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  • A vida atrás de uma tela de computador.

     

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    Ao anoitecer de uma noite qualquer, um garoto jovem e “normal” aos olhos de muitos, procurava se desligar de sua vida e viver em um “novo mundo”. Onde vivia de uma falsa realidade, uma felicidade temporária, mas mal sabia ele que, algo muito ruim estaria por vir, que acarretaria em muitas desilusões e decepções. 


    Muitas vezes seus pais não tinham tempo para lhe dar atenção, o jovem garoto e seu irmão, procuravam ocupar seu tempo se divertindo no mundo dos games. Mas seus pais mal sabiam o que realmente seu filho mais novo estava a fazer na internet.                              

    Ao longo dos anos, seus pais se separaram, Bryan ficou muito triste e abalado, pois ele amava muito seus pais. O garoto, não conseguia compartilhar seus sentimentos com os outros, escondia tristezas profundas, e feridas que jamais seriam cicatrizadas. Bryan ainda estava descobrindo sua sexualidade, mas desde cedo já sabia que era diferente dos outros garotos.

    Aos 13 anos, Bryan inventou de criar um personagem feminino em um jogo, onde ele se passava por menina. Bryan sempre gostou de agir como uma menina, mesmo sabendo que isto era errado, ele fingia ser alguém que ele não era.                        

    Ao passar dos anos, Bryan viveu como um personagem, ao tal que ele deu o nome de (Maria Clara), tinha muitos amigos, parecia que tudo estava perfeito na vida de Bryan, até que tudo mudou. Aos 16 anos, Bryan conheceu um garoto da mesma idade que ele, por uma ferramenta muito conhecida como (DISCORD).

    Bryan obviamente gostou muito do garoto e acabou criando vínculos de amizade, mas mal sabia Bryan, que a partir deste vínculo, sua vida estava prestes a desmoronar.                        

    Após alguns dias de conversa, Bryan acabou se apegando e eventualmente se apaixonando pelo garoto, e acabou pedindo o mesmo em namoro, o garoto por ter gostado da “Maria Clara”, acabou aceitando o seu pedido. Os dois ficaram muito felizes, com o passar do tempo as coisas acabaram ficando mais intensas, Bryan por estar cego de amor pelo Pedro, acabou levando esta farsa a diante.

    As coisas começaram a complicar, pois o garoto começou a pedir fotos, vídeos e até mesmo chamada de vídeo, foi quando a vida de Bryan começou a se complicar.

    O garoto morava muito longe e era muito ingênuo, Bryan se aproveitou disso e começou a mentir para o garoto e passou a enrola-lo, a cada dia que se passava, Bryan estava mais envolvido e apaixonado. Pedro e Bryan viviam juntos, passavam todas as madrugadas assistindo séries na Netflix ou jogando, Bryan gostava muito da companhia de Pedro, ambos gostavam muito do tempo que passavam juntos.

    Para sustentar este namoro, Bryan teve de contar muitas mentiras, uma delas foi inventar que seu personagem “Maria Clara” era muda. Ao saber disso Pedro ficou chocado no início, mas super aceitou, começou até a fazer curso de libras, para que quando se “encontrassem” pela primeira vez, ele pudesse se comunicar com ela.    

    Até que se passaram cinco meses de mentiras e falsas promessas, Bryan estava muito mal, e estava começando a afetar seu relacionamento. Em uma longa noite, Bryan tentou cometer suicídio e Pedro teve de impedir, até então Pedro achava que sua “namorada” só estava passando por problemas psicológicos, mas nunca soube o porque.

    Após estarem namorando a seis meses juntos, Bryan não suportava mais esconder a verdade, pois a cada noite que passava, ele ficava cada vez mais triste, pois no fundo ele sabia que, nunca realmente ficaria com o garoto, que eles nunca poderiam se encontrarem.

    Depois de Bryan sumir por uma semana, Pedro ficou extremamente preocupado, já por saber os transtornos psicológicos de Bryan. Quando Bryan finalmente voltou, ele criou coragem e contou toda a verdade, ele não podia mais esconder tudo isso de Pedro, seus dias como “Maria Clara” haviam acabado, seu personagem havia ido longe demais.

    Pois a intenção de Bryan era fazer Pedro se apaixonar loucamente por ele, que independente de Bryan ser homem ou mulher, eles iriam ficar juntos mesmo assim, mas não foi muito bem o que aconteceu. Ao ouvir toda a história Pedro ficou chocado, mas ao mesmo tempo estava completamente apaixonado por Bryan, e resolveu tentar continuar o namoro, mas desta vez com a verdadeira identidade de Bryan.

    Ao ouvir isto de Pedro, Bryan ficou muito feliz, mas esta felicidade durou muito pouco tempo. No dia seguinte, Pedro disse que não poderia continuar com isto, que havia uma barreira entre eles por Pedro ser hétero, e que se Bryan fosse mulher, ficaria com ele sem problemas.

    Foi quando neste momento, Bryan começou a odiar cada vez mais seu próprio corpo, começou a se culpar por não ter nascido mulher. Bryan estava loucamente apaixonado por Pedro, e faria qualquer coisa para tê-lo de volta em sua vida, pois Bryan não conseguia aceitar a ideia de tê-lo perdido.

    Com muita dor no coração, e com os olhos cheios de lágrimas, Bryan teve de aceitar e se desvincular de Pedro, apesar de isso parecer impossível para ele. Seus pais começaram a ficar extremamente preocupados com Bryan, pois ele não queria comer, estava dormindo muito, não queria mais sair de seu quarto, Bryan estava no fundo do poço, pois ele era emocionalmente dependente do Pedro.

    Com o passar dos dias, parecia que a vida teria acabado para Bryan, ele dormia e sonhava que Pedro estava mandando mensagem para ele, muitas vezes acordava chorando por aquilo se tratar de apenas um sonho. Para ele era como se o mundo estivesse desabando, pois ele sentia muita falta do Pedro, da companhia dele, de seu sorriso, da sua doce voz.  

    Apesar de Bryan ter tirado um peso das costas e ter tido a oportunidade de continuar amigo de Pedro, para ele não era suficiente, pois ele o amava e queria ter uma família com Pedro. Após muitas tentativas falhas de tirar sua própria vida, Bryan percebeu que deveria afastar-se de Pedro, ou caso contrário nunca o superaria.

