Eu não estou te segurando - observei, divertido.
    Ivan, perdido, continuou onde estava, até constatar o óbvio. Demorou ainda pra sair e descer a escada. Naquele duelo moral oriundo de tentar parecer que está lutando contra algo que na verdade deseja com cada fibra de seu corpo.
    Ao fim, vendo que eu não faria qualquer esforço para o reter, esquivou-se e desceu as escadas. Parou na próxima curva e olhou para trás, averiguando e esperando uma perseguição.
    Eu não tinha pressa. Já havia abocanhado aquela presa e não precisava me desgastar. Ela fugiria, mas não pra muito longe. Tudo o que eu precisava fazer era seguir seu rastro com tranquilidade. Como o escorpião que já havia ferroado a presa e só precisava aguardar o veneno fazer efeito.
    Desci com calma, o vi ir até o fundo da garagem e entrar no carro.
    Segurei a porta do motorista aberta e me coloquei ali, bloqueando.
    - Fábio, por favor. E se meu marido chega?
    Sem alarde, desamarrei o fio da bermuda e pus meu pau pra fora. Puxei a pele pra trás e o exibi em toda sua glória.
    - Você mesmo disse que ele está em escala hoje. - lembrei, embora com certeza que não estava sendo ouvido.
    Ivan lambeu os lábios involuntariamente e eu balancei meu órgão como um pescador agita a vara, chamando atenção para isca.
    - E se... - forcou-se  a despertar - alguém aparecer?
    Olhei em volta.
    - Você tomou o cuidado de estacionar o carro nos fundos. Acho que ninguém vem. E se vier, o veremos de longe - e sorri - claro, se estiver nervoso, podemos subir de novo. Será um prazer te foder em sua cama. De um jeito ou de outro, dessa noite você não passa.
    Usei meu tom mais firme, uma forma de intimidação que servia unicamente para tirar toda e qualquer culpa moral de minha vítima. Para todos os efeitos, ele poderia repetir para si mesmo durante todos os dias a seguir que não teve escolha, que foi levado àquela situação, que nunca teve a intenção. O conformismo da presa é, e sempre foi, a principal arma do predador.
    Peguei sua nuca com carinho e puxei, vendo-o instintivamente fechar os olhos e abrir a boca. O toque tente e úmido de sua boca, a massagem de sua língua. Me deliciei com cada aspecto de seu sexo oral.
    Acariciei seus cabelos, enquanto admirava seu rosto perdido em êxtase. Toda e qualquer sombra da culpa inicial completamente expurgada dele.
    Após longos e prazerosos segundos, Ivan parou, precisando tomar fôlego e me olhou, como quem espera algum gesto de aprovação.  Alisei, com carinho, a glande em seus lábios e então, sem aviso prévio, usei meu órgão para golpear seu rosto. Meu vizinho levou um susto e seu rosto esboçou um sorriso que ele logo reprimiu, tentando simular um ar ofendido que precisou lutar para manter.
    Bati de novo e de novo. Fechou os olhos, aceitando a penitência com resignação. Meu pau desceu mais umas três vezes, golpeando seu rosto, antes de o colocar novamente em sua boca e permitir que me chupasse novamente.
    - Vamos subir - sugeriu - tomando fôlego novamente depois de se perder no tempo enquanto me chupava.
    - Não. Mudei de ideia - e o empurrei pra dentro do carro e entrei, fechando a porta. Fui até o banco de trás e o arrastei comigo. E lá se iniciou o jogo brutal da natureza.
    Por mais duras que fossem as defesas, sempre haverá um predador adaptado a vencê-las. Mesmo o casco da tartaruga não é capaz de resistir a mordida do crocodilo.
    E foi assim que se desenvolveu uma vez dentro daquele carro. Com voracidade, arranquei peça por peça de suas roupas, como quem pulveriza uma armadura, destruindo suas defesas e expondo seu corpo nu. O deitei no banco de trás e, apenas com o órgão de fora, encravei e penetrei.
    Com força, o submeti, jogando de uma vez todos os dias de intensa espera para me banquetear com seu corpo.
    - Já era hora - urrei - não sabe quanto tempo estamos esperando pra te comer.
    - Seus amigos também? - perguntou, levemente surpreso.
    - Se interessou, safado? - regojizei -  Por isso fica se engraçando na academia? Pois é. Nós sempre comentamos o que vamos fazer contigo, quando tivermos você peladinho como está agora. - e meti com velocidade, agredindo-o com minha cintura.
    - Eu .. - gemeu - eu não me engraço... Eu... Amo meu marido.
    Não ia discutir ética ou conceitos naquele momento, mas também não resisti a vontade de fazer pelo menos um breve comentário repleto de veneno.
    - Eu sei... - meti mais - e eu tenho certeza que ele - pesei bem as palavras - te ama da mesma forma. Agora fica quietinho, sim? Quietinho.
    E me apoiei em suas costas e fui com tudo, arrancando-lhe gritos.  Proporcionando prazer ao mesmo tempo que o castigava. O carro balançando, enquanto os vidros embaçavam.
    . Dizem que o hábito faz o monge. Naquele caso, era verdade. Bastou eu abrir os caminhos com Ivan, que logo meus amigos também tiveram sucesso em suas empreitadas. Diego, após um banho no vestiário da academia, esbarrou com nosso vizinho ao sair do chuveiro, ganhando assim uma mamada caprichada.
    David, por outro lado, tirou a sorte grande e o arrastou para nosso apartamento. Naquela noite eu havia ficado preso no trabalho e perdi a aula. Nunca agradeci tanto meu azar. Pois chegando em casa, escuto meu amigo chamar do quarto
    - Quem está ai?
    - Sou eu, cheguei mais cedo.
    - Fábio, é você?
    - Não, Papai Noel - estava de mal humor naquele dia.
    - Então, vem aqui que tenho um presente de natal antecipado pra você - riu.
    Não entendi, até ouvir outra voz.
    - O que está fazendo?
    Reconheci aquele voz sonsa de longe. Logo meu humor melhorou e eu corri para o quarto. Encontrei David de joelhos na cama, encravado em nosso marinheiro, que cobria o rosto e não vestia mais nada além de um boné da marinha e coturnos.
    Com o humor renovado e sem pedir permissão para Ivan, me despi e me juntei a farra.
    Sobre Enzo, o marido, este se tornou bem mais simpático ao longo dos dias. Sempre que me via, cumprimentava e as vezes puxava assunto. Provavelmente tentando ganhar minha simpatia e não ser denunciado.
    Nossa proximidade até nos rendeu uma saída juntos. Eu, Dom Pedro e eles fomos ao cinema, assistir um filme antes que saísse de cartaz. Na praça de alimentação, após a exibição, nos entretemos numa longa conversa, que acabou chegando ao assunto sobre, Poligamia, trisais, poli amor e outras tendências da nova Era.
    Tal assunto nos fez ouvir discursos inflamados do casal a respeito da importância da monogamia e fidelidade na relação.
    Lembro de ter trocado olhares com Pedro naquele momento. Confesso que os discursos foram emocionantes e quase me fizeram esquecer das horas anteriores, quando eu tinha ficado pra comprar pipocas enquanto eles iam pra sala. Como quando vi Ivan ir ao banheiro antes de entrar na sala e o segui. Arrastando-o para uma das cabines vazias e comido aquela bunda maravilhosa, uma metida rápida para me aliviar e despejar dentro dele.
    Ele voltou ao cinema e eu fui comprar os lanches, justificando meu tempo fora ao mal funcionamento do caixa e as filas absurdas.
    Ivan, que ainda devia estar preocupado de meu gozo acabar escorrendo de seu corpo, nada falou. Enzo e Pedro também não pareceram terem se importado com minha demora. E a razão, eu saberia depois, foi que Enzo acabara de ter se aproveitado dos serviços prestados pela boca de Dom Pedro, enquanto assistiam aos trailers na sala de cinema quase vazia.
     

     

  • Diários de caça - Capítulo 15 – Onívoro

    - Isso, falta pouco. Assim - sussurrei, enquanto olhava em direção a porta de Augusto e ainda era capaz de ouvir os sons das vozes lá dentro. Sinal que a reunião continuava em andamento.
    - Ah, meu Deus - Vera delirava, sentada em sua mesa com as pernas abertas, saia quase elevada a altura de suas nádegas, recebendo-me com fome.
    Naquela noite, eu tinha ficado até tarde para atender um casal extremamente exigente. Por sorte, naquele período eu mal tinha aulas na faculdade, precisando apenas dar os últimos ajustes em meu TCC para conseguir o tão merecido diploma.
    E tal iminência começava a me colocar em um dilema. Afinal, chegaria a hora em que eu deveria escolher. Estava ganhando muito bem como vendedor para Augusto, e sempre gostei de carros o bastante para tornar meu ofício agradável. Mas também tinha uma paixão pela minha área de eleição: a arquitetura. Talvez fosse obrigado a escolher, uma vez que seria difícil conciliar duas profissões tão díspares. 
    E foi quando me dirigia ao vestiário que passo em frente ao escritório de Verá e a encontro sentada na mesa, batendo cabeça.
    - São 19:30, Vera. Pensei que a Lei Áurea tivesse posto fim a esse tipo de regime de trabalho - brinquei
    Vera, que já nem devia ter a real noção de onde estava, demorou um tempo para me reconhecer e mais ainda para entender o gracejo.
    - Ah? Fábio. Ainda está aqui? Como vai?
    - Cansado. Mas pelo menos fechei a venda com os Jacobis.
    - Incrível como sempre consegue - apesar de sincero, seu cansaço a impediu de demonstrar maior entusiasmo com minha notícia.
    Me acheguei e sentei na mesa a sua frente.
    - Sua vida pessoal deve virar fumaça depois de tantas horas extras.
    Vera riu, mas negou.
    - Não. Hoje é uma exceção. Uma reunião importante com fornecedores do Nordeste. Estou de prontidão, caso precisem de algo.
    - Conhecendo Augusto, terão tantos assuntos que duvido lembrarem de consumir algo, mesmo com as gargantas secas. Aí pegarão algo do frigobar - ponderei ao que Vera assentiu.
    - Eu sei. O tempo não passa. Ainda bem que casos assim ocorrem no máximo uma vez a cada três meses. Mas e você? Parece cansado.
    - Tenho dormido pouco - admiti.
    Naquela altura da vida, por mais que não tivesse quase matérias, a pressão para entrega do meu TCC tomava todo meu tempo vago. Além disso, com uma carteira de clientes que faziam questão de serem atendidos por mim, eu começava a ficar mais tempo no trabalho do que planejava.
    Mas apesar do cansaço físico e mental, devo dizer que o que me tirava mais as horas de sono eram as horas gastam sem conseguir dormir, deitado na cama sentindo o momento de fazer a escolha de minha carreira se aproximar cada vez mais
    - Precisa descansar - alertou, segurando minha mão.
    - Eu preciso é relaxar - corrigi, o descanso será consequência.
    - Quem de nós não precisa, não e mesmo? - assentiu.
    Creio que não foi a intenção de Vera insinuar nada, mas eu nunca precisei de incentivos para pensar besteira. Olhei em volta e então comentei:
    - Vera, não vejo câmeras em sua sala.
    - Ah? Ah sim. O senhor Augusto não quis colocar, para não parecer que estava me vigiando. - explicou - Eu disse a ele que não haveria problema, que são procedimentos de segurança, mas ele ainda assim não quis. Deixou apenas uma na entrada de minha sala, que apenas pega quem entra ou sai, e um botão de alarme silencioso, colocado estrategicamente abaixo da minha mesa.
    - Interessante - e me levantei e dei a volta na mesa - vamos aproveitar, então. Levanta.
    Vera obedeceu, mesmo sem entender.
    - Senta na mesa e faz silêncio - continuei, olhando bem em volta.
    - Fábio, você está louco. Não vamos fazer nada aqui - alertou, enquanto se sentava na mesa.
    - Relaxa. Abre as pernas.
    - Fábio, Augusto pode sair a qualquer momento.
    Ela abriu as pernas e eu puxei sua calcinha.
    - Chega mais pra ponta. - e a apoiei e ela se ajeitou.
    - Fábio, você está me ouvindo?
    Eu ri e arriei minha calça. Achei graça, pois nem mesmo ela parecia estar se ouvindo, uma vez que fazia tudo o que eu mandava, sem sequer questionar. Fiquei me perguntando se Vera tinha noção que fazia tudo ao contrário do que estava pregando. Ela não era do tipo de mulher de fazer joguinhos. Então, a única coisa que era capaz de deduzir era que meus poderes de persuasão eram maiores do que supunha
    E isso me deixava em dúvida no que isso me transformava: num galante ou num assediador, que ludibria suas vítimas.
    Ética e jurídica a parte, encaixei com carinho naquela região quente e já úmida no interior de suas pernas. Levantei sua saia até a cintura e penetrei. Todo e qualquer discurso em desenvolvimento, perdeu-se no caminho para a boca de Vera.
    Sem perder tempo, a penetrei com movimentos rápidos e silenciosos. Ela se agarrou a mim, segurando-se enquanto gemia.
    - Mais baixo, Vera. Não se esqueça que estão na sala ao lado - lembrei.
    - Desculpe - e tentou segurar. Apoiou a cabeça em meu peito e agarrou minhas nádegas enquanto eu a fodia.
    Beijei, devorando-a. Sua língua sedenta vasculhou toda minha boca. Quando soltamos, ela deu um espasmo e eu lhe calei com a mão.
    - Se controla, mulher - ri, percebendo se alguém na outra sala havia ouvido - porém, pela permanências dos sons animados da conversa que ali se desenrolava, julguei ainda estarmos seguros.
    O tesão também me deixava mais ousado. Eu penetrava com mais força, delirando com seu êxtase.
    - Ah meu Deus.
    - Tenta tampar a boca de algum jeito - orientei - morde algo.
    Eu talvez devesse ter sido mais específico. Pois Vera enfiou a cara em meu peito e o mordeu, entre o ombro e o mamilo.
    A onda de dor desanuviou minha mente de uma maneira que até hoje não sei explicar.
    - Desculpe - pediu .
    - Pode fazer de novo - avisei.
    - O que?
    - Faz de novo - mandei, e a penetrei com mais força, mantendo-a bem segura para que não fosse empurrada e fizesse mais barulho.
    Para conter a onda causada pelas penetradas, Vera voltou a me morder, cravando fundo os dedos em garras em minhas nádegas.
    - Isso. Assim - rosnei baixinho - - Isso, falta pouco. Assim - sussurrei, enquanto olhava em direção a porta de Augusto e ainda era capaz de ouvir os sons das vozes lá dentro. Sinal que a reunião continuava em andamento.
    - Ah meu Deus - Vera delirava, sentada em sua mesa com as pernas abertas, saia quase elevada a altura de suas nádegas, recebendo-me com fome.
    Meti mais, sentindo o gozo chegando com força. Fechei os olhos e trinquei os dentes para não urrar, quando encravei fundo e me despejei.
    - Nossa - sussurrei.
    Em resposta, senti as pernas de Vera tremerem. Ela me mordeu com mais força, abafando um grito. Se ela fingiu, foi bem convincente. Nunca imaginei que uma mulher pudesse chegar tão rápido ao orgasmo.
    Respiramos fungo, atentos ao som da sala.
    - Acabei de me lembrar - suspirou, ainda abraçada a mim, massageando minhas nádegas. - preciso passar na farmácia, pois minhas pílulas estão no fim - e riu, sozinha - desde que você começou a trabalhar aqui, voltei a ter esse tipo de preocupação.
    Achei graça do comentário.
    - Por que? Está dizendo que eu não daria um bom pai? - gracejei, fazendo-me de ofendido.
    - Ainda não imaginei algo no qual não fosse bom. Apenas acho que já passou de minha hora de ser mãe.
    Nesse instante, acariciei seu rosto e ela me sorriu cansada, mas em paz. Fiquei admirando o rosto de Vera, lendo sua beleza, mas também sua tristeza. Algo nela me atraia de uma forma que não era capaz de descrever. Meu tesão por ela só se comparava ao carinho que lhe sentia. Ambos sabíamos que nosso caso não tinha futuro, mas gostávamos de pensar que, mesmo que por alguns instantes, fazíamos bem um ao outro.
    Porém, nosso momento foi interrompido quando pude ouvir a voz ressoante de Augusto do outro lado da parede :
    - Bem, senhores. Creio que já tomei demais seu tempo. E como já sabem, minha patroa é uma verdadeira fera raivosa quando chego em casa tarde.
    Acelerados, eu recoloquei a calça e Vera ajeitou a saia. Sua calcinha não teria tempo, então teve de ser posta na gaveta e trancada a chave. Ajeitamos rapidamente sua mesa e nos colocamos em posição de inocência no instante em que a porta abriu.
    - Garoto, você por aqui? Espero que tenha feito boa companhia a Vera.
    Augusto era daquele tipo de homem cujo todo e qualquer comentário parecia ganhar conotações sórdidas. Embora isso se devesse mais a seu jeito afoito do que a qualquer malicia.
    Apenas sorrimos e concordarmos.
    - Mas fico feliz de estar aí. Fábio, esses são Eliandro e Saulo. Meus sócios em negócios nas cidades de Fortaleza e Natal. Estávamos falando justamente de você. Poderia entrar rapidamente? Prometo que não vai ser muito tempo. Vera, minha flor, poderia nos trazer água, por favor? Meu frigobar está nas últimas.
    Sorri amarelo para Vera, num pedido silencioso de desculpas. Ela apenas sorriu e ajeitou os cabelos.
    Segui os três para o escritório.
    - Garoto, estava falando de você para meus sócios e eles estavam doidos para lhe conhecer. Como um garoto, cujo primeiro trabalho com vendas na vida, consegue tantos números positivos? Eu disse a eles que o que você tem não se ensina. Que é um Dom. Mas eles acreditam que você pode ao menos inspirar os pretensiosos de Natal.
    Olhei para os dois, que apenas acenavam positivamente.
    - Não sei se está sabendo, Fábio. Mas daqui a duas semanas teremos um grande simpósio no Rio Grande do Norte e adoraríamos que você apresentasse um pouco do que Augusto chama de "Instinto Selvagem para vendas" para nossos aspirantes. - narrou o que eu acho que se chamava Saulo.
    - Nossa - me surpreendeu - é tão de repente. Nem sei o que dizer.
    - Desculpe falar assim de sope tão, garoto. A verdade é que pegou a todos nos de surpresa. Estávamos conversando sobre o simpósio e o Eli ali acabou de descobrir que um dos palestrantes cancelou. Conversa vai, conversa vem, o assunto sobre inspiração caiu em seu nome. Falei de você e meus amigos aqui ficaram impressionados. Também pudera.
    - Não sei se você tem experiência com palestras, Fábio. Mas a verdade é que o que queremos é um relato sincero vindo de você. Algo que fale ao coração, entende? - concluiu, Eliandro.
    Eu de fato já havia me apresentado nos simpósios da universidade, trabalhos em grupo e outras atividades que valiam pontuação. Mas algo daquele tipo, nunca antes na vida. Sempre fiz o estilo isolado, mais introspectivo, daqueles que não gostavam dos holofotes. Um bom caçador sempre atua melhor nas sombras, esse era meu lema.
    Mas foi difícil resistir as expectativas postas em mim naquele momento e eu acebei concordando antes de pensar o suficiente no assunto.
    Quando saímos, aproveitamos para parar num bar próximo e, nós quatro e Vera, brindamos a boa nova. Isso até Augusto receber a ligação de sua esposa e teve de sair as pressas.
    Ficamos ainda, Vera eu e os sócios, bebendo mais um pouco, até a hora que Saulo começou a olhar Vera como se ela fosse um pão recém saído da padaria e ela resolveu sair. Dividimos um táxi e a deixei em casa. Esperei um convite para passar a noite com ela, que não veio. Vera era muito cuidadosa em ultrapassar limites que talvez não tivessem volta.
    Ainda no táxi, agora sozinho rumo ao meu apartamento, recebo a mensagem de Dom Pedro.
    "Garoto, onde você está? Esqueceu da Valquíria? Ela já está quase pronta e eu menti dizendo que você estava no banho. Não me faz passar por mentiroso"
    Levei a mão a cabeça, enfim me recordando que hoje era aniversário de nossa vizinha, a qual era grande amiga de Pedro. Sorte estar chegando. Subi sorrateiramente ao meu apartamento e fui acobertado por Pedro. Escovei os dentes rapidamente e corri para o banho.
    Quando escuto o som vindo da sala.
    -Amorrrrr - a voz estridente que Pedro fazia sempre que encontrava sua amiga ecoou pela casa.
    - Espero não ter me atrasado? - ela falou.
    - Que nada. O Fábio é mais Cinderela que você. Acredita que ainda esta no banho?
    - Não acredito...
    Terminei rapidamente e me sequei. Sorte que já tinha feito a barba e me raspado de véspera.
    Saí, ainda com a toalha enrolada.
    - Desculpe. Tive de fazer a barba e dar uma caprichada, se é que me entende - brinquei, ao que ela sorriu com malícia.
    - Prove - desafiou.
    Eu então me acheguei e abri a toalha só pra ela.
    - Ah não é justo. Eu também quero ver - Pedro chegou e arrancou a toalha. - Meu Deus.
    Todos rimos e eu peguei a toalha e me cobri novamente.
    - Está ótimo - Valquíria parabenizou.
    - Fábio, já pensou em se depilar, ao invés de passar gilete? Acho que ficaria ótimo.
    - Está doido. Não sei como vocês aguentam essas sessões de tortura.
    - Ah não, eu gosto de um pouco de pelos. - Valquíria defendeu e eu apontei para ela como se fosse o argumento do qual precisasse.
    - Mas eu ainda acho que ficaria ótimo. Além do que, iria parecer que é ainda maior. - argumentou
    - Todos aqui sabemos que eu não preciso de simulacros - rebati, sem um pingo de humildade e, vencendo a discussão, saí para terminar de me arrumar.
    Valquíria decidiu comemorar em uma boate muito boa próxima de nossa casa. David e Diego chegaram depois, vindos direto da última aula. Lá, vários amigos e amigas de Valquíria, muitos da nossa faculdade onde ela cursava farmácia, estavam e a festa correu bem. Bebi mais alguns drinques em homenagem a aniversariante. Farreei, brinquei e beijei muitas bocas.
    Não sei que fama eu tinha na faculdade, mas muitas garotas vieram dizendo querer experimentar meu beijo. Que haviam ouvido histórias a respeito. Eu, como bom cavalheiro do interior, não neguei nenhuma. Passados alguns momentos, até mesmo alguns garotos mais atirados vieram pedir uma provinha, que eu não neguei. Até mesmo Rosana, uma transexual recém operada, eu beijei.
    - Você hoje está a periga, hein? Não imaginava que tinha um cardápio tão variado - comentou Valquíria, dançando comigo
    - A evolução diz que animais Onívoros tem maiores chances de sobreviver. Quanto mais variado o cardápio, maior a chance de alimentação.
    Valquíria riu
    - Só quero saber se sobrou algo pra mim.
    - Estou guardando o melhor pra você - e a encochei por trás.
    - Agora vi vantagem.
    Nesse instante, puxei David que passava e o fiz dançar conosco, mantendo Valquíria no meio. Nos beijamos os três e eu senti a mão boba de minha amiga entrar em minha calça e apertar meu órgão com força.
    - Gente, nunca vi o Fábio bêbado - Pedro comentou - fica mais safado que de costume.
    - Mas eu não estou bêbado - rejeitei.
    - Ah tah - exclamou - Vai dizer que esse olhar fechado aqui é sobriedade?
    - Estou te falando. Estou ótimo.
    Eu de fato tinha tomado alguns drinques na festa e somados a cerveja no pós trabalho, poderia me deixar um tanto tonto, mas não bêbado.
    - Olha só - e fiz o quarto com as pernas para ele ver.
    - Isso é moleza - Pedro riu e eu então o desafiei.
    - Beleza então. Quer que eu ande de ponta cabeça? Plantando bananeira?
    - Fábio, se você conseguir dar três passos assim já seria um milagre. Vamos fazer o seguinte, então: se você não conseguir dar pelo menos três passos de bananeira, vai ter de ir no meu depilador.
    Nada melhor para atiçar minha ousadia que um bom desafio
    - Ta aí, aceito. Mas se eu conseguir - e cheguei bem perto dele para o encarar - tu vai chupar uma buceta.
    - Eca - ele deu um passo pra trás como se a ideia lhe causasse repulsa.
    - O que foi? Está com medo? Não está tão certo que vou cair?
    - Vamos lá, Pedrinho. Mostra tua coragem, viado - Diego o incentivou
    - Essa eu quero ver - Valquíria se animou.
    De repente, as pessoas em volta se mostraram mais interessadas em nossa aposta que na festa em si. Abriram caminho e eu me preparei.
    - Tenho sua palavra? Aposta valendo? - garanti, deixando-o em saia justa e o forçando a concordar.
    Quando ele deu de ombros, eu me enchi de coragem e fui.
    Ainda bem que Pedro tinha escolhido três passos apenas. Eu sequer poderia chamar aquilo de passadas. Eu simplesmente me joguei, desequilibrei na primeira e vacilei umas quatro palmas até me estatelar no chão. Som ecoando e vencendo até mesmo a música alta.
    - Ai. Acho que to bêbado sim. - fui forçado a admitir.
    Logo vieram me acudir e me colocar sentado num banco. Mas eu estava bem, o sangue ainda quente. Amanhã aquela brincadeira cobraria seu preço.
    - Fábio, você é doido - Pedro me repreendeu.
    - Mas valeu a pena. Consegui.
    - Como assim? Você nem andou nada, desabou logo.
    - Pedro, eu contei 4 passadas - David veio intervir.
    - Mas ele desequilibrou logo de inicio - Valquíria ponderou.
    - Mas ninguém falou que as passadas tinham de ter classe - uma terceira voz entrou na discussão.
    Logo a polêmica estava gerada.
    - Olha, melhor considerar logo empate - Pedro sugeriu - ambos ganhamos.
    - Pensei melhor - corrigi - Ambos perdemos. E vamos ter de pagar.
    Pedro me olhou como se eu estivesse maluco.
    - E você vai encarar cera quente?
    Botei a mão em seu ombro
    - Vai valer a pena - zoei e ele engoliu em seco.
    Logo a brincadeira apagou o episódio da aposta, mas eu jamais permitiria a Dom Pedro esquecer sua dívida.
    A noite passou rápido. David, saiu mais cedo, pois teria de acordar cedo no sábado. Já eu, Dom Pedro, Diego e a aniversariante, só saímos as 4h. Andamos até nosso condomínio rindo a toa e levamos Valquíria até seu apartamento, para garantir que ela não erraria o caminho. Ao chegarmos, ela nos insistiu para tomarmos uma saideira.
    - Só se for de café - sugeri, cansado de álcool.
    - Deixa eu ir para o seu banheiro então. - anunciou Dom Pedro e, assim que entrou, disparou como uma flecha.
    - Está tão apertado assim? - questionou Diego, logo antes de o ouvir regurgitar a bebida, corrigindo-se com uma cara de asco - Ah tah.
    Enquanto Valquíria tentava o milagre de fazer a cafeteria funcionar antes de ligar na tomada, eu aproveitei para dar um beliscão na bunda de Diego, que pulou sem nada entender.
    - Ta maluco, cara?
    - Vem cá. Me ajuda com uma parada - pedi e o beijei, sem mais informações.
    Diego não fez qualquer resistência.
    - E o que seria? - perguntou, quando demos uma pausa.
    - Você vai ver.
    Voltamos a nos beijar.
    - Beleza, então - deu de ombros, deixando-se levar
    Senti o olhar de Valquíria nos acompanhar da cozinha e continuei. O beijo de Diego era bom, com pegada. Tirei a blusa e ele me acompanhou, roçando o peito um no outro. Desafivelamos os cintos um do outro e deixamos as calças caírem. Tiramos com os pés os tênis e deixamos as calças no chão.
    Olhei para Valquíria e disse:
    - Encare isso como um presente de aniversário
    E ajoelhei e arriei a cueca de Diego. Segurei aquele pau enorme e tentei encaixar na minha boca. A falta de prática se mostrou clara e eu muito mal consegui chupar além da cabeça. Mas o que valia era a intenção.
    - Caramba, amigão. Gostei.
    - Vai se acostumando não, malandro - alertei, segurando seu pau e o tirando da boca - é só um favor entre amigos.
    Tentei lembrar de todos que já me chuparam para simular a técnica. Lambi as bolas, cheirei o órgão. E devo admitir que não me foi nada demais. Não era algo que me despertasse tesão, mas como estava agradando dois amigos de uma vez, continuei de bom grado.
    Valquíria já tinha desistido da cafeteira e se recostou no sofá, para apreciar o espetáculo.
    Levantei-me e retirei minha cueca também. Pelados, deitamos no chão e começamos a nos lamber. Como dois gatos que banhavam um ao outro, nossas línguas passaram por rostos, bracos, peitos, axilas, barrigas, pernas e por assim foi.
    Diego, aproveitando-se de minha boa vontade, deixou a língua correr pelo meu rego, lambendo a entrada entre minhas nádegas.
    - Já está abusando - alertei.
    - Pela Valquíria, amigão. Pela Valquíria.
    - Canalha - ri, mas de fato nossa amiga estava curtindo.
    Então deixei ele se banquetear pela região nunca antes visitada por qualquer homem e lhe chupei o pau novamente.
    Abraçando seu corpo.
    Diego, entrando na brincadeira, também me chupou o pau, com a mesma néscia.
    Nos colocamos de joelho, de frente um para o outro, e voltamos a nos beijar, paus duros duelando um contra o outro, até que, num sincronismo natural, olhamos para nossa espectadora.
    Engatinhamos até ela, a arrancamos de seu conforto, e a derrubamos no chão, dilacerando suas roupas e a pondo nua entre nós.
    Valquíria ria, enquanto seu vestido era rasgado e sua pele ébano exposta.
    Chupei com voracidade, enquanto Diego chafundava entre seus seios.
    Meu amigo foi o primeiro a se colocar entre suas pernas e penetrar, sendo recebido de bom grado. Aproveitei a oportunidade, e lhe retribui o beijo no rego.
    - Para, Fábio. Vou brochar assim - avisou.
    - Ora, ora. Não consegue manter a ereção amigo? Podemos ver uma clínica pra você - zombei.
    - Seu filho da puta - e riu.
    - Você consegue, amigão. Concentra. Qualquer coisa, passamos a comprar uma azulzinha pra você.
    - Vai. Não desiste - Valquíria o incentivou, segurando para que se mantivesse dentro dela
    Diego, movido pelo orgulho, continuou a penetrar, enquanto eu brincava com sua bunda vulnerável. Lambi e mordi as nádegas, subindo pelas suas costas e me colocando atrás dele.
    O abracei e o senti trincar as nádegas, para impedir que eu ultrapassasse a linha do permitido.
    - Com medinho, é? - ri
    - Vaza dai, leão - avisou, rindo - Aqui é território proibido.
    Rimos muito, quando ouvimos a exclamação de Dom Pedro.
    - Amiga. O que estão fazendo com você?
    Olhamos supressos. Tínhamos nos esquecido completamente dele.
    - Me ajuda, amigo - Valquíria ergueu a mão em súplica. Rindo como uma colegial.
    - Cuida dela, que eu vou atrás do outro. - sussurrei ao ouvido de meu parceiro.
    Me levantei e, antes que Dom Pedro pudesse assimilar os acontecimentos, tomei suas roupas e o pus nu e deitado de bruços ao lado da amiga, abri suas nádegas e chupei com vontade.
    - Desculpa, eu tentei - Pedro pediu e Valquíria sorriu.
    Diego penetrava com agilidade, gingando com destreza e arrancando gemidos ofegantes de sua parceira.
    Eu logo me juntei a ele, montando em Dom Pedro com a brutalidade que ele tanto gostava. Em um dado momento, Valquíria deu a mão ao amigo, unidos enquanto eram fodidos, até Diego retirar de dentro dela e me oferecer:
    - Quer trocar?
    Pensei um pouco, então neguei
    - Tenho uma ideia melhor
    E peguei Dom Pedro pela nuca e o puxei
    - Chegou a hora de pagar sua parte da aposta - anunciei.
    Pedro demorou um pouco para compreender o que significava aquilo. E quando a ficha caiu, seus olhos se alarmaram e seu rosto metamorfoseou, assumindo um aspecto de asco.
    - Não, por favor - implorou, enquanto eu guiava seu rosto para a região entre as pernas de Valquíria.
    Ela levou as mãos ao rosto, abafando a gargalhada, olhos lacrimejando.
    - Vamos, Dom Pedro. Variar o cardápio de vez em quando não faz mal a ninguém.
    - Eh gatinho - Diego deu corda - você quem inventou de apostar.
    Nosso amigo engoliu seco e, percebendo que ninguém ali viria em seu socorro, respirou fundo e encarou o destino.
    - Vou vomitar - anunciou, exageradamente.
    - Que bom que já esvaziou a barriga então- e conduzo sua cabeça, olhos fechados e ar preso. Até seu rosto sumir e Valquíria soltar uma gargalhada que poderia ter acordado todo o prédio.

     