    Bryan se afastou de tudo e de todos, e quando pareceu que sua vida estava acabada, surgiu uma luz no fim do túnel. Ao surgir esta luz, apareceu alguém especial, que amava Bryan do jeito que ele realmente era, Bryan ficou muito feliz, pois desta vez a pessoa não amava o seu "personagem", e sim ele mesmo. Com a chegada deste novo amor, Bryan ressurgiu das cinzas, quando tudo parecia estar perdido, sua vida começou a melhorar, Bryan podia finalmente encontrar a verdadeira felicidade.

    Será que finalmente Bryan está indo no caminho certo, ou talvez esteja indo a caminho de sua morte?

    Quem será este novo amor, de onde ele é, como será a nova história de Bryan, terá um final feliz?

    São dúvidas que logo teremos respostas. 

    O começo de uma nova história, ou o começo do fim?

    Largado em seu quarto, lá estava Bryan, pensando em sua vida e em seus atos, quando Bryan recebe uma mensagem anônima em seu celular.

    Bryan rapidamente o respondeu lhe perguntando quem era e como esta pessoa havia conseguido seu número. Após duas semanas sem resposta, Bryan é finalmente respondido, a pessoa "anônima" e misteriosa se identificou como Bruno. Apesar de Bryan desconfiar, no momento ele estava precisando de alguém para conversar, alguém que lhe desse atenção, e isto Bruno tinha muito para oferecer.

                                                                    

    Após várias noites conversando com Bruno, Bryan pode perceber que eles dois tinham muitas coisas em comum, talvez Bryan estivesse se apaixonando novamente, ele tinha muito medo de isto acontecer, pois já havia se machucado muito com Pedro. Bruno sempre foi educado e muito gentil, não aparentava ser uma pessoa ruim ou até mesmo que colocasse a segurança de Bryan em risco, mas até que em uma fatídica noite, tudo se provou o contrário.

    Bruno era muito misterioso, quando Bryan lhe fazia perguntas pessoais, ele respondia vagamente, nunca uma resposta concreta, Bryan não conseguia enxergar as malícias de Bruno. Mas até que então em uma noite, Bryan abriu seu coração e contou tudo o que sentia por Bruno. O Bruno obviamente ficou surpreso com tudo isto, ele também disse que gostava muito de Bryan e que estava escondendo isto a muito tempo.

    Os dois começaram a namorar, quando a vida de Bryan parecia ter entrado de volta ao eixo, tudo mudou e sua vida começou o verdadeiro inferno. Bruno não apareceu por acaso, Bruno não estava nem um pouco apaixonando. Na verdade Bruno estava apenas brincando com os sentimentos de Bryan, o sofrimento de Bryan estava muito longe se acabar, estava apenas começando.

    Bruno forçava Bryan a enviar constantemente fotos e vídeos íntimos, eles brigavam bastante por conta disto, mas Bryan sempre cedia aos caprichos de Bruno. Bruno não gostava de falar sobre sua família, isto estava incomodando Bryan, pois ele já estava desconfiando de Bruno. Após inúmeras desconfianças, Bryan resolveu investigar sobre a vida de “Bruno”, começou a fazer uma varredura nas redes sociais e a procurá-lo em todos os lugares, foi quando Bryan achou algo que não queria, as fotos que “Bruno” havia mandando, não eram dele.

    Bruno havia mentido e Bryan não entendia o porque, foi quando Bryan criou coragem e o questionou. Bruno ficou enfurecido e começou a culpar Bryan, dizendo que Bryan nunca deveria ter desconfiado dele. Bryan estava vulnerável e foi facilmente manipulado, três semanas após este episódio, Bruno revelou sua verdadeira identidade a Bryan.  O Bruno ao qual conhecemos não existia, Bruno se revelou como Pedro.

    O Pedro estava atrás de vingança, queria que Bryan tivesse passado pelo mesmo sofrimento que ele, queria que Bryan conseguisse sentir um pouco da dor que ele sentiu, ao ser enganado por seis meses. Após
     Bruno revelar sua identidade, começou a então a chantagear Bryan com as fotos íntimas e os vídeos que ele havia enviado. Foi quando toda tristeza de Bryan veio a tona, quando sua vida tinha começado a voltar ao normal, o verdadeiro inferno começou...

     Pedro conseguiu o número dos pais de Brayan e começou a mandar mensagens assustadoras para eles, e também começou a ameaçar Bryan de expor toda a história. Ao passar alguns dias, Bryan não suportava mais a tortura psicológica que Pedro estava fazendo com ele, foi quando Bryan resolveu dar um fim em seu sofrimento, Bryan se despede de seus pais e foge de casa pela madrugada.

    Ao caminhar pela estrada escura e deserta, Bryan sobe em um viaduto, e a partir daquele instante Bryan derrama suas últimas lágrimas, ali se vai com ele, todo seu sofrimento, todos seus sonhos e todas suas mágoas.

    Apesar de Bryan lutar contra sua depressão, contra seu sofrimento, infelizmente desistiu de lutar. Para Bryan ele era um fardo para as pessoas, que ele era um peso para todos, e que se caso todos descobrissem oque ele fez, todos olhariam com cara de nojo para ele.

    Em troca de seu suicídio, Pedro prometeu que morreria com Bryan toda a história, que se Bryan cometesse suicídio, ele não iria divulgar as coisas que Bryan havia feito. Apesar de tudo, Bryan tinha muito medo de seus pais acabarem descobrindo o que ele fez, então Bryan acabou aceitando a proposta de Pedro.

    Foi quando em um belo dia ensolarado, com os pássaros cantando logo de manhã cedo, Bryan se jogou do viaduto e infelizmente veio a óbito, seus pais ao receberem a notícia, entraram em desespero, sua mãe não conseguia parar de chorar.

    Apesar de tudo, Bryan sabia que por mais que lutasse contra seu sofrimento, jamais conseguiria sozinho. Muitas vezes ele implorou por ajuda e ninguém conseguiu ver o quanto ele estava sofrendo.

    Reflexão: Não brinque com depressão, pois é algo muito sério, não deixe de ajudar alguém que necessite de sua ajuda.   Muitas vezes algumas palavras de conforto, fazem a diferença na vida de uma pessoa.                                                                                    

    Após se passarem alguns anos do suicídio de Bryan, seu pai acabou ficando muito doente, sua esposa mãe de Bryan, vivia no hospital cuidando dele. Após o pai de Bryan estar três meses internado no hospital, em uma fatídica noite, infelizmente teve uma parada cardíaca e acabou vindo a óbito.

    A família de Bryan ficou muito triste, pois tinham acabado de perder Bryan a pouco tempo. Após duas semanas se passarem, a mãe de Bryan acabou adoecendo, pois ela estava muito abalada com a morte de Bryan e de seu companheiro. O irmão de Bryan, com muito medo de perder sua mãe também, acabou largando o emprego para cuidar dela.

    Foi quando a mãe de Bryan começou a melhorar cada vez mais, já estava até fazendo atividades físicas novamente, mas até então que tudo mudou. Quando tudo parecia estar voltando ao normal, mãe de Bryan piorou e muito, foi quando o mundo de Kaique irmão de Bryan, terminou de desabar.

    A mãe de Bryan lutou até o fim de seus dias, Kaique ficou oito horas em frente do bloco cirúrgico esperando por sua mãe, quando infelizmente os médicos deram a notícia de que ela não havia resistido. Naquele momento a vida de Kaique tinha acabado, aos 26 anos, Kaique tinha perdido seus pais e seu único irmão.

    Por dois meses seguidos, Kaique visitava os túmulos de seus pais e de seu irmão mais novo Bryan, pois para ele, aquele era o único momento que ele podia ficar um pouco mais próximo deles. Ali Kaique contava para eles sobre como tinha sido seu dia, os estresses do trabalho, e ao cair a noite, Kaique voltava caminhando para casa derramando inúmeras lágrimas.

    Kaique acabou conhecendo uma mulher em seu trabalho, o nome dela era Isabela. A Isabela era uma mulher, linda, gentil e muito carismática, Kaique esquecia de todos os problemas quando estava com ela. Foi quando Kaique percebeu que precisava seguir sua vida em frente, Kaique teve muito apoio de Isabela, e os dois acabaram ficando bem íntimos.

    Após se passarem um mês juntos, Kaique pediu Isabela em namoro, foi quando ela rapidamente aceitou, e os dois foram morar juntos. Já tinha se passado muito tempo dos fatos ocorridos, Kaique estava muito feliz com Isabela, os dois já até planejavam em ter um filho. Após Isabela finalmente conseguir engravidar, os dois resolveram visitar os túmulos dos pais de Kaique.

    Após chegarem lá, levaram flores e Kaique conversou muito com seus pais, Isabela pediu para Kaique levá-la ao túmulo de Bryan, quando chegaram lá, puderam perceber que já havia uma pessoa por lá. Ao se aproximarem, perceberam que se tratava de um homem, o perguntaram quem era e porque estava ali, o homem não quis se identificar e foi embora.

    Kaique achou muito estranho e resolveu ir todos os dias no túmulo de Bryan para ver se aquele homem voltava, foi quando em uma tarde chuvosa, os dois finalmente se encontraram novamente. O Kaique estava decidido a não deixá-lo ir embora sem antes lhe fazer algumas perguntas, pois até então ninguém sabia o motivo de Bryan ter cometido suicídio. E para Kaique, aquele homem parecia bem próximo de Bryan, apesar de Kaique nunca tê-lo visto em sua vida.

    Mal sabia Kaique que em sua frente, estava o assassino de seu irmão, o homem que havia destruído a sua família, e que sua nova família que estava prestes a ser formada, também corria um perigo enorme.

    O homem assustado ao ver Kaique pela segunda vez, resolveu correr para fora do cemitério, Kaique correu atrás dele mas acabou o perdendo. Foi quando Kaique achou ainda mais estranho e resolveu a partir daquele momento começar a investigar. Pois Kaique começou a perceber que poderia não ser apenas um suicídio, que algo muito maior estava oculto, e ele estava prestes a descobrir.

    Após ter passado anos de culpa, Pedro estava fazendo visitas constantes ao túmulo de Bryan, mas mal sabia ele que essas visitas poderiam acabar trazendo toda verdade a tona.

    O homem encapuzado, todo de preto, estava prestes a ter a identidade revelada. Pedro começou a investigar a vida de Kaique, onde ele trabalhava, onde ele morava, a que horas eles chegavam em casa. Pois para Pedro, Kaique poderia acabar com a vida dele, e que se ele sumisse com Kaique, tudo estaria resolvido.

    Foi quando Pedro resolveu arquitetar um plano, mas nada saiu como o esperado. Do outro lado, Kaique estava ficando paranoico, Isabela não o aguentava mais, e estavam tendo brigas constantes, pois Kaique insistia que não tinha sido apenas um suicídio qualquer, Isabela já estava furiosa com esta história.

    Foi quando em um dia muito chuvoso, Isabela e Kaique brigaram, Isabela resolveu sair de casa e ir dormir na casa de seus pais. Foi quando Pedro resolveu colocar seu plano em prática, aquela era a chance de Pedro, de por um fim em seus problemas.

    As duas 02:30 da madrugada quando Pedro havia entrado já na residência e estava escondido, Isabela bate na porta e acorda Kaique. Isabela havia desistido de dormir na casa de seus pais, pois estava preocupada com Kaique, Pedro ficou desesperado, pois estava preso dentro da residência.

    Deu 04:45 da madrugada, Kaique e Isabela foram dormir após terem uma longa conversa, Pedro subiu as escadas com um revólver na mão, estendeu sua mão sobre a porta e abriu, se aproximou da cama do casal e apontou seu revólver sobre Isabela.

    Pedro começou a chorar e então Kaique e Isabela acordaram assustados, Kaique logo reconheceu que era o mesmo homem do cemitério. Então Kaique começou a dialogar com Pedro, dizendo que ele não precisava fazer aquilo, que Isabela estava grávida. Pedro estava cego, ele tinha medo de que todos descobrissem a verdade, e estava disposto a tirar a vida de Kaique e Isabela para se safar de sua culpa.

    Foi quando os vizinhos ouviram gritos e tumultos e acabaram acionando a polícia, quando a polícia chegou ao local, Pedro ficou completamente transtornado, pois percebeu que sua vida estava acabada.