  • Diários de caça - Capítulo 16 – Migração

    Muitos animais possuem por hábito migrar de tempos em tempos em busca de recursos e melhores condições de clima. Mais do que necessidade, aquilo é um instinto, com o qual a espécie já nasce programada. Você pode garantir a um pássaro todas as condições de alimentação, mesmo no inverno, mas isso não muda o fato que, se ele tiver a escolha, irá seguir seus coração e migrar para o outro hemisfério na primeira semana do fim do verão.
    Eu sempre fui um animal estático, mais parecido com um urso que preferia hibernar no inverno. Minha única mudança na vida foi quando abandonei a casa de meus pais e ainda lembrava da sensação de liberdade. De estar em um lugar novo, desconhecido. A adrenalina daqueles primeiros meses ainda me eram uma memória agradável e bastou minha viagem para Natal chegar que eu senti a mesma emoção e pude ter a certeza que novos horizontes era algo que me encantava.
    De véspera, tive uma série de nervosismos. Primeiro com minha apresentação. Virei noites redigindo o que falaria, escrevendo e reescrevendo inúmeras vezes. E em segundo, pois a própria ideia da viagem me causava vertigem. Isso porque eu nunca tinha embarcado em um avião na vida e a ansiedade era grande. Tanto que nem dormi a noite que precedeu minha partida.
    Porém, chegando ao aeroporto destino, de mala na mão e encarando aquele mundo novo e desconhecido, meu coração acelerou e eu experimentei o doce efeito da adrenalina. Capaz de tornar todos os anseios pequenos e insignificantes.
    Cheguei ao hotel que estava reservado pra mim e a primeira coisa que fiz, após terminar os trâmites de chegada e deixar as malas, foi sair e andar pelas ruas, observando cada lugar e pessoa, como se tudo fosse interessante e único.
    Era hora do almoço e parei em um restaurante aleatório e pedi a primeira coisa que me veio a cabeça. Enquanto esperava, admirei tudo em volta até que observei, sentado umas duas mesas a direita, um rapaz que devia ter a minha idade, mas onde as responsabilidades da vida lhe atribuíram ar mais velho.
    Vestia um terno e bebia uma água enquanto esperava o prato. A frente, digitava freneticamente o notebook enquanto consultava o celular. Diferente de mim, parecendo completamente alheio ao mundo externo e suas belezas. Talvez por já ser residente e nada daquilo lhe era novidade, tal como ocorria comigo, ou simplesmente porque as atribuições do dia a dia lhe tomavam tanto o tempo que qualquer segundo roubado para algo tão simples como olhar a paisagem era uma completa perda de oportunidades.
    Em minhas caçadas com meu pai, uma das primeiras lições que tive foi a arte de contemplar o mundo a volta.
    - Um caçador deve ter foco quando detectar uma presa. Sua atenção tem que ser toda dela. Mas isso não o impede de, durante todo o momento restante, contemplar a região a sua volta. Você tem que observar tudo, para conhecer os caminhos, as características, os riscos e potenciais. Para quando achar sua presa e ter de abandonar toda a atenção em volta, poder ir atrás dela sem se preocupar com o terreno, pois já vai estar tão familiarizado com ele que será como se estivesse andando em casa.
    Essas eram suas palavras.
    - E também - concluiu - deve observar tudo pois, o que seria uma experiência na natureza se você não pudesse pelo menos parar alguns segundos para olhar suas belezas.
    E de fato tudo ali era belo. Como um animal recém migrado, eu observava tudo. O restaurante com vista para o mar, o tempo agradável de céu azul, as instalações impecáveis do lugar e, para compor aquela exposição, a figura desse garoto que era algo bonito de se admirar.
    Tinha o rosto quadrado, cabelos bem penteados castanhos, pele morena, entretanto pálida, de quem não pega muito sol. Usava óculos de aro fino, terno impecável bem ajustado ao corpo. Alguém cujo charme estava justamente no ar respeitável que emanava.
    Me permiti admirar aquele espécime enquanto aguardava a comida. E foi nesse momento, por um instante apenas em que ele desviou os olhos do notebook, que me vislumbrou. Seus olhos pararam em mim, percebendo que o olhava.
    Meu ato normal seria parar de o encarar, mas naquele dia não segui o protocolo habitual. Estava em terras estranhas, sentindo-me bastante seguro. Não conhecia aquele homem e talvez nunca mais o visse na vida. Se não gostasse de ser encarado, não seria um problema que perduraria muito tempo, uma vez que, terminando minha refeição, poderia sair e nunca mais lhe cruzar o caminho.
    Então, permiti-me brincar um pouco.
    Ele voltou a atenção para seu trabalho, mas a partir do momento em que percebeu ser observado, seus olhos, vez ou outra, traiam-no por conta da curiosidade e ele olhava novamente para minha direção. Sorri para ele e o deixei sem graça.
    O jogo ia ficando mais interessante e eu me diverti. Minha comida chegou e, apesar de eu não fazer ideia do que era, parecia apetitosa. Dei uma pausa em minhas investidas e me dediquei ao prato. Foi então que, arriscando um olhar de canto de olho, notei que agora era ele quem me observava.
    Sorri em cumplicidade e ele logo desviou, sem graça de ter sido apanhado.
    Terminei minha refeição com a calma que aquela iguaria pedia, saboreando e identificando seus ingredientes e temperos. Ao fim, pedi uma limonada e apreciei enquanto fazia a digestão.
    Meu companheiro de longa distância acabou de comer na metade do tempo e aproveitou o período economizado para dar mais atenção ao computador. Ao fim, fechou o notebook e pareceu pensar em sua próxima ação. Olhava para minha mesa avaliando, então, olhando o relógio, desistiu de qualquer plano e pediu a conta. Fiz o mesmo. Ao pagar, noto que na pressa, deixou o celular na mesa.
    Passo por ela e aviso ao garçom e como o dono estava ainda na porta do restaurante, pego eu mesmo e o alcanço.
    Ao sair, noto que o mesmo tateava os bolsos e, quando se vira para ir buscar o aparelho esquecido, me encontra estendendo em sua direção.
    - Cuidado com a pressa - brinquei, sorrindo ao notar que ficara encabulado.
    - Obrigado - e pegou o aparelho, me olhando timidamente nos olhos. - está uma correria louca.
    - Percebi. Uma beleza dessas e você nem é capaz de admirar nada. Já deve morar na cidade, acredito.
    - Não - corrigiu - Sou de Mossoró, estou em Natal a trabalho. E você?
    - A trabalho também, mas de mais longe - admiti. - Estou hospedado no Ocean.
    - Eu também - comentou com certa animação, que tratou logo de disfarçar. - Quer dividir um carro?
    - Pensei em ir andando - ponderei. - a caminhada não dá nem 10 minutos.
    - Eu não sei chegar a pé - admitiu, ainda encabulado.
    - Eu te levo - e comecei a andar.
    Uma vinda já bastou para saber o caminho de cor. Sempre fui bom em orientação, qualidade sine qua non a um bom caçador. Meu colega me acompanhou, claramente perdido no caminho.
    - Cidade muito bonita - comentei. - vem muito aqui?
    - Pelo menos três vezes por ano. Já vi de tudo, mas confesso que ainda não decorei o caminho.
    - Você anda muito acelerado - comentei - Eu, quando estou em um lugar novo, gosto de apreciar tudo com calma.
    Aproveitei o comentário e lhe dei uma boa avaliação de cima a baixo. Notando seu porte atlético realçado pelo terno. Dei uma olhada em seus lábios carnudos, no cavanhaque bem aparado.
    - Desculpe, não sei seu nome - lembrei-me.
    - Ah... Samuel - respondeu, despertando após ficar estático com minha olhada.
    - Prazer. Fábio. Já chegamos - anunciei.
    Samuel não escondeu o assombro de descobrir o quão fácil era chegar ali. Apesar do sol forte, o clima do mar deixava tudo bem fresco e nem suamos com o leve exercício.
    Entramos e fomos ao elevador.
    - Acredito que tenha muito trabalho ainda - deduzi - Não teria tempo para uma folga.
    Ele gaguejou, mas então negou.
    - Na verdade, minha reunião só irá ocorrer as 18h. Estava apenas deixando tudo preparado.
    - Acho que já está mais que preparado. - avaliei - de véspera, só conseguirá ficar mais nervoso
    Ao comentar, lembrei-me de meu discurso guardado em minha mala. Dúzias de papéis em que eu tentei sintetizar o que poderia ser uma teoria de vendas. Aquilo, que me tomou tanto o pensamento nos dias que antecederam a viagem e agora foi completamente apagado de minha lista de preocupações.
    - Talvez, tenha razão - assumiu por fim.
    - Que bom - entramos no elevador e eu apertei o meu andar. - te convido para conhecer meu quarto então.
    Samuel não respondeu nada, ficando quieto toda a subida.
    Saímos do elevador e adentramos meus aposentos  A mala ainda estava em cima da cama e eu a tirei. Então, me voltei para meu companheiro e peguei sua maleta e deixei de lado.
    Alisei seu rosto, vendo seus olhos negros escanearem meu corpo. Respiração profunda, como quem tenta captar meus feromônios.
    Segurei seu rosto e o beijei com calma. Ao simples tocar em meus lábios, ele se afobou, me agarrando e engolindo.
    - Calma. Calma - pedi, sorrindo - quando provo uma iguaria, gosto de saborear. Você não?
    Ele riu sem jeito.
    - E você é uma iguaria que gostaria de experimentar com calma - confessei, desabotoando sua camisa - Posso?
    - Claro - suspirou, soltando-me e se colocando a disposição .
    Abri botão por botão, como quem descasca um alimento. Lembro de uma das grandes frases de sabedoria que meu pai um dia disse, inspirado pela cerveja.
    - Sexo é igual comida. Todos gostam, mas poucos sabem apreciar. Qualquer um sabe fazer algo para matar a fome em horas de necessidade. Mas nem todos fazem gostoso - e completou o comentário com um sonoro tapa nas ancas de minha mãe. Que ruborizou imediatamente e o repreendeu, por fazer tal comentário na frente dos filhos.
    Minha mãe, sempre avessa a demonstrações de afeto em publico, mesmo diante da família, ficou logo nervosa. Mas meu pai, que sempre se continha em respeito, não conseguia mais reprimir seus instintos de garanhão e suas necessidades fisiológicas em algumas datas. Eu e minha irmã, crianças ainda, riamos a plenos pulmões do jogo de gato e rato que se fazia em nossa casa. Quando mais velho, comecei a perceber que esses episódios eram sempre seguidos da manhã seguinte com minha mãe cantarolando músicas que eu desconhecia completamente enquanto recheava a mesa com um café da manhã mais caprichado.
    Só com a maturidade para perceber a relação de causa e efeito e constatei que, apesar das roupagens e costumes de mulher carola do interior, minha mãe ainda era uma fêmea de sangue quente, que se beneficiava dos ímpetos etílicos de meu pai, mesmo o repreendendo diante da família.
    Anedotas a parte, o fato era que, o hábito de comer e o de fazer amor tinham muitas semelhanças. E mesmo que uma refeição rápida tenha muitos benefícios, nada como provar com calma um prato que merecesse maiores atenções e que talvez você não experimentasse novamente tão cedo. Como animal em migração, tinha de aproveitar minha estadia.
    Abri sua camisa e a deixei como estava, apoiada em seus ombros. Beijei o peito, lambendo suavemente o mamilo. Fiz movimentos repetitivos, de cima a baixo, provando seu pescoço e descendo até a barriga, garantindo que cada centímetro de sua pele morena e lisa fosse devidamente degustado.
    Samuel, obediente, nada fez, apenas se deixou devorar, gemendo ocasionalmente e fechando os olhos para que os demais sentidos aflorassem.
    Ajoelhei diante daquela refeição e desafivelei o cinto, desci a calça até o meio da coxa. O conduzi até a cama, onde Samuel se colocou sentado. Retirei seus sapatos, mas deixei as meias. Terminei de retirar a calça. Como algumas iguarias, aquela devia ser experimentada em etapas, para um melhor proveito.
    Quando lambi seu joelho, Samuel tremeu e riu.
    - Sente cócegas? - sorri com malicia.
    Ele não precisou admitir. Pois eu mesmo alisei meus dentes na região, o que o fez sofrer um espasmo tão violento que quase me atinge.
    - Não. Por favor - implorou, enquanto segurava o riso.
    Ergui e me deitei por cima dele, beijando-o com intensidade. Tomei de sua saliva por completo, segurando suas mãos e entrelaçando os dedos. As ergui, de forma a que ficasse ainda mais disponível pra mim. Lambi seus braços e axilas
    - Fica assim - e deixei suas mãos erguidas e voltei a descer, beijando cada centímetro de pele que encontrava pelo caminho. Alisando a lateral de seu corpo com minhas mãos livres.
    Lambi seu umbigo, circulando com a língua a concavidade.
    Segurei sua cueca e desci um pouco apenas a parte de trás. Uni suas pernas e o fiz ficar em posição fetal, de lado, bunda exposta. Constatei que sua pele era toda lisa. Como Dom Pedro, ele devia ser daqueles que arrancam até o último fio com cera.
    Abri suas nádegas e toquei de leve com a língua. Outro espasmo, outro gemido. Beijei o buraquinho e quando enfiei a língua, ele gritou.
    Continuei provando com delicadeza, deixando Samuel conter as ondas de prazer.
    - Fode - pediu.
    - Calma, garoto. Ainda não acabei de me deliciar - neguei.
    O fiz deitar novamente de barriga pra cima e terminei de tirar a cueca, então, passei para os pés, retirando uma meia de cada vez, dedicando-me a cada pé, cada dedo, após despidos.
    - De bruços - mandei e ele aceitou sem resistência.
    Peguei seu paletó e tirei, agora sim, nu em pelo.
    Fui tirando minhas roupas até também estar como vim ao mundo. Deitei por cima dele, encostando meu pau naquela bela bunda, sem penetrar ainda, apenas deixando a pele em contato com a pele. Beijei seu pescoço, suas costas, tirando risadas e gemidos. Enquanto o distraía, encaixei o órgão e fui penetrando. Quando percebeu o que acontecia, abriu a boca e o ar ficou preso. Meu pau deslizou pra dentro devagar, sendo muito bem recebido. Samuel arrepiou da cabeça aos pés e, quando cheguei ao fim, empinou a bunda em boas vindas.
    Com calma, ginguei. Encravando fundo enquanto Samuel, apoiado nos cotovelos, gemia, erguendo a cabeça para o céu como em súplica, rosto contorcido em prazer.
    - Estou adorando as delícias do Rio Grande do Norte - cochichei ao pé do ouvido.
    - Que bom. Vai ver que somos muito hospitaleiros - brincou, sorrindo em êxtase.
    - Vou admitir. Estou me segurando pra não te foder com força - avisei. Agora que já a tinha me banqueteado, queria devorar como a fome que de fato sentia.
    - Está esperando o que? - atiçou e eu fui me posicionando.
    Alinhei meu corpo, apoiei as mãos no colchão e, como um chicote, ginguei e golpeia suas nádegas com meu corpo, penetrando tudo.
    Samuel abriu as pernas e agarrou os lençóis, rosto apoiado, soltando um gemido choroso.
    ***
    A noite, estava eu diante daquela plateia. Imaginei aquele momento de muitas maneiras, ensaiei inúmeras estratégias, previ infinitas complicações.
    Mas agora ali, diante deles, não pude notar qualquer tipo de ameaça, nada que justificasse tanto nervosismo prematuro.
    Em minha mão, tinha vários papéis com meu discurso ensaiado, com palavras, algumas escolhidas por Dom Pedro e que eu nem sabia se entendia de fato seus reais significados.
    Então, vendo que aquilo que estava escrito não era eu, o deixei de lado e comecei a falar o que me vinha a cabeça.
    Comecei com a primeira vez em que fui caçar com meu pai, as primeiras lições que tive, os desafios. Todo o aprendizado que aqueles momentos me trouxeram foram traduzidos e o paralelo com as vendas surgiram de forma natural. Como na selva, a vida em sociedade era uma luta pela sobrevivência. Como nas vendas, você precisava detectar sua presa para garantir seu sustento. Identificar suas idiossincrasias e usar a seu favor. E assim, a lei da evolução foi apresentada em seu caráter mais verdadeiro e singelo naquela uma hora de palestra.
    Ao fim, encerrando sem me dar verdadeiramente conta que tinha acabado, fui aplaudido e fiquei muito grato. Eliandro veio até mim e agradeceu. Convidando-me para o coquetel no salão do hotel, onde queria me apresentar a alguns amigos.
    E foi lá que, conversando com todos os envolvidos, conheci Veneza, empresária no ramo hoteleiro que ao descobrir que estava me formando em arquitetura, ofereceu-me uma vaga no ramo paisagístico. Que era de fato minha especialização e tema de meu TCC.
    - O único porém é que minha rede atende doze estados do Brasil, além de postos na Argentina, Chile e estamos tentando o mercado norte americano. Então, a vaga teria de ser para alguém disposto a viajar bastante. - explicou.
    Se ela disse isso de propósito, ou se apenas foi capaz de perceber o brilho em meus olhos ao ouvir essa condição, eu não sabia. Mas o fato é que Veneza sabia ter tocado em um ponto vital.
    - Augusto vai ficar uma arara quando souber que deixei você assediar o melhor vendedor dele - Eliandro previu.
    - São apenas negócios, meu bem. Como o próprio Fábio nos deixou claro, assim como na selva, os mais adaptados vencem.
    Sorri para ela, concordando.
    Prometi pensar, mas acredito que tanto eu quanto ela já sabíamos que aquela proposta havia me tocado o coração. 
     
     

     

  • Diários de caça - Capítulo 17 – Menino lobo

    Dom Pedro estava obviamente mais animado que eu. Se por simples desejo de vingança, ou se por conta de seu espírito filantrópico de querer elevar as pessoas, não sabia.
    Mas, como sempre fui um homem que cumpria minhas promessas, lá estávamos nós, de frente para a clínica de depilação.
    - E lá vamos nós - Dom Pedro entrou na frente, saltitando como uma gazela dando seus primeiros passos.
    Sem escolhas, suspirei em desalento e o acompanhei. Popular por todos os cantos por onde andava, meu carrasco foi cumprimentando a todos, desde funcionários até alguns clientes. Chegou a recepção e anunciou.
    - Gabriela, queria, tenho uma hora marcada com Patrick.
    - Mas já? - surpreendeu-se - pensei que ainda haveria tempo até precisar de um retoque.
    - Não, não, não querida. Hoje estou aqui como fada madrinha apenas, transformando aquele gato borralheiro ali em um príncipe. Embora esteja mais para menino lobo, conhecendo os prazeres da civilização.
    Acenei sem jeito para a menina, que me olhou com aprovação e uma certa dose de pena.
    Não demoramos muito e logo uma figura tão esvoaçante quanto Pedro, mas muito mais tatuada, apareceu. Se cumprimentaram como dois colegiais e logo o tal Patrick veio até mim e avaliou de cima a baixo.
    - Pedro, Pedro. Você tinha me falado que trazia um garanhão, mas não imaginei que estivesse falando sério. Você que normalmente só vê o tamanho da salsicha sem se importar com o restante da embalagem, dessa vez escolheu bem.
    - Querido, o rótulo é o menos importante. Prefiro quando têm os instrumentos certos e sabem usar.
    Fiquei quieto vendo eles se referirem a mim como um artigo em promoção e olhei para a recepcionista com ar de socorro. Ela ria no balcão, mas veio em meu auxílio.
    - Patrick, lembrando que hoje você tem marcada a senhora Carmem, depois desse cliente
    - Ih, é mesmo. Vamos começar então - Patrick saltou e nos conduziu a sala. Antes de entrar, vi meu amigo cochichar algo com a recepcionista.
    - O que os dois estavam cochichando? - interroguei assim que chegou depois de mim.
    - Nada, Leão. Ela apenas disse que estava triste, pois te achou um gato, mas como estava comigo, achou não ter chance. Eu disse para ela ter esperança, pois você não é do tipo que nega carne de qualquer tipo
    E piscou, me deixando ainda mais sem graça.
    - Então, senhores - Patrick colocava as luvas. - será virilha cavada, não é mesmo?
    Eu apenas dei de ombros, pois não sabia nada daquelas nomenclaturas, mas Pedro acenou entusiasmado.
    - Ele precisa ficar aqui? - questionei, já incomodado com a alegria dele. Pelo visto, aquela aposta do aniversário de Valquíria estava mais cara que eu imaginava.
    - Normalmente não permito, mas Pedro é meu melhor cliente. Então como dizer não, não é mesmo?
    - Claro que vou estar aqui, Fábio. Quem mais para filmar?
    - Você não vai filmar - avisei.
    - Vou sim. Diego e David pediram. Eles querem saber se você vai chorar de dor ou vai aguentar. Não se preocupe, não vou por no Xvideos, não. Embora já tivesse até uma legenda. "Macho roludo faz sua primeira depilação"
    Difícil discutir com Dom Pedro quando ele estava tão animado. Sua voz estava tão fina que os cães no raio de 1 km deveriam estar sofrendo uma síncope.
    - Vamos, garotão. - Patrick cortou - Tira a roupa.
    Tirei a calça e deitei na maca.
    Os dois riram
    - Como você quer depilar o pau se está de cuecas, Fábio? - Pedro lacrimejava de tanto rir.
    - Pensei que fosse começar nas laterais - respondi com um muxoxo, sentindo o rosto queimar.
    - Não precisa tirar a blusa, mas eu até recomendo, pois você pode suar bastante no processo. - Patrick foi explicando enquanto aquecia a cera - Há menos que tenha vergonha de ficar nu na frente dos outros.
    Pedro gargalhou em deboche.
    - Esse aí? Ele não tem vergonha de nada.
    "Feitos um para o outro" pensei enquanto os via tão entrosados.
    Tirei a roupa e deitei. Nunca vi meu pau tão pequeno na vida. Só então entendi o quanto estava me cagando de medo daquele procedimento. Essa sensação era algo completamente novo. Não era de sentir medo, ainda mais de algo tão bobo. Sempre fui resistente a dor, então pra que tanto alarde?
    Patrick, profissional, pegou o talco e passou em toda a região.
    - Testa a temperatura da cera - e passou um pouco - tá quente demais?
    Neguei, sem vontade de falar nada
    Enquanto isso, Dom Pedro ligou a câmera do celular e filmou toda a sala como quem narra um grande jogo.
    - Queridos amigos do Onlyfans, estamos aqui hoje para registrar esse momento histórico onde nosso querido amigo, Fábio Mendes, o leão, para os íntimos, vai perder a virgindade com a cera quente. Dá um oizinho, Fábio.
    E apontou a câmera pra mim. Eu apenas rosnei.
    - Nosso leão está meio de mal humor. Mas também, quem manda apostar sem entender as consequências, não é mesmo? Mas voltando ao local. Aqui comigo está o magnífico, o melhor de todos, o rei da estética, Patrick. Que vai ter a honra de devastar essa mata imaculada.
    Eu, vendo que não tinha jeito, apenas aceitei o destino e rezei para acabar logo. Patrick estava certo e eu já estava suando.
    - Relaxa, Fábio - Patrick me acalmou enquanto passava uma quantidade generosa de cera - Seus pelos são bem finos, não vai doer tanto.
    Ele foi cutucando a ponta da cera para descolar uma parte boa o bastante para se agarrar. Apenas aquelas cutucadas foram bem doloridas ao meu ver, mas eu tentei não demonstrar.
    - E aí vamos nós - anunciou.
    E num segundo, era como se meus olhos tivessem submergido em um aquário límpido. A dor foi de zero a mil em um instante e depois caiu rapidamente. Deixando para trás apenas a lembrança e a queimação.
    Segurei o ar e não me atrevi a fechar os olhos, pois se o fizesse, as lágrimas escorreriam.
    - E então? - os dois entoaram em uníssono.
    - Está tudo bem - simulei a voz mais grossa que consegui
    - Esse é meu leão - Pedro enfocou bem meu rosto e eu tive vontade de arremessar aquele celular longe - Cai, mas cai com dignidade.
    - Vamos continuar - anunciou meu carrasco e então a sessão de tortura deu início.
    Cada puxão, sentia minha pele sendo arrancada. Meu corpo reagia com uma contorção e o impulso de esmurrar a cara de Patrick.
    - Pronto. A pior parte já foi. Agora vamos pro saco
    - Você está de sacanagem! - rebati - O saco vai, com certeza, ser pior.
    - Por incrível que pareça, não é verdade - corrigiu. - Você vai ver. Confia em mim.
    Eu não confiava de forma alguma, mas não tinha escolha. Mas o fato é que o medo era realmente prematuro. Lembro de ter me enrijecido todo esperando o pior, mas o puxão, comparado a região da púbis, não foi nada.
    - Viu só? - inquiriu - o resto agora vai ser tranquilo. O ânus então, você nem vai sentir.
    - Que papo é esse de ânus? - rosnei.
    - Ora - estranhou - virilha cavada inclui ânus também.
    Olhei para Dom Pedro que filmava tudo parecendo que se segurava para não urinar nas calças de tanto rir.
    - Não vejo necessidade. Ninguém vai visitar aí pra precisar de faxina.
    - Nossa, como você é antiquado - rebateu Patrick como quem ralha com uma criança birrenta - isso é higiene, meu amor. Não tem nada haver com decorar uma casa. Sua bunda nem é isso tudo, afinal
    Aquilo me atingiu como um soco na boca do estômago do meu ego
    - Hey. Não é assim também não. Ela pode não estar pra negócio, mas é bonita sim. - defendi a honra de minha bunda.
    Patrick, ao fim, deu de ombros e terminou toda a região da virilha e do saco
    - Pronto - anunciou, satisfeito - o que acha?
    Olhei e o vi todo vermelho e com algumas pontinhas de gota de sangue, onde o pelo virgem saiu com maior dificuldade.
    - Parece um frango depenado - dei meu veredicto
    - Palhaço. - sentenciou, Patrick. Virou para pegar mais cera - Você ainda vai amar. Fábio., querido, depilação é igual qualquer vício. Uma vez que experimenta os benefícios e aguenta o processo, não quer outra vida. E ainda... Nossa! - exclamou em surpresa quando voltou.
    O fato é que nem eu havia percebido, mas possivelmente o relaxar oriundo do fim da tensão e da dor fizeram meu pau, até então resignado, enfim aflorar em toda sua glória. Estava ereto como um mastro.
    - Lindo, não é? - comentou Dom Pedro, todo orgulhoso.
    Patrick o segurou como se estivesse querendo conferir se era real
    - Meu santo KY, como você aguenta? - então, parecendo despertar de um transe, Patrick balançou a cabeça para afastar os pensamentos impuros e golpeou a própria mão com um tapa - Profissionalismo, bicha. Profissionalismo.
    Não vou negar que fiquei satisfeito. Mesmo sem o menor clima para uma sacanagem, sempre gostei de ver meu amiguinho ali admirado pelo seu esplendor.
    - Agora vamos, vira de lado, perna de cima dobrada em posição fetal. E segura a nádega pra abrir bem a região, por favor
    - Puta que pariu - desabei - tem isso ainda.
    Disposto a acabar logo com aquilo, obedeci, tento meu rego totalmente desonrado. Apesar a sensação de violação, o fato é que não senti dor alguma. Após passarem aqueles minutos intermináveis, ele depilou as nádegas  e me deu um tapinha na bunda como um selo de qualidade.
    - Voilà - anunciou - olha só. Esse é ativo mesmo. Foi só mexer lá atrás e o pau logo murchou.
    Ele e Pedro riram , como duas almas gêmeas.
    Levantei e me vesti.
    - Pronto, Dom Pedro. Dívida paga.
    Sentindo como se tivessem lixado minha pele, paguei a consulta e saímos
    - Fábio. Por que não aproveitamos e cortamos o cabelo. - sugeriu - Eu to precisando.
    Depois de tudo o que passei, passar no cabeleireiro não seria nenhum sacrifício. Chegando lá, fui convencido a abandonar minhas longas madeixas para mudar o visual. Liderado pela tirania de Dom Pedro, o barbeiro ainda alinhou minha barba.
    - Ah Fábio, vamos aproveitar e comprar umas roupas - Sugeriu meu amigo, que já estava com aquela voz fina de excitação - Estou me sentindo Stanley Tucci em O Diabo Veste Prada.
    Não entendi uma única palavra do que ele disse, mas aceitei. Eu nunca fui de gastar dinheiro com aquelas coisas, mas a empolgação de Pedro estava me contagiando. Eu estava ganhando bem e minha poupança estava recheada de dinheiro, o qual eu não tinha nenhuma necessidade ou desejo a suprir. Então não haveria mal em fazer uma pequena extravagancia
    Fomos de loja em loja onde meu recém contratado e imposto Personal Style me orientou sobre combinações, estilo e outras coisas que sempre considerei insignificantes.
    Eu tinha a real impressão que Dom Pedro conhecia todos naquele shopping, da clientela ao pessoal das lojas e da manutenção.
    A vendedora, muito íntima de meu amigo, me guiou, fazendo aqueles elogios certeiros que induzem um bobo como eu a compras volumosas inflamadas pelo ego.
    Ao final, estava eu andando com muitas sacolas e vestindo uma das roupas que havia acabado de comprar, quando passei pelo espelho do shopping e levei um susto com o estranho que vi refletivo ali.
    Acabei imóvel, perplexo, tentado identificar onde eu estava naquela imagem refletida.
    - Devo dizer. Adoro seu jeito rústico. Mas não tem como negar que sou um gênio - Pedro falou atrás de mim, ajeitando a gola de minha camisa social.
    - Acho que fez um bom trabalho, sim - admiti, ainda sem jeito.
    Então, meu amigo soltou um suspiro e, de repente, assumiu um ar nostálgico..
    - Fico feliz em saber que vou deixar minha marca em você, de um jeito ou de outro.
    - Por acaso estamos nos despedindo? - me virei para ele e percebi que tinha os olhos vermelhos.
    - Ora. Para de ser bobo. Não agora, mas é óbvio que em breve. Você defende seu TCC mês que vem e pega o diploma. E já tem essa proposta de emprego maravilhosa te aguardando.
    - Mas eu não me decidi ainda - tentei contornar e ele me olhou como se eu fosse algum idiota. Pedro me conhecia melhor que ninguém naquela cidade e já tinha se dado conta, antes mesmo de mim, de pra onde meu coração queria me levar. Mas não falou nada.
    Apenas me olhou de novo, admirando a transformação completa, e suspirou.
    Eu então não resisti ao impulso de o abraçar. Ambos nos surpreendemos com aquele gesto e ficamos ali, imóveis um tempo até ele me empurrar e secar os olhos
    - Vamos embora, pois eu juro por Deus que se você me fizer chorar em público eu vou te odiar até você ficar velho e seu pau cair
    E saiu quase correndo do shopping. Eu sorri cansado e caminhei atrás dele .
    Meu novo visual foi recebido com espanto em todos os lugares e por todas as pessoas com quem cruzei. Meu vizinho Ivan, inclusive, perdeu um pouco da linha e ficou me encarando no elevador, esquecendo que o marido estava do lado. Mas mesmo o outro não percebeu, pois parecia igualmente surpreso.
    Ao chegar no trabalho, segui direto para falar com Augusto. E ao passar por Vera, esta levantou da cadeira para me olhar direito.
    - E aí, o que acha? - perguntei, dando uma voltinha pra ela.
    - Você está... - procurou as palavras, ainda pasma - Deslumbrante.
    Agradeci e quando me virei, encontrei Augusto na porta da sala dele que comentou:
    - Quem é o playboy? E o que ele fez com meu garoto de vendas?
    - Garanto que a qualidade continua a mesma, sr. Augusto. Só a roupagem que mudou
    Ele riu e me chamou para entrar
    Lá dentro, contei enfim para ele da proposta que recebi, onde meu patrão ouviu com calma, sem expressar reações.
    - Eu ainda não me decidi - completei, percebendo como estava cada dia mais difícil me convencer daquilo.
    - Claro que se decidiu, garoto. Não vou negar que a notícia não me agrada. Mas sei também que é um aventureiro e essa oportunidade é difícil de eu cobrir - avaliou, sorrindo cansado - você seria um idiota se não aceitasse e se tem uma coisa que eu odeio no mundo são os idiotas - suspirou - Eh. Conhecendo você, vai se dar muito bem onde quer que esteja. Mas, na remota possibilidade de  você não se encaixar, ou caso perceba que sua vocação real está no ramo automobilístico, saiba que sempre terá um lugar para onde voltar.
    Eu apenas afirmei com a cabeça, sem coragem de dizer nada.
    Augusto levantou, deu a volta na mesa e me mandou levantar. Então, me deu um abraço de quebrar as costelas.
    - Boa sorte, garoto
    Eu retribui, ainda em silêncio.
    Dois meses depois, eu tinha pego meu diploma de arquitetura e estava assinando meus papéis de demissão. Eu e Augusto, como dois homens machistas, não nos atrevemos a chorar. Por sorte, tínhamos Vera que, muito melhor resolvida, chorou pelos três. Como presente de despedida e recompensa por meu desempenho, onde atingi o primeiro lugar do ano, ganhei as chaves de meu primeiro carro, o qual guardo até hoje.
  • Diários de caça - Capítulo 18 – Pescaria

    Os meses que se seguiram em meus primeiros trabalhos como arquiteto foram intensos. Veneza não tinha falado em vão quando avisou que eu não pararia quieto. Eu basicamente não tinha residência fixa. Éramos eu e minha mala contra o mundo. Além de viajar para conhecer a rede de hotéis, ainda haviam uma série de cursos de especialização que ela queria que eu fizesse antes de assumir um verdadeiro projeto. Até então, eu servia de suporte onde precisasse.
    - Minha ideia em médio prazo é revolucionar toda a ambientação dos meus hotéis - ela dizia - e pra isso estou criando um grupo do zero, recém formados como você, com sangue nos olhos, que possam nos dar algo nunca antes visto. Em breve conhecerá o restante da equipe, que está toda sendo montada. Até lá, aprenda o máximo que conseguir. Foco em design de interiores. A prova de fogo está chegando.
    E finalizou essa expiação com um brinde, que demos no avião que nos levava para onde eu nem sabia mais.
    Como acontecia sempre que estava em um lugar novo, eu ficava logo excitado. Queria conhecer tudo. Os lugares, as pessoas.
    Mas como minha agenda era sempre apertada, eu tinha duas escolhas: ou me frustrar e sair do lugar sem ver nada, ou retirar algumas horas de sono e aproveitar ao máximo. A segunda era sempre a única opção aceitável
    O fato é que, nesse contexto, transar se tornava algo muito difícil. Pelo menos na maneira em que eu convencionalmente gostava. A caça estratégia, estudar, cercar e abater a presa se tornavam estágios impossíveis de se seguir com meus prazos curtos. Quando eu pensava em preparar uma boa refeição, o tempo me chamava e eu saía de estômago vazio.
    Foi então que eu fiquei sabendo de uma prática muito comum nos centros urbanos, que talvez atendesse minha atual necessidade: o cruising. Nada mais era do que um sexo rápido e ocasional que ocorria em praticamente qualquer lugar públicos, longe das vistas. Confesso que a ideia do perigo envolvendo tal prática, a medida que poderia ser pego no flagra por alguma autoridade, encheu-me de tesão e eu quis testar. Fora que isso era o que talvez mais se pudesse aproximar de uma real caça naqueles lugares. Escolher a dedo e investir. Mas a coisa não era bem assim.
    Digo isso pois em minha primeira experiência, quando fiquei hospedado em São Paulo, foi em um parque público. Pelo que eu tinha lido em relatos na internet, a partir das 22h o lugar ficava quase deserto e dentre as matas a coisa fervia. Só de pensar em fuder um cuzinho dentro da mata, tal como fazia com os garotos de minha cidade, me acendeu o fogo e bastou dar a hora para que eu saísse para um passeio noturno, rumo ao desconhecido.
    Cheguei lá e saí da trilha de terra por onde as pessoas de manhã faziam caminhada e adentrei a parte da vegetação .
    Apesar de nunca ter estado lá, meu senso de direção me garantiriam achar o caminho de volta e meu faro natural aguçado pela falta de sexo me guiariam para onde eu queria ir. Afinal, um caçador sabe onde a presa se esconde. E não foi difícil eu deduzir aonde os garotos atrás de uma transa casual escolheriam.
    Eureca, eu havia ouvido os primeiro gemidos.
    Andei um pouco e vi a cena inicial. Um garoto novo, bonito, estava apoiado com as mãos em uma árvore, calça arriada até os pés e blusa levantada e presa atrás do pescoço. Empinava a bunda pra trás e se servia para os homens em sua volta.
    Atrás dele, fodendo com vontade, estava um senhor que tinha idade para ser seu avô, completamente vestido com um terno, tendo apenas posto o pau pra fora para executar o serviço.
    Como era novo ali, resolvi apenas observar de começo, e entender como funcionavam os hábitos dos nativos. E fiquei de fora com outros caras que só observavam. Alguns se masturbavam.
    Vi quando o velho terminou e foi um outro cara, mais novo e forte, vestia o uniforme da companhia de lixo local. Este não se acanhou e abriu logo o macacão e o deixou cair pelo corpo, preso apenas pelas pernas, mostrando-se nu e nos oferecendo uma visão bem interessante de seus músculos e suas tatuagens. A luz era pouca, mas o lugar era uma clareira que recebia estrategicamente a luminosidade de um poste. Na verdade, esse foi o princípio que utilizei para deduzir qual seria o local de reunião para aquele tipo de prática.
    Ainda me senti descolado naquele ambiente, mas tentei mimetizar a ele. Então, pus meu órgão pra fora, que ainda estava levemente enrijecido, e me juntei a alguns que se masturbavam olhando a cena
    Meu pau, como de costume, chamou algumas atenções. Mesmo não estando em sua melhor forma.
    - Vai lá - um sujeito vestido com roupas de academia me indicou o garoto que era servido no banquete. - come ele.
    Achei aquele pedido esquisito. O gari urrou, demonstrando a toda a plateia que tinha leitado o garoto. Parecia ser alguém acostumado a entreter o público. Deixou o lugar vago, mas eu hesitei. Meu colega do lado insistindo.
    - Vai. Fode aquele rabo.
    Minha hesitação me fez perder a vaga e outro homem assumiu a foda. Algo que não posso dizer que lamentei.
    Foi então que chegou outro garoto. Vestia calças jeans, camisa branca e usava uma mochila. Parecia ter acabado de sair da faculdade, talvez até tenha matado aula para estar ali.
    Ele deixou a mochila de lato e tirou a blusa, olhou para as pessoas e escolheu a mim, vindo parar na minha frente e, ajoelhando, tomou meu pau de minha mão e começou a chupar. Não fiz resistência, porém ainda não estava animado. O homem ao meu lado olhou satisfeito. Realmente estava muito interessado em me ver participar do show.
    Olhava em volta e agora as atenções estavam divididas entre mim e o show inicial. O garoto da árvore parecia estar recebendo seu quarto cara desde a hora que cheguei ali.
    - Come o cu dele - o cara ao meu lado sussurrou.
    Mas eu não estava ainda conectado. Não sabia o que era. Nunca fui puritano e medo de local público nunca foi um problema. Tenho Breno que não me deixa mentir. Mas ali a coisa não estava funcionando.
    O jovem que me chupava escutou e levantou. Arriou a calça e já foi virando a bunda. Sem esperar qualquer reação minha, meteu a mão para pegar meu órgão e o introduzir.
    - Não, deixa - o interrompi antes de terminar e fui o colocando novamente dentro das calças. Apesar de decepcionados, não insistiram. A oferta ali era grande demais para perderem tempo insistindo em um pau.
    Ele logo foi em outro que o comeu de bom grado.
    Foi então que eu percebi o problema ali: era fácil demais. Não havia desafio, não havia caça.
    Tal epifania me remeteu a tempos passados. Lembro que quando pescava com meu pai e ele me explicava porque detestava usar rede para pegar peixe.
    - Poderíamos sim, colocar uma rede aqui e esperar. Em minutos, levados pela correnteza, pegaríamos vários. Mas qual seria a graça? Qualquer idiota consegue, o animal nem teria como fugir. Seria algo para covardes e para molengas. Daqueles que querem tudo de mão beijada.
    Meu pai preferia a boa e velha vara de pescar. Isso porque, segundo ele, exigia uma série de qualidades e transformavam o peixe em uma real recompensa,. Fruto de trabalho.
    - Pescar exige paciência e estratégia. A maioria acha que é só puxar. Não, você tem que trabalhar sua força com a força do peixe. Se não puxar, ele acha um jeito de soltar a boca, se puxar demais o fio arrebenta. O que travamos aqui é um duelo e isso sim faz a carne ser mais saborosa. Porque foi conquistada
    Aquele lugar era como uma grande rede. Bastava eu por o pau pra fora que conseguiria uma boca e um cu sem esforços. Os peixes praticamente saltavam pra dentro e eu não precisaria fazer nada. E isso não tinha graça.
    Quando criança, eu me perguntava porque as pessoas diziam que se fingir de morto ajudava a escapar de alguns predadores. Se a intenção deles era comer, melhor se a carne não corresse para fugir. Era o que pensava.
    Mas hoje eu sei que a caça, mais do que um meio para se alimentar, é um estilo de vida. Algo que não é só um meio, mas um fim em si. Que tem seu próprio prazer intrínseco. Tirar a caça do predador é o mesmo que lhe tirar o sabor da comida. A coisa perde o sentido.
    Voltei para meu hotel naquela noite feliz de ter ficado no zero a zero. Odiaria transar e me arrepender depois. Preferia mil vezes me aliviar sozinho à participar.
    O evento do parque me desanimou a tentar de novo. Enfoquei em meu trabalho que me dava muito mais prazer. A energia extra que eu tinha acumulada devido a falta de sexo me fez me destacar aos olhos de Veneza.
    - Você tem sangue nos olhos - ela um dia comentou, parabenizando meu progresso - qual seu segredo?
    - Estou com muita energia acumulada - informei.
    - Acho ótimo. Mas tente relaxar também. Ainda temos tempo até iniciarmos o projeto real e ainda temos outros membros para deixar em sintonia.
    Falar era fácil, mas só tinha uma coisa que poderia me relaxar naquele momento e as oportunidades não surgiam. Isso, até aquela noite, dois dias antes de eu sair da cidade rumo a outra filial do hotel.
    Eu tinha saído especialmente tarde naquele dia. Peguei o metrô para meu hotel e tive o privilégio de ter um vagão só para mim. Isso até entrar um rapaz que me chamou atenção. Era mais baixo que eu, tronco forte, envelopado em uma camisa preta simples. Seus braços musculosos despontavam e suas pernas estavam bem desenhadas dentro do jeans apertado. Tinha traços orientais, cabelos muito lisos, rosto arredondado e olhos estreitos.
    Acredito que a falta de sexo tenha me deixado imprudente, mas assim que ele entrou no vagão eu fixei o olhar nele e não consegui tirar, seguindo-o até ele se sentar na minha frente.
    Tinha de admitir que o garoto era muito atraente e o ar exótico o favorecia. Nunca tinha experimentado alguém assim e o apetite logo aflorou.
    Rapidamente ele percebeu que estava sendo observado e eu não fiz nada para esconder. Desviou rapidamente o olhar, mexendo no celular, para logo então tirar a atenção do aparelho vez ou outra e conferir se eu ainda o observava.
    Normalmente gosto de uma tática mais sutil, mas a atual conjuntura me fizera passar de um caçador astuto para um animal feroz, daquele que intimida a presa. Eu era como uma raposa faminta, encurralando e salivando diante do coelho.
    Ele me olhou novamente, sem saber como reagir ao assédio. Peguei em meu volume, ajeitando-o. Percebi quando desceu o olhar um instante, até tentar se recompor e voltar ao telefone. Sorri. Ele havia mordido a isca. Só não tinha coragem para assumir.
    Brinquei com ele durante o trajeto. Encarando-o sem pudores, sorrindo presunçoso e o deixando constrangido. Meu oriental não conseguia mais enfocar a atenção no celular. Toda hora olhando para o cara do outro lado do corredor que o encarava como se fosse um pedaço de carne.
    Resolvi então "pescar". Abrindo meu zíper, pus a vara para fora e balancei, sacudindo a isca. Ele se alarmou, olhando para os lados, nervoso. Mas só tínhamos nos dois. Fitou novamente meu pau ereto e desta vez não conseguiu desviar tão facilmente, hipnotizado.
    Respirou fundo e então me olhou assustado quando percebeu que o metrô estava parando na próxima estação. Continuei como estava, órgão a mostra. Coração acelerado pela adrenalina. Alguém poderia entrar e me ver assim, mas eu queria arriscar. Segurei minha posição até o limite, vendo o garoto lutar para não sair correndo, mas preso pelo desejo irresistível que minha isca causava. O metrô parou e ninguém entrou. Somente um casal dois vagões a frente, que pela distância não notaram o que acontecia e sentaram em um banco de costas para nós
    A adrenalina da aventura acelerou meus batimentos. Balancei mais uma vez meu órgão, como quem manuseia a vara de pescar, para atrair meu peixe.
    O garoto não era mais capaz de desviar a atenção. Coçava a nuca, avaliando os riscos e recompensas. Até não ser mais capaz de se conter.
    Num salto, pôs-se de pé, venceu com dois passos a distância que nos separava e caiu de joelhos diante de mim, abocanhando o anzol com voracidade.
    Instantaneamente experimentei os prazeres daquele singelo toque de seus lábios. Infinitamente maior que o que me foi proporcionado no parque. E sabia que tal diferença não se devia ao sujeito ou sua técnica, já que ambos eram igualmente belos e bons no sexo oral. Mas o que potencializava o prazer era poder experimentar o fruto de uma conquista. A recompensa de um trabalho bem realizado.
    Passei a mão em sua testa, para tirar os cabelos e ver seu rosto enquanto me chupava. Em um momento, ele parou para respirar e olhar para os lados, e acabou ganhando suas porradas com meu pau duro em seu rosto.
    - Continua. Deixa que eu cuido do restante.
    O garoto apenas sorriu e voltou a chupar com vontade, olhando para meu rosto como quem quer sinais de um trabalho bem feito.
    Chegando a terceira estação após o início, vejo  uma mulher próxima de nosso vagão ao lado de fora. Cutuco seu ombro e ele entendeu de cara, se levantando e sentando ao meu lado.
    Na impossibilidade de colocar dentro da calça, eu apenas joguei a blusa por cima e posicionei os braços em cruz, de forma a ocultar o volume.
    A mulher veio em nossa direção e o rapaz ao meu lado enrijeceu.
    - Boa noite - veio, educada - sabe se é essa linha que eu pego pra chegar a estação "Saúde"?
    Eu me adiantei e respondi:
    - Desculpe. Somos turistas. Talvez o casal ali saiba.
    Ela agradeceu e foi ao vagão da frente perguntar. Estávamos sós novamente. Esperei a mulher tirar a informação e se sentar no banco atrás do casal, ficando também de costas para nós.
    - Tira a calça, anda. - mandei
    - Mas...
    - Agora.
    Ele abriu a calça e arriou, eu o fiz sentar em meu colo, penetrando de uma vez. Ele soltou um silvo, mas logo relaxou, rebolando a bunda.
    - Vai, quica - ordenei, segurando sua bunda - Rápido.
    Ele obedeceu, subindo e descendo veloz, enquanto se masturbava, olhando a toda hora pra frente e verificando se o os demais passageiros ainda se encontravam alheios a tudo.
    - Isso. Assim. Vai. Vou gozar.
    Senti o espasmo chegar e segurei bem a sua cintura, ejaculando em seu interior.
    Ele ia sair, quando o segurei.
    - Continua - mandei
    - Mas eu vou gozar assim - protestou.
    - Ótimo - e agarrei sua mão que segurava o pau e o ajudei na tarefa.
    Não demorou e logo ouvi seu gemido contido e nossas mãos estavam todas babadas com o sêmen.
    - E agora - mostrou a mão suja enquanto levantava e tentava por as calças com a limpa.
    Peguei sua mão e, olhando pra ele, comecei a lamber. Como um gato dando banho em outro.
    De inicio, senti que havia repulsa em seu olhar, mas logo a cena começou a lhe parecer estranhamente atraente e fez o mesmo com a minha mão.
    - Pronto. Resolvido - finalizei e ele riu - a propósito. Prazer, Fábio.
    O garoto riu e apertou a minha mão recém limpa com a dele.
    - Jacob. Você é da onde?
    - Sinceramente. Nem sei mais. Tenho viajado tanto. Estou hospedado no Real. A duas estações.
    - E fica por aqui mais quanto tempo?
    - Infelizmente, só até segunda. Se tivéssemos mais tempo, poderíamos aproveitar.
    - Bem, eu to com tempo agora - ofereceu e eu sorri para ele
    Descemos e eu o levei até meu hotel, onde entramos direto, ele se fazendo passar por hóspede.
    Chegamos lá e eu me entreguei ao meu ritual favorito. Retirar com calma cada peça de roupa de minha presa. Como o ato de cozinhar exige retirar antes toda as penas, pelos escamas, o sexo também. E eu me dedicava de corpo e alma a tarefa
    Só quando o tive completamente nu e deitado em minha cama, que me permiti admirar àquela obra de arte, degustando a sensação de poder, de ter a caça exposta, vulnerável, olhando-me enquanto esperava o bote, sabendo que não havia outro destino a sua frente que não fosse o iminente abate.