    Com a chegada da polícia, Pedro ficou muito nervoso, Kaique tentou se aproveitar deste momento para tentar tirar a arma de Pedro, mas sua tentativa falhou. O revólver disparou e a bala acabou atingindo o coração de Kaique, ali naquele momento Isabela entrou em desespero e acabou indo para cima de Pedro.

    Ao ir para cima de Pedro e tentar tirar a arma dele, Pedro acabou a empurrando para afasta-la, pois Pedro não queria matar Isabela por ela estar grávida.

    Ao empurra-la, Isabela acabou batendo forte com a cabeça em um espelho, e acabou vindo a óbito, foi quando ao ouvirem os disparos e todos esses barulhos, a polícia resolveu invadir a residência, mas infelizmente chegaram tarde demais.

    Ao entrarem no quarto, a polícia viu uma cena de terror, ao matar Kaique e Isabela, Pedro acabou se suicidando com um tiro na cabeça, foi naquele mesmo quarto que a história de uma linda família teve um fim trágico.

    Uma história de amor que acabou destruindo com uma família, após inúmeras mortes, a polícia resolveu abrir uma investigação, e a verdade veio a tona.

    Reflexão: Cuidado com quem você acabe se envolvendo, as vezes vivemos anos com uma pessoa, e não conhecemos como realmente ela pode ser.

                                                                   

     
  • A Visão Do Precipício

    Mais um. Alguns estão tão longe, outros estão na beirada. Eles são loucos para saber como será cair,mas no fim não é isso que querem,e no fim eles não tem coragem para pular. Alguns vão no impulso, achando que aquilo será o melhor. Outros apenas não vão, mas ficam perto o suficiente para serem tentados a pular. É que no fim todos têm medo. São de todas as idades e tipos. E são por todos os motivos.
        Então eu a encaro. Ela tinha pensado tanto nisso, sobre pular. Foi inevitável pensar nisso. E agora ela faria. Com coragem o suficiente ela virou de costas e se jogou. De um modo tão simples que pareceu até bonito,corajoso,mas ainda assim doloroso.Ela cai de olhos fechados. Ela não sabe como é a sensação, é tão rápido que alguns nem percebem como é. Mas ela sente, tenta absorver tudo. Ela sente a pressão do vento, sente como os pelos dos braços se arrepiam e sente o ar gelado. Sente o coração batendo incrivelmente rápido, e no fim sente um pequeno alivio. No fim foi mais um...
       Ela bate no chão, e seu corpo está jogado aos outros que também sentiram o coração bater. E no fim eu apenas abro os braços para ver mais um cair.
  • Ação e Reação

    Tenho ouvido por ai a lei da ação e reação. Ela é usada em qualquer situação social e vou me ater, somente, no momento de desentendimento num relacionamento a dois, não vem ao caso qual seja o tipo de relacionamento, ampliarei para todas as classes, seja homo, seja heterossexual. Acontece que em momentos de conflitos conhecemos verdadeiramente quem é o nosso parceiro. Não é no sexo, nem no cinema, nem na casa da sua mãe, nem na viagem e no jantar romântico. É aqui (no desentendimento), que poderemos identificar qual é a sua personalidade e acredite: Se você não gostar da ação ou reação do seu parceiro, tome cuidado! Desde da violência física, verbal e consequentemente psíquica até aos atos de suposta traição ou desejo de trair. Acontece que no período de conflito é que demonstramos quem somos de verdade. O quanto de autocontrole e respeito para com o outro temos. Aqui demonstramos o nosso verdadeiro afeto e amor e o mais importante nossa índole. Se somos pacientes, altruístas, fieis, respeitosos e bondosos com o outro. O importante é se relacionar com quem lhe entenda e te aceite nos momentos felizes e saiba te tratar ainda melhor em tempos de conflitos. Mas por favor, saiba identificar e valorizar o comprometimento do próximo, pois você também está sendo analisado.
  • Acefalia aguda

               Muitos adolescentes brasileiros nascidos na primeira década deste século, e outros tantos jovens adultos da década de 90, se portam como verdadeiros doutores em História e Ciência Política. Pseudocríticos baseando suas vagas opiniões em velhos preconceitos, medos sepultados já há muito tempo e memórias deturpadas por pessoas que nem sequer puderam estudar História. Sem fundamentos empíricos e teóricos, não há História.
                Essa História, ciência da reconstrução do passado através dos vestígios deixados pelo homem no tempo e no espaço, é diferente da história, sucessão de eventos humanos em ordem cronológica e assimilável. O infante — geralmente aquele que filava as aulas de humanas, por considerarem-nas muito chatas ou irrelevantes para a formação profissional —, não saberá defini-la, pois não tem formação na área.
                Não saberá dizer também: Como se deu a conjuntura político-econômico de 1964? O que é uma Ditadura Militar? O que é um golpe de Estado? Como o Tenentismo contribuiu para a formação do “Superleviatã”? Qual o papel da extrema-esquerda na radicalização nas alas golpistas? Você já leu os atos adicionais e institucionais promulgadas pelo Executivo centralizador? O que é um político biônico? Etc.
                Você, que provavelmente deixará um ataque nos comentários desse texto e não uma crítica racional, não tem formação na área de História ou qualquer das Ciências Humanas. Não leu nem sequer um livro de História do começo ao fim e não viveu entre 1964 e 1985.
                Você caro leitor(a), provavelmente não viveu num período onde o salário diminuía na mesma proporção em que banqueiros enriqueciam com empréstimos bilionários com dívidas internas e externas. À censura. Uma época onde democracia se resumia a um bipartidarismo forçado onde o governo controlava ambos os partidos, seja com ideologia ou o braço forte da lei. A inflação galopante que elevava o preço dos alimentos. A precarização e privatização do ensino com a Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Onde homossexuais não podiam servir ao Exército, considerados doentes mentais. Época em que prisões arbitrárias, sem amparo legal tinham o aval do Estado. Onde assassinos são heróis. Golpistas democratas. Submissos das potências estrangeiras patriotas. Um tempo e que tortura era política pública e terrorismo de Estado ação de legalidade constituinte. Você, é um mero produto desse período.
                Antes que venham as acusações, eu não sou filiado a partido político. Não sou sindicalista. Não milito em quaisquer ONGs. Nem pratico esportes radicais!
                Minha legitimidade para falar de Ditadura Militar? Bem, digamos que sou graduando em História. Tenho mais legitimidade do que você, ou um youtuber, um blogueiro, qualquer influencer ou “personalidade da mídia”. E o melhor de tudo, meu argumento se fundamenta em princípios teóricos e empíricos, de pessoas que estudaram décadas para chegar à conclusão de suas pesquisas, sejam elas quais forem.
                Mais que uma crítica, lanço aqui um desabafo. Eu tenho muita vergonha de pertencer a uma geração que tem como único objetivo viver em alucinado egotismo. Pessoas que tem como única preocupação adquirir curtidas de pessoas tão acéfalas quanto aqueles que postam fotos entupidas de Photoshop. Crianças mimadas carentes de atenção.
                Sinto nojo de uma nação que escolheu candidatos conservadores, que acusam os próximos dos crimes que eles mesmos praticam nas surdinas como os bons hipócritas que o são. De um país que trocou o seu desenvolvimento para ver o seu processo de conquista ruir como um castelo de cartas marcadas. Uma pátria que tem como único objetivo devorar os seus sonhos de seus filhos e filhas. Se incitar o ódio de héteros contra LGBT+, de homens contra mulheres, de jovens contra adultos, de sulistas contra nortistas, de brancos contra negros... de brasileiros contra brasileiros.
    Vou deixar aqui referências o suficiente para aqueles que cultivam a ignorância, amorteça o seu despreparo perante a realidade:
    LEI Nº 4.024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961
    Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html>  acesso dia 26/03/2019 às 23:29 Hrs
    LEI Nº 5.692, DE 11 DE AGOSTO DE 1971
    Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html>   acesso dia 26/03/2019 às 23:40 Hrs
    Reforma tornou ensino profissional obrigatório em 1971
    Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/03/03/reforma-do-ensino-medio-fracassou-na-ditadura>    acesso dia 26/03/2019 às 23:48 Hrs
    Os currículos de História e Estudos Sociais nos anos 70: entre a formação dos professores e a atuação na escola
    Disponível em: <http://snh2007.anpuh.org/resources/content/anais/Elaine%20Louren%E7o.pdf > acesso em 26/03/2019 às 00:02 Hrs
    "O desafio de ensinar História durante o regime militar"
    Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/o-desafio-de-ensinar-historia-durante-o-regime-militar-ehc3qh8l0viwed9l42wawrz9q/>  acesso dia 27/03/2019 às 11:25 Hrs
    OS ESTUDOS SOCIAIS E A REFORMA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS: A “DOUTRINA DO NÚCLEO COMUM”
    Disponível em: <http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1439700335_ARQUIVO_OSESTUDOSSOCIAISEAREFORMADEENSINODE1E2GRAUS.pdf> acesso dia 27/03/2019 às 11:43 Hrs
    Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/documents/186968/485895/Estudos+sociais+no+1%C2%BA+grau/4e96a598-50ec-491d-ab72-4ce2c50a9f3d?version=1.3> acesso dia 27/03/2019 às 12:00 Hrs
    Decreto nº 66.600, de 20 de Maio de 1970
    Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-66600-20-maio-1970-408046-publicacaooriginal-1-pe.html> acesso dia 27/03/2019 às 12:07 Hrs
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    JOSÉ, Emiliano; MIRANDA, Oldack. Lamarca: o capitão da guerrilha. São Paulo: Global, 2004.
    LEME, Caroline Gomes. Ditadura em imagem e som: trinta anos de produções cinematográficas sobre o regime militar brasileiro. São Paulo: Ed. UNESP, 2013.
    LIMA, Thiago Machado de. Pelas ruas da cidade: o golpe de 1964 e o cotidiano de Salvador. Curitiba: CRV, 2018.
    MENDONÇA, Sônia Regina de; FONTES, Virgínia Maria. História do Brasil recente: 1964- 1992. São Paulo: Ática, 1994.
    MOTTA, Rodrigo Patto Sá. As universidades e o regime militar: cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
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    PAES, Maria Helena Simões. A década de 60: rebeldia, contestação e repressão política. São Paulo: Ática, 2001.
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    _____. Ditadura e democracia no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
  • Adeus

    Vocês foram para lutar, jogar e nos trazer um título. Meninos com uma alegria só. Todos brincando felizes ao subir naquele avião, um time humilde mais de grande valia, brincavam e sorriam na certeza de uma vitória, para contar a história de seu verdadeiro valor, mas o destino mais uma vez cumpriu o seu dever, calando a voz de jogadores e repórteres tão jovens, que foram chamados aos braços do pai, deixando corações enlutados, famílias e amigos que choram a sua partida. E eles voltaram como heróis, corpos inertes, frios e sem vida, mas com a certeza que suas mortes não foram em vão e que a vida continua, pois assim eles gostariam que fosse, que não desistissem, pois a vida é apenas uma passagem rápida. Força Chapecoense, sejam fortes e continuem, pois é isso que seus filhos iam querer.
        Não chorem, não se desesperem pois estaremos como estrelas brilhando no céu a iluminar Chapecó, SC.  Saímos da vida para entrar para a história. Adeus.
  • Agora fantasmas

    Somos três correndo no quintal. Elas são um par de astronautas. Eu, um morador da lua.
    Prometemos brincar para sempre. Paramos todos os dias para acenar ao vizinho. Hoje ele quis se juntar a nós.
    Armados com facas, brincamos de guerra. Perdemos.
    Éramos três correndo no quintal. Novo jogo: vingança.
  • Ainda Sinto

    Quando você se foi deixou marcas que carrego até hoje no meu peito.
    As mágoas do passado afloram toda vez que fecho os olhos e penso em você.
    Não posso voltar para aquele tempo, tampouco dizer tudo o que penso.
    Você seguiu em frente, sem olhar para trás e talvez já nem se lembre que um dia jurou amor.
    Meu coração teima em não te esquecer, e por vezes me pego pensando em como seria estar ao seu lado hoje.
    Porém, flechas lançadas, palavras ditas e o próprio tempo não voltam mais, assim, sigo tentando acostumar o meu querer em te esquecer.
  • Airbnb