    Essas e outras história disponíveis na Amazon. Fábio Mendes

     

  • Diários de caça - Capítulo 2 - Curral

    Quando alguns predadores sentem o gosto de uma nova iguaria pela primeira vez, correm o risco de ficarem viciados nela e passam a caçar aqueles que normalmente não faziam parte de sua cadeia alimentar.
    De certa forma isso aconteceu comigo. Pois depois de comer Gustavo tantas vezes naquele verão, tive certa dificuldade em me acostumar as minhas transas habituais. Nunca tive problemas em arrumar parceiras. E tive uma dieta sexual bem satisfatória depois de Gustavo. Mas algo faltava.
    Me masturbei muitas vezes lembrando daquela bunda carnuda, de nossos jogos de força e do prazer que sentia cada vez que me empunha sobre meu amigo. No começo, cheguei a acreditar que tivesse me apaixonado por Gustavo, mas logo caí na real e entendi que o que me dava saudades era o desafio da caça.
    Pois por mais conservadora que fosse aquela sociedade, não era difícil descolar uma companhia, mesmo que na surdina. Mas agora, caçar um homem para transar. Aquilo sim era arriscado, difícil, pois como falei anteriormente, minha cidade natal não via com bons olhos tipos como eu.
    Com o passar do tempo, a abstinência foi me consumindo. Eu precisava descolar um rabo para fuder, de qualquer jeito.
    Na história da evolução do homem, houve um momento em que ele foi retirado de sua vida nômade e inserido em uma vida em comunidade, criando assim seus primeiros vínculos com um lugar e o permitiu estabelecer raízes. Umas das coisas que o permitiu tal façanha foi a prática da pecuária, que lhe proporcionou o fim da necessidade de ter de correr o mundo atrás de alimento. Tratando de sua presa  em sua própria residência, superou assim a necessidade da caça. No meu caso,  eu não queria abandonar o prazer da caça, mas tinha de admitir que seria bom ter uma opção para os dias em que haveria escassez de alimento.
    Um amigo com benefícios, cu fixo, uma marmita pronta, um curral. Não interessa o nome, era disso que eu precisava. Gustavo me foi esse amigo durante todo nosso verão, mas infelizmente ele partiu e eu teria de conseguir outro.
    Foi nesse instante que voltei minha atenção pela primeira vez para Breno, irmão caçula de um de meus amigos mais íntimos.
    Na época, Breno era dois anos mais novo. A situação de Breno era delicada, no que diz respeito a sua sexualidade. Todos ali sabiam que havia algo de diferente nele. Que ele, inevitavelmente, viria a gostar de homens, se já não gostasse. Tal fato, entre sua família, era considerado um tabu e ela procurava na igreja uma forma de evitar o inevitável. Talvez,  embutindo em sua cabeça a ameaça do fogo infernal seria uma forma de conter seus impulsos
    Com Carlos, meu amigo e irmão mais velho de Breno, não tocávamos no assunto. A verdade é que ele tinha vergonha do irmão e evitava a todo o custo qualquer menção a sua sexualidade.
    Lembro que Breno idolatrava o irmão e tentava imitar, sem sucesso, seus jeitos. Insistentemente, ele tentava andar conosco, os caras mais velhos, e Carlos procurava de mil formas dissuadi-lo e expulsá-lo. Porém, bastava sua mãe entrar na discussão e ele era obrigado a aceitar sua companhia. A mãe de Breno acreditava que Carlos pudesse ensinar algo do universo masculino para o irmão e tal fardo incomodava meu amigo. Assim, Breno estava sempre junto da gente, mas nunca aceito no bando.
    Naquele contexto, Breno era como um filhote de gazela largado na savana, e eu o guepardo faminto. Tinha que admitir que o garoto tinha se tornado bem bonito nesses tempos de adolescência. Cabelos lisos e bem penteados. Pele branca e olhos cor de mel. Um corpo magro e uma bundinha bem saliente davam o toque juvenil maroto que me fez sentir verdadeiro desejo.
    Acho que a única coisa que me impediu de investir nele de cara foi o fato de Breno ser um garoto muito chato. Era mimado, manhoso e bastava a brincadeira engrossar que ele chorava. Eu definitivamente não tinha aptidão para ser babá.
    Lembro de uma tarde em que os garotos foram um pouco cruéis com Breno. Estávamos na época de bolinhas de gude na cidade. Todos estávamos brincando de búrica, na praça, quando Breno chegou. Ele vinha com uma lata cheia de bolinhas novas, algumas bem caras, e queria brincar
    Os garotos não o queriam ali, mas em solidariedade a Carlos, que não poderia estar ali sem o irmão, aceitaram. Então, resolveram brincar valendo. Todas as rodadas valiam bolinhas e, como Breno jogava mal, foi perdendo até seu potinho esvaziar quase que por completo.
    Observar ele ali me atingiu de uma forma maior do que eu pude supor. Pois pela primeira vez, entendi como ele devia estar se sentindo. Era claro que ele era gay. Os garotos podiam não notar, mas eu via como ele reparava nos corpos dos garotos mais velhos. O peguei me olhando quando tirei a camisa por causa do calor. Ele, assim como eu, sabia como aquele lugar podia ser cruel e tentava se enturmar.
    Aguentava as zoações, da melhor forma que conseguia, mas era óbvio que se sentia sozinho. O via perder bolinha atrás de bolinha, segurando o choro pois sabia que, se começasse a chorar, o jogo terminaria e ele e o irmão teriam de ir pra casa.
    Nesse momento, respirei fundo e resolvi tomar uma atitude. Peguei todas as bolas que tomei de Breno e devolvi ao seu pote.
    - Que isso, Fábio? - Marcelo, um dos garotos, questionou.
    - Ora, não estávamos brincando? Vocês vão mesmo tomar as bolas de um moleque? - fiz pouco caso.
    Carlos aceitou a deixa e também devolveu as suas, mas Estevam, resolveu fazer uma piada e ia aprender que não se deve cutucar um leão com vara curta
    - Acho que o Fábio gamou no teu irmão, Carlos. Ta comendo ele, Fábio?
    Carlos na hora se ergueu para tirar satisfação, como sempre fazia quando o assunto da sexualidade do irmão vinha a tona. Mas eu fui mais rápido. Caminhei até Estevam, bem sério e falei, voz calma e ameaçadora, como um rosnado.
    - Ta me chamando de viado? - sibilei e já foi o bastante para o sentir encolher. Nunca fui de brigar, mas meus amigos sabiam que quando eu começava, não parava até um deles sair chorando - Quer que eu arregace esse teu cu aqui e agora pra tu ver quem é viado?
    Estevam tentou rir.
    - Relaxa, leão. Tô brincando.
    Leão era meu apelido no bairro. Além de ser do signo de leão, tinha meus cabelos encaracolados e bem volumosos. Uma vez, quando tive especial preguiça de cortá-los, nasceu esse apelido e eu nunca mais me livrei dele.
    Mas a verdade era que eu gostava do apelido, ainda mais quando dito com tanto medo e respeito, como Estevam fazia naquele momento. Era bom eles saberem que eu era o superpredador, o rei, dali.
    Ao final, todos devolveram as bolinhas. Carlos me agradeceu, sem palavras, e Breno enxugava os olhos.
    - Tenho que ir almoçar - Estevam anunciou e foi seguido por Marcelo.
    Carlos também se despediu e deixou o irmão pra trás, que terminava de catar as bolinhas espalhadas.
    Eu então me acheguei para Breno e falei:
    - Olha, se tu vai querer andar com os mais velhos, precisa aprender a se defender. Virar homem. Nós podemos ser muito mais cruéis que isso.
    Ele não respondeu, com vergonha de me encarar.
    - E não seria ruim você aprender a jogar direito essa merda antes de querer apostar - e respirei fundo, avaliando a situação - Vou te ensinar a jogar.
    Breno parecia não ter entendido bem e me olhou interrogativo.
    - Mas não agora - completei. - To com fome e vou pra casa. E prometi ajudar meu pai com o carro agora de tarde. De noite eu passo na tua casa e viemos pra cá. Teu irmão vai sair com a Viviane, né? Eu vou estar de bobeira.
    - Sim, mas não sei se minha mãe vai deixar eu sair tarde.
    - Passo lá umas nove horas. Não vai ser tão tarde. E amanhã estamos em casa, ponto facultativo na escola - lembrei - Ela vai deixar. Deixa comigo - garanti e saí.
    Trabalhar no carro de meu pai era o segundo maior prazer que tínhamos na companhia um do outro. Meu quarto possuía uma estante com vários exemplares de revistas sobre veículos. Estes talvez fossem os únicos atrativos que as grandes cidades me ofereciam. Isso, claro, e a chance de fugir de toda a cultura atrasada de minha cidade.
    De noite, conforme combinado, passei na sua casa. Mônica, mãe de Breno e Carlos, me recebeu com o sorriso costumeiro. Por alguma razão as mães de lá gostavam de mim. Ficou em dúvida sobre liberar Breno, mas eu a convenci.
    - Vamos ficar na praça apenas. Estava pensando em ensinar algumas coisas pra ele. Quem sabe levar ele pra caçar comigo e com meu pai um dia.
    A última promessa a havia animado. A esperança de que o filho aprendesse ao menos alguma coisa do universo masculino lhe foi todo o incentivo que precisou.
    Levei Breno à praça, que começava a dar adeus a seus últimos frequentadores. Sendo dia útil, era comum a população de lá dormir cedo. Vantagens de cidade pequena. Em breve, aquele lugar estaria deserto.
    As búricas foram cavadas numa parte reservada, de pouco trânsito. Ficavam atrás do Coreto central e dispunham de uma pequena vegetação em torno, que ofuscava a visão sem tomar completamente a vista. Era melhor que a vegetação não cobrisse tudo mesmo, pois chamaria a atenção para o lugar por poder ser considerado um local suspeito.
    Eu comecei a iniciar Breno nos fundamentos do jogo de bolinha de gude. Corrigi sua forma de segurar a bola, ensinei as regras básicas e parti dali.
    O problema é que Breno era um péssimo aluno. Não conseguia se concentrar, queria completar minhas frases antes de mim, como se quisesse mostrar que sabia de tudo. Se estava tentando me impressionar, estava tomando o caminho errado.
    E pra piorar, o jeito manhoso dele me irritava. Logo me arrependi de ter me posto para ensinar algo àquele garoto. E num dado momento, ele me desacatou
    - Para de ser chato - reclamou - eu sei disso
    - Se sabe, por que então está fazendo a merda toda de novo? - perdi a paciência - Ou você acha que chorando vai conseguir tudo? Tem funcionado até agora, né?
    Ele ficou vermelho.
    - Não é verdade. - fez birra.
    - Beleza então, quer jogar valendo? - desafiei, achando que isso o faria recuar, mas o pirralho ainda era abusado. Aceitou.
    - Então tá - completei - e peguei minhas melhores bolas - aposto estas contra as duas que você ganhou de sua tia, da viagem a Espanha.
    Dessa vez ele titubeou.
    - Mas foram presentes.
    - Por que está preocupado? Se você sabe que vai ganhar, não deveria.
    O garoto era tão petulante que ainda seguiu em frente. Eu ganhei com brecha e peguei as bolas e guardei. O bolso
    - Pronto agora pra aprender? Vai deixar eu falar?
    Ele ficou parado, me olhando. Eu sabia que ele contava que eu fosse devolver as bolinhas ganhas, tal como fiz mais cedo, mas eu estava disposto a dar um susto nele. Pelo menos, assim consegui sua atenção. Mas com o passar do tempo, Breno foi ficando apreensivo e teve um momento em que não resistiu e teve de perguntar:
    - Fábio. Você vai me devolver elas, não é?
    Olhei bem sério, como se ele estivesse dizendo algum absurdo.
    - Claro que não. Bolinhas maneiras dessas? Vou guardar.
    - Mas foi minha tinha quem me deu - sua voz tremeu - meu pai vai me matar se descobrir.
    Conhecendo o pai deles, acreditei. O senhor Gouveia não era de medir a cinta quando os filhos faziam burrada.
    - Problema teu. Não apostasse.
    E continuei como se nada tivesse acontecido. E então o ouço fungar.
    - Vai chorar agora? - questionei, já me levantando - tudo agora é assim? Não sabe ganhar de outra forma. Sou teu irmão, não moleque. Tua mãe e teu pai não podem me obrigar a nada. Vai ter de fazer melhor que isso.
    Ele segurou o choro e foi então que eu tive uma ideia bem ardilosa. Olhei em volta para conferir que estávamos sozinhos e peguei as bolinhas.
    - Você quer? - e mostrei pra ele.
    Breno enxugou o rosto e fez que sim.
    - Pede desculpas - mandei
    - Desculpa - respondeu sem pestanejar.
    Então, peguei as bolinhas e puxei minha bermuda, jogando-as dentro da cueca
    - Pega.
    - Hã?
    - Não vou te dar de mão beijada. Se quiser, pega.
    E cruzei os braços, esperando. Devo admitir que me diverti. Dava pra ouvir as engrenagens em seu cérebro trabalhando a todo vapor. Ele olhava para minha bermuda e sua mão ia e voltava no ar, lutando pra saber como proceder. Se por um lado ele queria meter a mão ali e pegar, estava com medo de como eu reagiria. Resolvi então dar um empurrãozinho na direção certa.
    - Relaxa. Não vou te zoar nem contar pro teu irmão. Só quero te ensinar uma lição.
    Ah, o sigilo. O estímulo fundamental de qualquer boa sacanagem.
    Ele engoliu seco e veio. Puxou minha bermuda e meteu a mão dentro, pegando meu saco
    - Bolas erradas, colega - brinquei - E que não gelada é essa, caramba.
    Ele então tirou e eu senti seu lábio tremer, segurando a risada com meu gracejo. Então meteu de novo e achou as bolas. Não demorou muito, mas com certeza demorou mais do que precisaria. Afinal, não tinha muito lugar ali onde procurar e tenho certeza que ele não tinha como confundir meu pau com uma bolinha de gude pra ter apertado duas vezes.
    Satisfeito, me voltei para catar as bolinhas do último jogo, fingindo não ter percebido que ele, ao me virar, levou a mão ao rosto e cheirou.
    Naquela altura, eu já estava excitado. E nada escondi. Deixando o volume numa posição bem saliente.
    - Vamos continuar - e voltei a ensinar, vendo ele brigar para não olhar para meu volume.
    - Seu problema é falta de concentração - informei em um dado momento - fica nessa agitação, atropelando minhas explicações e no jogo é a mesma coisa. Tenta mirar essa merda, e não jogar a esmo.
    Ele abaixou e eu o acompanhei, ficando ao seu lado. Ele mirando na minha bola, mas com o olho toda hora escorregando para minha bermuda.
    - Quero que você se concentre. Não importa o que aconteça, tenta manter o foco.
    Ele estava abaixado de cócoras, a bundinha toda aberta e vulnerável. Esperei ele estar bem concentrado e, com um movimento rápido e preciso, passei a mão. Meu dedo foi certeiramente entre suas nádegas e acariciou de leve o buraquinho.
    O garoto deu um pulo que parecia ter tocado ferro em brasa. Eu não resisti e cai na gargalhada, tendo até mesmo dificuldade em respirar.
    - Parecia uma lagartixa - eu lacrimejei e tudo, minha barriga doía do esforço.
    Aos poucos fui me recompondo e pude prestar melhor atenção nele. Não estava com raiva de eu rir dele, pois a surpresa ainda o deixou perplexo
    Olhei seu short e gostei da reação que um simples toque havia causado. Então bati no chão, chamando-o.
    - Vem. Foi brincadeira. Pode tentar de novo.
    O observei enquanto discutia consigo mesmo a situação. Obviamente ele queria voltar, mas julgava se seria a melhor atitude a tomar. Tinha medo de que eu o estivesse colocando em uma armadilha.
    - Vem logo - insisti, com um sorriso - to só zoando você. Coisa nossa, de homem. Fica entre nós.
    Mais uma vez me aproveitei dessa palavra mágica, que abre qualquer homem para o mundo de aventuras e possibilidades. A promessa do sigilo é o equivalente ao aroma exalado pela planta carnívora, que atrai o pobre inseto que é consumido sem ser dar conta, inebriado pelo odor.
    Breno veio e se abaixou. Da mesma forma que antes. Ele não era nada bom em disfarçar. Qualquer um tentaria pelo menos sentar de forma a bunda não ficar tão vulnerável, iria sentar no chão ou em cima dos calcanhares. E não agaiar de cócoras como ele de novo fez, deixando o caminho livre para aquele pequeno e virgem orifício.
    - Vai, joga - falei, deixando-o na tensão se eu ia ou não mexer com ele novamente.
    Não fiz nada e ele jogou. Errando feio
    - Ainda está ruim - avaliei, compreensivo. - deixa eu testar aquilo de novo, sim? Com todo o respeito.
    E pus novamente a mão da sua bunda, alisando e escorregando até o orifício. Breno ficou imóvel, segurando a respiração. Quando meu dedo tocou novamente a entrada, o ar escapou de uma vez, mas ele não se mexeu.
    - Calma. Isso. Assim - sibilei, olhei em voltar e ninguém a vista. Forcei um pouco mais o dedo, por cima do short mesmo, fazendo ele gemer baixinho.
    - Tenta ignorar tudo e só se concentra. Finge que não tem ninguém aqui, exceto você. Vai. Pensa, mira e joga.
    Breno obedeceu, se concentrando o máximo que podia na bolinha em sua mão, tentando ignorar a massagem que eu fazia em seu ânus. Quando disparou, por incrível que pareça, acertou em cheio o alvo
    - Quem diria - admiti surpreso - estamos progredindo.
    Tirei a mão, deixando-o aceso. Então, propus um amistoso onde jogamos umas 4 partidas. Breno, muito mais dócil e atento a mim, começou a aprender a passos largos, conseguindo inclusive me vencer na última. Tudo bem que eu facilitei, mas isso não tirava o mérito de sua evolução, que ainda assim era notável.
    Ao fim, nos escoramos no coreto e eu olhei o relógio.
    - 22h, melhor já irmos nos adiantando. Ou sua mãe vai brigar comigo - e ri.
    - Ah sim - deu pra sentir a decepção em sua voz. Então, pegou um pacote de biscoito que levava na pochete e me ofereceu um - Antes de ir, quer comer comigo? Estou com fome.
    Eu aceitei, pois também tinha apetite. Comemos juntos e em silêncio. Breno me olhada pelo canto do olho toda a hora, em especial para minha cintura, onde o volume ainda estava lá. Me diverti um pouco com o silêncio, antes de o quebrar.
    - Sabe, Breno. Acho legal sua determinação. Você quer fazer parte do grupo e faz o possível, não importa o seu irmão tentando jogar contra.
    Ele sorriu, engolindo o biscoito.
    - Você é um cara que sabe o que quer e corre atrás, só precisa saber também como conseguir. Não vai conseguir tudo no choro. As vezes, é preciso de impor com força. Entende?
    Ele fez que sim com a cabeça, bebendo de minhas palavras.
    - Legal. Vamos ver como vai agir na próxima vez que estivermos todos juntos. Mas agora eu te pergunto uma coisa: tem mais alguma coisa que você queria muito?
    Ele engoliu e olhou na hora para meu pau, mas nada falou, desviando em seguida o olhar
    Eu ri. Então, botei meu órgão pra fota, duro e ereto.
    - Bonito, né? - incentivei, puxando a pele. - Gosta? - e balancei um pouco.
    Ele tentava olhar para a frente, como quem me ignora solenemente, mas seu olhar o traia várias vezes, correndo para meu pau.
    Eu me masturbava devagar, puxando e contraindo a pele, revelando e escondendo a cabeça.
    Em um momento, ele parou de se segurar e olhou firme, babando.
    - Quer pegar? - ofereci.
    Sua mão, trêmula, foi se dirigindo. Tocou rapidamente, como se fosse ferro em brasa. Alisou, depois voltou, respirou fundo e tentou de novo, conseguindo segurar. O moleque lutava para respirar, o volume em seu short querendo rasgar o tecido.
    Aos poucos, ele ia criando coragem a medida que via eu lhe dando total liberdade. Ele então acariciou, apertou, puxou a pele, brincou com o saco.
    - Vem cá. Ajoelha aqui na minha frente - pedi, mordendo um biscoito, e ele logo obedeceu.
    Comecei passando a cabeça da glande em seus lábios, nariz e rosto. Breno fechava os olhos, em êxtase.
    - Abre a boca - pedi e enfiei a cabecinha, deixando ele provar - só cuidado com os dentes - alertei
    Ele chupou com doçura, massageando a área esponjosa com a língua. Olhos fechados, perdidos em prazer.
    Mais uma vez, olhei em volta e pedi que ele abrisse mais
    - Me avisa se engasgar - pedi - vou com calma
    Fui enfiando pela garganta dele até onde consegui. Ele crispava os olhos e ia aguentando, até sofrer espasmos e engasgar, batendo de leve em minha coxa avisando
    Eu tirei e ele tossiu
    - Caramba, engoliu quase tudo - o parabenizei. - acha que consegue ir além?
    Breno estava animado, Talvez por achar algo que gostasse e em que fosse bom. Ele logo abriu a boca e eu enfiei devagar. Dessa vez, entrou todo. Eu segurei o gemido, sentindo minha cabeça ser introduzida no espaço apertado de sua traqueia.
    Enfiei uma duas vezes e tirei. Uma linha grossa de saliva acompanhou meu pau e Breno respirou fundo, cansado, mas muito satisfeito. Seu sorriso safado estava me deixando louco. Então, eu levantei o pau e falei:
    - Tenta as bolas agora. Quero ver..., Ah caralho - quase perdi o controle quando, sem avisar, ele avançou sobre meu saco como um filhote de bezerro.
    Breno o abocanhou de uma vez, pegando as duas bolas e puxando a pele com certa ansiedade. Por um segundo, achei que ele fosse me machucar e me arrepiei todo, mas não sei como ele soube puxar meu órgão até o limite exato, me arrepiando dos pés a cabeça sem causar dor
    - Puta que pariu - soltei baixinho, me agarrando ao coreto e perdendo o ar
    Minha perda de controle foi o incentivo que faltava. Ele então não precisou mais de minhas orientações, começou a experimentar a bel prazer.
    Lambeu, cheirou, chupou. Pegava meu pau e esfregava em todo seu rosto, perdido entre gostos e aromas.
    Não acreditava que Breno já tinha feito aquilo antes, atribuindo assim seu talento a um dom natural. Mas como o moleque chupava bem. Com vontade. Posso dizer, sem medo de estar exagerando, que nesses meus anos naquela cidade, jamais achei alguém, homem ou mulher, que chupasse tão bem quanto ele.
    - Você é um gênio - me peguei dizendo a mim mesmo, e rindo depois em perceber como eu estava vulnerável. - merda, vou gozar
    Nesse instante ele parou de chupar para ver. Quando meu gozo saiu e os jatos longos cortaram o ar, ele admirou o fenômeno como um raro espetáculo.
    Tentei me recompor, ainda olhando em volta. O medo começando a aparecer, agora que o tesão foi aliviado pelo gozo. Estávamos abusando estando ali tanto tempo, mas ao mesmo tempo, eu não podia deixar a coisa acabar ali. Ele tinha feito um excelente trabalho e eu me sentia na divida com ele
    Mandei ele levantar e arriei seu short. O peguei com as duas mãos. Uma agarrei seu pau e masturbei. A outra, brinquei com seu orifício de forma a ele ter de se agarrar em mim para não desabar no chão.
    Breno mordeu o lábio para não fazer barulho. Seu gemido, de forma chorosa, era música aos meus ouvidos. Ele tremia todo e eu me senti satisfeito e um pouco vingado, pois agora era ele quem estava em minhas mãos .
    O cuzinho de Breno piscava e eu só estava brincando na portinha. Não bastou muito e ele gozou, fechando os olhos e sofrendo espasmos violentos. As gotas grossas caíram na terra e ele foi desabando. Eu o segurei até ele descer com cuidado ao solo
    - Delicia, garoto. Mas agora se recompõe e vamos. Infelizmente não podemos arriscar mais aqui.
    Ele obedeceu e nos vestimos. Catamos as bolinhas e saímos. Olhei novamente em volta, coração a mil. Saí aliviado a não notar ninguém.
    Esperamos Breno perder a euforia para o devolver a mãe. Que, apesar de preocupada com a hora, bastou palavras tranquilizadoras minhas para acalmar o semblante.
    - Mas se divertiu, filho?
    - Muito - acho que ela nunca testemunhou uma resposta tão sincera do garoto
    - Obrigado, Fábio - falou, e eu senti verdade em sua voz. E então percebi que o garoto realmente precisava de um amigo. Embora eu não seja bem o que ela quisesse pro filho dela.
    *
    Eu não só tinha conseguido o meu desejado curral, como a amizade com Breno foi uma das mais sinceras que tive em minha vida. Partilhávamos aquele segredo e éramos cúmplices um do outro. Eu logo o ensinei as manhãs do mundo, o convenci a mudar um pouco. Assumir uma postura para se proteger da ignorância daquela cidade. 
    Os pais de Breno adoraram a mudança e a atribuíram aos passeios de caça comigo a masculinização do filho.
    - Infelizmente, somos dependentes de nossos país. Então não podemos nos abrir totalmente sem o risco de transformar nossas vidas num inferno - falei com ele um dia
    - Acho que meus pais me bateriam se eu falasse - Breno admitiu e eu me solidarizei, pois sabia que a situação dele era ainda pior que a minha - e você?
    - Sinceramente, minha mãe surtaria, mas no fim acho que levaria de boa. Meu pai... Acho sinceramente que já sabe, mas não falamos a respeito. Ruim mesmo seria encarar essa gente daqui. Doido pra ficar independente e meter o pé daqui.
    - Eu também - confidenciou
    E esse foi nosso pacto. E deu muito certo. Nossa relação era como uma protocooperação. Ajudávamos um ao outro em questões distintas, mas unidas em um cerne central. Breno passou a ser meu protegido, e, além de o ensinar a se portar, o ajudei a se inserir no grupo, tornando a vida dele muito mais fácil e ajudando em sua transição até a idade adulta, onde enfim pode sair daquela cidade e ser ele mesmo. Lembro de o ver anos depois nas redes sociais, estava casado com um médico, trabalhava com design de interiores, e tinha engordado uns quilinhos. E nunca o vi tão feliz. Mesmo numa foto ridícula que ele tirara com seus três pugs, todos vestindo as mesmas estampas de  roupas, inclusive Breno.
    E a Breno eu devia também uma passagem muito mais tranquila em minha adolescência. Além de ser alguém com quem podia ser totalmente sincero, devia atribuir meu sucesso na cama a ele. Eu não seria o fodedor que sou hoje se não fossem os anos de prática com ele. Para Breno não tinha tempo ruim. O tesão batia e ele logo arriava a cueca e me oferecia aquela linda bunda.
    Diferente de Gustavo, Breno não tinha pudores em mostrar o quanto gostava de me sentir dentro dele. E se eu tinha um cu sempre que precisava, ele também sempre podia contar com uma pica amiga quando quisesse.
    Lembro de uma vez, em que estava na casa dele, esperando Carlos terminar de tomar banho, já que íamos juntos a uma festa. Breno, que eu nem sabia estar em casa naquele dia, surgiu, me olhando do portal do quarto de Carlos. Não havia mais ninguém em casa, além dos três, e na hora sorrimos um para o outro e eu o chamei. Sem delongas, ele se apoiou na cômoda e  arriou o short. E eu meti com vontade, segurando os gemidos para que Carlos, tomando banho no cômodo ao lado, não nos ouvisse
    - Deixar o pau limpinho, pois hoje eu pego a Camila de jeito - o ouvi comemorar, animado em sair com a nova namorada.
    - Faz bem. - respondi, enquanto metia em Breno. - Também não estou afim de ficar no zero a zero hoje não. Mas queria mesmo era comer um cu - admiti e Breno teve de segurar a risada
    - Acho que você tá pedindo demais, amigo - me zoou do banheiro.
    - Só para fracos que nem você - e segurei o urro, pois tinha acabado de gozar dentro do irmão dele.

     

  • Diários de caça - Capítulo 21 – Presa natural

    Tudo começou com algo banal: uma fila de mercado. A moça em minha frente estava um tanto ansiosa, olhando em torno. Ela era a próxima do caixa, com carrinho cheio, e eu estava logo atrás dela levando apenas pão e algumas bobeiras.  Foi quando chegou sua vez e ela me falou.
    - Pode ir na frente. Meu marido está demorando nos frios
    Percebi, em uma analise rápida, um pequeno volume na barriga que devia indicar gravidez em estágios iniciais.
    - Não tem problema. Pode ir se adiantando, afinal ele já deve chegar
    Ela sorriu, mas indicou alguns itens que pereciam pesados. Como mamãe Mendes havia criado um bom cavalheiro do interior, não esperei ela me pedir ajuda para pegar os itens mais pesados e alimentar a esteira do caixa.
    - Obrigado - sorriu encabulada e foi passando os itens. Dentre eles, dois galões enormes de cerveja alemã. - meu marido gosta de uma cervejinha - defendeu-se, mesmo que eu sequer tivesse aberto a boca.
    - Quem não gosta, não é mesmo? - sorri, galante.
    A moça do caixa, uma senhorinha já, ficou me olhando com carinho, provavelmente me imaginando como o genro que toda a mãe pediu a Deus. A humanidade as vezes era muito inocente.
    Foi então que ouvi uma voz que me despertou a memória para tentos distantes no passado.
    - Desculpa, amor. A fila estava infernal. Você não levantou isso sozinha, não é?
    - Não. O rapaz me ajudou.
    Quando o homem se virou para mim e eu o encarei, nossos queixos caíram em sincronia.
    - Fábio? - ele perguntou.
    - Gustavo?
    Então sorrimos e nos abraçamos
    - Quanto tempo, seu bicho do mato. Então finalmente saiu daquela cidade?
    Eu ia responder, mas indiquei a fila e as pessoas atrás que olhavam com maus olhos aquele momento de encontro no meio de algo que elas queriam que andasse o mais rápido possível.
    Apressamos em passar as compras. As minhas, como eram poucas, foram mais rápidas ainda. Saímos e só do lado de fora que a mulher, que carregava apenas um pacote de papel higiênico, perguntou:
    - Então você é o Fábio? Nossa. Mas meu marido fala muito de você.
    Gustavo, que alimentava a mala do carro com as compras pesadas que eu e ele trouxemos, pareceu aguçar o sentido levemente, percebendo que o assunto poderia chegar a um lugar delicado.
    - Imagino que sim. Embora duvido que tenha contado tudo - brinquei, sabendo que ele me ouvia e ficava tenso
    - Imagino - ela riu - Gustavo, com certeza, tem podres da adolescência que não conta.
    - Existem histórias que não são para a mãe de nossos filhos, não é mesmo? – ele sorriu amarelo.
    Rimos.
    Então Gustavo terminou, já visivelmente tenso, apesar do ar casual que se forçava a exibir, e fechou a mala.
    - Bem. Então, vamos, amor? Fábio, foi um prazer. - era claro que a emoção do reencontro foi logo eclipsada pela possível revelação de seu passado
    - Como assim, Gustavo? Você vê seu amigo de anos e já o está enxotando.
    - Ele é assim mesmo, desde sempre - fiz-me de doido, adorando a saia justa em que eu o colocava .
    - Não é isso, amor, tô com medo do sorvete derreter na mala.
    - Sei - demonstrou todo seu ceticismo - tem certeza que não é a cerveja que te preocupa?
    Ele deu mais um de seus sorrisos amarelos. Eu, particularmente, estava adorando ver ele tão temeroso assim de repente.
    - Não vou mais incomodar vocês - anunciei - Depois podemos marcar para eu entreter você com todas as histórias escabrosas e constrangedoras de seu maridão nos tempos de colegial. Marquemos algo, estou pela cidade pelos próximos meses.
    Gustavo já demonstrava profundos sinais de alívio quando sua esposa o atrapalhou:
    - Bem, se estiver livre agora, hoje seria um ótimo dia, não é amor?
    - Ah... Hoje? Não sei.
    - Estou com a agenda livre hoje, sim. - informei, cortando-o
    - Que bom - comemorou e assim a reviravolta da vida me colocou no banco de trás do carro de Gustavo, conversando com sua senhora como se fossemos dois antigos amigos do colégio.
    - Não acredito. Gustavo, você não me disse que era gordinho - Suélen, cujo nome agora eu sabia, se espantou
    - Mas era. Quando criança Gustavo aí era uma bolinha de carne moída. O apelido dele era almôndega. Aí, aproveitou o estirão da adolescência e começou a malhar igual um doido, virando essa máquina de músculos que você conhece hoje. Embora - completei ao notar uma saliente barriguinha quando sentou. - vejo que ainda existem resquícios do almôndega aí, hein? Quem dos dois carrega o bebê?
    Achei que Suélen ia urinar de tanto rir.
    Gustavo tentava achar graça, mas não estava a vontade. Eu sabia bem que não eram as piadas, que ele sempre levou de boa. Era claro que o medo dele era que eu tocasse em algum ponto delicado de nosso passado. Medo esse que eu estava tentado a alimentar.
    - Ai, depois dessa transformação, ele virou o perigo da mulherada. Modéstia a parte, eu e ele competíamos para saber quem pegava mais. Espero que não se ofenda - completei, tocando no ombro de Suélen.
    - Problema nenhum. Sei como vocês homens são. Aprontam de todas - e lançou um olhar divertido de censura ao marido.
    - E como aprontamos, não é Gustavo? Alguns pais vieram reclamar de nós na direção. Por conta de suas filhas, sabe.
    - Todos temos um passado e as vezes é melhor eles ficarem lá - Gustavo soltou essa indireta que eu fingi não entender.
    - Mas não era só sacanagem também, né? - continuei - sabe, o que eu sinto saudade mesmo era da mata. Em especial as cachoeiras. Lembra, Gustavo?
    O fiz ficar tenso e tive de segurar a vontade de rir.
    - Ah, ele me falou que tomava banho de cachoeira quando criança. - Suélen comentou , alheia a tensão que se formava - como eu amo cachoeiras. Elas são energizantes
    - É muito bom mesmo. Ainda mais nadando peladão.
    Gustavo meteu o pé no freio a tempo de evitar colidir com o carro da frente .
    - Amor, cuidado - Suélen ralhou com o marido.
    - Desculpe - pediu.
    - Mas continua. Vocês nadavam pelados mesmo? - me olhou pelo retrovisor.
    - Claro. Seu marido aqui, apesar de parecer um homem da cidade, já foi uma criança do mato como eu. Lá as crianças todas nadavam peladas. Na adolescência, tínhamos uma outra cachoeira mais isolada, que quase ninguém conhecia. E lá a gente nadava nu de vez em quando também.
    Suélen chorava de tanto rir.
    - Chegamos - anunciou Gustavo, feliz em cortar o assunto.
    Subimos com as compras e sentamos no sofá, Suélen, que nos deixou na sala, trouxe duas cervejas. Então, ela olhou o celular e levou a mão a testa.
    - Meu Deus. Esqueci da Clara.
    - Clara? - perguntei.
    - Minha manicure. Eu estou com horário marcado e já estou atrasada.
    Rapidamente, ela pegou a bolsa e foi saindo
    - Desculpa sair assim, Fábio. Foi um prazer. Mas fique, por favor, eu não vou demorar. Mas também não posso desmarcar, pois já foi difícil conseguir um horário com ela.
    - Sem problemas. Vou ficar aqui com seu marido, relembrando os velhos tempos - insinuei.
    Gustavo ia protestar, mas foi ignorado e logo estávamos sós no apartamento. Ficamos em silêncio em que eu o estava fitando e ele, constrangido, evitava meu olhar.
    Deixei ele assim por um tempo, me deliciando da cerveja enquanto o torturava.
    - Quer que eu vá embora? - ofereci, o que o deixou sem graça.
    - Não. Não... Só... Não esperava isso.
    - Relaxa, amigão. Eu tenho bom senso. Jamais ia contar a ela o que rolava. - e bebi um gole. - Não contava nem na época, por que vou explanar agora?
    Ele sorriu encabulado, mas também agradecido.
    - Aproveitando, queria saber - comecei - depois da gente... Você chegou a fazer de novo?
    - Eu? - e riu de escarnio - não.
    Transpareceu convicção, embora ainda estivesse desconfortável.
    - Hum - me limitei a comentar, enquanto bebia de mais um gole.
    - E você? - perguntou enfim, curiosidade que eu sabia estar corroendo dentro dele.
    - Um monte - falei com toda a fraqueza - Em meu trabalho, eu viajo muito. Podemos dizer que do Oiapoque ao Chuí, experimentei várias bundas - e pisquei pra ele - Mas a primeira a gente nunca esquece, não é mesmo?
    Ele riu.
    - Você é um filho da puta.
    - Nossa, que nostalgia. Saudades de você ofendendo minha progenitora.
    Rimos. Ele um pouco mais relaxado. Só um pouco.
    Eu aproveitava para notar mais meu velho amigo. Tirando a barriguinha redonda de chopp, muito do antigo Gustavo ainda estava ali. Os braços musculosos, com uma ou dez tatuagens a mais do que eu me lembrava, as pernas grossas e peludas e o rosto de homem, realçado pela idade e pelo estereótipo de futuro pai de família.
    - Mas fala a verdade. Nunca mais teve vontade? - questionei-o - você sabe...
    - Não - respondeu rápido demais.
    Gustavo evitava me olhar nos olhos.
    - Saquei - sorri, calculista. - pelo menos não terei nunca que pagar aquela dívida, então.
    Ele fez pouco caso e cruzou as pernas.
    O que poderia parecer um sinal de estar relaxado, mas eu intuía ser a tentativa de ocultar algo.
    - Verdade - falou enfim - saí de lá e você nunca me pagou essa dívida.
    - Ora, mas você não acabou de dizer que não curte mais? - lembrei e ele tentou contornar.
    - Não é questão de gostar ou não. Mas de reparação.
    - Hum... - pensei - pena que já fazem dez anos, não é mesmo? E como prevê o código de defesa do consumidor, após 5 anos os nomes saem dos cadastros restritivos.
    Rimos e ele terminou a cerveja e nos pegou mais duas.
    - Você é um filho da puta - reforçou, quando voltou.
    Dei mais uma golada e ofereci, casualmente:
    - Quer uma mamada?
    - Oi?
    - Uma mamada. - fiz mímica, naturalmente, como se comentássemos uma partida de futebol - Pra compensar.
    - Só uma mamada? - riu
    - Ora. Dez anos depois você queria que a dívida fosse a mesma? E o desconto pra limpar meu nome? - sorri.
    Ele ria descrente, só não sabia se em mim ou se nele mesmo.
    - Vou melhorar a proposta. Eu mamo e ainda bebo teu leite. Pegar ou largar. Devo dizer que botar o Fábio Mendes aqui pra beber porra de macho é um privilégio de poucos, mas muito poucos mesmo.
    O vi se revirar no sofá, indeciso.
    Para facilitar sua decisão, me levantei e bebi toda minha cerveja de um gole. Limpei a boca com o braço e caminhei até ele. Me ajoelhei e toquei sua perna
    - Anda. Ou vou desistir - ofereci, indicando sua pelves.
    Ele abriu as pernas e eu o ajudei a tirar o short e a cueca. Tirei tudo, inclusive os chinelos, deixando-o nu da cintura pra cima. O pau já duro, oscilava apontado para o alto.
    Peguei e o analisei. Puxei a pele e expus a cabeça. Dei uma lambida, provando o sabor.
    - Igual eu me lembrava - me deixei levar pelas lembranças, atiçando sua ansiedade.
    Então, deixei a cabeça pender e comecei a mamar. Gustavo mordeu o lábio e começou a gemer baixinho. Enfiei tudo na boca e brinquei com ele dentro com minha língua. Lambi toda a envergadura e então peguei suas pernas e ergui.
    Ele tentou me impedir.
    - Relaxa, amigão - sorri, malicioso e então abocanhei seu saco, puxando uma bola e massageando com a língua.
    Um pouco mais relaxado, ele soltou minha cabeça e me deixou erguer um pouco mais sua cintura. O rego agora estava desprotegido e eu apenas preparava a hora certa do bote.
    Com a calma e paciência de um caçador, deixei minha língua brincar com seu saco para então, com uma lambida potente de um tigre, subir até chegar novamente até seu pau e o chupar.
    Repeti o movimento mais vezes, descendo com calma, brincando com a ponta da língua, e depois subindo de uma vez passando por todo o saco e envergadura do pau. Cada hora que descia, ia mais além, chegando enfim a tocar a entrada do orifício. Ele deu um leve espasmo, nada demais. Aos poucos, voltava meu ritual e o visitava ocasionalmente. E cada vez que o chegava no buraquinho, oferecia uma lambida mais completa, sentindo-o mais dilatado a cada visita, onde o enchia de carinho e saliva.
    Gustavo não percebeu quando eu tirei minha bermuda, ficando também nu da cintura pra baixo. Meu órgão ereto, oculto na parte de baixo da sofá. Ele, de olhos fechados, relaxado e embriagado de prazer, gemendo baixinho ao caprichado sexo oral que eu lhe concedia.
    Então, chupando seu cu e sentindo minha língua entrar com facilidade, olhei para minha presa e ela não podia estar mais vulnerável. Era a hora. Subi novamente, lambendo-o igual das outras vezes. Mas nesta, não me contive em seu pau, ultrapassando e lambendo sua barriga e seu peito. Conforme me ergui, com a mira precisa, encaixei-me em seu rabo e me posicionei. Ao perceber o que acontecia, Gustavo arregalou os olhos e antes que pudesse protestar, eu já estava deslizando ora dentro dele, sendo recebido pelo seu cu como um velho amigo
    - N... Não... Ahhh.
    - Relaxa, amigão. To dentro já. Nossa, que saudade.
    E meti de leve, sentindo o deslizar gostoso de meu pau nas paredes de seu ânus.
    - Sai daí. Tira - mandou, rosnando.
    - Por que? Você já me recebeu tão bem. Admite, vai. Estava com saudades - zombei, continuando a meter devagar .
    Ele tentava se ajeitar, mas a posição em que o coloquei o impedia de fugir. Não tinha onde se apoiar com as pernas erguidas como estavam. Seu olhos em brasa me fuzilavam, Gustavo bufava e eu o vi cerrar o punho.
    - O que? Vai me bater? - e indiquei meu peito - vai, bate aqui.
    E não é que ele bateu mesmo. Um soco controlado, mas forte.
    - Safado - sibilei, sorrindo. Confesso que sempre gostei quando a presa ainda oferecia alguma luta. - Tá com raivinha, tá? - e meti mais forte - Tá com raivinha? Raiva de quem? De mim? Ou de você? Afinal, não importa quanto tempo passe, né amigão? No fim, sou eu quem te como. E você gosta.
    Levei um tapa na cara pelo meu gracejo e isso foi me deixando louco de tesão. Meti sem dó. Sabia que Gustavo era um macho de respeito e ia aguentar. Meu pau deslizava com facilidade, como nos tempos de adolescentes.
    - Por quê? - soltou de repente. Rosto vermelho, bufando como um touro. Pernas para o ar pendidas e balançando a cada estocada - Por quê, depois de tanto tempo, eu ainda tô dando pra você?
    Achei graça daquele desabafo e esperei ele continuar.
    - Faz anos que não faço isso. Anos! E é só você aparecer que eu tô te dando o cu de novo. - desabafou, segurando o gemido.
    Eu me inclinei, deitando sobre ele e encravando fundo. O beijei com carinho e então sussurrei:
    - Eu sou seu predador natural - informei simplesmente - a natureza cria seres que por lei natural são presas umas das outras. E não importa o contexto, uma sempre vai comer a outra.
    Levei outro tapa e sorri. Segurei suas mãos e meti com tudo. Gustavo já completamente encolhido, joelhos nos ombros, suando.
    - Chega de me bater agora.
    Saí de cima e o virei de bruços. Apesar do corpo musculoso, foi fácil, como era antigamente, dominá-lo. Eu ainda era mais forte, apesar do fenótipo dizer o contrário.
    O coloquei de bruços e prendi seus braços atrás do corpo. Encaixei novamente e desci com tudo, golpeando sem piedade com ajuda da gravidade. Gustavo enfiou a cara no assento, abafando os gritos de prazer.
    - Gostoso - gemi - Cara, que saudade eu estava desse rabo. Não é só por ser o primeiro, não. O seu é inesquecível. Cá entre nós, vou admitir, nunca encontrei alguém tão másculo como tu pra fuder. E agora, casado e com um filho encomendado... Porra... Tá ainda melhor.
    Meti muito ainda, no final, dei golpes bem dados e precisos, pegando distância e deixando cair de uma vez. A cada golpe, um grito abafado.
    Quando gozei, cravei fundo,.
    - Hora de eu engravidar você - brinquei e ele virou a mão pra trás, me enchendo de tapa.
    Ri bastante, então tirei de dentro e o virei de frente de novo. Gustavo pegou ar, podendo enfim respirar normalmente.
    Eu peguei seu pau duro e melado e pus novamente na boca. Chupei até lhe arrancar o leite e, como sou um homem de palavra, bebi tudo, sob o olhar atento e maravilhado de meu amigo de infância.
    Acabamos e nos sentamos, um de cada lado do sofá para recuperarmos o fôlego.
    - Eh... Como nos velhos tempos - lembrei.
    - Você é um filho da puta - e me bateu com uma almofada, tentando não rir.
    - Quanto tempo pra ela chegar? - lembrei de repente, ficando preocupado.
    - Meia hora pra fazer as unhas, mais duas pra pôr a conversa em dia. Estamos tranquilos.
    Gustavo foi tomar um banho e tirar meus meninos de dentro do seu corpo.
    Dei uma lavada mais modesta também, pois seria estranho ela me encontrar de cabelos molhados em casa. Quando voltou, três horas depois de sair, Suélen trouxe o almoço que nós três comemos.
    Durante a refeição, mantive-a entretida com outras histórias. Gustavo, de muito melhor humor, ria e participava. Se pela segurança de saber que seu segredo estava seguro comigo ou a simples liberação dos hormônios oferecido pela bela metida, eu não sabia.