    O lugar onde você dorme quando viaja sempre é um lugar que causa sentimentos antagônicos. Em parte traz sensações boas, principalmente pela excitação da viagem, mas também por causa da animação de explorar o novo. Pela outra parte, porém, é um lugar desconhecido que traz o desconforto pelo simples fato de não ter a sua cama e nem o seu banheiro.
    Quando se viaja a lazer, você já vai preparado para o último e, se tudo sair como planejado, só o primeiro prevalece. Para escapar da rotina do trabalho, ele tentava viajar sempre que podia mesmo que fosse para uma cidade próxima. Isso geralmente acontecia a cada duas semanas logo após receber o seu pagamento quinzenal. Mas dessa vez ele tinha recebido uma parcela do 13º salário, então decidiu ser mais ousado e ir mais longe. O quarto que ele alugou era pequeno, mas muito bem localizado, tinha ar-condicionado e uma vista estupefante bem de frente para um mar azul sem fim com um pequeno píer onde os pescadores atracavam seus barcos.
    O dia dele tinha sido incrivelmente relaxante. O tempo estava um pouco frio o que tornava perfeito ficar na varanda lendo um livro enquanto o sol fraco aquecia levemente a sua pele. Depois de almoçar e tirar uma soneca, caminhou um pouco na praia, ouviu um pouco de música e contemplou um pouco o mar já que estava frio demais para entrar na água. Quando voltou para o airbnb, decidiu pedir uma pizza de jantar e assistir a um filme. Cerca de dez minutos depois do entregador chegar, começou a cair uma forte tempestade com raios, relâmpagos e poderosos trovões. Quando ninguém mais era esperado, o interfone toca. Ele deixa dar três toques, esperando que a pessoa perceba que é engano e cancele. Mas, como não parou, ele atendeu.
    – A-alô – a voz trêmula, mas macia, de uma mulher começou a falar – me, me ajuda. N-não tenho para onde ir, tô-tô com frio! Me aj-ajuda!
    Ele não sabia o que fazer na hora já que não esperava, nem nos cantos mais imaginativos da sua mente, que fosse ouvir isso. A sua cabeça começou a trabalhar com velocidade já que precisava tomar uma decisão importante em segundos. Seria um golpe, um assaltante, um sequestro? Ou só seria alguém desesperado implorando por abrigo? Medo ou empatia, qual caminho seguir?
    – Te-tem alguém aí? POR FAVOR! – insistiu a voz com a demora de uma resposta.
    – Desculpe, não posso! – disse ele rápido e secamente, desligando o interfone enquanto os seus olhos marejados torciam para que não fosse só uma mulher com frio.
    Ele ainda ficou alguns minutos em pé encarando o interfone, só respirando. A sua mente não parava de alternar entre o desejo de que o interfone tocasse novamente para mudar a decisão e de que nunca mais tocasse. Silêncio. Era só o que tinha. Silêncio. Depois de alguns minutos, a sua perna permitiu que ele saísse da frente do interfone e fosse beber uma água. Ele decidiu assistir (ela está com frio) um pouco de TV (ela pode morrer) para ver se distraía (a culpa é minha) a sua mente, mas (sozinha, encolhida, sofrendo) era simplesmente impossível (era só apertar dois botões para dar um abrigo a ela). Como não adiantava, decidiu desligar tudo, fechar todas as cortinas e tentar dormir.
    O sono demorou a vir, mas quando veio parecia que o nocauteou. Ele estava dormindo de bruços quando foi acordado por um barulho. No início ele não conseguiu identificar o que era, mas ao ouvir novamente percebeu que era como um soluço de bebê que está prestes a iniciar um grande e interminável choro. Ele tenta se levantar, mas não consegue. A sua respiração fica pesada como se tivesse um peso em seu peito. Ele começa a ouvir o engatinhar de uma criança. Vai ficando cada vez mais rápido. Acelerando. Lágrimas começam a rolar pelo seu rosto involuntariamente. O som vai ficando cada vez mais próximo até que uma mãozinha pequena e gelada agarra o seu pulso, o queimando como ácido com o seu toque. O máximo de movimento que ele pôde fazer foi fechar o seu punho para tentar conter a dor, mesmo isso sendo impossível. 
    O seu pulso ainda ardia quando sentiu a pequena mão largá-lo. O seu alívio, porém, não durou tempo o suficiente. Ainda estava paralisado quando percebeu que pequenas gotas vermelhas estavam surgindo no seu lençol. Elas foram encharcando tudo até transformar o branco em vermelho. As pequenas poças que começaram a se formar confirmaram o seu temor: sangue. As poças foram ficando maiores e maiores até que alcançaram a sua boca. Ele lutava para deixá-la fechada, mas de alguma maneira o sangue entrava e ele sentia o seu gosto ferroso. Uma voz áspera de mulher começou a surgir no quarto e ficava repetindo “O que você mais ama na vida?”. Ele não sabia, não conseguia raciocinar, só queria que o sangue parasse de subir. Mas não parava e já estava atingindo uma de suas narinas, fazendo com que, cada vez que respirasse, um pouco de sangue o afogasse, a tosse se manifestasse e mais sangue entrasse em sua boca. O nojo e o desespero dominavam a sua mente e os seus pensamentos. “O que você mais ama na vida? O que você mais ama na vida? O que você mais ama na vida?”.
    — Viagens, viagens – ele conseguiu gritar cuspindo parte do sangue que estava em sua boca.
    — Agora – começou a responder a voz feminina sem demonstrar nenhum sentimento – o único jeito de você sair vivo será deixando a parte que você mais ama aqui. Nunca mais poderá viajar e, se fizer, morrerá. Aceite o acordo ou morra agora.
    Ele demorou um pouco para responder. Na hora só conseguia lembrar de uma cena de Piratas do Caribe quando Davy Jones pergunta a um tripulante se teme a morte. Sim, ele temia. Sempre temeu desde o momento em que descobriu que ela existia. Então, mesmo com a sensação de que o seu coração estava sendo esmagado por um punho furioso, ele disse “aceito” e, através dos olhos cabisbaixos e marejados, dava para ver que ele temia ter tomado a decisão errada. Depois dessas palavras ele apagou e acordou em sua casa no dia seguinte.
    Assim que abriu os olhos, demorou um longo tempo para processar tudo o que aconteceu. Duvidava se era realidade ou não. Duvidava do que lembrava e do que não lembrava. E, principalmente, duvidava do acordo, mas tinha medo de quebrá-lo. Então, com o medo vencendo a tristeza, decidiu não viajar mais.
    Os dias se tornaram longos e os finais de semana mais ainda. Trabalhava sem propósito, saía sem propósito e ficava em casa sem propósito. Tudo parecia horrível e ele se sentia horrível. Nada mais era bom, tudo era uma merda. Ele se sentia uma merda. Nada que ele fazia parecia certo e seus pensamentos sempre pareciam chatos.  Ele chorava sem motivo porque não parecia ter um motivo para ter vida. Até que um dia, no meio do trabalho, pensou “que se dane”. Saiu, pegou o carro e começou a dirigir.
    Ele pensou que teria um ataque cardíaco ou algo parecido assim que atravessasse a fronteira, mas nada aconteceu. Um pensamento, entretanto, surgiu em sua cabeça como se não fosse dele “assim que você pisar em terra”. Por isso decidiu rodar o máximo possível com a gasolina que tinha. Finalmente, depois de semanas, um sorriso estava surgindo em seu rosto ao ver as paisagens e sentir o vento atingir os seus cabelos.
    Quando chegou na cidade em que todo o seu pesadelo se iniciou, percebeu que tinha dirigido para lá sem se dar conta. Ele foi até a praia onde tinha o píer que via de sua janela e um velho pensamento ressurgiu na sua cabeça: “Você teme a morte?”.
    – Não, a vida – respondeu sussurrando para si mesmo enquanto acelerava em direção ao píer.
    Assim que o carro se chocou contra o mar, a água salgada e gelada começou a inundar o carro. Não havia mais o que fazer, a morte era uma questão de tempo. A luz já não chegava mais onde estava, e o frio começou a se espalhar por todo o seu corpo trêmulo. Ele estava triste por morrer e feliz por estar livre, por isso não dava para definir que tipo de lágrimas saíam dos seus olhos. Quando a água já atingia a sua cabeça, quase a cobrindo, a voz do interfone começou a tocar no rádio em looping “ tô-tô com frio! Me aj-ajuda!”.
  • Alguém

    Ai você para pra pensar e olhar pro lado
    E descobre que, quem você queria que estivesse do seu lado, na verdade... Já foi embora... Descobre que as lembranças que você alimentava e a saudade que se alimentava das suas lembranças estão agora se alimentando de você
    Os únicos pensamentos que lhe vem a cabeça são os melhores e os piores dependendo de como se olha... Mas você não quer nenhum deles...
    Não quer esquecer e tentar ser feliz sem aquele alguém... Não quer morrer e tentar ser feliz sem você mesmo...
    A única coisa que parece realmente ser o que você quer... É aquele alguém.
  • Álibi (the next dark night)

    E mesmo que eu tenha passado a noite inteira chorando
    Quando o sol voltar vai fazer um curativo sobre meu peito
    E há aqueles que digam que eu não fui atingindo de forma profunda
    Porque na manhã do dia seguinte vou fazer um esforço pra me mater sorrindo
    Sou eu contra atacando a dor ao meu redor
    Um soldado andando lado a lado com as instruções do meu melhor amigo
    Quando estive no chão pra sangrar até a morte
    Abri meus olhos e o vi abrindo fogo com uma AK com uma das mãos
    E com a outra me extendia e me ajudava a me levantar
    O amigo do meu coração a quem eu posso relaxar e confiar
    Encontrei um abraço fiel
    Para compartilharmos lágrimas
    Em uma próxima noite escura
  • Alma Perdida

    Ela era uma prostituta. Mas não era uma prostituta qualquer, nela havia algo especial. Cercada de tristeza e dor, seu corpo possuía tons curiosos.
    Carmen, filha de João e Maria, cresceu ouvindo que o mundo era vazio, um lugar sem esperança. Quando criança, tentava de todas as formas agradar os pais que trabalhavam dia e noite para poder colocar o pão na mesa, chegavam cansados e só verificavam se Carmen estava viva, não prestando atenção acima da mesa: ‘’Papai,Mamãe. Eu não sei muito sobre vocês, contudo isso é uma das consequências da vida que fomos destinados a ter, porém amo vocês do mesmo jeito que qualquer outra filha amaria.”
    Aos 16 anos, os pais de Carmen morreram e a adolescente foi morar com o único parente que tinha, seu tio. Era uma casa fria, sem cor. Todas as noites, ela chorava baixinho, no canto do quarto, implorando para sentir alguma coisa: felicidade, tristeza, raiva... Algo que mostrasse que ela ainda estava viva e não somente sobrevivendo. Seu tio, uma pessoa amarga, chegava bêbado em casa todos os dias e, naquela noite, ele escutou um murmúrio vindo do quarto. Alguém chorava. Uma alma perdida pedindo socorro. ‘’Eu vou te dar um motivo para sentir algo.’’, disse, puxando a cinta e espancando a jovem Carmen.
    E naquela madrugada, ela de fato sentiu algo: repulsa. De si mesma. Olhava para os hematomas e as lágrimas não faziam seu caminho pela bochecha mais, era uma dor mais profunda. Julgou que a melhor forma de acabar com aquilo era fugir e assim fez, saindo sem rumo. Vagou pelas ruas, somente o tempo conseguiria cura-lá.
    Passaram- se anos, Carmen se encontrava no banheiro do posto, enquanto passava o batom tão vermelho quanto seu próprio sangue, um sorriso falho no canto dos lábios. No relógio marcava 00:00, deu um passo para o lado de fora, sentindo o vento frio contra sua pele pálida. Mais uma noite de trabalho.
    Uma mulher diferente de todas as outras, parada no ponto, vendendo aquilo que sempre desejou ter, o puro amor.
  • Amadurecer É Um Luto Constante

    Crescer é uma perda;
    Digo por experiência própria que crescer é uma perda como qualquer outra;
    Tudo acontece tão de repente, sem aviso algum, e isso é crescer, aprender a navegar numa tempestade;
    Não tem aviso ou preparo, é tudo jogado sobre você;
    Você sofre perdas, perda do que você fazia antes, perda daquela inocência e daquele carinho que você recebia;
    Mas quem entenderia? Se nem quem sofre a perda a entende.
  • Amaldiçoado no Amor

    Não sabendo jogar o jogo do amor
    Sendo amado sem perceber
    Amando sem receber
    Que ordens afinal obedecer?