    Saí da casa deles pelas 18h. Combinamos de marcar um churrasco ou algo do tipo, aquele tipo de promessa que amigos de longa data que se reencontram fazem sem a pretensão de cumprir
    Embora eu tenha de fato visto Gustavo novamente em pouco tempo. Uma semana depois, para ser mais preciso. Quando recebo sua mensagem de manhã cedo.
    - Bom dia, amigão. Acordado?
    Sorri como um chacal ao ver a mensagem e respondi.
    - Acabei de levantar. Já de pé?
    - Indo pra academia. Malha mais não?
    - Você tá louco. Essa hora? Nunca. Essa hora só aceito um aeróbico. De preferência, meu esporte favorito, botar você pra gemer peladinho na minha cama.
    - Rs
    Fiquei quieto um pouco. Deixando ele esperar por meu convite. Então continuei:
    - Se quiser passar aqui depois do treino. Tenho seu shake de proteínas prontinho pra te abastecer
    - Você é um filho da puta. Rs - Silêncio. Então continuou - Mas eu ficaria muito tempo fora. Ia dar bandeira.
    - Não seja por isso. Mata o treino e chega aí 
    E mandei meu endereço e desliguei o app, encerrando a conversa.
    15 min depois, toca a campainha.
    Abri a porta e vejo meu amigo com as roupas da academia, rindo com aquela cara de safado que tenta esconder quem realmente é sem sucesso.
    - Bem, temos menos de uma hora - olhei o relógio - então acho que seria legal pularmos a parte em que você finge que não quer fazer o que nós dois sabemos que vai fazer e irmos logo ao que interessa.
    Ele riu de escárnio
    - Você é um filho da puta - e entrou.
    - Culpado - admiti - meu quarto fica no final do corredor a direita.
    E parei na porta, contemplando o espetáculo da natureza que era Gustavo indo até meu quarto, despindo-se. Tirou a blusa, tênis, meias, short e cueca, largando pelo caminho e formando aquela trilha do pecado enquanto se dirigia. Parou na porta do meu quarto. Estava de lado pra mim, nu em pelo, e dava para ver seu órgão duro e em riste.
    Olhou em minha direção e riu de si mesmo. Aceitando seu destino, entrou no meu quarto para o abate.

     

  • Diários de caça - Capítulo 22 – Mamíferos

    Um paralelo interessante que quase nada tem haver com este capítulo: sempre achei Cucos aves muito fascinantes. Muito além do canto categórico que foi imortalizado nos relógios, o que acho de mais curioso nesse animalzinho é sua estratégia para depositar seus ovos. As fêmeas do cuco não fazem seus ninhos e sim os depositam no ninho de outros pássaros, mimetizando seu formato para que seja chocado e o filhote alimentado pela mãe de aluguel desavisada.
    A família hospedeira não imagina que aquele filhote inocente instalado em seu ninho é na verdade um parasita que se alimenta de todo o amor parental presente, crescendo forte e robusto, muitas vezes em detrimento dos filhos legítimos.
    Chamo a atenção para este animalzinho, pois caso parecido aconteceu comigo quando fui convidado para realizar um projeto paralelo para um colega de trabalho. Marcus era advogado da rede de hotel pra qual trabalhava. Um urso bastante gostoso e esfomeado, ao qual tive o prazer de lhe oferecer meu mel algumas vezes. Eu sabia que Marcus era casado e que sua mulher tinha acabado de dar a luz, porém, quando fui chamado para fazer o projeto do novo quarto do bebê, aquilo me pegou de surpresa.
    - Está doido, Marcus? Me colocar para trabalhar dentro de sua casa.
    - E qual o problema, Fábio? Você não tem especialização em design de interiores? Que forma melhor de praticar? Minha mulher não suspeita de nada e desde que pariu não tem olhos para mais nada que não seja o pequeno Sebastian. Você não vai atrapalhar em nada e... - sorriu com aquela cara de safado - ter você na minha casa, admito, me é uma ideia muito sedutora. Claro que não faremos nada lá. Mas... Bem... Eu posso te dar uma carona depois do trabalho uma vez e outra e recompensar com algo a mais pelos seus serviços.
    Eu estava sentado em seu escritório, ele andava pela sala quando parou atrás de mim, sussurrando aquela ideia pecaminosa. Alisou meu peito e desceu a mão até entrar em minha calça e encontrar meu pau completamente duro.
    - Viu só. O seu amigão aí gostou.
    - Safado - suspirei, vendo ele tirar meu pau pra fora da calça.
    Rapidamente Marcus deu a volta e se pôs de joelhos. Mamou até tirar cada gota do meu leite.
    Marcus morava em uma ampla cobertura na parte nobre. Assim que cheguei, rapidamente caí nas graças de Jacinta, a empregada da casa que logo quis me engordar e me casar com uma de suas filhas. Passava a maior parte do tempo me trazendo quitutes e mostrando fotos de suas filhas no Instagran.
    Juliana, a senhora da casa era uma mulher linda, mesmo com o rosto cansado das poucas horas de sono e sem maquiagem, demonstrando que havia aberto mão da vaidade durante esse período, ela tinha uma beleza natural que brilhava. E não era apenas seu rosto. Seus seios também eram enormes, com um corpo carnudo do jeito que eu gostava. Quando se apresentou a mim, talvez eu tivesse olhado tempo demais para aquele belo par de seios, pois acho que ela notou.
    Sorri constrangido e corri logo para o quarto onde trabalharia.
    A princípio o casal havia montado o quarto do bebê em um aposento menor, mas pelo que parecia, o novo rebento havia rapidamente conquistado o cômodo maior ao lado do quarto do casal, onde até então era o escritório de Marcus. Agora, os livros e mobílias do advogado foram despejados e aguardavam em um canto até que seu novo e mais modesto lar fosse liberado pelo bebê e este viesse a assumir de vez aquelas paredes.
    De fato, meu contato com Juliana foi muito pouco. Eu ficava o tempo todo no novo quarto do bebê, avaliando e criando junto ao notebook Ela ficava maior parte do tempo no quarto atual do pequeno Sebastian. Eu tinha que chamá-la quando queria sua opinião e ela não perdia muito tempo. Dizia estar plenamente satisfeita com meu progresso e tinha total confiança em mim.
    Algo me dizia que ela tinha medo de ficar a sós comigo. E essa suspeita se tornou confirmação quando, numa tarde, estava eu na cozinha me deliciando com um bolo de cenoura recém saído do forno e chegou ao apartamento uma outra mulher.
    Pela semelhança, imaginei se tratar da irmã de Juliana, a qual até então apenas ouvi falar. Deu de cara comigo e me olhou de cima a baixo, escaneando-me totalmente e exibindo em seu rosto uma avaliação positiva e inquisidora ao mesmo tempo.
    Juliana chegou logo e cumprimentou a recém chegada
    - Irmã. Não te esperava tão cedo. Já viu que conheceu o Fábio, o arquiteto que fará o quarto do Sebastian.
    De posse daquela informação, me lançou outra avaliação rápida, desta vez totalmente positiva. Eu engoli rapidamente a fatia de bolo que tinha na boca e a cumprimentei
    - Vamos - Juliana a apressou antes que pudesse falar qualquer coisa - tenho um monte de coisa pra festinha de três meses do Sebastian.
    - Francamente, não sei porque você faz uma festa para cada mês. O garoto passa dormindo em todas elas. - replicou a recém chegada conforme era empurrada para o quarto e lançando olhares a minha pessoa repletos de suspeitas.
    - Não começa - a irmã a advertiu.
    Resolvi então voltar ao meu trabalho.
    Uma coisa que acho que nunca falei sobre mim: os anos de caça me fizeram aguçar bastante minha audição e eu era capaz de ouvir e decifrar sons a uma boa distância. Outra coisa sobre mim que talvez não saibam é que herdei a curiosidade de minha mãe.
    O fato é que assim que ouvi meu nome ser pronunciado aos sussurros no quarto ao lado, não pude evitar prestar atenção no que era dito.
    - Agora me diz. O que um homem daqueles está fazendo em sua casa com você praticamente sozinha? Seu marido é louco, por acaso?
    - Fale baixo, Luana, que ele está no cômodo do lado - Juliana a advertiu.
    - Ah, pelo amor de Deus. Estamos sussurrando. Só se ele tivesse ouvidos de cachorro para ouvir. Mas me conta. Seu marido não o considera... Digamos... Gostoso demais para estar sozinho em uma casa com uma mãe de família?
    O pigarro de Juliana mostrava que estava um pouco encabulada. Eu sorri e cruzei os braços, recostando na cadeira e ouvindo atentamente.
    - Primeiro, não estou sozinha. Jacinta está aqui o tempo todo. Ela só foi fazer umas compras pois estou sem guardanapos de golfinhos para combinar com o bolo. Depois... Nada.
    - Nada o que? Fala.
    - Marcus me garantiu que... Fábio não representa uma ameaça.
    - Mas do que você... não! - Luana se alarmou
    - Fala baixo, sua maluca
    - Desculpa - conteve o riso - Mas desculpa irmã. Eu sinceramente D-U-V-I-DO que aquele pedaço de macho ali do outro lado seja gay.
    - Pelo amor de Deus, Luana. Contenha-se
    - Contenha-se você, meu amor. Agora que me livrei daquele traste do meu ex quero mais é que se exploda tudo. Homem bonito daquele. Seria um pecado. No muito deve jogar nos dois times, mas duvido que não seja homem na cama também.
    - Jesus - Juliana parecia capaz de ter um infarto
    Naquela altura da conversa, o projeto do quartinho de Sebastian teve de ser totalmente deixado de lado, pois a conversa no outro cômodo esta a tentadora demais
    Então, Marcus tinha contado para a esposa que eu era gay e usou isso para justificar minha estada ali sem levantar suspeitas ou causar constrangimento a sua mulher. Ri daquela informação. Então Marcus tinha me colocado como uma criatura inocente em seu leito, como um ovo de cuco. O ovo começava a chocar.
    Mas o que Marcus não sabia era o que Luana já foi capaz de deduzir em uma simples olhada. Afinal, nunca fomos amigos a ponto de dividir com ele meus gostos culinários. E ao fazer isso colocou em seu ninho um animal guloso que, naquele momento estava com bastante apetite.
    - Mas me fala. Seus instintos não dizem que essa história está esquisita? Tá bom que ninguém anda com uma placa dizendo a orientação sexual, mas que mesmo assim alguma pinta ele teria de dar.
    - Não sei - Juliana parecia confusa e eu tive a certeza que o episódio de nosso encontro, onde eu fiquei babando olhando para seus peitos, deve ter lhe vindo à cabeça.
    - E eu bem que tô precisando de um trato daqueles.
    - Luana, por favor, eu preciso de ajuda aqui.
    - Tá bom, tá bom, desculpa. Mas já que estamos tocando no assunto, e aí, bateu gilete a toa ontem de novo?
    - Luana! - exasperou-se
    Aquele tinha sido alto e eu percebi que até a própria Juliana se arrependeu. Eu segurei o riso e esperei as duas se acalmarem e continuarem. Aquilo estava melhor que novela.
    - Acho que ele não ouviu. Ou já sabe que você é histérica e nem ligou - a irmã zombou. - Mas agora sério. Marcus continua ausente?
    - Ele está trabalhando muito...
    - Aham - Luana concordou com desdém.
    -. E eu estou de resguardo - completou
    - Sebastian vai fazer o quarto bolo. Mas tudo bem. E antes?
    - E antes eu estava grávida.
    - Claro, como se barriga de grávida tirasse libido de algum homem. Ok. Sabe que não gosto de me meter na sua vida
    - E essa sempre foi sua maior qualidade - Juliana ironizou.
    - Sim, mas eu como sua irmã tenho de dizer que o Marcus está igualzinho meu ex. Começa assim. Não comparasse, não tem mais ciúme, não tá nem aí se você se maquia pra ele ou não. E digo mais, não me espantaria se fosse o Marcus o engolidor de espadas e não o garanhão ali do outro lado.
    - Aí você está viajando. Nós temos um filho.
    - E desde quando viado é infértil, meu bem? Tem um monte de homem com filho por aí que chupa a fruta que a gente gosta até o caroço.
    Naquele momento eu, que já estava me divertindo, resolvi apimentar mais as coisas. Levantei, abri o primeiro botão da minha camisa e fui ao quarto do lado levando o notebook, empinado igual um pavão.
    - Boa tarde - bati na porta mesmo com ela aberta, para anunciar minha entrada. As duas pararam imediatamente de falar, Juliana corando e Luana faiscando.
    Esta segunda era mais velha que a irmã, mas igualmente bela. Ao contrário da Caçula, que havia abdicado da vaidade em pró do primogênito, ela, recém divorciada, estava realmente redescobrindo a vida: a vaidade e os desejos. Era uma fêmea no cio, daquelas capazes de pegar um homem de jeito e só largar quando ele pedisse arrego.
    - Desculpe interromper, mas eu queria te mostrar dois temas que pensei para o quarto, pra você escolher .
    - Ah sim, claro - sorriu sem graça - Desculpa não te dar atenção. É que estou enrolada com a festa do Sebastian.
    - Quer ajuda com alguma coisa? - ofereci, no melhor estilo cavalheiro do interior.
    - Seria ótimo, na verdade - Luana atropelou a irmã. - teria como pendurar aqueles enfeites ali na parede da sala? Onde vai ficar o bolo.
    Eu prontamente peguei os enfeites e a fita e fui para minha tarefa, sentindo a nuca ouriçar com a força dos olhares que eu sabia estarem avaliando meu corpo.
    Ainda ajudei a carregar algumas caixas e mudar de lugar alguns móveis, numa demonstração de força similar a rituais de acasalamento dos primatas.
    Luana não fazia o menor esforço para esconder o contentamento com minha presença, ganhando algumas cutucadas da irmã em alerta.
    - Lu, não está na hora de pegar o bolo?  - Juliana lembrou. - Está na hora de eu amamentar o Sebastian também.
    - Ah... Ah sim, claro. Tinha esquecido - e riu - talvez o Fábio possa...
    - Nem pensar - Juliana já cortou - já abusamos demais dele hoje. O bolo nem é pesado
    O tom de voz da dona da casa era daqueles que não deixava margem para discussões. Luana rosnou para a irmã, mas cumpriu o que lhe foi ordenado. Fiquei intrigado, pois poderia ser impressão minha, mas eu havia sentido uma pontada de ciúme em sua ordem.
    Aceitei também sem discutir e voltei aos meus afazeres. Perdi alguns segundos procurando meu notebook até que lembrei que o havia deixado no quarto ao lado. E chegando lá, me surpreendo com uma cena bela e natural.
    Juliana estava sentada numa poltrona de frente para a varanda, segurando o filho enquanto o amamentava. Ver aquela criança agarrada ao seio volumoso da mãe me encheu de inveja.
    Quando ela se virou, eu me dei conta que estava me intrometendo em algo muito íntimo.
    - Sinto muito eu... - e tampei os olhos - vim buscar o...
    - Tudo bem - ela sorriu, estava encabulada, mas não com raiva. - E por falar nisso... - pensou - você ia me mostrar algo... Não é?
    - Verdade - lembrei - mas posso trazer depois. Quando... Você acabar.
    - Bem... Se não tiver problema pra você, eu poderia ver agora.
    Acabei me dando por vencido e levei o computador para perto dela. O garoto, mancomunado com meus desejos mais profanos, mexia suas mãozinhas que acabaram por desnudar o outro seio da mãe.
    - Se quiser eu coloco um pano e...
    - Não.. - me apressei - Tudo bem - mostrei os dentes de uma forma que parecesse casual e tentando esconder o sorriso lupino que queria se formar no lugar.
    Mostrei para ela as duas decorações que escolhi, embora percebesse que nenhum dos dois estava muito interessado em minha explicação.
    Ela pediu licença e trocou o garoto de seio.
    - Morro de medo de ficar deformada - explicou, com um ar meio maldoso, mas recatado.
    - Séria um crime, de fato - salivei.
    Continuei ajoelhado a seu lado, mostrando a tela do computador, meu olhar praticamente hipnotizado com o milagre da vida a minha frente.
    - Posso fazer uma pergunta idiota? - pedi de repente.
    - Claro - sorriu.
    - Dói? - e apontei para o garoto mamando.
    Ela achou graça.
    - Um pouco - admitiu - Mas... Estranhamente prazeroso.
    - Entendo.
    Então eu levantei para esticar as pernas que doíam de ficar naquela posição e percebi que Juliana olhava fixamente para meu volume, que estava quase arrebentando o jeans.
    Percebi também que ela não se deu o trabalho de cobrir o seio que não estava sendo utilizado pelo filho, deixando-o completamente a mostra pra mim.
    - Cheguei, dona Juliana!
    A voz da empregada nos arrancou do transe. Ela rapidamente cobriu o seio e eu saí do quarto como um amante em fuga.
    Por sorte ela havia anunciado a chegada da cozinha e nada tinha visto.
    Acabei ficando para a festinha. Onde eram basicamente a mãe, filho, Luana e a empregada. Marcus chegou apenas na hora do parabéns. Pegou o filho no colo, embalando enquanto dormia. Na verdade o garoto dormiu a comemoração inteira, tal como previu Luana.
    Depois, Marcus ficou de me levar em casa.
    - Não demora, amor - a esposa pediu. Senti nela a mesma malicia da irmã mais cedo. O episódio do quarto a deixou acesa e ela planejava descontar no marido
    Todavia, seus planos seriam frustrados. Ao descermos para a garagem, Marcus sugeriu usarmos a escada de incêndio. Truque esse que eu já conhecia bem e aceitei. Lá, ele avançou em mim e arrancou minhas calças. Me chupou com vontade.
    Pobre Juliana. Estava cheia de fogo e o marido gastando o mel comigo naquela escada. E eu iria garantir que ele chegasse em casa sem libido nenhuma. Fodi ele na escadaria mesmo, com capricho, deixando-o plenamente satisfeito para que chegasse em casa pronto para dormir e nem cogitar uma rapidinha sequer com a mulher. Eu tinha planos para Juliana e não o deixaria estragar.
    - Nossa. Quanto fogo - comentou enquanto eu metia com pressão.
    - Fiquei o dia todo trancado ouvindo falar de festa de bebê. Estava precisando aliviar- emendei.
    - Então fode, gostosão. Fode seu urso, vai.
    Pediu e eu lhe entreguei. Meti com força vendo seu rosto delirar e seus olhos revirarem das órbitas.
    No dia seguinte, voltei ao apartamento. Desta vez sem Marcus.
    Juliana me atendeu surpresa. Não estava planejada minha visita.
    - Desculpe - falei - acabou que ontem ficamos entretidos com a festa do bebê e eu atrasei o trabalho. Pensei em vir hoje para compensar. Se não for um problema.
    Ela gaguejou, mas concordou. Eu era capaz de ler em seu rosto que ela não havia desfrutado dos benefícios de uma boa noite de sexo com o marido. Estava tudo seguindo o fluxo.
    - Patrão, Fábio - Jacinta me cumprimentou com um sorriso - que alegria o senhor de novo aqui. Quer docinho da festa de ontem?
    - Não, obrigado. Tomei café.
    - Ah, mas um café com bolinho o senhor aceita, não é?
    Acabei me rendendo.
    Juliana sorriu, rendida aos mimos da empregada para comigo.
    - Ih, patroa. Estamos sem o açúcar mascavo - a empregada anunciou.
    Juliana, prontamente pegou a bolsa e lhe estendeu o dinheiro.
    - Já que vai na rua, poderia trazer o incenso que eu comentei contigo ontem?
    - Mas aí eu teria de ir na loja do parque. Tinha pensando em ir apenas na mercearia da esquina. Posso demorar assim - alertou
    - Não tem problema - deu de ombros - Acho que o Fábio aguenta mais uns minutinhos sem o café.
    Eu sorri em concordância.
    - Vou num pé e volto no outro - prometeu
    - Sem pressa - falamos os dois ao mesmo tempo, então rimos e ficamos nos olhando um tempo.
    Aquele clima se formando, onde ambos sabíamos onde iria chegar, só esperando o primeiro passo. Este, obviamente, teria de ser dado por mim, uma vez que ela, como mulher casada, queria preservar um pouco de sua aura respeitável.
    - E o garotão? - perguntei e ela me mostrou a babá eletrônica.
    - Dormindo feito um anjo. Não posso me queixar, Sebastian não dá trabalho algum.
    - É um bom garoto - comentei e então emendei - Aproveitando então, queria te mostrar uma coisa.
    A levei até seu quarto onde peguei a poltrona. Sem falar nada, a carreguei até o futuro aposento de Sebastian e posicionei.
    - Admito que ontem a nossa conversa do quarto me deu uma inspiração. A princípio eu não queria por a área de amamentação aqui, por conta da janela e dos vizinho, mas pensei melhor e - sentei - estando aqui, você pegará o sol da manhã e ainda sim ficará em um ângulo em que poderá evitar o olhar de bisbilhoteiros. O que acha?
    Ela apenas concordava, senti que sua mente viajava e então, percebendo que eu esperava uma resposta, se apressou em dar.
    - Ah, sim. Acho ótimo.
    Eu desabotoei a blusa, simulando como se fosse ela segurando o bebê. Juliana suspirou. Ela usava um vestido branco simples. Estava sem sutiã e o bico do peito transcendeu o tecido.
    - Vem cá - pedi e ela obedeceu. - o que acha da vista?
    Ela olhou e concordou, rosto iluminado pelos raios da manhã .
    Sem ela se dar conta, eu a tinha posto em meu colo. Quando alisei suas costas com a ponta dos meus dedos, se arrepiou, me olhando com medo ao despertar do transe. Esperei para ver se fugiria, o que não fez. Se paralisada por receio ou desejo, não sabia e nem interessava. Não ia perder a chance.
    A alisei com a ponta dos dedos, sentindo a pele arrepiar por onde o toque passava. Ela acompanhava minha mão com o olhar atento, sem fazer qualquer sinal de intensão de me impedir. Deixou que meus dedos subissem pelos seus ombros e esbarrassem na alça do vestido, derrubando.
    Eu olhava fixamente em seus olhos, mantendo-a presa naquele clímax.
    Encorajado, minha outra mão alisou sua coxa, adentrando a saia e acariciando a região quente por cima da calcinha.
    Juliana suspirou. Mantinha o braço cobrindo o seio, mantendo o vestido ainda na posição. Meu dedo foi ao outro lado e derrubou a outra alça. Com delicadeza, tirei seu braço, deixando os dois meninos saírem. Acariciei com carinho, como se tocasse eu um cristal muito frágil. Os mamilos estavam rígidos. Suas pernas se fecharam em torno de minha outra mão quando esta se atreveu a adentrar os limites da lingerie. Ela gemeu.
    - Abre – pedi – por favor.
    Lutando contra sua força de vontade, cedeu. Puxei sua calcinha, deslizando pelas coxas e soltando, deixando-a pendurada nos pés.
    Voltei a mão e senti a região úmida, acariciando a carne esponjosa dos grandes lábios. Ela gemeu, erguendo o rosto.
    Foi quando aconteceu. Rápido e inesperado. Um forte jato quente me atingiu o rosto 
    - Ah meu Deus. Desculpe. Desculpe - ela se alarmou, rapidamente perdendo o transe em que estava presa. Mas desta vez era eu quem não conseguia pensar. Com o líquido escorrendo em meu rosto, só olhava para aqueles seios parecendo que o mundo ao redor perdia o foco. - Eu sinto muito mesmo. Ah, meu Deus. É que eu estou amamentando e produzindo muito leite... E hoje eu ainda não bombeei. Estou com garrafas de leite na geladeira. O Sebastian não consegue beber tudo e eu vou inclusive doar algumas para a maternidade. O médico disse que seria ótimo pois lá eles sempre estão precisando e... Ah meu deus, olha eu aqui falando dessas coisas 
    Juliana atropelava as palavras, mas eu não as ouvia. Só quando ela fez menção de se levantar que eu reagi e a impedi. Juliana parou de falar imediatamente, sem entender o que acontecia. Eu tampouco. Seguindo talvez um instinto primitivo, ao qual todos os mamíferos nascem programados, eu me aproximei daquele seio ainda pingando e o levei a minha boca. O envolvi por completo e suguei.
    O líquido quente e de sabor indefinido entrou, me nutriu e eu bebi.
    Juliana abriu a boca, mas não foi capaz de emitir som. Seus olhos alarmados olharam a cena sem saber se estava assistindo a um bizarro filme ou a vida real. Eu me servi de quatro longos goles e então soltei. Sem falar nada, passei para o outro seio e suguei outros quatro goles, metódico. Pois como a própria Juliana havia me alertado de véspera, eu não queria que aquele capricho da natureza fosse deformado por uma amamentação desequilibrada.
    Quando parei, nos encaramos 
    - Quando isso aconteceu com Marcus. Ele ficou enojado e….
    Nutrido e fortalecido, eu a ergui da poltrona em meus braços e a levei até seu quarto. Não queria ouvir sobre suas frustrações sexuais naquele momento.
    A deitei com carinho e lhe tirei o vestido. Acariciei todo seu corpo como que para ter certeza se era de carne e osso. Despi-me com respeito sobre seu olhar e com profunda devoção, acariciei seus pés e os beijei. 
    Fui deslizando com meus lábios pelas pernas, então pelas coxas. Beijei seu sexo e fui subindo. Me coloquei com cuidado entre suas pernas e penetrei com carinho. Juliana se contorceu em êxtase, agarrando minhas nádegas com os dedos em garra.
    Ginguei com suavidade, penetrando com uma calma pouco condizente com minha natureza. Eu não podia evitar, pois Juliana, naquele momento, havia se convertido em uma figura sagrada para mim e eu jamais ousaria realizar qualquer ato violento contra ela, mesmo que com as melhores intenções.
    Eu olhava seu rosto como um servo preocupado em atender os designios misteriosos de um Deus.
    Juliana gemia, respirando fundo e se contorcendo em gostosa agonia. Quando ela me olhou, encontrou meus olhos suplicantes por mais uma prova. Ela apenas fez um sinal positivo com a cabeça e eu, de muito bom grado, voltei a me alimentar de seus seios, roubando o leite de Sebastian. 
    Arrebatada, Juliana soltou um longo uivo, o qual teve logo que conter para não chamar a atenção dos vizinhos. Ficamos por um longo período desfrutando daquele prazer único e inusitado.
    Sorte nossa Jacinta não ter cumprido sua palavra, ou Sebastian ter sido o bom menino de sempre, pois tivemos todo aquele tempo só para nós.
    Eu gingando e lhe penetrando e ela me dando forças, me alimentando.
    O trabalho na casa de Marcus durou pouco, mas foi intenso. Nunca me senti tão exausto, com as longas jornadas que fazia. Marcus, obviamente, não desconfiava de nada, tão convicto de minha sexualidade que não me considerava uma ameaça a santidade de sua família. Juliana, impressionada com meu vigor, também não cogitava que eu sabia entreter seu marido tão bem quanto fazia com ela. A única que desde sempre sacou meu jogo era a tia de Sebastian, que eu também apaziguei uma vez, na mesma escada de incêndio em que fodi Marcus 
    - Eu sabia! Eu sabia! - ela vibrava enquanto seus seios balançavam, conforme eu a penetrava com a violência que tanto gostava.
    Creio que foi um período benéfico para todos. Até Jacinta saiu ganhando, uma vez que conseguia várias manhãs ou tardes de folga, onda a patroa a liberava para ficar mais tempo a sós comigo.

     

  • Diários de caça - Capítulo 24 – Fera enjaulada

    Hoje, mais maduro, percebo que meu namoro com Amir apresentou erros desde seu início. E muitos deles, por culpa minha. Que, por ser marinheiro de primeira viagem, acabei por cometer.
    O primeiro deles e talvez o crucial, foi ter iniciado aquele relacionamento por questões além da minha vontade.
    Eu, que sempre fui o protagonista de minhas escolhas, deixei escolherem por mim e isso não é saudável em nenhuma circunstância. Amir era de fato um homem bom, com seus defeitos, como todo mundo, e estava encantado por mim. O fascínio e a entrega com que ele se lançou me deixaram incapacitado. Hoje, pensando bem, eu não tinha ouvido ninguém dizer que estava apaixonado por mim antes.
    Sempre minhas relações foram carnais, e só. Então, eu simplesmente não sabia lidar com aquele sentimento unilateral. Acabei aceitando aquele namoro por ele e não por mim.
    E isso está fadado ao fracasso. Pois se nos períodos iniciais tudo eram flores, com o tempo, os espinhos aparecem. Amir, que nunca cobrou nada, começou a se mostrar ciumento após nossa atualização de status do relacionamento.
    Acredito que o grande mito dos relacionamentos é acreditar que nos tornaremos assexuados para outras pessoas. Que não vamos mais olhar e nos sentir atraídos por outras pessoas. E que estas também nunca mais olharão para nós com segundas intenções.
    Amir não suportava que me olhassem. Ficava logo de bico. E eu que tomasse cuidado para averiguar se não haveria outro homem na direção em que estivesse olhando, se não ele pensava que eu estava dando mole.
    As brigas bobas começaram a surgir e as vezes eu sentia que ele iria usar a condição financeira dele como forma de se impor pra mim. Poderia ser paranoia minha, mas tiveram momentos em que eu realmente acreditei que ele insinuava que eu estivesse com ele por interesse.
    Essa briga ocorreu quando ele disse que me amava pela primeira vez e esperou que eu retribuísse. Mas eu não consegui. A verdade era que eu nunca havia me apaixonado por ele e ele sabia disso, mas fingia esquecer as vezes.
    Eu de fato estava naquele relacionamento pelos motivos errados e isso nos tornou despreparados para os atritos comuns a qualquer relação. Até a questão da libido. Pois se antes transávamos igual coelhos, naqueles tempos nossas relações eram rápidas e quase sempre desencontradas. Dificilmente estávamos afim na mesma hora, seja por estresse, cansaço, ou simples vingança, revanchismo após ter sido recusado na vez anterior.
    Mas uma coisa eu estava disposto: tinha dado minha palavra que estava em uma relação monogâmica e ia cumprir minha promessa. Mesmo contra meus instintos primitivos que começavam a gritar toda vez que eu farejava uma oportunidade de caça.
    E é justamente nessas horas que o acaso parece armar das suas, colocando diante de mim oportunidades atrás de oportunidades.
    A primeira delas foi na praia em que fomos eu e Amir. Lá, encontramos um casal de norte americanos que puxaram assunto, querendo saber onde ficava um restaurante onde encontrariam amigos.
    Amir, vendo ali a oportunidade para praticar seu inglês, entrou em um longo assunto. Eu, como era enferrujado, fiquei na minha, de pé na areia e vendo o mar, planejando um mergulho.
    Em um dado momento, quando terminou o assunto, ele veio ao meu lado e percebi que estava de mau humor, então o questionei.
    - O outro lá, falou que te achou bonito e perguntou se você tinha namorado, pois queriam fazer um ménage. – rosnou.
    Aquilo me pegou de surpresa e eu tive de segurar a vontade de rir. Eu não prestei a atenção na conversa, mas a julgar pela gesticulação de meu namorado conforme falava, eu diria que Amir estava se divertindo em seu papo com os gringos até então, até, de repente, virar a cara.
    - Achando graças é? Ficou interessado? Vai lá. Aposto que alcança eles - começou a acusar e eu suspirei
    - Já vai começar, Amir?
    Ele ficou de cara amarrada a tarde toda e eu, sem paciência, saí e o deixei lá. Iria dormir no apartamento dele naquela noite, mas fui para o meu. Quando saí da areia, ainda passei pelo tal casal, que sorriu para mim antes de entrarem no carro deles. Tanto o homem quando a mulher eram lindos. Como eu gostava de ter os dois gêneros a minha disposição ao mesmo tempo.
    Lembro que ainda ficaram olhando um tempo, possivelmente cogitando se me chamariam para uma carona.
    Eu sequer lhes dei a chance e pedi meu Uber para sair, já que tínhamos vindo no carro de Amir e o meu estava em casa .
    Naquela noite ele foi até meu apartamento, pedindo desculpas, como sempre fazia. Lembro que foi a primeira vez que falei sobre terminarmos. Que talvez fosse melhor, que estávamos brigando demais e por qualquer coisa. Como sempre acontecia, ele chorava, pedia perdão e eu acabava fraquejando. Terminamos transando como há muito não fazíamos. Naquela noite, em especial, fomos para a mesma praia onde brigamos e numa parte isolada, estacionamos e eu o fodi no capô do meu carro.
    Nosso sexo ainda era bom, apesar de raro.
    Outro dia que mais parecia obra de Satanás, foi quando fui me depilar. Desde que Dom Pedro havia me apresentado a esse mundo da estética que eu não consegui mais viver sem. Eu já tinha até minha depiladora fixa, Denise. Uma mulher oriental baixinha e muito simpática.
    Além de talentosa, era muito tolerante com meus rompantes de ereção que ocorriam sempre após a sessão. Não era maldade minha, mas vocês devem ter percebido que eu possuo certo gosto por sentir dor naquelas horas, certo? Pois é. Isso acontece também nessas sessões. Quando acaba, o alivio é tão grande que eu não consigo evitar ficar de pau duro. Denise até brinca:
    - Lá vem a cobra - quando meu órgão começa a endurecer.
    Acontece que, naquele dia, eu estava marcado com Denise depois de um certo atraso nas minhas depilações mensais. E quando cheguei lá, recebi a notícia de que ela não poderia vir, pois, de última hora, houve um acidente com um parente e ela teve de ir ao hospital.
    - Mas com ela está tudo bem, não é?
    - Sim - a recepcionista me acalmou. - fui um dos irmãos dela e ele está bem. Foi só um susto. Ela pediu desculpas e indicou uma pessoa para te atender. Vai querer manter a sessão?
    Em situações normais eu jamais trocaria minha Denise, mas a verdade era que minha depilação já estava mais que atrasada e me incomodava horrores.
    Maldito Dom Pedro por me apresentar àquele mundo de futilidades.
    Acabei aceitando. Fui para a sala e me despi. Quando um rapaz baixinho, entrou. Devia ter um metro e sessenta só e tinha o corpo todo bem feito. Braços fortes despontados na camisa apertada. Uma cara de garoto com um cavanhaque e um brinco na orelha direita.
    Ele sorriu e se apresentou.
    - Bom dia, Fábio. Sou Cleiton e vou te atender. Fica a vontade que eu vou aquecer a cera rapidinho.
    Eu nada falei, pensando se seria grosseria desistir naquele instante. Eu e Amir não estávamos em um bom momento, como não estávamos há muito tempo. E a visão daquele belo rapaz acabou por despertar aquilo que até então estava adormecido e eu tentava a todo o custo apagar novamente. Fazia dias que eu me sentia como uma fera enjaulada. O desejo pegando fogo. E Amir estava tentado a me punir pelo fato de ter pego em meu celular a mensagem de um contato antigo, o qual eu nem lembrava mais. Eu tinha até apagado seu número, mas ele, pelo que parecia, não tinha feito o mesmo.
    "Saudade dessa piroca enorme".
    Foi tudo o que a figura misteriosa escreveu, algo que eu sequer respondi. Na verdade, nem tinha lido, pois Amir chegara a meu aparelho antes de mim. Isso foi há três semanas e até então ele ainda não tinha me "perdoado". E cada hora que eu tentava me achegar, ele respondia:
    - Tira essa piroca enorme de perto de mim.
    Aquilo me azedava o humor tão rápido quanto pregadores de igreja protestante. E eu perdia o fogo. Pelo menos naqueles instantes. Bastava a raiva passar e logo a fera voltava. Implorando para ser liberta. Naquele dia, em especial, ela estava arranhando as grades.
    A sessão ocorreu natural. Não me atrevi a trocar palavras, concentrado em controlar meu amigão ali embaixo
    Mas, quando a área da púbis terminou, não teve jeito. O alivio foi tanto que o negócio praticamente saltou para o alto. Meu rosto queimou de vergonha. Pois mesmo sendo algo natural, eu sabia que aquela velocidade se devia a outra coisa.
    - Nossa - se surpreendeu.
    - Desculpa - me apressei em dizer.
    - Não. Tudo bem. É normal. Só... Não esperava o... Enfim. Achei que fosse bater em mim com ele - e riu
    Ri amarelo e deixei ele terminar. Ao fim, passou o hidratante na região. As mãos dele percorreram toda a área depilada, pau, púbis, saco. E eu mirei meu olhar ao teto e pensei nas últimas catástrofes do mundo para evitar pensamentos ainda mais perigosos.
    Foi aí que o senti segurar meu órgão com mais afinco. Quando o olhei, ele o admirava com certo respeito.
    - Vou te dizer. Esse é dos grandes - e riu safado, me dando uma piscadela.
    - O... Obrigado - não sabia o que dizer.
    - Você... Se importa se... – e apontou do órgão até a própria boca.
    Minha resposta demorou mais do que devia e ele já ia baixar a cabeça quando eu o detive.
    - Foi mal. Tenho namorado - consegui impedir uma tragédia, mesmo com meu sangue fervendo de desejo.
    - Eu não conto se você não contar - sorriu.
    Ah Satanás, por que me tentas?
    - Mesmo assim - insisti - não quero.
    Cleiton deu aquele suspiro de desalento e olhou meu pau mais uma vez até se dar por vencido.
    - Tudo bem. Uma pena. Desculpe, não foi profissional da minha parte. Mas não é sempre que vejo um desses e - riu - vamos ficar de acordo que o seu é de chamar atenção.
    Eu já fui me vestindo.
    - Fábio. Se pudesse não comentar o episódio com o pessoal daqui eu...
    - Tá bom, tá bom - e saí logo, sem lhe dar chances de se explicar.
    Quando Denise voltasse, eu a agarraria e não soltaria mais.
    Aguardei minha vez na recepção para pagar a conta quando, nas ironias do destino, resolvi olhar para o rapaz risonho ao meu lado que falava pelos cotovelos com a recepcionista. Eu, doido para sair dali, estava prestes a pedir para ele largar o ouvido da mulher para eu poder pagar logo quando algo nele me chamou atenção.
    Tinha algo familiar, mas não o reconheci.
    Levei horas pra enfim a ficha cair.
    - Breno? - falei, ainda sem certeza.
    O homem se virou e na hora seu rosto iluminou
    - Fábio? Meu Deus. Olha pra você. Não mudou nada - e me abraçou.
    Eu não respondi o mesmo pois não podia. Pouco havia do antigo Breno dos tempos de adolescente. Ele estava bem maior, tinha engordado bastante. Mas também não era isso. Estava alegre e extrovertido, longe do garoto enrustido e assustado que conheci.
    - Em compensação, olha você. É outra pessoa.
    - Eu sei, e pegou na barriguinha com cara de exagerado desespero.
    - Estou dizendo que você está... Radiante - usei essa, na falta de uma palavra melhor. Mas era exatamente assim que estava.
    - Ah, obrigado. Eu estou muito feliz mesmo. Eu,  Anderson e nossos bebês. Já viu a foto deles?
    - Todos os dias no seu Instagram, cada dia com roupas combinando diferentes - respondi, suspirando
    Ele sorriu amarelo.
    - Mas diz aí - emendei - não sabia que morava aqui.
    - Não. Estou de férias, na verdade. Eu e o Andy. Você devia conhecer. Eu falo horrores de ti pra ele... Claro. Não sobre tudo sobre você, entende.
    - Eu entendo - ri.
    Saímos para a rua e encontramos o Anderson, um urso de dois metrôs e cara de mal humorado. Mas foi só abrir a boca que toda a primeira impressão evaporou como gelo seco.
    Ficamos conversando em um café próximo por horas, quando recedo a ligação de Amir.
    - Oi amor - atendi - sim, acabei tem algum tempo. Encontrei um antigo amigo e estamos no Sterna aqui do shopping. Está por onde?
    - Por que não me avisou quando saiu?
    O tom de voz dele já me fez ferver o sangue.
    - Não sabia que era obrigado - respondi, com ironia  - até onde sei, você estava trabalhando.
    - Sai agora e não vi mensagem sua. Poderia estar em qualquer lugar. Estava preocupado. E você aí se divertindo com seus amiguinhos. Típico de você.
    Meus amigos provavelmente não eram capazes de ouvir nada do que era falado por Amir, mas com certeza eram capazes de ler em minhas expressões e intuir o teor da conversa.
    - Amir, eu estou desligando agora. Outra hora, conversamos - tentei manter meu tom o mais calmo possível em respeito a Breno e seu marido.
    Desliguei e tentei sorrir, mas meus olhos deviam estar transbordando ódio. De repente, toda a leveza do meu dia havia explodindo na minha cara.
    Não consegui mais curtir o café depois daquilo. Não sei se pela idiotice de Amir ou se por ver aqueles dois tão felizes e carinhosos. Com certeza a felicidade alheia não me era saudável, dado o humor tóxico que eu emanava
    - Pessoal, desculpa. Tenho de ir. Podemos marcar mais alguma coisa enquanto estiverem pelo Espírito Santo.
    Eles não discutiram, sabendo que eu não estava de bom humor, apesar de tentar dissimular.
    Fui para meu apartamento para ter um pouco de paz. Porém, nem isso eu consegui. Pois Amir estava lá, me esperando.
    - O que faz aqui? - perguntei num tom que eu tentei ser casual, mesmo sabendo de meu fracasso previamente.
    - Tive de vir, né? Sabia que você fugiria. Então me certifiquei que você não ia trazer ninguém aqui.
    Amir estava brincando com fogo, cutucando a onça dentro da jaula sem perceber que a mesma estava destrancada e bastava o animal sair para haver uma tragédia. Tudo o que me segurava era o desejo de não acabar falando coisas das quais não teria volta.
    - Amir, vai pra casa - pedi - Você não está em condições de falar e eu, sinceramente, não tenho a menor vontade de estar contigo agora.
    - Com quem estava?
    Respirei fundo, massageando minhas têmporas.
    - Com o Breno. Amigo de infância. Já te mostrei ele uma vez.  Está de férias com o marido. Agora, por favor - e indiquei a saída.
    Amir então deu um riso de deboche.
    - Fico mais aliviado.
    - Por quê? - acabei me traindo e puxando assunto, pois seu desdém despertou o que há de mais venenoso em mim.
    - Oras. Se você me trocasse por alguém como ele, seria loucura da sua parte.
    - Eu trocaria você por qualquer um que cruzasse meu caminho nesse exato momento
    Soltei e minhas palavras foram tão ácidas que o atingiram como um bofetão na cara.
    Então, como sempre acontecia quando ele perdia o controle, começou a falar sem parar.
    Imaginei até mesmo que seu corpo tivesse aprendido a não depender mais de oxigênio, como um crocodilo capaz de prender a respiração por longos períodos.
    Entre suas acusações, estavam o fato que sempre desconfiou que eu o traia. Que eu era assim mesmo, que não podia confiar. Que eu jamais estaria pronto para um relacionamento sério. Dentre todas as barbaridades que ouvi, entretanto, nada repliquei, esperando ele terminar seu prolongado discurso.
    Mas aí ele soltou o que até então evitava falar. O tabu que abriria de uma vez a jaula da fera.
    - Você é como todos. Só está comigo por interesse.
    - Me diga, Amir. O que você acha que tem a me oferecer, afinal?
    Minha voz saiu tão calma que até eu me surpreendi. Como diz o velho ditado: cão que ladra, não morde. E eu, naquele momento, estava pronto para morder.
    Naquele exato momento, Amir se calou e o senti encolher como uma lebre.
    - Vamos. O que você me oferece afinal? Algo que me obrigue a estar contigo? Que interesse eu tenho?
    Ele não respondeu.
    Ergui minha mão e mandei:
    - Me dá sua chave - rosnei - Agora!
    Meu tom havia mudado e ele logo meteu a mão no bolso e me entregou o molho. Tirei a chave do meu apartamento que ali estava e devolvi o restante. Depois, peguei meu chaveiro e tirei a do apartamento dele, entregando. Ele fazia que não com a cabeça, desconsolado, mas sua voz não saia.
    Indiquei mais uma vez a saída e me retirei para meu quarto.
    - Fábio, vamos conversar... Eu sei que... - tentou falar, mas eu o interrompi.
    - Caso não tenha ficado claro: nós terminamos. Não temos assunto, nem quero conversar.
    Cheguei no meu quarto e liguei o vídeo game. Nada melhor para baixar minha temperatura do que explodir alguns miolos virtuais.
    Todavia, não tive sequer um minuto de paz. Logo apareceu Amir, com cara de cachorro que caiu da mudança, na porta.
    - Fábio. Amor. Me desculpa. Eu... Eu sei que falei bobagem. Eu juro. Só... Se eu pudesse voltar eu..- e começou toda a lenga lenga de sempre. Pedia perdão, se fazia de vítima e tentava me seduzir, pra voltar as boas fases.
    Mas naquele dia suas tentativas só me irritavam e eu me segurava para não explodir.
    - Eu faço qualquer coisa. Juro, por favor, não fica bravo comigo. Eu sou um idiota, eu sei. Só queria fazer algo pra te compensar, qualquer coisa.
    Desde pequeno eu sempre achei os vilões de séries e programas personagens interessantes e ao mesmo tempo subestimados. Não acredito na maldade inerente. Por isso não consigo conceber um personagem, seja ele qual for, como simplesmente mal. Tem de haver um estopim. Há um momento, algo, circunstâncias, em que esse personagem igualmente potencial ao bem ou ao mal toma o caminho sem volta. Naquele momento, para aquele relacionamento, este era o meu momento crucial.
    Olhar para Amir daquele jeito, desolado. Claramente desesperado para voltar as minhas graças, despertou talvez o que houvesse de mais perverso em mim. Normalmente eu cedia mais fácil, normalmente minha raiva era superficial. Mas naquele dia era diferente e ele sabia disso.
    Por isso estava tão frágil, tão desesperado por qualquer sinal de afeto. Mas ele estava enganado se achava que me faria mudar de ideia novamente. Eu fiquei meses enjaulado e prometi a mim mesmo naquele momento que jamais deixaria me trancarem de novo. Eu estava faminto e ia me saciar. Ele seria minha primeira vítima.
    - Está muito vestido para quem tenta uma reconciliação. - comentei, sem lhe dignificar o olhar.
    Um sorriso de alívio inundou seu rosto. Rapidamente ele se despiu, ficando de joelhos na cama, tentando se aproximar. Um engatinhar de cada vez. Olhei de cima a baixo. Avaliei.
    Não podia negar, era um homem muito bonito. Seria uma pena simplesmente parar de usar aquele corpo. Acho que eu poderia brincar com a comida mais um pouco.
    Ao fim e ao cabo, todos somos vilões em alguma história, não é mesmo?
    A raposa é a vilã na história da lebre, aquela que mata dos seus. Mas ao mesmo tempo é a heroína na história de seus filhotes, pois é quem lhe traz a sustento
    Após o avaliar de cima a baixo, desdenhei e voltei para o jogo, apenas para o ver se arrastar até mim e, com calma e medo de eu o enxotar, abrisse meu zíper e começasse a me chupar. Continuei o jogo, tendo aquele agrado a mais conforme me distraía. De fato, estourar miolos virtuais era bem melhor assim. Em pensar que em minha adolescência eu desdenhava dos vídeo games.
    Quando terminei a partida, saí do modo online e deixei o controle de lado. Dei um tapinha em sua bunda e mandei:
    - De quatro. Vira a bunda.
    Ele, obediente, engatinhou, circulando e se virou. Abri aquelas belas nádegas e lambi. O buraquinho piscou alegre e esperançoso. O beijei mais um pouco e então me posicionei. Sem ensaios, arriei minha calça e meti fundo. Encravei até onde consegui e logo então comecei a golpear seu traseiro com meu corpo
    Eu ainda estava com raiva e não fiz o menor esforço para esconder isso. Amir gemeu, apesar de imaginar que minha brutalidade poderia o estar agradando, continuei com a mesma pressão. Aquilo dizia respeito a mim e minhas necessidades. Não as dele
    - Isso. Mete, gostoso. Assim. - começou a me enaltecer até que eu empurrei seu rosto contra o colchão.
    - Shiii. Quietinho, ok?
    Voltei a meter, tendo ele em silêncio.
    - Melhor - e meti com força. Tendo apenas os sons dos estalos de nossas colisões.
    Quem disse que a raiva não é um excelente afrodisíaco, nunca experimentou descontar sua raiva na cama. Gozei duas vezes sem tirar de dentro. Acabei apenas quando não tinha mais forças.
    Quando tirei, contemplei o trabalho bem feito. O anel de Amir dilatava. Estava vermelho em volta. Olhando seu pau, o encontrei duro e babando, com uma gota de sêmen ainda pendurada. Parecia que no fim, Amir gostava de ser maltratado.
    - Gostou? - perguntou, ainda temeroso. - Posso fazer mais alguma coisa por você?
    - Preciso dormir - anunciei - Sozinho - completei.
    Meu tom não dava margem para discussões. Mesmo decepcionado, ele se levantou e se vestiu. O levei até a saída para garantir que desta vez ele iria. Antes de sair, me deu um beijo.
    - Te amo - sussurrou.
    - Boa noite - foi tudo o que respondi.
    Ele saiu. Ainda olhando para traz até entrar no elevador. Talvez na vã esperança de ser chamado de volta
    Fiquei pensando se deveria esclarecer que aquilo não significava nada. Afinal, ele saia do meu apartamento sem nenhuma promessa de termos voltado, nem com anúncio de meu perdão. Bobo ele se acreditasse que havia conquistado uma coisa ou outra.
    Mas desisti. Afinal, não seria culpa minha se ele se iludisse.

     

  • Diários de caça - Capítulo 25 – Cão que morde

    Amir continuou fiel a mim depois daquele fatídico dia. Não que eu tivesse cobrado dele qualquer coisa. Mas ele queria e tentou manter sua presença constante em minha vida, se tornando a pessoa mais agradável possível. Qualquer coisa que pudesse me desagradar, ele logo tentava corrigir. Bastava uma respiração mais alterada ou uma revirada de olhar, ele logo tratava de corrigir a ação de forma a melhorar meu humor.
    No fundo ele sabia que eu nunca o havia perdoado, mas a ilusão de pelo menos voltarmos a namorar o enchia de esperança. Fui permitindo sua presença apenas o quanto me era interessante ou inevitável, uma vez que trabalhamos juntos. Quando queria me aliviar ou me divertir, também era uma opção. Mas nunca mais o deixei se apoderar de minha vida como antes.
    Nunca mais dormimos juntos, mesmo após uma boa trepada altas horas da madrugada. E sempre que eu o dispensava, ele saia resignado, mas sem contestar.
    Uma vez estávamos saindo do hotel, onde fomos chamados para uma ampliação na área recreativa. Um serviço que durou duas semanas. Ao sair, ele me pediu carona até o apartamento. Sabia que tinha deixado o carro em casa de propósito, só para pedir aquilo.
    Nos últimos dias ele tentava de tudo para ser útil ou, quando não conseguia, fazer-se de dependente. Desde sua insinuação de que eu estaria com ele por interesse que eu não aceitei mais uma bala vinda dele. E como não conseguia me fazer precisar dele, ele inverteu os papéis e se fazia de incapaz.
    Olhei bem pra ele e mandei entrar no carro. Dirigindo, passei por um terreno em obra e tive uma ideia. Tinha trabalhado nela havia pouco tempo e sabia que a obra estava parada por conta de uma descoberta de ossada no terreno. A equipe estava aguardando o laudo do instituto de arqueologia e antropologia para poder dar prosseguimento ao condomínio que ali ficaria.
    Sem falar nada, entrei no terreno.
    Uma vez lá dentro, virei para ele e falei:
    - Tira a roupa.
    - O que? Aqui? Mas e se alguém aparecer?
    - Não tem ninguém. Eu mesmo dispensei os trabalhadores até sábado. Vamos.
    E saí do carro, dando a volta e abrindo a porta do carona, já desafivelando o cinto.
    - Mas... - ele ia retrucar mais uma vez e eu logo suspirei aborrecido - Tudo bem - rendeu-se
    Amir saiu e arriou a calça.
    - Anda, tira tudo. Pelado. - insisti, de forma sucinta.
    Obedeceu. Não estava a vontade, mas seu medo de me contrariar era engraçado as vezes.
    Ao fim, ficou nu em pelo e eu o pus contra uma das pilastras de sustentação para o comer a vontade. Metendo com força e fazendo muito barulho, do jeito que gostava. Amir ficou quietinho, olhando em volta com medo de alguém aparecer. Segurou os gemidos, até mesmo quando eu o fiz gozar, massageando seu pau.
    - Delicia. - urrei, após dar aquela gozada dentro dele.
    - Gostou? - perguntou esperançoso. Carente de qualquer aprovação.
    As vezes eu tinha pena e lhe dava algum carinho. Beijei suas costas e sussurrei.
    - Muito. Mandou muito bem.
    Amir sorriu e eu sabia que o tinha feito ganhar o dia. O levei pra casa e recusei o convite para entrar. Estávamos estacionados ainda em frente ao seu apê quando recebo a mensagem de um contato, querendo confirmar se eu iria foder ele aquela noite.
    Percebi quando Amir esticou o pescoço para tentar ver. Eu apenas me voltei pra ele e indiquei a saída.
    - Já chegamos. Não vai me dizer que perdeu as chaves também.
    Ele encolheu e saiu.
    Saí com o carro rumo a Pietro. Um belo bailarino cuja elasticidade me permitia dar asas a imaginação cada vez que o comia.
    Falta de amor próprio foi algo que nunca me atraiu. Porém, devo admitir que aquele era um momento ímpar na minha vida. Algo havia se quebrado e eu ainda não sabia bem o que era. O fato era que ver Amir se humilhar me enchia de um prazer diferente. Me deixava louco de tesão obrigar ele a se submeter a minha vontade de depois o largar que nem um produto usado.
    E era apenas isso que me manteve ao seu lado durante tanto tempo depois. Nada saudável, eu admito. Mas não posso ser hipócrita e dizer que não foi satisfatório.
    O ditado água mole e pedra dura deve ser aplicado nesse contexto.
    Em uma noite, aceitei o seu centésimo pedido para jantarmos juntos. A desculpa para aquele era uma ocasião especial. Era o aniversário de um ano desde o fim do nosso projeto com Veneza. Só então percebi quanto o tempo havia passado rápido.
    O jantar ocorreu bem. Ele escolheu o restaurante do nosso primeiro encontro e eu fingia não estar entendendo aonde ele pretendia que aquilo chegaria.
    Amir estava mais carinhoso que o normal e também mais cauteloso. Estava se preparando para a pergunta que iria fazer e iria lhe dar a certeza ou acabar de vez com suas esperanças.
    - Fábio. Eu sei que as coisas não são mais a mesmas há um tempo. Mas... Mas eu ainda te amo. Do meu jeito idiota, mas amo e... Não quero que você me responda que também me ama, só... Gostaria de saber se...
    Ele não conseguia terminar e eu então adiantei sua resposta.
    - Amir. Eu e você sabemos bem que justamente pelas coisas serem como eram antes que não deu certo.
    Ele se calou, quando veio o garçom pegar nossos pedidos. O garoto estava olhando para nossa mesa a um tempo e pareceu se interessar por mim.
    Quando ele saiu, notei que Amir percebeu a mesma coisa. Esperei para ver se ele conseguiria se conter. Obviamente que não.
    - Acho que... O garçom gostou de você.
    Eu apenas sorri e ele percebeu que tinha se traído.
    - Está vendo? - falei com calma - era esse inferno que eu vivia todos os dias.
    - Desculpa, eu... - tentou se apressar, mas eu pus o dedo em sua boca.
    - Deixa eu falar - interrompi - se vamos nos dar uma chance. E eu estou dizendo uma chance - enfatizei, ao ver o brilho em seus olhos - Vai ser totalmente diferente. Sem aquele grude, sem aquelas cobranças, sem ciúmes. Eu mudei a senha do meu celular e jamais vou te passar de novo. Você não vai mais ficar se metendo em tudo da minha vida. Se você continuar a me importunar com suas inseguranças, eu pulo fora sem pensar duas vezes. O garçom me olhou, sim. Eu percebi. Sou um homem bonito, acostume-se. Caras e mulheres me olham o tempo todo - completei, sem um pingo de modéstia
    Ele concordou com tudo, calado. Com medo de falar alguma besteira e por tudo a perder.
    - Eu... Eu posso te chamar de meu namorado de novo?
    - Chame do que quiser - dei de ombros. Eu não disse que tínhamos voltado, mas não adiantava lutar contra a crença quase fanática de Amir em pescar esperança em qualquer vírgula que eu dissesse.
    Aquilo para ele bastou.
    Eu então o puxei e apoiei sua cabeça em meu ombro. Naquela posição, ele não viu quando pisquei para o garçom, que tentou disfarçar um sorriso.
    Quando terminamos de comer eu pedi a conta e entreguei a chave do meu carro para Amir.
    - Por que não vai pegando o carro enquanto eu pago? - sugeri.
    Ele saiu e então, enquanto passava o cartão, dei uma boa olhada no garçom e falei.
    - Larga que horas?
    Ele se assustou com minha direta
    - Eu... Daqui a uma hora e meia.
    - Legal. Passo aqui então pra te buscar. Que tal? - E lhe devolvi a máquina do cartão.
    Ele sorriu.
    - Mas e seu namorado?
    - Deixo ele em casa e volto - dei de ombros e ele aceitou os termos.
    Dirigi até o apartamento de Amir e, mais uma vez, recusei o convite para subir.
    - Estou com dor de cabeça - inventei - Vamos fazer o seguinte, então - e acariciei seu rosto, deixando-o sem reação. - amanhã de manhã cedo vamos pra praia, ficamos o dia todo. Podemos almoçar naquele quiosque que você gosta, que era de um primo seu. Que tal?
    Ele sorriu e segurou minha mão, pressionando contra seu rosto.
    - Parece ótimo.
    - Ótimo. Agora vamos descansar. Algo na comida hoje não me fez bem.
    Ele não queria me deixar ir, mas não ia insistir. Eu me permiti ficar mais um pouco com ele. Beijando-o na garagem de seu prédio como um adolescente. O que pra ele deve ter sido algo divertido, para mim era apenas uma forma de ganhar tempo. Já que ainda faltava pro garçom largar.
    Acabou que foi um momento bem jovial o que tivemos. Muitos beijos, carícias, uma mão boba ali, outra lá. Por pouco não transamos ali mesmo.
    Quando saí, cheguei no restaurante no momento em que ele estava na porta com os outros colegas de serviço. Estava 15 min atrasado e gostei de ver que ele ficou enrolando ali, me esperando.
    Ele entrou no carro e, colhendo a informação de onde morava, fui dirigindo.
    - Fiquei surpreso com seu convite - ele assumiu - Um cara gostoso como você.
    Olhei para ele e sorri.
    - Você também é muito gostoso. Por isso te chamei
    - Com aquele uniforme horroroso do restaurante? - riu - duvido alguém ficar atraente assim.
    - Mas isso resolvemos rapidamente, não acha?
    Meu olhar de predador o deixou paralisado. Eu estacionei o carro em uma rua totalmente deserta e botei o pau pra fora, o que ele pulou em cima como um cachorro em cima do pote de ração.
    Nesse instante meu celular tocou. Era Amir.
    - Continua - mandei e atendi.
    - Oi, Amor. Queria saber se chegou bem em casa.
    Quis rir. Afinal, era o Amir de sempre. Disfarçado de cuidado, ele apenas queria saber se eu tinha realmente ido pra casa. Resolvi entrar no jogo.
    - A estrada estava tranquila. Tudo correu bem.
    - Que bom...
    Deixei ele em silêncio, sentindo-o lutar contra o desejo de me interrogar. O garçom me olhou e eu lhe fiz um sinal positivo para que continuasse.
    - O que foi? Já está com saudades? - resolvi brincar com Amir, segurando o gemido, pois a mamada do garçom estava espetacular.
    Ele riu
    - Claro. Confesso que nossa brincadeira no carro me deixou aceso.
    - Hum... Bom. Diz aí, está peladinho?
    - De pijama - riu, acanhado
    Me voltei para o garçom e falei.
    - Tira a roupa, então.
    O garçom sorriu e foi logo se despindo. Amir, do outro lado da linha, riu.
    - Mas você não está aqui pra ver.
    - Tira - sussurrei para os dois - Quero você peladinho.
    Pelos sons do outros lado da linha, percebi que Amir tirava a roupa. O garçom já estava nu na minha frente, no bando do carona.
    - Abre as pernas pra mim. Imagina que estou te comendo. E se deda pra mim, vai. Enfia o dedo nesse cuzinho, pensando que sou eu.
    O garçom soltava faísca pelos olhos e obedeceu sem questionar. De pernas abertas no banco de carona, massageando o próprio orifício com o dedo.
    Amir gemia do outro lado.
    - Queria você dentro de mim. - Os dois falaram ao mesmo tempo. Pareciam ensaiados.
    - Em breve estarei. Pode acreditar. Se deda vai, quero te ouvir gemer baixinho pra mim
    Ambos começaram a me entreter. O garçom tinha o pau duro como pedra e me olhava fixamente enquanto se masturbava. Dois dedos já estavam entrando e saindo com facilidade de seu corpo.
    - Você é delicioso - falei para o garçom e para Amir de quebra.
    - Estou muito excitado. Vou gozar assim. - Amir anunciou e eu deixei. Quando ouvi seu gozo do outro lado.
    - Está se sentindo melhor? - perguntei.
    - Um pouco - sua voz era cansada, mas feliz.
    - Então dorme, amor. Amanhã tenho planos para nós dois.
    O fato de o chamar de amor foi tudo o que ele precisou para enfim se despedir e me deixar a vontade.
    Olhei para o garçom e indiquei o banco de trás. Tirei as roupas e fui com ele fazer aquele carro balançar.
    Nos últimos dias, assisti a um documentário em que falava que ursos polares, por conta dos aquecimentos das calotas polares e desaparecimento das focas (sua principal fonte de alimento) estavam mudando seus hábitos alimentares, passando a caçar outras espécies que não faziam parte de sua dieta.
    Acredito que, naquele momento, eu estava como o urso. Eu, sem perceber, havia renunciado a minha natureza e tomava atitudes as quais antes não cogitaria. Nunca fui de iludir pessoas. Não me importava em ser um amante, mas daí a ser eu o infiel era algo a qual jamais pensei me sujeitar. Aquela relação havia me ferido de tal forma que, naquele momento, eu era como um animal abatido. Traumatizado e capaz de morder qualquer um que chegasse perto, mesmo que com a intenção de me ajudar. Sem perceber, estava me ferindo e ferindo pessoas a minha volta. E o pior, não sentia o menor remorso. Como um cão que já nem ladra, só morde.
    Aquele era o buraco em que me jogava sem sentir. Na verdade, mergulhando por livre arbítrio. E o qual seguiria por um tempo, até enfim despertar.

     

  • Diários de caça - Capítulo 26 – Praga

    Trair Amir foi como uma praga, que começa e cresce sem o menor controle. Depois de instalada, procria e multiplica, tornando-se difícil de se livrar. E quando você vê, tomou e destruiu tudo.
    Eu já não sabia mais porque transava com outras pessoas. Acho que era o desafio. Me colocava em situações das mais desafiadoras, só para ver se meu namorado notaria. E quando ele desconfiava, logo me fazia de aborrecido e o fazia retroceder. Amir, desde nosso primeiro término, jamais se atreveu a me confrontar novamente. Acho que no fundo eu queria que ele reagisse. Que descobrisse, que me atacasse. Cansei de jogar no modo fácil, como um animal em cativeiro se cansa de caçar as presas que são propositalmente postas pelos criadores.
    Eu basicamente cacei toda e qualquer presa próxima a meu namorado, apenas para ver se era capaz. Comi sua vizinha na escadaria de seu prédio. Outro dia, numa manhã, ele pediu se eu poderia receber o técnico da TV a cabo que iria na sua casa. Como estava com a manhã livre, fiquei e acabei comendo o rapaz em sua própria cama. Até seu treinador particular me mamou em um banheiro, quando acidentalmente o encontrei num passeio ao shopping.
    E o pior, é que eu não me arrependia de nada. Sair impune massageava meu ego, me fazia crer como mais esperto, mais sagaz. Como a raposa que rouba de uma a uma as galinhas, sem que as demais sequer percebam. Nem os cães de guarda.
    Ninguém escapava de mim. As vezes nem eram pessoas que me atraiam. Mas o fato de serem próximas a Amir ou de haver alguma chance de ele descobrir, estimulava minha fome. 
    Não é uma desculpa, mas conviver com uma pessoa sem paixão nos faz abrir os olhos para defeitos que sempre estiveram lá, mas que nos recusávamos a enxergar. Amir, que sempre me pareceu um homem altruísta, que gostava de ajudar e se sentir útil para o próximo, começou a me parecer outra coisa.
    Percebi que Amir não era apenas feliz em ajudar ou em se sentir útil. Parte de sua satisfação se devia a enxergar o outro como alguém dependente, que precisa de sua proteção para viver. Sua superproteção era o que o motivava. Que o colocava como um mártir de uma nobre causa.
    Várias vezes o vi oferecer uma ajuda que a princípio não era sequer solicitada, apenas para, horas depois, vir desabafar comigo dizendo que tal pessoa não era capaz de se cuidar sozinha. Ou que sorte ela tinha de ele estar lá par ajudar.
    Essa obsessão era ainda pior com Omar, seu irmão mais novo. Sim, Amir tinha um irmão. O qual sequer fora citado aqui antes pelo simples fato de nunca antes ter me chamado atenção.
    Omar havia chegado ao Brasil recentemente e começava a ganhar seu espaço para garantir sua independência. Amir, sendo mais velho e melhor adaptado ao país, obviamente serviu de alicerces para o irmão se instalar. Tempo esse que talvez estivesse demorando demais a se concretizar.
    De início, eu comprava o discurso de Amir, alegando que o irmão não tinha aptidões e que por isso não conseguia caminhar com as próprias pernas. Conhecendo-o, dava para ver que ele não tinha a presença do irmão mais velho, nem seu carisma ou confiança. Mas com o tempo eu percebi que grande parte disso se devia ao próprio Amir, que o eclipsava sempre que podia, provavelmente sem perceber.
    - Acho que você deveria deixar ele tentar - dei o conselho quando Omar tinha sugerido fazer um curso intensivo de culinária.
    - Essa área não da dinheiro. - Ele rebateu - Vai acabar perdendo tempo.
    - Nenhuma área dá dinheiro até que dê. Conheço muitos advogados atendendo em lojas pra sobreviver. Se ele quebrar a cara, é a vida. Mas se for a vocação dele, pode dar certo
    - Ele não precisa quebrar a cara se tem a mim. Eu não me importo de bancar ele até que ele se estabeleça.
    - Mas você acabou de reclamar que ele não toma jeito - lembrei. Ao que Amir mudou de assunto e eu dei de ombros.
    Não era só na vida profissional. Na amorosa, até nos gostos de vestimentas do irmão Amir se metia, mostrando todo aquele lado possessivo que eu conhecia bem, mas que imaginava ser destinado apenas aos namorados. Talvez o fato de eu ter cortado esse privilégio dele em mim o tenha feito voltar a atenção de forma mais intensa ao pobre Omar.
    Eu via Omar tentar impor sua vontade sem nenhum sucesso. Não era um rapaz feio, mas de tanto ser reprimido começava a acreditar que sim. Ele tinha os traços do irmão, mas sem o corpo musculoso e a bunda carnuda. Tinha um corpo magro, mas bem definido. Um ar esguio e um rosto masculino. E os mesmos olhos penetrantes do irmão.
    Desconfiei que ele partilhava também dos gostos afetivos de Amir, certeza essa que tive quando, uma vez, tomando banho na casa de meu namorado, o vejo entrar no banheiro direto. Sem bater.
    Me viu nu e logo pediu desculpas. Mas ainda deu uma boa olhada de cima a baixo antes de sair. Algo que se arrependeu ao notar que tinha sido pego no flagra por mim.
    Nada comentei e quando ele saiu, ouvi a voz do irmão ralhando com ele.
    - Como você entra sem bater assim?
    - Desculpa. Não ouvi o chuveiro. Nem sabia que o Fábio estava aqui.
    - Você é muito desligado. Precisa... E blá, blá e blá.
    Foi então que chegou o dia 17 de julho, data em que Omar prestaria um importante concurso, na área de tribunais. O qual estava estudando há um ano. Amir não poderia levá-lo, pois viajaria. E não acreditava que o irmão fosse capaz de chegar ao local sozinho.
    Sempre achei engraçado como, de todas as pessoas no universo, Omar fosse o único que não despertava ciúmes no Irmão quando estava próximo a mim. O que poderia ser interpretado como confiança nos laços sanguíneos, era logo visto como mero desprezo à capacidade do irmão de atrair alguém como eu.
    Erro que Amir pagaria em breve.
    Acabei aceitando levar Omar ao local da prova, só para calar a boca do meu namorado. Dirigi por cerca de três horas, já que a prova seria em outra cidade. Aproveitei aquele tempo para estreitar os laços com meu cunhado.
    - Que tal escolher uma música pra ouvirmos? - sugeri, cansado do silêncio.
    - Eu não sei mexer nesse rádio.
    Estávamos no carro de Amir e eu o olhei incrédulo.
    - Sério isso?
    - Amir não me deixa mexer, pois tem medo que eu o escangalhe.
    - Ah, pelo amor de Deus. Liga logo esse negócio . Se quebrar eu digo que fui eu.
    Ele riu e ligou. Trocando a rádio até achar uma estação com músicas acústicas bem agradáveis.
    - Viu só? - alertei - não é nenhum bicho de sete cabeças. Vou te dizer, seu irmão parece que te vê como um cristal. Não pode se mexer sem quebrar.
    Omar riu, parecendo mais a vontade.
    - Mas sério. Para de se acomodar. Amir acha que todo mundo precisa dele até pra ir ao banheiro. Não deixa ele te infantilizar.
    Minhas palavras fizeram sentido a ele, uma vez que ficou pensativo
    - Por mim, você viria sozinho. Afinal, já tem mais de vinte anos, é plenamente capaz de tomar um ônibus sozinho sem se perder. Mas como já estou aqui, vou aproveitar que a cidade tem praia e o tempo está ótimo. Vou pegar um sol enquanto você arrasa.
    - Espero passar - desabafou.
    - Você estudou igual um corno e é inteligente. Vai passar. Aproveita a estabilidade pra estudar a gastronomia que tanto quer. Sem depender do dinheiro do teu irmão.
    - Ele te falou - sorriu.
    - Aham. E digo, você devia se impor mais. Mas como você já estudou tanto para essa prova e de fato é um emprego dos sonhos pra muita gente, acho melhor você fazer e passar. Ainda é novo, tem bastante tempo pra estudar as coisas que quiser.
    - Valeu, Fábio.
    Eu sorri pra ele e o vi ficar sem graça.
    - O que foi? - perguntei.
    - Nada.
    - Tá sem graça comigo?
    Sorriu encabulado.
    - Um pouco.
    - Então já tá na hora de acabar com isso. Vamos fazer o seguinte: quando acabar a prova, a gente almoça e aproveitamos mais um pouco a cidade antes de voltarmos. Vamos nos conhecer. Afinal, você é meu cunhado. Temos de ficar mais íntimos.
    Ele concordou, ainda estava nervoso, mas um abraço caloroso e um cheiro no pescoço quando nos despedimos no local de prova o deixaram bastante atento.
    - Estou bem naquela barraca ali na praia - indiquei.
    Por sorte, o local ficava muito bem localizado. Me assentei em uma mesinha na areia e o garçom me serviu algumas cervejas. Tomei um banho de mar e relaxei como a um tempo não fazia. Olhei para as pessoas que quis, sem Amir e seu bico estraga festas.
    - Mais uma cervejinha? - o garçom me ofereceu e eu aceitei. Foi quando resolvi comentar algo que havia me chamado atenção.
    - Amigo, me conta. Aquela trilha ali, que de vez em quando vejo um ou outro seguir
    O garçom riu de forma cúmplice.
    - Lá é a trilha que leva pra praia naturalista. Onde geral fica peladão.
    - Caramba - me surpreendi - pensei que praias assim ficassem mais isoladas.
    - Não se engane. A trilha é longa. Mais ou menos uns 40 minutos de caminhada. É bem isolada.
    - Ah sim. Já foi? - perguntei ao garçom.
    - Tá louco? Minha mulher me mata. E se você for perceber bem - e chegou perto para sussurrar - se olhar algumas pessoas que entram naquela trilha, você não iria querer ver pelado nunca.
    Rimos bastante, mas uma ideia se implantou.
    Omar chegou duas horas depois do início da prova. Estava animado, apesar de cansado. Tinha feito uma boa prova, afinal.
    - Vamos lá, come alguma coisa e relaxa. Você merece.
    Almoçamos e então eu sugeri fazermos uma caminhada para desgastar. Deixamos as coisas no carro e seguimos. Eu de sunga e ele de bermuda.
    Entramos na trilha que era bem deserta. Inocente, Omar me seguia e eu aproveitei para contar algumas das minhas histórias de quando caçava com meu pai.
    Aos poucos, meu cunhado ficava mais a vontade, e ele se tornou alguém mais aberto, contando-me casos dele e Amir na infância.
    Até que chegamos a uma parte da trilha onde havia uma placa: "A partir daqui, roupas são proibidas. Liberte-se das suas"
    Paramos e eu fiz minha melhor cara de inocente.
    - O que faremos? - ele perguntou
    - Podemos voltar ou... Bem, eu nunca fui a uma praia de nudismo. Tem curiosidade não?
    Omar deu de ombros, ainda receoso de admitir.
    Eu então sorri e tirei a sunga.
    - Vamos então. Eu tô querendo ver.
    Ele riu e se despiu. Cobrindo o pau com a bermuda.
    - Pau duro? - perguntei.
    - O que? - levou um susto com a pergunta.
    - Perguntei se você está de pau duro. Relaxa. Normal ao ficar pelado assim e perto de ver um bando de gente nua
    - Um pouco - admitiu
    - Eu também - falei, mostrando o meu, que já estava em pé.
    Deixei ele admirar surpreso meu órgão por um tempo. Tirou então a sunga e o dele estava bastante inchado.
    - Vai pegar mau a gente chegar lá assim - lembrou.
    - Vai mesmo - ri - só tem um jeito
    E comecei a me masturbar.
    - Que isso. Ta louco?
    - Tem outra ideia? Uma gozada e ele baixa. Espero - completei.
    Continuei a me masturbar quando o percebi me olhando, petrificado.
    - Vai porra - chamei sua atenção - vai ficar aí de pau duro?
    Naquele momento ele estava completamente excitado. Então começou a se masturbar também.
    - Vem cá - chamei.
    Ele vacilou. Mas veio.
    - O que?
    - Me ajuda.
    - Como?
    Peguei então sua mão e pus no meu órgão.
    - Ta doido? - acusou, mas não soltou.
    - Bora, antes que alguém chegue.
    Omar me masturbou, olhando toda hora aos lados caso alguém apareça.
    - Vai, continua... Assim... Caralho, vou gozar agora.
    Apontei para a mata e deixei os jatos saírem.
    Respirei fundo e sorri.
    - Valeu, cunhado. Vem cá.
    Ele ofereceu o pau, mas eu tinha uma ideia melhor. O virei de costas e comecei a dedar seu cuzinho .
    - Vai. Bate uma.
    Ele riu incrédulo e começou a se masturbar. Senti seu anel contrair em torno do meu dedo.
    Com a outra mão, fiquei beliscando seu peito. Meu dedo já tinha entrado quase todo enquanto ele gemia e se tremia todo.
    - Goza logo, moleque. Se não vou ter de comer teu cu pra acelerar.
    A safadeza ao pé do ouvido foi o que faltou para ele ejacular.
    Urrou forte, enquanto o pau chorava.
    - Ufa - soltou, rindo.
    - Acho que não adiantou muito - observei vendo nossos paus ainda bem inchados.
    - Melhor voltarmos, não? Vamos acabar pagando mico - ele sugeriu.
    Acabei concordando, vendo que ele estava constrangido após ter gozado. A culpa sempre vem após o gozo.
    Voltamos e ficamos só mais um pouco na praia antes de irmos embora.
    Não falamos muito. Mas eu o percebia a toda hora lançar olhares furtivos até mim. Como se não notasse nada, vez ou outra dava uma pegada no meu pau. De forma a chamar a sua atenção.
    A coisa caminhava muito bem e à frente eu só vislumbrava um resultado para aquela história: eu iria experimentar o cuzinho de Omar. Essa certeza, entretanto, foi posta em xeque por uma mensagem que recebemos de Amir ao mesmo tempo.
    Sua viagem sofreu um breve encurtamento e ele já estava em casa nos esperando. Escondi a cara de decepção ao falar com Omar.
    - Pois é. Seu irmão já chegou
    - Aham. Eu recebi também - percebi nele a mesma expressão que eu tentava ocultar. Embora, em seu caso, houvesse um pouco de alivio também. Como se tivesse se safado de algo que provavelmente se arrependeria depois.
    Chegamos ao apartamento de Amir e descobrimos a real razão de seu retorno prematuro. Ele estava queimando em febre. Provavelmente havia pego alguma virose na viagem. Tinha se consultado por lá e não era nada sério, embora não estivesse em condições de trabalhar e acabou antecipando o retorno, ficando de voltar no mês seguinte para finalizar o projeto.
    Deixei os irmãos conversando na sala enquanto preparava a janta. Amir disse que pediria comida, mas como bom rapaz do interior eu sabia que nada melhor para levantar os ânimos de qualquer um que um caldo de galinha bem reforçado.
    Amir aceitou o mimo, me olhando com aqueles olhos de cachorro que eu sabia significar que considerava meu gesto como prova que meu amor por ele havia enfim reavivado. Não iria discutir com ele as questões que diferem cuidar de um ser humano e amar a ele. Ele estava feliz e um pouco mais meloso que o normal. E eu aceitei que meu fardo seria cuidar daquilo, pelo menos aquela noite.
    Amir vibrou quando eu informei que dormiria ali para o caso dele precisar.
    O que eu não contava era que meu namorado ofereceria ao irmão passar a noite no quarto de hóspedes. Alegando estar tarde para ir sozinho
    O mesmo espírito superprotetor de sempre e o qual eu alertei Omar e o encorajei a se impor. Todavia, naquela noite, achei interessante ele mais uma vez ter se rendido a vontade do irmão.
    Já eram 23h e eu o acompanhei ao quarto, após termos dividido um bom banho quente.
    - Toma - peguei seu remédio e lhe ofereci com um copo d'água.
    - Melhor o outro. Esse me dá sono.
    - Meu amor, são onze da noite. Acho que sentir sono só ajudaria, não?
    Ri e ele se derreteu todo por eu o chamar de "meu amor"
    Tomou sem reclamar e deitou. O abracei por trás e ele logo dormiu. Eu, por outro lado, não consegui pregar o olho. A todo momento minha mente lembrava que, a apenas alguns metros dali, havia uma presa pronta para o abate e que este teria se finalizado hoje se não fosse o retorno precoce de meu namorado.
    Mas isso ainda poderia acontecer.
    - Amir - testei, chamando-o. Ele sequer se mexeu. - Amor - e o cutuquei. Nada - O vizinho está me mandando mensagem para eu ir lá agora. Aquele que falou que eu era muito bonito.
    Se depois daquela não houve qualquer tipo de reação, eu sabia que o remédio o havia dopado permanentemente. Levantei e fui até o quarto de hóspedes.
    Entrei sem bater e Omar deu um pulo da cama. Também não tinha qualquer sinal de ter dormido.
    - Vamos terminar o que começamos mais cedo? - sugeri, já me despindo.
    - Mas meu irmão está logo ali.
    - Se liga - peguei em seu ombro - Amir está mais dopado do que um drogado em uma rave, então é o seguinte: eu quero te comer e eu sei que você ta doido pra dar. Infelizmente não temos tempo para joguinhos então essa será sua primeira e única chance. - olhei bem em seus olhos, para que sentisse toda a seriedade – Tira logo essa roupa.
    Minha sinceridade o atingiu como um bofetão.
    Ele olhava meu corpo e meu pau em riste e então começou a tirar a roupa as pressas. Nos beijamos e eu o pus apoiado contra a parede e de costas pra mim. Ajoelhei e lambi aquele orifício com vontade, vendo ele se contorcer e conter o gemido.
    Chupei o buraco até me satisfazer. Quando voltei a me levantar e encravei fundo, o pau entrou facilmente.
    Omar tremeu todo e eu o agarrei firme, envolvendo com os braços e calando a sua boca
    - Mesmo dopado, melhor não abusarmos, não é mesmo? - sussurrei ao seu ouvido. Então, comecei a cravar forte contra sua bunda, fazendo ele dar pequenos saltos a cada estocada. Mantive sua boca bem segura, de forma a não conseguir soltar nenhum som.
    Meti com força, sentindo ele gemer choroso.
    - Gostoso - sussurrei - tão gostoso quanto teu irmão. Ouviu? Para de se sentir um patinho feio. Eu tô aqui, não tô? Poderia estar fudendo o Amir, mas escolhi estar aqui, metendo em você. Abre as pernas.
    Ele abriu e eu enfiei mais, fazendo-o ficar na ponta dos pés.
    - Entendeu agora? Gostoso.
    Lambi sua nuca, sentindo o gosto de seu suor. Meti mais e mais. Passei rapidamente a mão pelo seu pau e percebi que Omar já tinha se gozado todo
    Enfiei com tudo, até enfim ejacular. Deixei lá dentro até ter soltado tudo o que queria. Então o conduzi até a cama e o deitei com cuidado, pois seu corpo parecia desfalecido.
    - Tenho de voltar - avisei - vamos marcar com mais calma outro dia.
    Beijei seus lábios e saí. Deixando-o completamente desorientado.
    Cheguei no quarto e voltei a me deitar, enlaçando os braços em volta de seu corpo. O senti instintivamente segurar meus braços e se aninhar. Sussurrou algo que não entendi.
    - O que? - perguntei, imaginando se teria ou não despertado e ouvido alguma coisa.
    - Te amo. Obrigado por estar comigo.
    O ouvi dizer coisas do tipo inúmeras vezes, mas foi a primeira vez que aquilo me causou uma pontada desagradável no peito .
    Me acheguei e tentei dormir com ele. Mas o sono, mais uma vez, demorou a chegar. Porém, naquela hora, por outro motivo.
     

     

  • Diários de caça - Capítulo 27 – Ciclo da vida (FINAL)

    - Está vendo, Fábio? É uma fêmea. E está grávida.
    Disse meu pai. Reconheci tudo naquela cena. O lugar, os animais. Eu, anos mais novo e meu pai, no auge de sua vitalidade. Soube logo de cara que era um sonho, e torci desesperadamente para não acordar.
    O vi pegar a fêmea e soltar, e a mesma sair correndo com a boca cheia do alimento que usamos de isca.
    - Mesmo os preparadores precisam ter respeito. Não existe vida sem um ciclo. Assim como nascemos, crescemos e morremos, o alimento passa das plantas aos animais, dos animais entre eles e depois vai aos fungos e bactérias retornando para a terra.
    Meu pai, em toda sua sabedoria e eu, de volta um garoto, bebendo de suas palavras.
    - Caçar por puro esporte, sem um objetivo, e pensando apenas nos seus ganhos sem se importar com aquilo que deixa é loucura. O homem não se tornou o superpredador e sim seu parasita. Pois pregadores preservam. Eles caçam, mas se preocupam em construir algo com aquilo. Diferente da praga que devora tudo e depois sai sem deixar nada pra trás. Sem dar as chances de algo bom crescer de novo e proliferar. Você é um caçador, Fábio. Não um parasita. Não se esqueça disso.
    - Sim, papai – falei entre o sono e o despertar, naquela manhã de domingo.
    Acordei e levantei com lágrimas nos olhos. Olhei para o lado e Amir dormia. Nu, de costas pra mim. Respirando profundamente em pesado sono, após a canseira que lhe dei na noite anterior.
    Naquela noite eu quase havia sido pego com as calças arriadas, se não fosse a atuação de minha exageradamente simpática vizinha, que prendeu Amir em um longo assunto desnecessário na portaria, dando tempo de meu convidado se vestir e fugir pela escada de incêndio. Devia agradecer também a José, o segurança de meu prédio, que havia me alertado da chegada sem aviso prévio de meu namorado. José, que também era usufruto de minhas escapadas, ficou muito feliz em me agradar e assim garantir sua vaga nas gozadas ocasionais que lhe dava na cara quando terminava o expediente. Ele adorava quando eu ejaculava em seu rosto depois de um caprichoso sexo oral
    De qualquer forma, o sexo na surdina foi interrompido e Amir acabou recebendo todo o rompante que eu havia preparado para o jovem que hoje sequer lembro o nome. Algo que recebeu sem reclamar.
    Na mesa do café da manhã, eu estava perdido em meus pensamentos, sabendo que Amir falava sem parar sobre algum assunto ao qual eu devia participar, mas sem conseguir.
    - Então? O que acha? – o ouvi falar.
    - Desculpe – despertei, de repente – Não vai dar.
    Eu nem sabia sobre o que ele estava falando, mas eu já estava entrando em outro assunto.
    - Como assim, não? Você vai adorar a Síria. Não vai ser difícil conseguir um visto pra você e não se preocupe com a língua. Eu guio você.
    - Você não está entendendo. Não dá mais – falei em um suspiro. Não sabia como dizer aquilo sem que fosse da forma mais brutal e sincera. Eu me sentia sufocado e precisava gritar. – Isso, não dá mais.
    - Fábio. Você está me preocupando. O que não dá mais?
    - Nós dois, Amir. Não dá mais. Não posso mais fazer isso. Com você, comigo. Não consigo mais.
    - Fábio….
    - Eu te trai, Amir. – descarreguei – mais de uma vez.
    Silêncio. Amir com uma expressão indecifrável no rosto. Como uma estátua.
    - Mas…. – ele arriscou, sem saber exatamente como continuar dali – Você diz isso porque está arrependido e….
    - Esse é o problema. Eu não estou arrependido. No começo eu tinha uma justificativa. Ou achava que tinha. Eu nem lembro mais. Na verdade nem sei mais porque continuo.
    - Então você está dizendo isso pra que? Pra zombar de mim?
    Pela primeira senti um algo semelhante a um sentimento humano em sua voz.
    - Não. Eu só…. Só estou cansado. Não sei que merda é essa que eu me tornei. Mas não sou eu. Não é o que eu quero ser. Isso começou errado desde o início e eu não quero mais fazer isso.
    - Mas Fábio. Ainda podemos fazer dar certo e….
    - Como, Amir? – revoltei – Pelo amor de Deus, homem. Tenha dignidade. Briga comigo, me bate se quiser. Faz uma cena ou simplesmente me despreza, pois eu sei que mereço. Mas para de se humilhar. Para de mendigar migalhas. Só…. Para.
    Achei que na primeira vez que terminamos eu tivesse sido convincente, mas agora percebi que sequer cheguei perto. Naquela manhã sim, eu falava com convicção. E Amir tinha certeza de que naquela vez eu falava sério. Que era definitivo.
    Acho que por isso levei aquele soco. Pois pela primeira vez, sabendo que não teria mais volta, ele não tinha mais nada a perder.
    Nunca fui de apanhar calado. Mas não quis revidar. Apenas me levantei do chão, pois o golpe havia me derrubado da cadeira. Limpei a linha de sangue que escorria de meu lábio e esperei.
    Amir ainda estava com raiva. Com razão. Mas também estava assustado. Pois nem ele esperava aquilo. Amir nunca foi um homem violento. Aquela relação tóxica havia destruído nós dois. Ambos éramos animais feridos, violados e raivosos com o mundo. Não nos reconhecíamos mais, não éramos capazes sequer de chegar perto sem nos ferir.
    - Me desculpa – pedi.
    Ele saiu. Pegou as coisas que achou dele pelo apartamento e saiu. Apenas me dignou a palavra quando já estava na porta.
    - Eu te odeio.
    Não era verdade. Mas eu quis acreditar que sim. Era mais fácil.
    Por incrível que pareça, eu não me sentia culpado, ou magoado. Apenas aliviado. Quando comecei aquela conversa kamikaze, eu só queria acabar o mais rápido possível. De fato, eu havia me tornado um parasita.
    Acho que pela primeira vez me atentei para a decoração daquele apartamento e notei que não havia vida ali. Nenhuma planta ou animal. Nada. Só móveis. Eu estava sozinho.
    - Acho que preciso arrumar um gato – pensei sozinho, talvez uma forma de fugir do cerne da questão que acabara de explodir em minha cara.
    *
    No dia seguinte, liguei para Veneza. E disse para ela que precisava de um período sabático. Que ia me desligar da empresa para focar em outros projetos.
    Ela de cara notou haver algo errado, mas não tentou se aprofundar no assunto.
    - Tire o tempo que precisar. – mostrou-se solicita - Só torço muito que você esteja pronto pra voltar daqui há uns três meses. Pois vamos iniciar o projeto no Chile e você sabe como o quero em minha equipe.
    Agradeci a confiança e prometi pensar. Eu não sabia o que me esperava. Mas também não quis entrar no assunto com ela, até porque Amir também fazia parte de sua equipe. E eu não ia colocar o peso de decidir entre nós dois em seus ombros.
    Talvez fosse melhor sair de cena com dignidade. Eu ficaria bem. Tinha trabalho para mim. Já fui assediado por umas três empresas enquanto trabalhava com Veneza, as quais recusei por estar satisfeito onde estava. Sempre pintava trabalhos por fora também. Enfim. Eu sobreviveria.
    E também, três meses era muito tempo. Quem sabe o que o mundo me reservaria? Eu, sinceramente, naquele momento, não queria saber.
    E foi na manhã seguinte que eu, sem necessariamente pensar a respeito, decidi que minha vida precisava de uma reiniciada. Então, peguei o primeiro avião seguido do primeiro ônibus disponível para minha cidade natal.
    Não avisei ninguém, apenas as 21 h estava eu batendo na porta da minha mãe.
    O rosto dela foi mudando de expressão rapidamente, da dúvida para a surpresa, então felicidade, depois preocupação. Em questão de segundos ela se perguntou o que havia trazido seu filho de volta assim de repente, sem avisar. Porém, rapidamente ela também percebeu que talvez não seria a hora de questionamentos. Então, apenas sorriu da forma amável que eu me lembrava e me chamou para entrar. Ofereceu-me aquela janta simples e caseira que me encheu de apetite. Depois, me guiou até meu antigo quarto, o qual fez questão de manter de jeito que eu deixara, apesar de minhas constantes insistências em aproveitar aquele espaço para algo mais útil.
    Não me lembro quando foi a última vez que dormi tão profundamente.
    Na manhã seguinte, o cheiro de ovos mexidos me despertou. Desci até a cozinha e minha mãe sorriu, mandando eu me sentar. Ao me pôr o prato, percebi que ela tomara o cuidado de ajeitar os ovos de forma que parecessem com o desenho de um leão.
    - Quantos anos você acha que eu tenho, dona Maria? – brinquei.
    - Se não quiser, eu tiro.
    Eu rapidamente puxei o prato para mim antes que ela cumprisse a ameaça.
    Sorrimos um para o outro e eu agradeci, comendo com vontade. Ela ficou me olhando comer, o que me deixou sem graça. Resolvi puxar assunto, para me deixar mais à vontade.
    - Me desculpe por aparecer assim, sem avisar.
    - Você sempre foi meio impulsivo. Sabe que até estava com saudades disso? – riu – Como quando você se metia naquelas matas de repente e só voltava de noite. Depois da terceira vez que você fez isso eu até parei de ligar para o necrotério, hospital e para seu pai.
    Ri, saudoso.
    - Bons tempos – então, olhei em volta – E a maninha?
    - Está dormindo na casa do noivo.
    Aquela informação me pegou de surpresa.
    - A senhora a deixa dormir na casa do noivo antes do casamento? Onde diabos eu vim parar?
    - Sem nomes feios na mesa do café – me repreendeu, deixando claro que algumas tradições ainda deviam ser respeitadas – Mas sim, sua irmã sempre teve juízo, diferente de você. E também, depois de tudo o que aconteceu, sei que me preocupava demais com o que essa gente desta cidade pensa. Em vão. Eles sempre vão pensar besteira, não importa o que façamos. E também, a opinião deles vale tanto quando cocô de baratas.
    - Nada de nomes feios na mesa do café – lembrei e ela riu.
    Terminei de comer e, de repente, percebi que seu olhar se tornou mais triste.
    - Eu queria te pedir desculpas – soltou – Não estive do seu lado como devia quando... Aquilo aconteceu.
    - Mãe. Você não tinha como saber e….
    - Não. Eu tinha sim. Mas escolho ser cega. Você é meu filho e eu cheguei a duvidar de você. Como sabe, assumi a igreja há alguns anos e desde então, recebo os testemunhos de alguns jovens da época de Felipe e...
    Sua voz tornou-se amarga. Eu me levantei e a abracei por trás. Ainda sentada e sem forças para me encarar, ela apenas segurou meus braços enquanto chorava.
    - Diz que me perdoa – pediu
    - Nunca lhe guardei mágoas para precisar perdoar. Mas se te fizer sentir melhor: sim, eu te perdoo.
    - Obrigado
    Ficamos em silêncio naquele abraço que eu aproveitei tanto quanto ela.
    Naquela tarde, ela estava cuidado do jardim. Parte da casa que floresceu e muito em minha ausência. Acredito que posso atribuir essa evolução a ausência de um garoto hiperativo que gostava de brincar com a bola em cima das flores.
    Enquanto estávamos juntos, contei a ela sobre meu relacionamento. Sobre Amir e como tudo terminou. Nunca conversei tão abertamente com ninguém a respeito de meus sentimentos. Nem com papai. Ela ouviu atentamente, começando a falar apenas quando eu tivesse botado tudo pra fora.
    Ela então começou a podar uma de suas plantas.
    - As vezes, quando uma planta começa a dar muitos ramos, eu fico com pena de podar. É triste sabe? Ter de arrancar uma parte dela. Parece cruel, errado. Mas muitas vezes é necessário. Fico tentada a deixar as coisas como estão, achando que tudo vai se resolver sozinho. Mas não é assim, não é? As vezes precisamos cortar, sangrar na própria carne. Pois não é porque estamos já acostumados a uma coisa que ela é boa para nós.
    A vi tirar o ramo e preparar a terra de um vaso.
    - Achamos que estamos matando, mas, na verdade, estamos salvando. A árvore é forte o bastante para viver sem o ramo e poderá inclusive crescer melhor e mais forte sem ele. E muitas vezes, tudo o que o ramo precisa é se libertar do restante da árvore para começar de novo e crescer sozinho.
    E terminou de plantar.
    - A senhora é muito sábia. – comentei
    - Vou encarar isso como um elogio, apesar de seu tom de surpresa – riu-se.
    - Não é isso. Só…. – fiquei encabulado – E que parece um tipo de conversa que eu tinha com meu pai.
    - Seu pai gostava das metáforas da natureza. Mas eu também conheço algumas – rebateu, sem modéstia – mas você sempre foi ligado ao seu pai. Não estou reclamando, gostava de ver como vocês dois se davam bem. Admito, tinha uma pontada de inveja uma vez ou outra. Mas era bonito de se ver. Assim como eu e sua irmã somos próximas, você e seu pai eram uma dupla e tanto.
    - Sinto falta dele – admiti.
    - Eu também, meu amor. Eu também.
    Naquela tarde, fui apresentado ao meu cunhado. Devo admitir que por mais evoluído que eu possa ter me considerado, ainda assim senti brotar em mim aquele instinto machista e superprotetor, que vê como ameaça qualquer outro macho que adentre seu núcleo familiar. A perspectiva daquele homem ter deflorado minha irmãzinha me encheu de vontade de ter uma conversinha séria com ele, de homem para homem
    Mas bastou o conhecer melhor para saber que aquele garoto tão educado e introvertido logo seria devorado vivo pela astúcia de minha irmã. Meu faro também não tinha detectado nenhum enrustido, então ela não estava sendo ludibriada. Ela estava segura, enfim. Escolheu fazer faculdade de agronomia na cidade ao lado, mantendo assim os vínculos com a cidade. Diferente de mim, minha irmã gostava de lá, apesar das pessoas. Era bom saber que ela sempre estaria lá para a mamãe.
    O período que passei com minha família me ajudou a dar a reiniciada que precisava em minha vida. Fechar de uma vez a porta daquele ciclo para poder enfim iniciar outro. Quando voltei, entendi que não fazia sentido continuar no Espírito Santo, tão perto de Amir e da vida que partilhamos. Mudança não era nenhum bicho de sete cabeças para mim. Ao escolher o novo lar, acabei, quase que instintivamente, optando pela mesma cidade em que comecei minha jornada solo. Ela já não era mesma de minhas lembranças. Meus antigos amigos já nem estavam lá. Sequer Don Pedro, que pelo que soube, tinha partido para morar em Portugal.
    Mas fui bem integrado, ainda assim. Vivi minha vida com calma. Trabalhei, não para Veneza, estudei e me diverti. Descolei uma transa ou outra. Nada sério, nem tão excitante como nos meus tempos de caçador. Na verdade, desde meu namoro, senti que aqueles instintos que antes me guiavam foram me abandonando e eu ainda não tinha decidido se isso era bom ou ruim.
    Isso até um certo dia, que pode se chamar de um ponto de mudança naquele novo paradigma. Foi numa tarde de sábado em que eu, sem mais nada para fazer, dei uma volta no shopping para almoçar. Entrei em um restaurante árabe, comida que havia aprendido a apreciar e depois evitar graças a Amir.
    Foi na entrada que a encontrei. Demorei para reconhecer, tinha o cabelo mudado, estava vestida de forma leve e natural, longe dos terninhos com os quais me habituei a enxergá-la quando trabalhava comigo na concessionária de Augusto.
    - Vera?
    Nos olhamos e ela logo sorriu. Só então notei o volume em sua barriga.
    - Meu Deus! – exclamei. – Mas como? Digo... Quem?
    A resposta veio na forma de um forte tapa em meu ombro.
    - Então está vivo, garoto! – e aquela sonora risada que eu conhecia tão bem.
    Sim, Vera e Augusto estavam juntos. Meu antigo patrão havia largado a esposa, a qual vivia a reclamar, e se entregado a uma antiga e inconfessada paixão. Da qual ninguém, nem eu nem Vera, suspeitamos.
    Pedimos uma mesa para três onde uma conversa divertida se instalou. Como eu sentia saudades daquela energia.
    - Então eu finalmente me livrei daquele aquário de tubarões que era minha casa, embora a peixona lá tenha abocanhado uma parte boa de mim no inventário – gargalhou.
    Vera, radiante como eu não lembrava de ter a visto, contava as novidades no ramo automobilístico, as roupas que comprava para o bebê e as últimas novidades da cidade, transitando de um assunto ao outro sem eu saber como ela conseguia enredar tantos temas distintos.
    Ao final da refeição os deixei comprando o enxoval do futuro herdeiro e me preparei para sair. Todavia, algo me chamou a atenção. Era uma livraria. Não sei porque, mas entrei, levado por uma súbita vontade de adquirir algo para ler. Talvez alguma revista sobre carros, ou algo que me ajudasse no curso de paisagismo que estava fazendo.
    Todavia, meu corpo me levou para a parte de biologia. E minha mão instintivamente pegou um exemplar de “O ciclo da vida”, cujo autor eu sequer tinha ouvido falar.
    O livro em si falava dos desmatamentos na Amazônia e a maneira como a natureza, se lhe fosse permitido a recuperação natural, fazia para se reerguer diante das catástrofes.
    Eu peguei o prefácio, que tinha um tom de autoajuda, e que talvez por isso mesmo tenha parecido falar tão diretamente a mim.
    “Somos parte da natureza, não o contrário. Ela estava na Terra antes de nós, e viverá muito bem sem nós. Sem o homem. Estar em guerra com a natureza é entrar em uma batalha onde nenhum vencedor sairá de lá. Mas uma coisa é certa: não importa o quanto a agredimos, ela se erguerá. Talvez não possamos estar aqui para ver, mas acontecerá. Pois assim é o ciclo da vida. A destruição não abre outro caminho possível que não seja o renascimento. Como o alimento passa da planta ao animal, de um animal a outro, e deste para a terra novamente, assim acontece com todos os seres. Por mais destruídos que pareçam, a natureza sempre vai encontrar forças e um motivo para seguir em frente. Ali reside a verdadeira força de todos os seres que transitam neste planeta batizado Terra”.
    - Com licença – escutei uma voz distante, que demorei para associar a algo real e vivo, ainda mais imaginar que estaria tão próximo.
    Quando dei por mim, havia um homem ao meu lado. A julgar pelo rosto constrangido e o sorriso amarelo, imaginei quanto tempo ele estaria ao meu lado, talvez esperando eu terminar para enfim resolver chamar minha atenção.
    - Desculpe. – repetiu – Eu só... Gostaria de saber se você pretende levar este livro. Não me leve a mal. É que estou atrás dele tem um tempo. Esta já é a terceira livraria que vou e pela internet está dando um prazo de entrega absurdo. Eu precisaria dele para terminar um artigo e... – pediu desculpas com os olhos – se você não fosse o levar, gostaria muito de poder ficar com ele. É o último daqui, pelo que a vendedora me disse.
    - Ah sim…. – despertei, olhando mais uma vez a capa e lhe estendendo – sou apenas um curioso no assunto. Não tenho nada tão importante para fazer com ele quanto você.
    Ele pegou o livro como se fosse uma criança que recebe seu presente de natal antecipadamente.
    - Muito obrigado, mesmo – falou com sinceridade.
    Ele devia ter a minha idade, embora o ar intelectual parecesse lhe conceder alguns anos a mais. Tinha a pele queimada de sol, usava óculos, barba bem feita e cabelos cacheados iguais os meus, só que mais curtos. Tinha um belo sorriso, pelo que pude notar na forma como sorria aliviado ao conseguir seu tão procurado exemplar. Vestia camisa branca e jeans. Tinha um porte atlético e olhos e cabelos castanhos. Uma beleza calma e que inspirava respeito.
    - Olha, muito obrigado mesmo – tornou a repetir, enquanto folheava o exemplar, conferindo se era aquele mesmo que tanto procurava – Estou numa correria danada. Tenho de terminar o artigo e daqui a duas semanas viajo para uma pesquisa de campo.
    Não sei se falava comigo, ou consigo mesmo, mas continuou a narrar sua vida como que para um conhecido de infância:
    - Sou biólogo, sabe? Trabalho para a universidade. E vou par a amazônia fazer uma pesquisa a respeito das plantas para…. – e riu, de repente. Parecendo se lembrar que eu era um estranho – Desculpe. Aqui estou eu lhe enchendo de informações que não pediu.
    - Para dizer a verdade, estava achando interessante. Seu emprego parece ser o dos sonhos. Queria eu…. Anos que não entro em uma floresta e fico conectado com a natureza.
    - Você gosta?
    - Durante anos foi meu estilo de vida e…. Não sei. Acho que me perdi no caminho.
    Ficamos nos olhando um tempo, sem conseguirmos desviar o olhar. O seres vivos possuem inúmeras formas de se comunicar. Cheiros, olhares, pequenos gestos ou sinais. A humanidade, hoje quase que exclusivamente dependente da linguagem escrita, perdeu muito dessa habilidade, mas não completamente. Ela ainda se encontra registrada em seu código genético, e se manifesta apenas em alguns momentos.
    Para um crente ou romântico, aquilo que ocorreu entre nós foi alguma espécie de mágica. Nosso santo tinha batido. Mas não. Tínhamos apenas encontrado um no outro, alguém capaz de entender uma linguagem própria que não era mais comum a ninguém. Como dois cães que, pelo cheiro, se conhecem, identificam e até enxergam afinidades.
    - Meu nome é Fábio – falei de repente – Fábio Mendes.
    Ri, pois soei formal demais. Não reconhecia aquela sensação que hoje seu bem qual era: nervosismo.
    - Prazer, Fábio Mendes – sorriu. Aquele gesto encantador. Então apertou minha mão. Não sei se o suor era meu, dele ou de ambos – Me chamo Arthur Simões.
    - Um prazer….
    Mais silêncio.
    Só fomos despertados por seu celular, que tocou o alarme.
    - Desculpe. Ah sim. A veterinária. Tenho de buscar o Thor. Então…. Bem. Prazer, Fábio.
    Pediu licença e foi ao caixa. No caminho, olhou umas duas vezes para trás.
    Continuei estático, sentindo uma vontade louca de ir atrás dele sem saber explicar por quê. Era como se meus instintos, que desde Amir estavam adormecidos, voltassem com tudo. Mas não era a mesma sensação de tempos atrás. Aquela era nova. Não era aquele desejo primitivo de dar o bote e devorar a presa, dilacerando suas roupas. Eu sequer estava salivando. Mas tinha alguma semelhança, uma urgência, eu tinha um desejo enorme de cravar minhas garras e impedir que ele fosse embora.
    Então, seguindo esse impulso, andei até o caixa e, como pretexto, peguei o primeiro livro que achei pelo caminho. Ele percebeu assim que me coloquei atrás dele na fila.
    - Oi. Que coincidência – e abriu aquele belo sorriso, mostrando estar feliz em me ver novamente, mesmo que com um tempo de ausência tão pífio.
    - Sim, eu…. Resolvi vir pagar logo.
    - Que legal. E o que você... – sua voz morreu quando olhou para o exemplar em minha mão. Percebi seu lábio tremer e um olhar que misturava dó e curiosidade me fitar.
    Quando percebi que o que eu carregava era “A vida sexual da mulher feia”, me senti encolher como nunca antes.
    - Eu.... Eh. Acho que estava querendo adquirir esse livro – e ri de mim mesmo – a verdade é que. Eu só queria ouvir mais de você. De seu trabalho e tal.
    O vi morder o lábio, reconheci em seu gesto um pouco do nervosismo que vi em mim.
    - Se você não se importar, a pet shop fica aqui mesmo no shopping. Podemos pegar o Thor e tomar um café. Tem um ótimo ali na rua ao lado.
    - Acho ótimo. Adoro animais
    - Imagino que sim. Que bom que você veio pois, admito que também estou muito curioso para saber mais de Fábio Mendes. Mas fico nervoso em ser insistente.
    - Normalmente eu sou mais... Intenso. Mas hoje confesso que sei como se sente.
    - Espero ver essa intensidade em breve – e corou, sabendo ter sido um pouco atrevido.
    Por sorte, seu constrangimento foi interrompido pelo pigarro da caixa, que nos aguardava, os próximos a realizarem a compra e colocar a fila de volta a andar.
    Deixei o meu exemplar nas desistências e acompanhei Arthur. Talvez eu tenha de fato me aposentado como um caçador. Afinal, caçadores não deviam ter as mãos suando, ou tantas incertezas a respeito de uma presa. Mas acho que ao fim, já era hora de velhos hábitos serem deixados de lado. Afinal, a evolução é necessária. Ou talvez, quem sabe, eu estivesse experimentando pela primeira vez os prazeres se ser uma presa?
     
    FIM
  • Diários de caça - Capítulo 3 - Lobo em pele de cordeiro

    Durante anos, lutei contra o desejo de minha mãe de frequentar a igreja local. Meu pai, agnóstico, nunca se meteu nisso. O fato dele não crer nas mesmas coisas que minha mãe não o impediam de garantir que eu tomasse minhas próprias escolhas. Ele até se divertia com minhas tentativas de escapar da promessa de salvação, uma vez que não era mais assediado pela esposa.
    Contudo, em uma noite de quinta, aceitei acompanhá-la para deixar feliz  Parecia que a banda gospel juvenil ia se apresentar e minha mãe acreditava que um pouco de rock cristão bem comportado seria o empurrão que eu precisava para tirar da cabeça que as atividades da igreja eram todas dignas de meu bocejo.
    Mas o que ela não esperava, e nem eu, é que de fato iria me interessar por àquele lugar. Não, obviamente, pelos motivos certos. A primeira hora foi bastante monótona, a banda, bastante sem sal, não me empolgou. Embora eu tentasse fingir apenas para não deixar minha mãe triste. Pelo menos o vocalista era bonitinho. Depois da apresentação, veio o sermão de nosso pastor, Felipe, cuja oratória, eu tinha de admitir, era boa. Me peguei quase sendo inspirado por suas palavras em um momento. E de cara, me dei conta que ele era um homem perigoso.
    Após a missa, minha mãe me arrastou de um lado a outro me apresentando para suas amigas e seus filhos de minha idade. E foi então que meu faro aguçado detectou anomalias.
    Aparentemente, o sangue novo no templo chamava atenção. E eu chamei muita, tanto das meninas quanto dos meninos. Só então me dei conta de quantos ali se escondiam.
    Várias mães vieram perguntar a minha se eu estava solteiro, pois eu parecia um excelente partido para suas filhas. Os garotos vieram falar comigo e me olhavam de cima a baixo. Eram melhores em disfarçar que Breno, mas eu já tinha bastante experiência para farejar caça em todos os lugares.
    Ali, o banquete era farto, homens ou mulheres, bastava apenas a destreza que eu tinha de sobra.
    - Então, amor. O que acha? - minha mãe me perguntou.
    - Acho que posso vir com a senhora outras vezes. Não prometo nada, mas não parece ser tão ruim
    Tal promessa a fez ganhar o dia.
    Lembro de no café da manhã da manhã seguinte, minha mãe animada contando sobre o show da banda e como eu havia gostado.
    - Fábio até pensou em frequentar mais. Aposto que logo se batiza.
    Meu pai, descrente, olhava com carinho a animação de minha mãe, sem ânimo para lhe levar ao chão. Seu olhar só mudou quando eu realmente declarei que tinha intenções de voltar lá. Na hora meu pai me olhou desconfiado, mas continuou mudo.
    - Não disse? - animada, ela se levantou e foi tirando a mesa.
    - O que você está aprontando? - perguntou sem pestanejar, quando ela se afastou. Meu pai, como bom policial, sabia separar o joio do trigo.
    - Nada - dei de ombros - quero dar uma chance para o lugar e para as pessoas
    Meu comentário sonso arrancou uma risada seca dele
    - Sua mãe não tem ideia do lobo que jogou naquele rebanho.
    Minha irmã, que apesar de estar na mesa o tempo todo, parecia desconectada da realidade lendo sua revista pré adolescente, riu e não sabemos se do comentário do meu pai ou de algo que ocorria apenas em sua mente.
    *
    Durante umas semanas eu apenas observei o lugar. Fui algumas vezes com Breno, que já frequentava desde que sua mãe percebeu os primeiros sinais, e fui comparando com ele minhas impressões.
    - Incrível como tem enrustido nesse lugar - comentei.
    - Sério? Não notei - Breno se surpreendeu.
    - Ainda lhe falta o dom da caça, amiguinho - e bati em sua cabeça como quem acaricia um cachorrinho.
    Depois de pensar muito, refleti que aquele era de fato o lugar perfeito para qualquer gay naquela cidade se esconder. Isso porque, naquele lugar era muito mais fácil se camuflar, tudo ali teria uma desculpa plausível:  todos os seus comportamentos consideráveis suspeitos, eram mascarados pela vida de austeridade das pessoas dali. Um jeito mais delicado poderia ser confundido com uma educação exemplar. Pouco ímpeto em cortejar o sexo oposto seria visto como respeito. E namorar sem fazer sexo era se guardar. Ali você sequer precisaria brigar par arranjar uma namorada, pois o próprio pastor Felipe trabalhava em juntar os casais que ele considerava feitos um para o outro
    Assim, para uma menina daquelas, que jamais havia conhecido um homem na vida, era fácil acreditar que aquele garoto com quem andava de mãos dadas era um varão.
    Embora, justos sejamos, as meninas ali não fossem tão bobas. Mas se faziam dê. Também notava os olhares delas, e a forma como dissimulavam rapidamente quando alguém o percebia. Eram boas. Mas eu era melhor. Fiquei imaginando um mundo de aventuras e possibilidades entre aquelas quatro paredes e o estrago que o lobo em pele de cordeiro aqui poderia fazer. Seria divertido.
    Eu só tinha que tomar cuidado com Felipe. Não sabia o que era, mas algo nele me inspirava cautela. Ele era o cão de guarda ali, e me expulsaria se tivesse a chance. Embora tivesse convicção que, de santo aquele ali não tinha nada.
    Lembro de uma vez que ele tentou me empurrar uma menina para namorar. Eu disse que tinha acabado de chegar e ainda não estava pensando nisso.
    - Nunca é cedo para se comprometer, Fábio. - falou, em seu tom didático. - Seria ótimo, para alguém como você.
    - E o que seria alguém como eu, pastor? - senti a maldade em seu comentário, mesmo velada.
    - Alguém que não é do rebanho. - respondeu rapidamente - Bem Fábio... Nós sabemos que você tem uma fama, não é? Muitas meninas, e até algumas mulheres de idade já se perderam em você. - e me deu um olhar de cumplicidade - não se sinta mal por isso. Você é um garoto bonito e na sua idade eu também não tinha juízo e queria aproveitar. Mas acho que vai descobrir que, uma relação bem nutrida, é melhor que qualquer aventura.
    - Obrigado pelo conselho, pastor. Prometo que vou pensar no assunto.
    Ele se afastou, mas desde então fiquei cauteloso em sua presença. Isso porque eu tinha minhas suspeitas de que Felipe conseguia enxergar mais do que demonstrava poder. E que talvez visse muito além da minha pele de cordeiro e enxergava até o que eu tentava esconder.
    Todavia, meus contatos direto com Felipe não foram muitos, tendo vista que era um homem bem atarefado e eu não muito interessado nos trabalhos da ordem.
    Pois a verdade era que eu não precisava me envolver muito para chamar atenção ali. Parecia que a minha "fama", como o pastor havia atentado, me tornou uma espécie de atração aquele lugar. Talvez até um troféu. Todos ansiosos na minha conversão em um rapaz direito.
    E minha mãe não ajudava muito em me deixar oculto, me apresentando a todos que podia, em especial a suas filhas solteiras.
    - Seria tão bom você namorar uma menina direita, filho. Se aquietar. Quando conheci seu pai, ele era igualzinho a você. E eu sei bem o que uma boa mulher pode fazer a um homem.
    - Mais humildade, Dona Maria - brinquei com ela, que ficou corada.
    - Mas ora, não é pecado se gabar de algo que é verdade - e me deu um carinhoso beliscão no braço, sorrindo.
    E foi nesse momento que um certo casal se aproximou de mim. Reconheci o garoto da banda, era o vocalista. A menina já tinha visto também, liderando um grupo de outras garotas da congregação. Vinham de mãos dadas. Eu os percebi de longe, mas fingi distração.
    - Oi. Fábio, né? - a menina falou primeiro. Era loura, tinha um rosto redondo e uma pele bonita. Olhos castanhos. Tinha um belo sorriso e transbordava simpatia. Seu corpo era bonito. Longe das meninas magérrimas da escola. Ela tinha carne e gordura, que lhe proporcionavam belas curvas.
    O garoto, já bem magro, cabelos pretos e lisos, tinha olhos claros, em tom cinza, pele morena, sem pelos. Vestia uma roupa social impecável e era mais introvertido. Mas sua natural timidez lhe conferiam um ar bastante atraente.
    - Sim. Tudo bem? - perguntei, com um sorriso.
    - Tudo ótimo. - ela continuou. O namorado ainda quieto, me olhava com um sorriso tímido - estávamos ali e percebemos que você nunca se enturma com o pessoal. Por que não vem conosco? Te apresentamos. Me chamo Bianca e esse é meu namorado, Oscar.
    - Muito prazer - e apertei suas mãos - Ah, sim. Obrigado. Na verdade estava ajudando minha mãe a...
    - Não precisa. - ela me cortou - vai lá com seus novos amigos.
    Sem ter com o que discutir, os segui. Fui apresentado aos jovens de minha idade, atraindo olhares de aprovação de meninas e meninos, todos bem comportados e dissimulados.
    Eu, que também sabia jogar, continuei com meu jeito quieto e observador, afinal, era um lobo em pele de cordeiro e podia, sem querer, revelar minha verdadeira identidade. Então era melhor eu ir com calma.
    Bianca e Oscar caíram rapidamente em minhas graças. Ele, inclusive, se tornou bem mais falante ao longo daquela noite e me convidou para o churrasco de seu aniversário, que ocorreria naquele fim de semana. Aceitei de bom grado, fingindo não perceber os olhares interessados que sua namorada me lançava quando ele não via.
    Na verdade, esse jogo era partilhado pelos dois, pois Oscar parecia sempre bem mais saidinho quando a namorada estava longe. Decidi estudar bem aqueles dois, sentindo a emoção da caça se aflorar na perspectiva de abater aquele casal.
    No domingo em questão, fez bastante sol e fui até a casa de Oscar. Um belo casarão com piscina. Não haviam muitas pessoas. Apenas amigos mais íntimos e familiares. Bianca vestia um maiô verde esmeralda, que realçava suas curvas sem ser vulgar, e ele vestia bermuda. Pude então ver que haviam alguns músculos e gomos naquele corpo magro.
    Oscar e eu conversávamos muito. Onde ele aproveitou para me convencer insistentemente a ficar a vontade e tirar a roupa. Percebi de imediato que eu era o único ali de sunga. O pessoal, bem mais comportado, usava ou bermuda ou short de banho
    - Me sinto pelado - comentei tranquilamente.
    - Relaxa - e olhou para minhas pernas - Pessoal curte esconder as pernas - e riu quando enfim percebeu que era hora de parar de olhar. Ainda mais quando sua namorada chegou .
    - Amor, temos um problema, o churrasqueiro teve um imprevisto e não poderá vir - revelou ao namorado.
    - Que droga. Eu confirmei com ele ontem.
    - Se quiserem, eu posso ficar - ofereci.
    - Não, cara. Seria vacilo - Oscar descartou- Você é meu convidado.
    - Não vejo problema. Posso ficar até encontrarem outra pessoa. Eu gosto e vocês vão ver que minha carne é bem gostosa - brinquei com as palavras e percebi o olhar de Bianca faiscar. Ela tinha a mente mais maliciosa que seu namorado.
    Acabei ficando. Meu pai havia me ensinado a manusear uma churrasqueira. E minha mãe era  a principal responsável pelas comidas nas festas da igreja e eu havia aprendido muitos temperos e molhos observando.
    - Caramba. Você é bom - Bianca veio falar. - Não para de sair carne.
    - Prova isso aqui - e dei um pedaço de bife com pasta de alho que tinha acabado de sair. Ela pegou com a boca, dando uma leve chupada em meu dedo.
    - Minha nossa - regozijou.
    Percebi pelo canto do olho que Oscar nos observava meio enciumado. Mas disfarçou quando me viu olhar em sua direção. Bianca, bem a vontade, deixou as amigas e o namorado, alegando ser injusto me deixar sem companhia enquanto trabalhava como escravo. Aproveitei para bater um bom papo com ela. Bianca era uma garota bem viva, cujos sonhos, assim como os meus, envolviam sair daquela cidade, onde pretendia estudar para ser corretora imobiliária.
    - Acho ajudar as pessoas a encontrar um lar algo gratificante. - comentou - e por aqui não dá, pois todas as famílias meio que nascem e morrem no mesmo lugar
    Por volta das 17h, Oscar veio até mim.
    - Fábio, acho que já está bom. Todos estão satisfeitos. Deixa a churrasqueira de lado e vem nadar. Se alguém quiser comer algo depois, que se vire. Você deixou tudo pronto já.
    - Tudo bem. Só não tem condições de eu pular na água assim. - e apontei para meu corpo cheio de gordura de carne e fuligem.
    - Tem razão. Seria bom tomar um banho. - Bianca me olhou de cima a baixo, fingindo repulsa ao meu estado.
    -  Eu te levo lá em cima - Oscar logo se ofereceu. Ação que um espectador distraído poderia confundir com zelo pela parceira
    - Eu posso levar, amor - Bianca sugeriu.
    - Nem pensar. Você já deixou suas amigas de lado tempo demais. Deixa comigo.
    E sem esperar mais debates, me guiou até o interior da casa, deixando a namorada com a expressão de quem foi privada de algo que queria.
    Entramos na casa e percebi que passamos direto pelo banheiro social. O segui em silêncio, até chegar em seu quarto.
    - Aqui. Pode usar meu banheiro. Vou buscar uma toalha pra você.
    Tirei a sunga e esperei. Quando se virou para me ver, levou um susto, mas logo sorriu.
    - Aqui - e me entregou
    - Obrigado. Bela festa - comentei.
    - Valeu mesmo. Obrigado por vir. Não só por causa da churrasqueira. Sua companhia é muito agradável.
    Ele, assim como a namorada, se tornavam bem mais faltante longe da presença um do outro. Talvez, meu fetiche inicial de brincar com o casal tivesse de ser adiado, pois aquele ciúme e o tesão não confessado entre eles poderia atrapalhar o desenvolvimento. Mais inteligente seria separar as ovelhas e abater uma a uma.
    Ficamos em silêncio, onde eu quis testar quanto tempo ele ficaria olhando meu corpo.
    Demorou, mas ele se ligou que estava dando bandeira. E sorriu sem graça e disse que me deixaria a vontade.
    Tomei banho e voltei pra festa. Fiquei na piscina até a hora do parabéns e logo após ele, os convidados foram se despedindo. Eu ia sair também, mas Oscar me convenceu a ficar, alegando que eu pouco havia aproveitado a festa e que o mais justo seria que eu relaxasse na piscina. Ao final, ficamos apenas eu ele e Bianca, embora eu percebesse que toda hora a mãe do aniversariante viesse no quintal, sob a desculpa de arrumar alguma coisa
    Conversamos e rimos um pouco. Os dois me encheram de perguntas sobre meus gostos e tal. Então, contei das caças e das trilhas que fazia na floresta. Oscar logo se animou.
    - Cara, sou doido pra fazer uma trilha. Mas meus amigos são todos sedentários.
    - Fábio podia nos levar um dia desses - Bianca ofereceu.
    - No próximo fim de semana, o dia promete sol - lembrei.
    Bianca ficou animada, mas Oscar a frustrou.
    - Você está esquecendo que tem o ensaio do teatro no sábado, né?
    Na hora, seu rosto murchou.
    - E também - acrescentou - você mal quer andar até o colégio. Seu pai tem que te levar de carro pra qualquer lugar. Aonde você vai querer ficar andando pela mata?
    - Sempre tem uma primeira vez - e deu língua para Oscar. - E você tem ensaio da banda na sexta, lembra? Tanto que falou que não poderia passar o texto comigo na véspera.
    -  Bem, podemos ir então eu e você no sábado de manhã, enquanto Bianca está no ensaio do teatro - sugeri e logo acrescentei - Eu já vou mesmo, então se você quiser conhecer. - E me voltei pra namorada - E enquanto ele ensaia com a banda na sexta, eu posso te ajudar com o texto
    - Acho justo - Bianca ponderou.
    - E você vai gostar de passar texto de teatro? - Oscar duvidou e não percebeu o olhar mortal que recebeu da namorada.
    - Não vejo problema - dei de ombros - sexta eu normalmente saía, mas como estou tentando andar na linha, seria bom ter algo pra me distrair.
    Bianca, com triunfo, se antecipou
    - Então está combinado. Fábio te leva pra aquela mata horrorosa no sábado e em troca, me ajuda a passar o texto na sexta.
    Oscar não foi capaz de contra-argumentar e eu segurei o sorriso malicioso.
    - Perfeito então. Já que estamos bem - eu então, sem aviso, afundei Bianca na água.
    Ao se levantar, com as cabelos cobrindo o rosto, ela me olhava atônita enquanto eu e Oscar riamos pra valer
    - Seu idiota. Deveria me defender - e arremessou água no namorado.
    Eu aproveitei sua distração e o peguei pelos pés e o fiz virar de ponta cabeça. Bianca gargalhava quando o namorado voltava pra pegar fôlego.
    - Amor, ele está tentando nos dividir. Temos de unir forças - levantou
    Eu então, fingindo fugir, fui nadando para me afastar, mas os deixei se aproximar e brigar para tentarem me afundar.
    Pela primeira vez os vi agir em cumplicidade e me animei com a expectativa de um dia brincar com os dois ao mesmo tempo.
    Naquele momento na piscina, ainda aproveitei para, "sem querer", acariciar um seio de Bianca, e dar uma apertada de leve na bunda de Oscar. Senti que alguém acariciou meu volume, mas no meio da batalha não identifiquei quem. Ninguém comentou nada, tampouco pareceram trocar olhares entre si, o que me deixou deduzir que a informação da minha mão boba estaria em segredo e que não seria naquela noite que eu teria meu banquete.
    Além daquilo, tinha o inconveniente das visitas quase de 10 em 10 minutos da mãe de Oscar, oferecendo bebidas e comidas só para poder ir lá xeretar. Ao fim, desisti por aquela noite e me retirei estrategicamente para me preservar para o próximo fim de semana
    Na sexta a tarde, eu estava na porta da casa de Bianca. Ao tocar a campainha, me surpreendi ao ver Oscar.
    - Oi, cara. Pensei que estivesse no ensaio da banda.
    - Estou de saída - informou, me olhando de cima a baixo. Só não sabia se estava me avaliando como uma ameaça ou um modelo.
    Eu me vestia com uma camisa polo e uma bermuda jeans. Meu pai, ao me ver me arrumando naquela tarde, questionou onde eu iria. Quando soube, teve de segurar o riso e me alertou, antes de me deixar terminar:
    - Por favor, Fábio. Juízo.
    - Mas o que você pensa de mim afinal, pai? - me defendi, fazendo de ofendido.
    - Eu simplesmente te conheço, só isso.
    Apesar de não gostar de me vestir tão formalmente - sim, para alguém como eu, uma polo é o equivalente a um terno. - tinha de admitir que fiquei bem naquela fantasia de bom moço.
    - Bianca veio se despedir do namorado e lhe deu um selinho. Depois, sem chances dele se alongar mais, me levou para dentro, onde sua mãe assistia novelas.
    - Vou ficar no meu quarto para evitar ruídos. Vou fechar a porta - alertou e a mãe apenas concordou sem sequer olhar, alheia a tudo a sua volta
    Entrei em um quarto muito arrumado e ela fechou a porta atrás da gente. Pude jurar que ouvi sendo trancada.
    - Tem certeza que sua mãe não vai se importar? - perguntei
    - É apenas para abafar a televisão. Ela sabe disso.
    Dei de ombros e esperei. Bianca vestia um vestido branco simples, com um decote comportado, mas pelo tamanho dos seios, ainda sim deixavam a imaginação desenhar o restante.
    - Então, o que tem para nós? - perguntei, animado.
    - Nada demais, apenas "Romeu e Julieta". A nossa igreja vai apresentar na escola primária.
    - Pensei que passariam algum texto bíblico.
    - Era a ideia original - admitiu - mas fazemos isso todos os anos e dessa vez, convencemos o pastor a variar.
    Ela me passou o texto que mostrou a cena final dos amantes desafortunados. Romeu, acreditando que Julieta estivesse morta, declama seu amor e lamenta sua sorte para, logo depois, cair morto.
    Recitei, tendo ela deitada no chão ao meu colo. Quando terminei de falar, ela me interrompe:
    - Agora é a parte que você me beija, não? - quis saber
    Eu olhei o roteiro e de fato havia essa informação. Mas estava riscada.
    - Está riscada - observei.
    - Ah sim - e pareceu recordar - Felipe pediu para tirar. Não quer beijo numa peça para crianças. Um exagero, se quer minha opinião.
    - Concordo - defendi - uma pena violar um clássico assim - e sorri para ela, em cumplicidade - Então, por Shakespeare - e lhe dei um beijo estalado no rosto.
    Rimos juntos.
    - Embora, sempre achei a ideia de beijar um cadáver meio mórbida - comentei ao final.
    - Não é mórbida, é romântica. E eu não estou morta, só dormindo.
    - Pior ainda. É uma violação, não acha? Digo, qual seria a diferença se eu te beijasse ou... Sei lá, fizesse outras coisas contigo enquanto dorme?
    Seus olhos faiscaram e ela pôs as mãos no colo em forma de proteção.
    - O que se passa por sua mente suja, Fábio. Mendes?
    - Nada demais. - apoiei minha mão em sua barriga, para descansar - só... Bem... Tem um monte de coisas que um cara pode fazer e que seriam erradas com alguém desacordado.
    - Coisas que você já fez?
    Eu sorri amarelo e desviei o olhar.
    - Sim... Mas em minha defesa, todas estavam acordadas.
    Ela riu.
    - Bem, minha vez agora. Você está morto - e se sentou e trocamos de posição.
    Então, eu entrei no personagem Romeu que toma do veneno para se unir ao seu amor
    Bianca, acima de mim agora, começa a fazer suas declarações de arrependimento. Vendo seu plano de se fingir de morta para convencer as nossas famílias da veracidade de nosso amor sair pela culatra. Assim, quando termina, sinto seus lábios tocarem os meus. Não fiz reação, ainda dentro do meu personagem. Sua mão, sob meu peito, acariciava de leve, quase inocente, e seu seio, próximo de mim, tocava meu braço, onde eu pude sentir a saliência do mamilo rígido.
    Bianca inflamava em suas declarações, de corpo e alma ao personagem. Sua mão, as vezes alisava meu corpo, sem deixar claro se aquilo seria atuação ou não. Era boa em dissimular. Sob o pretexto de um ensaio inocente, aquela menina estava dando asas a seus desejos. Se era dissimulação que ela queria, era o que ela teria.
    - Desculpe - Falei, de repente e ela não entendeu.
    - O que foi?
    Eu fingi vergonha e fiquei em silêncio, antes de respirar fundo e falar:
    - É que... Faz tempo que não estou com uma mulher tão perto e... Acho que não serei uma boa companhia essa noite.
    Então, olhei para minha bermuda e ela seguiu meu olhar. Se assustando quando viu o volume forçar o tecido.
    - Desculpe - repeti.
    - Ah... Não... Só... Eu não esperava.
    - É difícil pra mim, eu tento, sabe, melhorar, mas... Nada - desisti de tentar explicar, fingindo vergonha
    - Não Fábio., tudo bem. A gente sabe que deve ser difícil. Digo... Pra nós, é mais fácil pois nunca fizemos mas, pra você, que já experimentou, é como uma droga. Difícil a abstinência.
    - Desculpa perguntar, mas... Você e Oscar estão mesmo... Digo... Se guardando um para o outro?
    - Claro. - e sorriu.
    - Nossa!
    - O que foi? Vai zoar a gente? - e riu com malicia, se fazendo de rogada.
    - Não, só... Estou com inveja. Queria eu poder oferecer algo assim para minha futura esposa, mas... Não da mais, né?
    - Mas aposto que você tem muitas outras coisas a oferecer.
    Ela desviou o rosto, passando rapidamente pelo meu corpo e meu volume, segurando o olhar ao longe.
    - Posso fazer uma pergunta? Pessoal? - quis saber.
    - Claro, Fábio.
    - Vocês nunca... Sentem essa vontade de... Essa coisa que, consome a gente?
    Ela riu. Ainda estava deitada ao meu lado, apoiada pelo cotovelo, eu deitado no chão olhando seus cabelos escorrendo em cascata até o chão.
    - Claro que sim... Somos humanos. Só... Decidimos nos preservar.
    - Entendo. Mas...- então pus a mão na boca e comecei a rir. Me interrompendo.
    - O que?
    - Nada
    - Fala.
    - Era besteira da minha cabeça.
    - Pode falar, eu não vou rir - prometeu.
    Eu então respirei fundo:
    - É que... Bem... Vocês poderiam fazer algumas coisas e ainda assim, você continuar biologicamente virgem para o casamento.
    Seu rosto corou
    - Eu disse que era besteira - lembrei, em defesa.
    Ela riu, tentando articular as palavras:
    - Nossa! Realmente... Você é uma ovelha negra - e riu - só o famoso Fábio pra mandar uma coisa dessas na cara de uma menina de igreja.
    Eu ri.
    - Só estou dizendo - me defendi - que eu mesmo já preservei a virgindade de muitas meninas e... Bem... Mesmo assim elas saíram felizes.
    Nos encaramos e rimos de novo.
    Rimos e rimos até as gargalhadas começarem a perder a força. Estávamos bem perto um do outro. Senti ela se aproximar instintivamente e esperei. Aquele era um jogo de pescaria e eu estava bastante atento ao seu rosto para saber quando era a hora de puxar a linha.
    Ainda não.
    Foi quando percebi um pouco de receio em seus olhos. Ela ainda estava vacilante e eu tinha de jogar rápido  Com esperteza, me antecipei a ela. Antes que ela pudesse me rejeitar, eu agi primeiro.
    Virei o rosto e saí de perto, fingindo vergonha novamente e me levantando. Bianca me seguiu e ficou ao seu lado.
    - Desculpa, desculpa. Eu... Droga, eu não aprendo. - desabafei. O grupo de teatro da minha cidade estava perdendo meu talento nato.
    - Não, eu quem peço desculpas. Sem querer, acabei dando a entender alguma coisa - ela segurou meu ombro. - Eu tinha que saber que isso tudo é muito mais difícil pra você.
    - Não, para. Você é uma garota boa. O que está acontecendo, na verdade, qualquer coisa que pudesse ter acontecido, nada seria culpa sua. Sou eu quem sou o problema.
    - Não fala assim - Me repreendeu com zelo.
    - Por favor, não fala nada pra ninguém. - pedi - O pessoal já tem uma opinião sobre mim e, se falar, aí que vão pensar que eu não presto mesmo.
    - Não se preocupe. Aqui tudo vai ficar entre nós - garantiu.
    - Obrigado.
    Depois disso, ficamos em silêncio. Eu preferia manter o rosto voltado contra ela, para que não visse caso meu lábio tremesse ou eu soltasse um riso involuntário. Estava indo bem.
    Ela riu.
    - O que foi? - me surpreendi.
    - Nada - ela levou a mão a boca, ainda achando graça.
    - Fala
    - É besteira.
    - Pode contar - insisti - Ora, eu me abri pra você.
    - Tudo bem. É só...  - pensou - uma curiosidade que me ocorreu.
    - Qual seria? Acho que já somos amigos o bastante para confidenciar essas coisas.
    - Bem... Uma amiga uma vez... Me disse que vocês homens, quando estão muito tempo... Você sabe, como você está... Ficam... Doloridos aí em baixo - e apontou - Isso é verdade ou só uma desculpa para fazer a gente sentir pena de vocês?
    Achei graça, mas respondi:
    - Dói de verdade. Se você visse como estou, veria como está inchado.
    - Na verdade eu não saberia, já que nunca vi um - ponderou.
    - Sério?
    - Aham. Digo. Já vi em livros e... Bem, assisti um filme uma vez - e sorriu travessa, fazendo sinal para eu guardar segredo.
    - Caramba. Você é realmente uma raridade. - e pensei. - Mas... Assim... Você já teve curiosidade? Pode ficar sem responder se quiser - me apressei, mas ela levou na esportiva.
    - As vezes - e riu.
    Mais silêncio, vi em seus olhos que ela esperava uma oferta a qual jamais se atreveria a pedir. Era minha hora de fazer uma jogada arriscada:
    - Você... Quer que eu mostre?
    Bianca respirou fundo e olhou em volta. O som da televisão ainda era audível, sinal de que sua mãe ainda estava perdida na ficção.
    - Com todo respeito, lógico. Só pra satisfazer uma curiosidade científica - avaliei.
    - Bem, pensando assim.
    - Será uma coisa nossa. Não têm porque ninguém saber.
    Mais silêncio e, vendo que ela jamais pediria, mas também não fugiria, eu abri o zíper e arriei a bermuda. Depois a cueca, pegando meu órgão e mostrando. Já duro e meio úmido.
    Bianca arregalou os olhos, desviou e então voltou a olhar, parecendo não acreditar. Respirou fundo, parecendo nervosa, como se estivesse diante de algo igualmente belo e perigoso.
    - Aqui - e indiquei o saco, levantando meu órgão - normalmente não é inchado assim. Estou com muita coisa acumulada - e sorri sem graça.
    Bianca agora não tirava os olhos dele, fascinada.
    - Pode tocar - ofereci - Está com coleira. - e ri.
    Ela então, com cuidado, como se estivesse pegando em uma cobra, tocou meu órgão, com a ponta dos dedos os dedos e depois, com mais coragem, o envolveu por completo.
    - Nossa - apertou, sentindo o calor e a rigidez da carne
    Eu esperei em silêncio, deixando-a livre para fazer sua análise. Embora eu estivesse doido de vontade para arrancar aquele vestido e fuder ela no chão mesmo. O lobo segurava ao máximo o rosnado que crescia em seu interior. A presa, tão próxima, aumentava sua fome. Mas ela ainda podia escapar. Ele tinha que segurar sua posição mais um pouco.
    - Uma dúvida... - falou sem me olhar - São todos... Tão grandes assim?
    - Bem - me fiz de humilde - Digamos que o Senhor me abençoou de muitas formas.
    Rimos da minha blasfêmia, aliviando a tensão do momento.
    Mas o que mais me deixava satisfeito era ver que ela não o largava, acariciando como se fosse algum tesouro.
    Me permiti gemer baixinho, atraindo sua atenção.
    - Desculpa. É que... Não liga pra mim.
    Mas ela não estava mais tão na defensiva e o apertou com força, puxando a pele e revelando a cabeça. Eu segurei o gemido, sentindo meu pau pulsar entre seus dedos.
    - Qual a sensação? - ela me encarava.
    Controlei a respiração e respondi:
    - Não dá pra explicar. Deixa eu mostrar.
    Com cuidado, pus a mão em seu ombro e empurrei uma alça do vestido. Ela me olhou assustada, mas eu nada falei. Descobri um de seus seios e o massageei. Ela, paralisada, me olhava nos olhos ainda massageando meu pau.
    Tirei a outra alça e acariciei os dois com carinho. Alisando, com o polegar, os mamilos.
    - Nossa. São lindos - elogiei, enquanto ela fechava os olhos e mordia o lábio para não gemer.
    Naquela altura, ela apertava meu órgão como se fosse o arrancar e tal força só me enchia mais de prazer.
    Desci um pouco e lambi um, beijei, segurando com os lábios o mamilo. Repeti no outro. Tudo com calma e carinho. Senti que suas pernas fraquejavam, então eu a ajudei a se deitar no chão, ficando por cima dela. Abaixei seu vestido até a barriga e continuei a devorar seus seios. Então, passei a mão por suas pernas adentrei a saia, quando segurei sua calcinha, ela agarrou meus braços, assustada.
    - Não se preocupa - sibilei - prometo que não vou lhe tomar a virgindade. Ela será preservada pro seu casamento.
    Uma mão soltou, mas a outra ficou.
    - Confia em mim. Somos amigos, não?
    Ela então largou e eu deslizei o tecido por suas pernas e as abri. Me posicionei entre elas. Beijei seu joelho, lambendo a coxa. Fui descendo e, quando cheguei bem próximo da região quente entre suas pernas, troquei de lado, fazendo ela ter um pequeno espasmo.
    Repeti aquela brincadeira perversa mais um pouco. Então, deitei por cima dela. A cabeça de meu pau tocou em sua entrada. Estava quente e úmida. Uma leve pressão e eu a penetraria, de tão lubrificada.
    - Fica calma - pedi baixinho. - Vou manter minha promessa.
    Deixei apenas a glande roçar as paredes, num esforço hercúleo para não meter. Voltei a beijar seus seios, seu pescoço, rosto. Bianca, tão vulnerável, não parecia saber se sentia medo ou tesão. Seus gestos eram confusos. Seu corpo tremia. Quase nua, ela se agarrava ao pedaço amarrotado de tecido, que antes era um vestido comportado, em meio a seu corpo. Só o largava hora ou outra, entre um espasmo e outro. Suas mãos, hora me alisavam, hora me batiam, num espasmo de susto. Seus olhos lacrimejavam e seus gemidos pareciam choros em algumas vezes e ela se assustava cada vez que eu descia o rosto e lhe lambia uma parte do corpo, como num bote.
    Aquela garota, sempre tão confiante, estava a minha mercê. Dava para entender porque parecia ter medo. Eu podia fazer o que quisesse com ela e ela deixaria. Não, ela imploraria. Sentir-se vulnerável assim devia ser algo muito novo para ela.
    No começo, admito, duvidei de sua declarada virgindade. Mas a vendo assim, tão perdida em meio aos próprios sentimentos, não tive mais dúvidas. Me bateu uma vontade louca de tomar aquilo dela, de ser o primeiro entre suas pernas. Sabia que ela não me negaria, mas lutei contra esse desejo
    Primeiro, porque havia prometido, segundo, porque estava divertido demais aquele jogo
    O lobo havia feito sua primeira presa naquele rebanho. A ovelha abatida, esperava apenas o momento de ser devorada. Eu não conseguiria fazer ela esperar por muito mais tempo e com as presas cheias d'água, desci mais uma vez o rosto, desta vez entre suas pernas, e lhe dei o último beijo. Um que fez seu corpo sofrer um violento arrebatamento e Bianca teve de levar as mãos correndo até a boca para não gritar.
  • Diários de caça - Capítulo 4 – Hábitat natural

    Se existe punição divina, talvez ela tenha me atingido imediatamente naquela noite, após minha aventura com Bianca. Isso porque, no meio de toda a brincadeira, eu simplesmente não me lembrei de gozar., Tão entretido que estava em jogar com suas sensações. E como resultado, o efeito "saco inchado" que eu havia defendido a existência para ela, me acometeu de verdade. Acho que nunca tinha sentido tamanha dor enquanto caminhava até em casa, que só aliviou após eu ter me masturbado duas vezes no chuveiro.
    Esvaziar funcionou, no sentido das dores, mas em nada apagou o fogo que a caça àquele casal proporcionou. E no dia seguinte, eu estava tão faminto como de véspera. Desta vez em saborear a carne do varão Oscar.
    Bem cedo, como combinado, bati na porta de Oscar e dou de cara com Bianca.
    - Oi. - parecia que os dois andavam mais juntos do que eu supunha.
    - Oi Fábio, entra. O Oscar está terminando de se arrumar.
    Algo no sorriso de Bianca me deixou intrigado. Se eu esperasse que ela fosse ficar sem graça em minha presença, após o encontro da noite anterior, já fui logo descartando. Ela estava bem a vontade. Na verdade, parecia achar graça de alguma coisa que eu só entendi quando vi Oscar.
    - Que porra é essa? - soltei quase por impulso, ao olhar como o garoto estava
    Oscar parecia um escoteiro, camisa polo branca, boné da igreja, bermuda jeans na cor creme e tênis de caminhada. E para completar, carregava uma mochila nas costas que dava a real impressão que o missionário estava partindo daquela cidade para sempre.
    Atrás de mim, Bianca caiu na gargalhada.
    - Onde você pensa que vai assim?
    - Pra mata... - ele ficou vermelho na hora - Exagerei?
    - Mas você não vai assim mesmo. Nem morto que ando com alguém assim do meu lado. Olha essa camisa, muito pesada e quente. O mesmo digo da bermuda. Boné você não vai precisar, pois a mata é fechada e não vai ter tanta claridade. Vamos, tira essa merda toda. Anda.
    Bianca parecia que iria desmaiar de tanto rir.
    - Eu te disse, amor, que era demais
    - Eu disse amor... - imitou a voz da namorada em deboche. Dava para ver que ele estava sem ter onde enfiar a cara.
    Então o ajudei a escolher a roupa.
    - Aqui, esse short e essa camisa estão ótimos. O tênis está bom, só tira todo o resto. E essa mochila. Fala sério. Tu vai cair exausto na primeira hora se carregar isso tudo. Leva no máximo uma garrafa d'água, mas nem isso precisa. Tem muito rio por onde vamos passar.
    - Tá bom. Vou me trocar - falou, derrotado.
    - Com licença, que tenho de ir. Só precisava ver sua cara antes de partir, Fábio. - Bianca veio até mim e me deu um beijo no rosto, roçando os seios no braço enquanto o namorado guardava a mochila de costas.
    Foi um movimento rápido e sutil, que sequer foi vislumbrado por Oscar. Ela saiu com um sorrisinho e deu um beijo de despedida no namorado.
    Comecei a pensar se na noite de ontem eu fui o caçador ou a presa, afinal. Aquela garota tinha muita malícia e era de longe mais esperta do que deixava transparecer. Gostei daquilo.
    Oscar, por outra lado, era o estremo oposto. Era um rapaz sem muita voz ativa, exceto quando estava cantando. Ali ele se soltava. No restante, parecia  que lhe faltava coragem para tudo. Seja numa simples discussão. Se ele não tomasse cuidado, Bianca o comeria vivo e cuspiria os ossos.
    Aguardei o garoto que percebi não se mexer. Parecia esperar alguma coisa e ficou imóvel me olhando.
    - O que foi? - eu o questionei - Sério que está com vergonha de ficar pelado na minha frente?
    Era óbvio que sim, mas ele disse não e começou a se despir. Ficou só de cueca quando eu o avisei
    - Quer uma dica? Vai sem. Mais chance de assar se for com uma cueca dessas.
    - Ah... Ta bom...
    E tirou.
    Uma bundinha redondinha. Cheguei a salivar.
    - Como o tempo está bom, podemos dar um mergulho no rio - sugeri
    - Não seria melhor eu levar uma sunga então?
    - Pra que? - e ri.
    - Você vai nadar como?
    - Ora. Peladão.
    Ele estava falando o tempo todo de costas pra mim o que eu julguei como a tentativa de esconder uma ereção. Quando se voltou, mesmo passado o efeito, deu pra notar o volume inchado e balançando dentro do short preto.
    - E ai, vamos? - parecia desesperado para sair dali.
    - Claro - e sorri.
    Oscar foi calado o caminho todo. Quando entramos, fui lhe dando orientações que só eram respondidas com monossílabos.
    - Está tudo bem, cara? - questionei - Se quiser voltar, só falar.
    - Não. Não. Eu só... Tô prestando atenção no caminho.
    - Não precisa ter medo de se perder, que eu conheço isso aqui com a palma da minha mão. Confia em mim?
    - Confio, claro - se apressou em dizer - mas o chão também é acidentado.
    - Verdade - ponderei e ofereci a mão - vem cá. Eu te ajudo.
    Ele, receoso, pegou minha mão. A dele estava suada e não parecia ser do esforço físico.
    Fui guiando Oscar por um terreno mais acidentado do que precisaria. E me aproveitei para brincar com ele. Ora ou outra puxando para perto de mim, mandando ele segurar na minha cintura quando precisava das mãos para abrir caminho na mata. Num momento, ele ia caindo e eu o puxei. No embalo, colidiu comigo caindo por cima de mim.
    - Desculpa. Desculpa - e se levantou logo.
    - Relaxa - eu ri. Tirei logo a camisa que estava suja de terra. - Vamos continuar?
    E ele seguiu. Oscar quase não falava agora. Parecia ter perdido a voz e eu tinha de admitir que tal condição alimentava ainda mais minha fome. Pois ali era meu hábitat. Ali eu me sentia eu mesmo, me sentia livre. Ali, minha presa estava totalmente a minha mercê.
    Afinal, era eu quem conhecia àquela mata com a palma de minha mão, era eu quem cresci por aquelas trilhas, por aqueles rios. Acho que nunca na vida me senti tão conectado há algum lugar como era ali. Em minha vida adulta, minha profissão exigiu que eu viajasse bastante, levando uma vida quase nômade. E de todos os lugares em que morei e visitei, nenhum me fez esquecer a falta daquela vegetação.
    Oscar me seguia fielmente, seja por confiança, ou porque já havia chegado a um ponto em que eu era sua única opção. Paramos na beira do rio, onde bebemos água. Aproveitei para molhar minha nuca, depois a cabeça.
    - Nossa. Está mais quente do que previ. E você querendo vir com toda aquela roupa - comentei
    Ele sorriu, acanhado .
    - Afim de um banho? - sugeri.
    Ele ficou tenso e recusou
    Eu ri e tirei a roupa.
    - Não sabe o que está perdendo - e entrei na água.
    Nadei um pouco para me refrescar e fiquei atiçando ele a entrar. Mas o garoto era covarde mesmo. Travou ali de um jeito que não se mexia. Então, saí da água. O pau já dilatado do tesão, ainda não estava ereto, mas já proporcionava uma boa visão.
    - Só me secar e vamos continuar. - prometi - Ou quer descansar mais?
    - Não... To bem... Quando quiser.
    Ele tentava olhar para qualquer lugar, menos pra mim. Tive vontade de rir, mas segurei.
    - Posso fazer uma pergunta pessoal?
    - Hã... Claro.
    - Como você consegue?
    - Consegue o que?
    - Namorar sem transar - fui direto.
    Se com Bianca eu fui muito mais cuidadoso. Com aquele garoto eu sabia que a estratégia teria de ser diferente. Ele era mais covarde e se esperasse por ele para tomar qualquer iniciativa, já estaria com sessenta anos quando algo saísse dali.
    - Não é tão difícil - tentou ponderar.
    - Ah, fala sério. Tu é homem. Bianca beleza, é mulher e as necessidades são diferentes. Mas você e eu... Você se masturba?
    Oscar ficou rubro e eu estava me divertindo bastante.
    - Qual é. Somos amigos. Assume. - insisti.
    - E você?
    - Eu? Lógico. Mesmo antes de me abster. Não dá pra ficar sem. Olha só. Só falar do assunto e vê como fico.
    Indiquei meu pau que já estava ereto.
    Oscar se assustou e abraçou as pernas. Um gesto que, julguei eu, foi para esconder o próprio volume.
    - Já bati - foi tudo o que assumiu.
    - E consegue aguentar de boa só com isso? - eu estava disposto a levar ele até o extremo com aquele meu interrogatório.
    - Claro - sua confiança soou tão verdadeira quanto minha vontade de virar um bom moço.
    - Saquei - e comecei a massagear meu pau, de forma distraída, como se ignorasse sua presença. - Mas me diz aí. Porque dessa importância toda de se casar virgem?
    - Pra manter a pureza, oras.
    - Só por questão de pecado?
    - Sim.
    Eu ergui as sobrancelhas.
    - Mas punheta também não é pecado? Então que diferença faz?
    - Não é só isso. É uma questão de me guardar pra Bianca. Assim como ela está se guardando pra mim
    Pensei a respeito.
    - Entendi. Seria ter a primeira experiência com ela... Logo masturbação, como é algo individual, não conta, já que ela não participaria mesmo.
    Ele riu, sem graça. Estava acuado, tadinho. E eu adorando.
    - Então, qualquer coisa que em tese ela não pudesse contribuir, está valendo?
    - Hã?
    - Só digo que...
    - Você pode, por favor, vestir logo as roupas? - gritou, de repente, me interrompendo
    Fiquei surpreso em saber que algum sangue ainda corria por aquelas veias. Mas ia atiçar mais
    - Qual o seu problema?
    - Nada, nada. Desculpe - pediu logo e eu sabia que aquela explosão tinha sido tão forte quanto uma bombinha.
    Me aproximei dele, ainda pelado.
    - Olha que, se eu me emputecer, te largo aqui Hein? - ameacei e então sorri. Estendo a mão - vem, vamos continuar.
    Ele pegou, com cuidado para não tocar meu órgão e se levantou.
    - Foi mal - falou, olhando pro chão.
    Eu peguei seu queixo e fiz ele me encarar.
    - Aprende a olhar nos olhos dos outros quando for falar.
    - Foi mal.
    - To achando você meio estressado - avaliei.- acontecendo alguma coisa?
    Oscar riu, seco
    - Não só...  as provas, a banda e tal.
    - Hum... Eh, você faz um monte de coisa. - e ri - olha, eu diria o que eu faço pra relaxar, mas você já ficou puto na última vez em que entrei nesse assunto.
    Ele gargalhou e eu o acompanhei.
    - Acho que tenho de me afastar de você - brincou - e suas ideias malucas.
    - Até parece que ia conseguir - desafiei, altivo - Você por acaso sabe como sair daqui?
    - Claro que sei. Memorizei o caminho - se impôs.
    - Eh mesmo? - fingi admiração - vamos então fazer um acordo: Tu tenta fugir, se eu te pegar... Bem... Deixemos a meta em aberto. Mas se você conseguir escapar, eu juro, por todos os deuses, santos e apóstolos que quiser que vou controlar minha boca. Encare isso como se trabalho de catequismo.
    Ele riu e só então viu que eu falava sério.
    - Vai - desafiei - vou te dar 20 segundos de vantagem.
    E comecei a contar. Oscar, parecendo se envolver na brincadeira, disparou e eu senti o sangue correr em minhas veias em uma velocidade alucinante. O acompanhei com o olhar e acertei que ele seguiria o caminho pelo qual viemos.
    De fato, ele parecia ter decorado bem o trajeto. Mas aquele era meu Hábitat, e se ele conhecia um caminho, eu conhecia vários. A adrenalina da caça me atingiu de uma forma intensa e eu disparei em seu encalço assim que acabei de contar.
    Não foi difícil encontrar, uma vez que ele seguia a trilha que fizemos. Rapidamente peguei um atalho e parei bem na sua frente, fazendo ele cair no chão quando freou de uma vez.
    - Fácil demais - informei, cruzando os braços - vamos, de novo. Vai. Te dou outra chance.
    E ele correu. Agora, com o único caminho que conhecia bloqueado, ele teve de se aventurar, o que invariavelmente o faria se perder. Então, fui andando atrás dele, seguindo seus rastros usando todas as artimanhas de um caçador. Não tinha pressa, não precisava ser mais rápido. Uma hora ele cansaria de andar e teria de parar. Isso daria tempo de ele estar nervoso e desesperado para quando eu chegasse
    Caminhei com calma pela mata, seguindo seu rastro que era nítido, como um lobo farejando a presa.
    O encontrei encostado em uma árvore, recuperando o fôlego. Ele sequer se assustou ao meu ver, tão aliviado que estava com minha presença.
    - Graças a Deus. - soltou.
    - Se perdeu, né, idiota? - brinquei e ele sorriu amarelo.
    - Acho que sim.
    - Aprendeu a lição, pelo menos?
    Ele fez apenas um gesto afirmativo com a cabeça, sem conseguir falar de tão esbaforido.
    - Recupera o fôlego - indiquei.
    Então, me aproximei dele e apoiei o braço na árvore, ficando cara a cara
    Oscar engoliu seco, e esperou.
    - Então eu ganhei a aposta, certo?
    - Parece - e riu, ainda nervoso.
    - Vamos ver, o que eu vou mandar você fazer? - e fiquei pensando, aumentando o clima de tensão pra ele.
    - Qual é cara. Pensei que estaria de brincadeira.
    - E estamos brincando, oras - declarei - e como prova do seu bom espírito esportivo, você vai pagar a prenda que deve.
    Ele riu, mas ainda estava ansioso.
    - Maneira no que vai pedir.
    - Oscar, se eu pedir qualquer coisa você vai fazer. Você não sabe voltar sozinho e onde estamos , ninguém vem.
    Brinquei, mas a ameaça estava implícita. Me deliciei com seu medo.
    Fiquei analisando mais um pouco, quando percebi o volume em seu short. Dei um tapa nele, para conferir se era aquilo mesmo
    - Está ficando excitado? - e ri
    Ele tampou, envergonhado
    - Põe pra fora - mandei, achando graça.
    - Não, cara. Para.
    - Mandei botar pra fora - engrossei a voz um pouco. Ainda em tom de brincadeira, mas já começando a deixar claro quem mandava ali.
    Ele arriou um pouco o short e o pau duro saltou pra fora.
    - Diz aí? O que está de deixando excitado?
    Ele parecia que ia explodir de tão vermelho.
    Gaguejou, gaguejou, mas nenhuma palavra completa saiu dali.
    - Foi me ver pelado no rio? - falei ao seu ouvido - Ou foi estar aqui agora, sem ter pra onde fugir - continuei, vendo o suor escorrer de seu rosto - sabia que se eu quisesse, te fodia aqui, né?
    Oscar engoliu seco. Pau não baixou nem um segundo.
    - Na seca que eu to ultimamente, até o seu cuzinho me parece tentador - e saboreei as palavras - diz aí, está afim de ajudar a me aliviar? Ou prefere descobrir se eu aguento me segurar sem arriar teu short e te foder aqui mesmo?
    Nunca fui do tipo de forçar ninguém ao sexo e com certeza não teria feito metade do que estava fazendo com Oscar se não tivesse a certeza do quão enrustido ele era. De como queria aquilo, mas era completamente incapaz de admitir. Nesse ponto, ele conseguia ser mais covarde que Breno, que era mais novo e cresceu em um lar bastante opressor, nesse sentido. Breno, ao menos, admitia do que gostava para mim. Ele estava ali, doido pra dar, e nem assim conseguia dizer.
    Nesse sentido, era ainda mais divertido brincar com seu medo. Levar ele até o limite. Ver se aquele lampejo que vi no rio voltaria. Se ele iria se impor. Embora começasse a acreditar que aquele tenha sido um evento raro como a passagem do Cometa Harley pela Terra.
    Então, arriei um pouco meu short e pus pra fora, massageando de leve.
    - Deixa eu ver o teu - mandei e ele hesitou, tampando o órgão duro.
    Assim, peguei eu mesmo e o fiz ficar pra fora.
    - Tá curtindo, né seu safado? - sorri - relaxa - e peguei pelo queixo novamente quando ele fez menção de desviar o olhar - aqui ninguém está vendo. Um coisa maravilhosa dessa mata é que ela sabe guardar segredo. Então... Que tal relaxarmos juntos.
    E comecei a me masturbar, olhando fixamente pra ele. Oscar olhava a todo a hora de meus olhos ao meu pau, esse era o único desvio que eu permitia ele fazer. Com hesitação, pegou o próprio membro e começou. Ficamos ali juntos, gemendo baixinho. Num momento inusitado, ele alisou meu peito com a mão livre, mas tirou logo se arrependendo imediatamente.
    Eu ri e peguei a sua mão e pus de volta
    - Fica tranquilo. Pode alisar. Somos irmãos de congregação, certo? Se um não estiver aqui pelo outro, que sentido isso tudo faz?
    O sorriso de Oscar estava mais confiante. Ele ainda olhava de vez em quando em volta, como se com medo de, de repente, alguém sair de trás de uma árvore. Quando enfim essa paranoia o abandonou, ele sorriu mais e apertou o bico do meu peito.
    - Gostando de ver. - parabenizei e ele riu mais.
    Então, pus a mão em sua bunda. Ele na hora gelou, mas pelo menos não me impediu. Apertei a nádega enquanto ele aguardava meu movimento. Com os dedos, forcei entrada entre elas, tocando o orifício.
    Oscar saltou, segurou o gemido, mas se manteve firme.
    - Abre as pernas - mandei e ele obedeceu.
    Agora, a entrada era mais fácil e comecei a massagear de forma circular.
    - Pode gemer - convidei.
    Oscar alisava meu peito, lambendo toda hora os lábios, sua mente viajando enquanto seus olhos vagavam por todo meu corpo. Nem eu conseguia deduzir os inúmeros desejos que deviam estar pululando em sua cabeça.
    Foi então que ele abriu a boca, pareceu falar algo, mas sua voz não encontrou a saída.
    - O que?
    - Me empresta seu short - repetiu, quase tão baixo como antes, mas pelo menos pude entender.
    Terminei de tirar e o entreguei. Ele na hora levou ao rosto e começou a cheirar. Parecia um viciado, absorvendo aquele pedaço de pano com os olhos em êxtase.
    Continuei brincando com seu cuzinho, me divertindo com seu estranho prazer.
    - Posso... - e me olhou. Dessa vez não precisei ouvir para entender.
    - A vontade.
    Oscar caiu de joelho e enfiou a cara entre minhas pernas. Senti a passagem do ar quando ele fungou, com o nariz colado em minha virilha. Então fez o mesmo no saco, em toda a extensão do pau. Foi subindo, farejando meu corpo como um cão atrás de drogas.
    Quando ficou cara a cara comigo, ele nem mais demonstrava receio ou vergonha, tão perdido em que estava.
    - Gosta de cheiro de macho - sorri. Não era uma pergunta.
    Lambi o rosto dele, saboreando o gosto daquela presa
    - Dá pra mim - falei.
    - O que?
    - O cuzinho.
    Oscar engoliu seco.
    - Você está se guardando pro casamento, não é mesmo? Então.  Sua futura esposa não vai usar essa parte sua, concorda? Então por que guardar. Da pra mim.
    Mesmo sem resposta, foi se deixando docilmente ser virado e colocado com o peito apoiado na árvore.
    Desci e lambi suas nádegas lisas. Dei uma leve mordiscada, inebriado pelo tesão. Então, enfim abri sua bunda e lambi o rego. Seu gemido soou tão alto que alguns pássaros levantaram voo em uma árvore próxima.
    Lambi tudo, enfiado a língua e forçando entrada naquele cu nunca antes violado.
    Quando levantei, despejei uma quantidade generosa de saliva e lubrifiquei todo meu pênis.
    Encaixei e ele tremeu.
    - Relaxa.
    - To tentando - informou, se agarrando na árvore.
    A cabeça entrou sem grandes dificuldades, mas o restante de toda envergadura foi um processo mais sofrido
    - Ai. Isso não acaba, não? - queixou-se e eu achei graça.
    - Desculpa. Sou bem dotado - e fui enfiando com calma
    Quando enfim chegou até o talo, deixei ali parado, vendo o suor brotar de cada poro.
    Oscar estava na ponta dos pés, tentando manter a bunda o mais empinada possível. Meu pau enterrado até o fundo.
    - É muito grande - reclamou. Mas em nenhum momento pediu para eu tirar. Notei que sua ereção havia fraquejado.
    - Respira fundo - orientei, ainda encravado. - Só vou mexer quando você estiver pronto.
    Eu sentia meu pau pulsando ali dentro, doido de vontade de penetrar com força aquele buraco. As vezes eu tinha a real noção que meu órgão dotava de vontade própria e uma personalidade um tanto quanto indiferente ao sofrimento dos outros.
    - Isso. Assim. Relaxado. Agora vou meter
    - Fábio. Mas...
    - Shiiii - sibilei em seu ouvido - toma - e lhe dei meu short, que ele voltou a enfiar na cara como um anestésico.
    Então, comecei a meter. Oscar gemeu, chiou um pouquinho, mas aguentou firme. Até mesmo quando judiei, levado pela empolgação. Meu pau parecia ainda maior, em contraste com aquela bunda pequena e redonda, que balançava a cada colisão.
    - Hey - o peguei pelos cabelos - pode gemer. Aqui ninguém vai ouvir
    E continuei metendo, mas ele se segurava. Então, acredito que meu órgão tenha assumido o controle por uns instantes, onde eu peguei impulso e cravei com um golpe único e certeiro.
    O grito ecoou. Eu esperei, parcialmente arrependido.
    - Geme, porra - mandei, autoritário. Puxei pelos cabelos e fiz novamente. Mais um grito.
    Sua mão, de forma dócil, alisou a lateral de meu corpo. Fiz uma leitura corporal rápida e percebi não haver sinais de qualquer tentativa de me expulsar. Mesmo sabendo que não poderia me vencer e que ele estava a minha mercê, seria esperável de uma presa a tentativa de lutar ou correr. Mas não. Nenhuma crítica foi mais ouvida, qualquer tentativa de me empurrar ou me expulsar de dentro dele.
    Ele sofria, sim, mas estava dócil.
    Foi então que notei que a ereção tinha voltado. O puxei novamente pelos cabelos e empalei.  Ele ergueu o rosto, abriu a boca, um choro contido. Mas nada fez.
    - Ai... Ai... Ah! Ai... Doendo... Ah!
    Então, possuído pela ocasião, meti de novo, de novo, e de novo. Sem dó, sem qualquer piedade.
    Os estalos altos ecoavam pela mata, único som presente naquele momento. Os pés de Oscar hora ou outra perdiam o contato com o solo, ele lutava para se agarrar na árvore sem assim largar meu short, que levava ao rosto sempre que podia.
    Agarrei bem sua cintura e fui com tudo. Com a força que aquela caça merecia, já não havia resistência, ou fricção. Estava literalmente arrombado pela minha investida.
    Gemi muito, o acompanhando. Um dueto entre vítima e algoz. Notei quando as linhas brancas caiam de seu órgão, grossas, pesadas, como que expulsas do interior de seu corpo. Não tinham sequer pressão. Não era uma ejaculação e sim o sêmen escorria pra fora, quase solidificadas pelo tempo que permaneceram presas. Eu tinha de admitir, ele realmente devia se segurar muito para não se aliviar. Só um tempo de acúmulo poderia produzir um sêmen com aquele aspecto.
    Quando gozei, o seguirei firme, deixando meu pau pulsar todo o líquido para seu interior.
    Tirei com cuidado, deixando-o ali recuperando o fôlego. Um pouco de gozo escorria pela sua coxa.  Dei um tapa em sua bunda.
    - Obrigado - soltei o ar, ainda cansado - ajudou bastante.
    - Acho que agora... É minha vez, né?
    - O que você pensa que está sugerindo? - ergui uma sobrancelha.
    Porém, bastou ele se virar e me olhar, para eu desfazer o mal entendido.
    - Ah sim... - e me escorei com as costas num tronco - a vontade.
    Foi a vez do meu cãozinho entrar em ação, cheirando cada parte, cada pele, cada pelo. Me deixei ali, a disposição, sentindo seu nariz e sua língua descobrirem meu cheiro e meu gosto. Oscar gozou uma segunda vez, enquanto se masturbava.
    Eu, apenas recostei a cabeça e relaxei, curtindo, além das sensações que meu amigo me proporcionava, a calma e a energia daquela mata. Como numa meditação, me senti conectado como só aquele lugar, meu hábitat, me fazia sentir .

     

  • É errado te amar?

    07:45 A.M

    Ethan se sobressaltou quando o despertador tocou, ele não estava mais dormindo, mas só de pensar no que lhe esperava dava preguiça de levantar. O quarto estava escuro apesar de já ser de manhã, talvez o fato do tempo lá fora estar horrivelmente nublado tivesse alguma parcela de culpa.

    O garoto suspirou exasperado já se lembrando do que lhe aguardava. Naquela manhã nublada e fria seria seu primeiro dia em um novo colégio; mais um para a sua longa lista de colégios ridiculamente caros, com pessoas idiotas e esnobes que pensavam que eram melhores que as outras por terem tido a sorte de nascer em uma família rica, e aquilo, na opinião de Ethan, não era motivo para se gabar, afinal qual era a grande coisa de poder dizer que vinha de uma família com status? Do que adiantava ter tanto dinheiro, mas não ver a cara de seu pai por um mês inteiro por causa do trabalho dele? Ou mesmo poder comprar tudo o que queria e não poder dar a quem queria? Quando se era rico assim, não se podia sequer confiar nas pessoas, o que resultava em uma triste e solitária vida e aquilo era algo que Ethan não queria para si.

    Ele se forçou a sair da cama, que era grande demais para apenas uma pessoa, e jogou os lençóis de lado se sentindo exausto, arrastou-se até o banheiro e se encarou no espelho, mas imediatamente se arrependeu de tê-lo feito. Na verdade se arrependia de ter feito o que fizera na noite passada.

    Apenas para fazer raiva a seu pai, que nunca estava em casa, mas quando chegava queria mandar em sua vida, saiu passando a noite quase toda fora, havia chegado há apenas três horas e dormindo mais ou menos uma hora e meia. Seus cabelos estavam uma bagunça, sua roupa extremamente amassada, com marcas de batom e cheiro de perfume caro que as garotas tinham deixado nele. Pôs as mãos nos olhos e massageou as pálpebras doídas com a ponta dos dedos, suspirando ainda mais exasperado que antes, parecia que recentemente tudo o que ele fazia era suspirar, não importava o quão bom tinha sido sua diversão, logo após ele continuava se sentindo vazio.

    Depois de ter certeza de que não tinha mais jeito, Ethan se despiu e ligou o chuveiro; não usou a banheira, pois se o fizesse não sairia dali tão cedo e acabaria perdendo o dia de aula. A água quentinha lhe escorria dos cabelos aos ombros e em seguida para todo o corpo, aquilo lhe acordou um pouco e depois de apenas alguns poucos minutos em baixo da água, teve que sair; fechou os olhos e ergueu a cabeça passando uma toalha por seus quadris. Estava mais magro que antes, agora sentia seus ossos pélvicos mais salientes e talvez fosse todo o estresse que vinha passando.

    O garoto realmente queria evitar se encontrar com o pai quando estivesse saindo, o que era pouco provável, já que ele estava trabalhando em casa aquele mês e essa era noventa por cento da razão de seus problemas.

    Ethan pegou a primeira roupa que achou e vestiu, não estava com disposição e nem via motivos para se preocupar com a aparência, e também não se interessava muito por moda, mas a roupa até que lhe caiu bem, na medida do possível. Sua calça jeans preta não chamava atenção, mas contrastava com a blusa branca de algodão estilo moletom, porém o casaco preto que havia posto por cima a encobria parcialmente e além de lhe proteger daquele frio ridículo que fazia, ainda lhe ajudava com a sua "camuflagem", finalizando com uma bota marrom e a mochila também preta, que norma da escola. Ele arrumou os cabelos, ou pelo menos tentou deixá-los meio normais, já que eles achavam que tinham sua própria vida e continuavam saindo e voando pra onde queriam, então desceu as largas escadas que davam para a sala de visitas e de jantar com cautela para, infelizmente, ver que seus pais já estavam tomando café da manhã ali.

    Ethan ainda não tinha se acostumado àquele local, só fazia uma semana que haviam se mudado e era tudo muito novo; não que a casa não fosse tão extravagante como a antiga, mas o ambiente era diferente. Ele respirou fundo tentando juntar coragem e força de vontade para tentar pelo menos ter um diálogo decente com seu pai, um que não acabasse nele saindo furioso enquanto o outro lhe chamava de inútil, entrou no cômodo indiferente, como se não houvesse aprontado nada na noite passada e também como se seu pai não existisse ali.

    — Bom dia mãe. — se aproximou lhe dando um beijo na bochecha — Acho que estou meio em cima da hora, então estou indo; até sexta.

    Um fato bom sobre o novo colégio era que havia dormitórios e os alunos podiam optar por passar o período de aulas lá e voltar para casa apenas no final da semana. Ethan estava mais do que grato por isso e muito ansioso para sair logo daquela casa.

    — Ethan... — ele congelou no lugar e girou sobre seus calcanhares roboticamente para olhar para seu pai, que estava com a mesma expressão entediada de sempre — espere um minuto, eu irei lhe deixar.

    — Hã... não precisa, não, mas valeu mesmo. — ele aproveitou para fazer uma careta, já que o homem estava ocupado demais olhando para o celular.

    — Eu não estou perguntando, estou avisando. Agora se sente e coma.

    — Por quê?! — Ethan piscou algumas vezes encarando o pai sem realmente entender o porquê daquilo — Porque perder seu tempo me levando?! E não venha me dizer que é por você estar "preocupado" comigo, pois eu sei que não é.

    — Nada em especial. — seu pai falou, finalmente desgrudando os olhos da tela do aparelho e lhe encarando — Apenas preciso falar com a Diretora Solar, explicar o motivo de você estar se matriculando tão tarde, no meio do ano letivo.

    — Eu posso falar com ela sozinho, não precisa gastar seu "precioso tempo" comigo. — Ethan falou aquilo fazendo com que, sem querer, saísse com mais veneno do que o esperado; seu pai levantou da cadeira e estreitou os olhos fazendo sua boca secar.

    — Eu já decidi que vou com você e ponto final, goste você ou não. Não é como se eu quisesse ir também, então quanto mais rápido formos, mais rápido isso acaba para nós dois, hum?! Não insista em dificultar a minha vida.

    — Edmund, Isso é jeito de falar com seu filho? — sua mãe encarava seu pai com um olhar severo, mas ele apenas a ignorou.

    — Bom... — Ethan sabia que não devia começar uma briga com seu pai porque sempre sairia perdendo, mas seu orgulho não lhe deixava engolir as palavras do outro — Dificultar sua vida é a única coisa que tem de legal para fazer na minha vida monótona e rotineira. Dificultar a sua vida é a melhor coisa que eu tenho pra fazer, e cá entre nós, se a sua vida fosse perfeita em casa também, enquanto todo o resto funciona perfeitamente, não seria muito justo com as pessoas que vivem de forma infeliz, certo?! Só estou tentando manter o equilíbrio.

    — Chega, os dois, comam comportadamente e em silêncio ou saiam.

    Ethan abriu a boca para falar, mas ao olhar para a expressão facial de sua mãe, sabia que a tinha magoado, então resolveu parar por ali; mesmo sabendo que a situação não era nada justa, resolveu não falar mais nada, afinal não ia adiantar muita coisa, talvez só servisse pra deixar o velho ainda mais irritado. Eles seguiram para o tráfego sem terminar o café, o clima estava realmente tenso no carro, sua mãe tinha permanecido em casa e estava apenas os dois juntos, o que nunca acabava bem.

    — E então, sobre ontem à noite...

    — Não quero falar sobre isso.

    — Mas eu sim. — a voz do homem voz soava calma — Não peço que você pare de sair e curtir, Ethan, afinal ainda é jovem, mas pelo menos evite fazer este tipo de "show". Já se esqueceu da última vez?!

    — "Esse tipo de show"? Se estiver preocupado que eu vá ser pego em alguma calçada por aí, drogado e desmaiado, não se preocupe...

    — Não é nada disso que você está pensando, e que história é essa de "drogado"?! Está usando drogas agora?! Você tem merda na cabeça ou é apenas muito idiota?! Pense na sua mãe, ela estava muito preocupada. — por um momento ele soou como se realmente se importasse, mas com certeza era apenas impressão — Nunca lhe impedi de fazer o que queria, você sempre sai para onde quer, leva quem quer pra casa e eu nunca cortei a sua mesada, na verdade lhe dou mais do que você merece. Se não gosta de mim, não posso fazer nada sobre isso, nem sei quais são os seus motivos, mas não haja como um idiota apenas para me afetar, pois a única pessoa que você fere é a sua mãe e ela não merece esse tipo de comportamento de você.

    — Você fala como se se importasse com nós.

    — Ela é minha esposa, é claro que eu me importo.

    — E essa atuação faz parte do seu personagem de "homem perfeito" ou está apenas tentando me irritar?

    — O quê...? Ouça, seu garoto ingrato...

    Ethan revirou os olhos e pôs seus fones de ouvido no volume máximo, não queria ouvir mais as mentiras daquele homem, não o conhecia mais e estava cansado de ser tratado como um idiota por todos. Ele só estava fazendo aquilo para puní-lo, Ethan sabia muito bem disso, sabia também exatamente o que ele queria dizer com "conversar com a diretora Solar". Ia explicar a mulher o quanto ele podia ferrar com a vida dela e com a escola caso alguma coisa acontecesse e vazasse, fazendo a mídia se envolver. Ia ser uma conversa mais ou menos assim:"Olha aqui, se esse garoto aprontar alguma coisa e aparecer qualquer que seja o comentário na mídia, eu acabo com vocês".

    Da última vez, quando a mídia se envolveu, ele tinha que admitir que as coisas ficaram feias para sua família por um tempo, mas afinal como ele ia saber que o simples fato de acender um cigarro na escola ia se transformar em uma notícia como aquela?

    "O adolescente, mais conhecido como Ethan Fitzgerald — filho do milionário Edmund Fitzgerald e da renomada escritora de best-sellers, Dakota Fitzgerald — foi pego em flagrante usando drogas ilícitas na escola, o garoto descrito pelos colegas como problemático já foi pego praticando coisas semelhantes em suas escolas anteriores, escolas as quais o mesmo foi expulso. Brigas, vandalismo, posse de drogas e instrumentos que poderiam ser usados como armas são apenas algumas das acusações em seu longo histórico de feitos vândalos. Apesar de tais fatos nunca terem sido confirmados, o simples fato de terem surgido não servem como prova de tais atos?! Porém as perguntas que não querem calar são: Será que o garoto é um viciado? Porque seus pais nunca mencionaram que seu único filho sofria de transtornos psicológicos...?"

    E assim ele ficou conhecido como "um lunático violento e viciado em drogas que envergonhava o nome da família". Por isso seu pai perdera muitos contratos com grandes empresas sócias e muito de seu crédito e fama na cidade onde moravam, e por esse mesmo motivo tinham se mudado para uma nova cidade, onde seu pai conseguira bons contatos e assim, sócios para fechar negócios.

    Ethan estava tão perdido em pensamentos que nem se deu conta que seu pai estava dirigindo em uma estrada de terra com grama morta dos lados, a estrada parecia infinita; ele não lembrava ao certo quando tinham adentrado nela e não conseguia ver seu fim. A paisagem era quase mórbida com a grama amarelada dos lados e o céu cinza acima deles. Depois de mais alguns longos minutos com o carro sacudindo pela estrada maltrapilha, ele finalmente avistou uma enorme construção ao longe. Quando o homem lhe dissera que era "grande" ele não imaginou aquilo tudo; o colégio parecia mais como o campus de uma faculdade.

    Ao chegarem, seu pai entrou em um grande estacionamento de piso lustroso e lâmpadas amareladas no teto até onde se conseguia ver, o que particularmente ele achou um tanto sem nexo, afinal era só um estacionamento. Quando finalmente estacionaram, ele saiu do carro o mais rápido possível, já era humilhante o suficiente ter ido até ali com seu pai de imagem perfeita, não era preciso que soubessem que ele era seu filho, não queria má fama assim que chegasse, então começou a caminhar rapidamente sem ter certeza de para onde estava indo; apenas seguiu a claridade natural que vinha do grande portão por onde haviam entrado.

    — Ethan, onde você está indo? — perguntou o homem erguendo uma sobrancelha perfeitamente delineada, caminhando na direção contrária.

    — Para a minha aula, não é óbvio?

    — Seria falta de educação eu ir falar com a Sra. Solar e não levá-lo comigo para que se conheçam. — disse ele com um sorrisinho que Ethan havia aprendido a odiar e temer — Você irá até lá comigo.

    — Porque eu preciso fazer isso?! — ele suspirou exasperado pela terceira vez em apenas uma manhã, estava começando a se alterar — Você está fazendo isso como uma forma de punição?!

    — Punição? E porque eu faria isso? Porque você acha que merece ser punido, Ethan?

    — Por causa da... notícia?! E... pela noite passada, talvez?!

    — Nós já conversamos sobre aquela notícia e tenho certeza que você se lembra muito bem. — ah e como Ethan se lembrava, o que ele não conseguia fazer, era esquecer — E quanto à noite passada, quando tentei falar com você no carro, você me ignorou, e não falaremos sobre isso aqui, não é o lugar adequado, mas conversaremos uma outra hora. Não pense que eu me esquecerei disso. — os olhos de seu pai faiscaram ameaçadoramente.

    — Então me deixa ir para a minha sala, vai. Ninguém precisa saber que você é meu pai; nós dois saímos ganhando, você mesmo disse que não queria fazer isso.

    — Já chega, Ethan, você vai lá comigo e pronto.

    — Porque você sempre faz isso?! É só para me ver assim, chateado?! Você gosta tanto de abrir ainda mais o espaço gigantesco que existe entre nós?!

    — Você não consegue pensar que eu faço alguma coisa por você, porque eu sou seu pai e me preocupo com a sua vida?! — o homem pareceu sério — Mesmo assim quem aparentemente gosta de aumentar mais ainda o espaço entre nós é você, fazendo de tudo para me envergonhar. Hunf, custa tanto assim fazer algo que eu peço uma vez na sua vida?

    — Sempre a mesma coisa... Só se preocupa com esse seu nome de merda. Desculpe, mas não acho que você saiba o que é amar, respeitar ou se preocupar com mais alguém que não seja você mesmo. — por um momento a sombra de uma expressão que parecia mágoa passou pelo rosto de seu pai, mas logo ele se recompôs parecendo mais chateado que antes.

    — Ótimo, agora que você entendeu a sua situação, podemos ir?!

    — O quê? — Ethan não estava acreditando naquilo.

    — Você vem sozinho ou quer que eu vá até aí e lhe carregue até a sala da diretora, Ethan?

    — Você não se atreveria.

    — Mas não foi você mesmo que disse que eu não sei o que significa "respeitar ou se preocupar com alguém a não ser eu mesmo"?! Essa situação só favorece a mim, não é mesmo?! Não é sábio da sua parte duvidar de mim.

    Seu pai, que já havia caminhado alguns metros — Ethan havia parado no lugar, perplexo — parou e lhe olhou com aquele sorriso que sequer chegava a mexer em seus gelados olhos, aquele sorriso que Ethan conhecia tão bem, porque era exatamente o mesmo que um dia ele amou e admirou, infelizmente. Se ele tinha achado humilhante ir até o colégio com seu pai, imagina então ter que entrar sendo carregado por ele. Odiava aquele fato, mas infelizmente eles se pareciam bastante um com o outro, claro que não do jeito que ele gostaria que fosse, afinal se pudesse escolher alguma coisa do homem, talvez escolhesse a altura e os músculos.

    Seu pai era o tipo de todo mundo, o tipo "bonito e rico de morrer".

    Era bastante alto, com 1,92 de altura, pele pálida, olhos azuis-turquesa e tinha os cabelos, que era a principal atração. Cabelos ruivos com tons variados do vinho ao laranja, cortados curtos e muito bem arrumados para não ficar nem um único fio fora do lugar. Os fios escuros se misturavam com os mais claros e quando ele andava pareciam às chamas de uma vela dançando de acordo com o vento; era hipnotizante olhar para Edmund Fitzgerald, com seus olhos gelados e seus cabelos quentes. Seu sorriso era frio e indiferente assim como o olhar e mostrava dentes brancos e alinhados, contrastando com o cavanhaque perfeitamente feito e nem uma única imperfeição na pele. Para completar a sua imagem de "deus", um terno caro e bem alinhado acompanhava sua postura perfeita, ele parecia ter nascido para aquilo; era intimidador olhá-lo... As pessoas queriam ser ele ou queriam ser dele.

    Na sua frente Ethan parecia um experimento que não havia dado certo. Ao invés da altura ou dos músculos, ele herdara apenas os pontos fracos do pai; pelo menos nele eram pontos fracos. Era uma versão meio destrambelhada do outro, uma espécie de rascunho.

    Enquanto seu pai era alto e com a postura perfeita, Ethan era baixo para a média da sua idade, apenas 1,68 de altura, e não se importava muito com a postura ou com as roupas. Tinha o cabelo ruivo também, mas o pintava e por isso era bem mais escuro que os do pai e bem maior também. Enquanto o do homem era cortado curto, com apenas um pequeno topete, o seu era comprido, chegando quase até os ombros; os tons dos fios dos de seu pai eram mais para vermelho e laranja enquanto os seus ficavam mais para o vinho e o castanho por conta da tinta, só dava para notar que era vermelho se estivesse no sol ou em um lugar bem iluminado que desse para ver o reflexo, mas com a mudança e tudo o que havia acontecido, a bendita tinta estava saindo e ele não tinha tornado a pintá-lo, o que era estranho, já que a raiz era vermelho-alaranjado e as pontas castanho-acobreado.

    Seus dentes também eram muito brancos e alinhados, o que lhe deixava bem chateado; a pele também era tão pálida quanto à de seu pai, quase como um zumbi, porém não era tão imaculada assim, afinal ele tinha vários machucados antigos e cicatrizes de brigas passadas, as quais ele sempre se metia. Por outro lado, Ethan também se parecia um pouco com sua mãe, como por exemplo, a estatura baixa e magra, a aparência frágil e élfica quase feminina, de características pequenas; rosto pontudo, nariz arrebitado, que passava certo ar de superioridade, e olhos cinza tempestade.

    Ele sempre sofrera com o fato de ter a aparência frágil demais, lembrava que em seu último colégio fora perseguido até o último dia de aula por um de seus colegas de classe; o maldito não lhe deixara em paz um único dia por causa de sua aparência e tornou sua vida escolar um inferno. Sempre batia nas mesmas teclas, perguntando se ele tinha mesmo "alguma coisa" entre as pernas ao invés de um "espaço vazio" como as meninas.

    No seu penúltimo ano do fundamental havia também quatro garotos que sempre o cercava fazendo piadas idiotas, no último dia, antes das férias do meio do ano, porém eles o arrastaram para um local afastado da escola enquanto ele caminhava em direção a seu carro; o líder do grupo disse que não acreditava que ele era um garoto, insinuou que ele era uma garota transvestida e isso o deixou espumando de raiva, ele bem que tentou lutar, mas os outros estavam em maior número e as coisas começaram a dar erradas tomando um curso diferente, lhe fazendo sentir medo de uma briga pela primeira vez na vida.

    O garoto que parecia comandar o grupinho de vândalos começou a lhe tocar em lugares estranhos e constrangedores enquanto os outros riam como idiotas, como se ele fosse, de fato, uma garota. Ethan teve que lutar muito e depois de ser molestado por todos quatro e ter sido espancado quase até desmaiar, por ter resistido, finalmente conseguiu fugir, não sabia como, mas conseguira voltar para as proximidades do colégio e seu tutor lhe achara tropeçando pelas ruas, o levara de volta para o carro e seguiu para a sua casa.

    Ethan estava em choque e completamente detonado; seu nariz estava quebrado, as costelas machucadas, cortes no rosto, sem seus tênis ou blusa da farda. Quando entrou em casa e sua mãe lhe viu, veio correndo ao seu encontro perguntando o que havia lhe acontecido, seu pai chegou logo depois, com um ar carrancudo e perguntando o que era todo aquele barulho e ao lhe encarar, sua expressão se transformou de raiva para nojo.

    — Olha só o que aconteceu com seu filho Edmund, isso não pode continuar. — mas a única coisa que ele fez foi olhar para Ethan com olhos gelados como um iceberg, bufar em desprezo e dizer simplesmente:

    — Se você não é homem o suficiente para ficar e brigar ou para se defender, pegue pelo menos o que restou da sua dignidade, se é que tem alguma, e vá a um hospital sozinho, sem precisar vir chorando para a sua mãe. — ele virou para sua esposa e continuou — Satisfeita Dakota? Olha só o que você fez, criou um covarde, um garoto que não serve para nada. O que ele fará quando você não estiver mais aqui? — dizendo isso ele se virou e voltou ao seu escritório.

    Sua mãe chamou o médico da família, que arrumou seu nariz e enfaixou suas costelas, Ethan não chorou na frente de seu pai ou dela, muito menos de seus agressores, mas no silêncio do seu quarto, enquanto tirava as ataduras para tomar um banho, sentiu a garganta apertar. Enquanto tomava banho e a água tocava seu rosto, ele sentiu as lágrimas descerem calmamente mornas, se misturando a água, sentou-se no chão, sozinho, no silêncio e só então chorou; não que se orgulhasse de demonstrar tamanha fraqueza, mas não conseguira segurar.

    Ficou observando seu sangue misturar-se a água e escorrer pelo ralo pelo que pareceram horas, quando finalmente saiu do banho e vestiu seu pijama, deitou na cama e abraçou o travesseiro, momentos mais tarde sua mãe bateu na porta e entrou sentando-se ao seu lado, botou um travesseiro no colo e ele deitou-se em suas pernas, ela disse que lhe contaria uma de suas histórias, exatamente como quando ele era criança.

    Ela lhe acariciava os cabelos enquanto suas lágrimas caíam mornas molhando o travesseiro, começou com a voz suave de sempre e Ethan fechou os olhos ouvindo aquela voz calma e meiga que era como bálsamo para sua alma; a história dizia o seguinte:

    "Há muito tempo atrás, existiu uma pequena aldeia a qual era lar de um garotinho, esse garoto era o mais menosprezado de todos por não ter altura ou porte físico, todos riam e zombavam dele pelas costas, até mesmo seus pais o desprezava por causa de sua aparência pequena e magra, o pobre garoto todas as noites chorava em silêncio, mas o que seus colegas não sabiam era que ele vinha de uma linhagem muito, muito antiga e rara. Uma família que tinha poderes sobrenaturais. Essa família era um clã, que por acaso era o clã que protegia a aldeia, mas quando o garotinho falou para seus amigos eles zombaram ainda mais dele. Porém, um dia inimigos invadiram a cidade e o garotinho magro o qual todos riam, se transformou em um enorme dragão negro, com olhos amarelos que paralisavam quem ousasse olhar, com asas tão grandes e fortes que jogava os inimigos do outro lado do mar, com um poder de fogo tão forte que com um único jato queimou todos os navios, os reduzindo a cinzas. Depois disso todos queriam ser amigos do garoto e ele viveu o resto de seus dias feliz, mas antes ele aprendeu que: Mesmo coisas pequenas podem se tornar grandiosas".


    Ethan no outro dia foi até o centro da cidade e fez uma tatuagem para lhe lembrar daquele dia. Ele gravou aquele dragão da história de sua mãe na sua pele, porque ele sabia que era como aquele garoto, aparentemente frágil e covarde para as pessoas, mas por dentro, tão forte quanto um dragão.

    ***

    Quando Ethan finalmente voltou ao presente, percebeu que já estavam caminhando em um corredor apinhado de alunos curiosos que sorriam ou faziam cara feia e cochichavam entre si, até que finalmente chegaram à porta aonde se podia ler "DIRETORIA" e entraram.

    A mulher que veio ao encontro deles era alta, por volta de seus trinta e poucos anos, com olhos e cabelos negros. Seu cabelo estava preso em um perfeito rabo-de-cavalo bem apertado no topo de sua cabeça, tinha cílios grandes e cheios e um estranho brilho nos olhos, que os fazia parecer estarem sempre arregalados; usava um terninho cinza, sapatos pretos de salto e um batom excessivamente vermelho. Ela lembrava a Ethan uma vilã ou uma bruxa má dos contos de fadas, só um pouco mais moderna, mas com as mesmas características marcantes que eram:

    1ª) as unhas e os lábios, 2ª) os olhos e 3ª) as sobrancelhas, que eram muito arqueadas. Ela estendeu uma mão pálida, com dedos longos e unhas vermelhas e pontudas, assim como os lábios.

    — Olá Sr. Fitzgerald, é um prazer receber você e seu... filho aqui. — ela lhe olhou de cima a baixo com desprezo nítido o suficiente para lhe fazer ficar desconcertado.

    — Sim, igualmente. Então, eu gostaria de lhe explicar a situação.

    Seu pai conversou com a diretora por bastante tempo e Ethan ficou observando-o flertar com ela; quando ela disse que estava faltando alguns documentos para a conclusão da matrícula ou quando tentou insinuar que Ethan não era qualificado para estudar na escola ou mesmo que já estavam na metade do ano letivo — já haviam passado até mesmo das férias de verão e Agosto já estava começando — ele sorriu e falou em como os olhos dela eram admiráveis e ela finalmente cedeu, e no final ainda lhe pediu seu número... Vê se pode?

    Depois de esperar por pelo menos meia hora, Ethan começou a se distrair novamente, ele lembrou que enquanto caminhava pelo corredor algo no meio daquela multidão de rostos tinha chamado sua atenção, não foi bem uma coisa que ele soubesse definir, pois estava muito perdido nos próprios pensamentos para ter prestado atenção, foi apenas uma impressão, como se a parte de seu subconsciente que estava funcionando tivesse prestado atenção por ele, era só uma vaga lembrança que começava a ficar nítida agora... A lembrança de um par de olhos incrivelmente dourados lhe seguindo tão intensamente, que chegou a tirar-lhe o fôlego.


    ~ C O N T I N U A ~

  • Espelho: A descoberta do amor e da verdadeira amizade.

    Murilo viu sua imagem refletida no espelho e se assustou. Sem a camiseta e vestindo apenas a calça do uniforme da escola percebeu uma espinha próxima do nariz, ela era horrível. Seu coração disparou só de pensar nas piadas que ouviria caso os outros garotos do colégio vissem seu rosto naquele estado. Apavorado tateou na gaveta algum creme, pomada, enfim, qualquer coisa que servisse para tirar aquilo da cara, mas não tinha. Na gaveta apenas uma escova de cabelo suja, uma caixa com grampos e um vidro cheio de cotonetes. Nos armários nada além de pasta e escovas de dente, sabonetes e desodorantes; abaixou-se para olhar na parte de baixo, mas ali só encontrou toalhas; estava frito caso não resolvesse o problema. Olhou-se no espelho mais uma vez e mais e mais. E a cada olhada parecia que a espinha aumentava de tamanho e mudava de forma; um alienígena parecia querer nascer, e isso deixou Murilo aterrorizado, não havia outra maneira senão usar da maneira casual, os dedos. Com as mãos trêmulas foi aproximando os indicadores da acne, com os olhos apertados de horror espremeu aquilo e viu um liquido amarelado voar e acertar o espelho e em seguida escorrer, sujando tudo.
    Desceu correndo as escadas da casa, botou a mochila nas costas, fechou a porta atrás de si, montou na velha bicicleta sem pintura e partiu rumo à escola. Durante o trajeto o visual de sempre; carros saindo das garagens, ônibus se enchendo de gente, mães levando os filhos menores para escola e Murilo sonhando acordado. Chegando lá viu a porta do colégio lotada de gente, a grande maioria de jovens, todos em rodas, rindo e conversando. Murilo desmontou da magrela, colocou-a encostado a um poste de ferro e passou a corrente antes de partir.
    Não tinha ninguém na sala de aula além dele. Foi para o seu lugar e ficou ali sentado; a mão no queixo sustentando a cabeça, o olhar perdido no horizonte. Quando a sala se encheu e a professora entrou estava quase dormindo, mas despertou rápido quando um colega de sala atrevido bateu com a mão em sua carteira, Murilo deu um pulo batendo a perna e derrubando tudo no chão; caíram seus lápis, uma borracha e uma caneta de tinta preta. Ficou de quatro patas no chão para recolher seus objetos e teve a mão pisada pelo mesmo garoto. Murilo queria gritar, mas fazer escândalo seria uma péssima ideia. Então se calou, recolheu suas coisas, voltou ao seu lugar e permaneceu em silêncio; ficaria ali até acabar a aula.
    Quando o sino tocou os alunos saíram correndo com exceção de Murilo que calmamente foi guardando os cadernos e os livros dentro da mochila. Porém ao sair da sala tropeçou graças a um pé calçado com tênis velho colocado em seu caminho. Caiu e bateu com a boca no chão; sentiu um dente se soltar e rolar feito bola de gude, saia sangue de sua boca. Quando levantou a cabeça timidamente uma orquestra sinfônica de risadas pôde ser ouvida.
    Na mesma hora Murilo quis se esconder. Como seria bom ser uma tartaruga e ter a possibilidade de enfiar a cabeça no casco, mas sem essa chance o que fez foi correr. Acelerou seus passos e chegou à bicicleta, retirou o cadeado e saiu a toda pela rua, o rosto cheio de lágrimas. Afundou-se na cama e enterrou a cabeça no travesseiro, chorou como nunca havia chorado antes e soluçou igual uma criancinha.
    Pegou no sono e despertou quando ouviu o toc toc na porta, era sua irmã mais velha.
    - Murilo. Você está aí?
    Houve um silêncio e em seguida um ruído fraco, era o barulho de Murilo se levantando da cama. Ao abrir a porta à irmã o viu de olhos inchados e com uma expressão triste. Ele nada disse, mas seu semblante dizia tudo, mais uma vez, ele tinha sido motivo de chacota dos colegas. E a irmã lhe abraçou forte, e Murilo deitou a cabeça em seu ombro e ele chorou mais um pouco.
    - Fica calmo, vamos conversar. – Ela disse fechando a porta e sentando junto do irmão na beirada da cama.
    Apesar de estar com quase quinze anos a decoração do quarto de Murilo era muito infantil. Nas paredes quadros com fotos de super-heróis em poses de combate; uma estante cheia de carrinhos achava-se acima da cama. Tudo era tão imaturo. Murilo e a irmã conversaram por horas e saíram rumo ao dentista, pois alguém precisava urgentemente consertar o sorriso.
    Quando deixaram o consultório dentário foram tomar sorvete mesmo contra todas as recomendações médicas e foram pela rua cantando uma canção só deles.
    - Tá mais calmo? - Perguntou Juliana ao irmão.
    - Acho que sim, não sei.
    No dia seguinte, Juliana foi conversar com o irmão antes de ir ao trabalho.
    - Como está se sentindo? - Ela perguntou. – Conseguiu dormir?
    Murilo esboçou um sorriso antes de responder.
    - Estou melhor. Dormi bem, sim, obrigado. Só não entendo porque fazem isso comigo.
    Juliana pegou a bolsa em cima da cama e jogou no ombro, estava na hora de ela ir.
    - Você precisa se impor, Murilo. É por isso que fazem essas brincadeiras idiotas contigo. O dia que você encarar esses idiotas, toda essa situação não existirá mais.
    Os dois se abraçaram, Juliana deu soquinhos na cabeça do irmão mais novo e ele retribuiu a brincadeira dando um beliscão no braço da irmã mais velha.
    - Quando eu voltar eu desconto o beliscão, deu pra entender?! – Ela falou enquanto ria.
    E Juliana foi embora. Ela vestia o uniforme da empresa onde trabalhava; camisa branca e calça azul marinho. Murilo ficaria na casa, deitado na cama com lençol do homem de ferro, olhando para o teto. Quando chegou ao trabalho, mais uma vez atrasada, Juliana ouviu poucas e boas da patroa, novamente ela pediu desculpas e afirmou que aquela seria a ultima vez, no entanto, não seria. Colocou-se em sua posição, ligou o computador e iniciou mais um dia. Ela trabalhava na recepção de um hotel, mas já havia exercido as funções de vendedora, manicure, doméstica e recentemente como recepcionista de um hotel meia boca. Odiava o emprego, porém, precisava sustentar a casa, pois morava sozinha com o irmão mais novo e ele ainda não trabalhava.
    Quando voltou para casa encontrou Murilo sentado no sofá com os olhos pregados na frente da televisão, na telinha passava toy story.
    - Murilo, isso é filme de criança. Você precisa assistir a programas de acordo com a sua idade.
    - Eu não gosto.
    Juliana se aproximou, pegou o controle e trocou de canal; um filme de terror com fantasmas surgiu na tela, Murilo toma um enorme susto e começa a gritar descontroladamente; ao perceber ela volta para o desenho, chorando ele sobe as escadas correndo, bate a porta do quarto e ali permanece até raiar o dia.
    Quando o sol entrou pela janela, Murilo despertou. Esfregou os olhos com as costas das mãos, calçou os chinelos e se mandou para o banheiro. Ele estava de frente para o espelho, o cabelo despenteado e a cara lotada de sono. Jogou água na face para ver se conseguia despertar. Escovou os dentes, se olhou mais uma vez e não notou nada de errado, ainda bem.
    Murilo tinha muitas duvidas sobre ele mesmo. Às vezes, deitado em seu quarto de criança ficava a pensar nos meninos da escola. Não sabia por que isso acontecia e morria de vergonha de falar com a irmã, até que um dia não houve jeito. O coração do garoto quase pulou do peito quando o menino mais bonito da escola olhou para ele. E Murilo não sabia o que fazer e assustado foi se esconder no banheiro, lá dentro estava o menino que de sorriso do rosto falou:
    - Oi. Seu nome é Murilo, né? Meu nome é Daniel, tudo bem com você? – Murilo não sabia como responder, a garganta seca e o coração aos pulos.
    Lentamente Daniel foi se aproximando. Num momento mágico as mãos dos dois meninos se entrelaçaram; em seguida um abraço demorado, depois veio o beijo, os dois de olhos fechados, Daniel curtindo o momento e Murilo se sentindo confuso. Que sensação estranha era aquela? Por que estava fazendo aquilo? Tropeçando saiu do banheiro e correu, dobrou a esquina do corredor do pátio da escola e sentou no chão, os dedos tocando os lábios e o coração mais calmo, Murilo acabara de dar o seu primeiro beijo.
    Chegando a casa ele subiu correndo as escadas e foi ao banheiro, com a porta aberta se olhou no espelho, o rosto corado. Resolveu tomar um banho e debaixo da água escaldante do chuveiro sonhou com o momento. Lembrou-se da mão de Daniel segurando a sua, dos lábios se juntando e de tudo o que pensou naquele instante.
    - Murilo. Cheguei! – Juliana havia acabado de chegar do trabalho, cansada se esparramou no sofá, em seguida jogou os sapatos para longe e mexeu os dedos, aliviada.
    O garoto desceu correndo as escadas, mas nada falou se jogou no sofá e ligou a televisão, na tela à novela tinha começado.
    - Aconteceu alguma coisa? Algum menino te fez alguma coisa? – Perguntou a irmã.
    - Não, tá tudo bem comigo, juro.
    - Então tá bom. – Disse a irmã enquanto se levantava para ir à cozinha.
    Murilo relaxou deitado no sofá enquanto Juliana vasculhava a geladeira a procura de algo para comer.
    - Me conta como foi na escola. – Indagou Juliana.
    - Nada de mais. – Disse ele.
    Na geladeira havia queijo e tomate, no armário tinha pão. Ela começou a preparar dois sanduíches.
    - Estou preparando dois sanduíches, você tá com fome?
    - Estou sim, vou querer um.
    E Juliana voltou para a sala, na mão dois pratos, cada um contendo um lanche. E os dois comiam em silêncio, apenas o barulho da televisão cortava o momento. Enquanto comia a imagem do beijo voltava com força total na mente de Murilo.
    - Tudo bem Murilo?
    - Sim. Por quê?
    - Parece estar sonhando acordado.
    Então Murilo respirou fundo, encheu o peito de coragem e timidamente, quase que sussurrando falou:
    - Eu beijei uma pessoa.
    Quando ouviu Juliana quase se engasgou.
    - Como é que é? Quem é a menina me conta?!
    Murilo precisou buscar o fôlego novamente, parecia sem ar, o peito pesado e as mãos trêmulas.
    - Foi um menino. – Disse ele.
    Juliana naquela hora não sabia o que falar. Tudo aquilo era novidade para seu irmão mais novo. Então ela se levantou, foi até o menino e o abraçou forte, Murilo deitou a cabeça em seu ombro.
    - Desculpa Jú. Eu....
    - Shiiiiu. Não precisa dizer mais nada.
    No dia seguinte na escola o mundo parecia ser um lugar diferente, cheio de paz e tranquilidade. As pessoas não olhavam para Murilo com aquele olhar de deboche, as coisas ficariam mais leves a partir daquele dia. Daniel, que estudava na sala em frente à de Murilo se aproximou dele na hora do intervalo.
    - Oi! – O cumprimento foi simples, porém, o sorriso foi grande e radiante. Do outro lado do corredor, Murilo devolveu o gesto, seus olhos brilhavam de felicidade.
    E mais uma vez foram para o banheiro, longe de possíveis olhares de julgamento e de pessoas que não entendiam a verdadeira essência do verdadeiro amor. E ali, sentados um ao lado do outro conversaram, deram bastante risada e trocaram beijos e abraços. Quando voltou para casa deu de cara com a irmã sentada no sofá, a televisão desligada.
    - Não era pra você estar no trabalho?- Ele perguntou.
    Juliana virou o pescoço o suficiente para ver o irmão em pé na porta, ele vestia o uniforme da escola, tinha a mochila ainda pendurada nas costas e o cabelo molhado jogado de lado na testa. A irmã demorou alguns segundos para responder e esses segundos pareciam se transformar numa eternidade.
    - Era. – Disse ela monossilábica.
    - E por que não está?
    - Fui despedida. – Disse ela, enquanto lágrimas começavam a rolar em sua face.
    Murilo não poderia dizer nada, palavra alguma poderia acalentar a irmã, então ele resolveu dar um abraço nela, um enlace tão puro e amoroso, que Juliana sentiu-se protegida e amada. Murilo não era tão bom com as palavras como era a irmã. No dia anterior, quando confessou a ela ter beijado um menino chamado Daniel, pensou que Juliana falaria poucas e boas para ele, mas pelo contrário, em vez de condená-lo, ela o apoiou, e disse:
    - Não se importe com os outros. Não é porque você beijou outro menino que você é diferente dos outros. Isso faz parte da sua personalidade. Uns vão descobrir o mundo mais cedo, tantos, mais tarde; isso é de cada um. – Completou a irmã. Que concluiu. – Você vai sofrer bastante por causa disso, mas saiba que não é culpa sua. Você simplesmente nasceu assim, especial e amado por todos, entendeu? – Depois daquelas palavras as coisas viraram.
    Murilo passou a ser um garoto mais seguro. O quarto, enfeitado com temas infantis foi mudado para algo mais de acordo com a sua idade. Os beijos escondidos dentro do banheiro da escola com Daniel se transformaram em passeios de mãos dadas no pátio do colégio, tudo isso sem ligar para nada, era apenas os dois e o amor entre eles. E não demorou muito para Juliana conseguir um emprego novo e ajeitar as coisas, ela estava de casamento marcado e tal fato deixava Murilo feliz, e ele estava feliz.
    Deitados na grama de um parque, debaixo de uma árvore, ele e Daniel se abraçaram suavemente. No horizonte o sol se escondia e a lua surgia grande e bonita. Murilo e Daniel se levantaram e de mãos dadas olhando nos olhos do outro trocaram juras de amor eterno; o menino tímido, do quarto de criança que conversava com o espelho finalmente tinha se aceito como um homossexual.

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br