    Coração desregulado
    Preferia eu estar estrangulado
    Do que amaldiçoado
    Sem nunca ter amado

    Tantos me amaram
    Que voodoo só podem ter lançado
    Assim me tornei amaldiçoado
    Amado por todos e sem nínguem ter amado

    Que jogo mais injusto e mais cruel
    De amado me tornei odiado
    Antes eu odiar do que amar
    Porque amar não liberta do passado

    Você prefere nunca ter conhecido quem amou
    Do que sofrer pensando no que perdeu e passou
    Antes eu tivesse amado e me permitido odiado
    Pra não sofrer por amor igual retardado

    Patrícia como eu te amo, Juliana como eu te amo,
    Sara como eu te amo, Jeniffer como eu te amo,
    Lucas como eu te amo, Rodrigo como eu te amo,
    Felipe como eu te amo, Júlio como eu te amo.

    Amo também quem me amou e eu não sabia que me amava
    Ame quem te ama
    Amemos que amamos

    Só assim o ciclo de dor pode acabar
    Em círculos parar de andar
    E essa maldição acabar
    Não é justo não saber amar

    O único mandamento que Jesus deixou
    Eu não consigo executar
    amai-vos uns aos outros como eu vos amei
    Louco me tornei

    Desejos contidos me consomem
    Fazendo eu desejar coisas que me dão medo
    Medo de fazer, medo de errar, medo de onde vai parar
    Não é maior do que o medo de nunca amar

    Medo de nunca amar
    Não é maior do que o medo da morte
    Sem amar meu coração não bate forte
    E com isso só vai me restar a morte

    Amar é viver
    Viver é amar
    O amor o dinheiro não compra
    Nem a mais saborosa comida encontra

    Amar é saber viver
    Sem amor não há quem possa sobreviver
    Só o amor supera a dor
    Dor que tenta nos matar

    Nos sufoca,
    O amor nos protege e nos guarda
    Quebra a maldição
    Um dia lançada

    O ódio machuca e faz sofrer
    A indiferença dói mais na própria pessoa que a pratica
    Pois ela mesma está se afastando de amar
    Odiar não é o caminho

    Amar traz cuidado traz carinho
    Amor é o oposto da dor
    Quem ama não machuca o ser amado
    Só quem já amou sabe esse estado

    Talvez pra amar um pouco de dor seja necessário
    Já que basta estar vivo para sentir dor, basta estar vivo pra amar
    Dor para o outro aplacar
    É preciso saber amar

    Ou o amor pode matar
    Amor demais por uma pessoa fora do normal
    É a causa de todo o meu mal
    Amar quem não se pode amar

    Torna tudo desiqual
    Amor proibido é dolorido
    Proibido também é querer amar a todos
    Só se pode amar um

    Ou o seu coração será massacrado
    Todo esse grande coração morrendo lentamente
    Porque um dia por si mesmo foste amaldiçoado
    Coração amaldiçoado

    É um coração dividido, sem nem sequer com um ter estado
    É um coração cauteloso demais
    Amar só com a certeza de ser amado

    Querer que a primeira a amar durasse para sempre
    Talvez seja um coração fiel demais
    Que de tão fiel não consegue quebrar o antigo amar
    Querer que a primeira seja a única e especial

    Desse jeito eu jamais vou saber o que é amar
    Pois se devemos amar nossos irmãos e irmãs
    Também podemos amar mais de uma vez
    Só que claro não ao mesmo tempo

    O amor se torna duo
    Uma troca de dar e receber
    Uma nova alvorada
    Um novo amanhecer

    Não há quem possa impedir
    Não há quem possa esconder
    Não há quem possa impedir o amor de acontecer
    Não há quem possa sem amor viver

    Não há quem possa fazer a vida acontecer sem amor algum dia ter
    Amor não é só de marido e mulher
    É também de amigo
    Eu nunca tive um amigo

    E minhas amigas todas ficaram no passado
    Amigas que podiam ter se tornado namoradas
    Namoradas que podiam ser amadas
    Amadas, lindas namoardas

    Mais que amadas todas foram po mim
    Um eterno desencontro sem fim
    Uma lembrança esquecida
    Um amigo, uma amiga.

    Desencontro sem fim
  • Amantes do Caos

    Seu sorriso era encantador: roxo.
    Sua beleza fantasmagórica: maltrapilha os cabelos negros presos por um coque.
    Eu me encantei e confesso, foi amor à primeira vista. E ainda confesso, eu a beijei com meus lábios de sangue.
    Imediatamente eu a cativei pra mim e, numa tarde de tempestade, o céu negro cheio de relâmpagos e trovões, nós dançamos.
    A cama era uma elegância no meu mausoléu digno dela. E fomos então no meio de velas e assombrações.
    Nós amamos e nos confundimos com fogo e frio; com reclusão e dinastia; com amor e ratos. Mas... Silêncio.
    A lua branca chegou e murmurou: "bem vindos a minha loucura e o meu inferno".
    E voamos para encontrarmos os anjos de Apocalipse.
  • Amigo Estresse

    Olá, vossa majestade!
    Não chegaste muito cedo?
    Não irá embora tão tarde?
    Tuas visitas, outrora,
    trouxeram caos.
    Porém elas são o que sou
    verdadeiramente.
    Sempre quando tu vem,
    conheço-me gradualmente.
    Minhas artérias entram em euforia,
    a respiração fica ofegante.
    Se tu és uma característica marcante,
    não podia ser de alegria?
    Queria que meu coração pulsasse
    somente por nostalgia,
    não taquicardia.
    Estou desenvolvendo arritmia?
    E essas doenças um dia me mataria?
    Tu vens em tempestade,
    mudando o azul de cor.
    Vou em silêncio, tentando trocar
    o ódio por amor.
    Tu és amigo, ou inimigo?
    Queres brincar, ou acabar comigo?
    Tua cor e teus olhos, teu jeito
    sei de có.
    Se gosta de mim, não me faça
    destruir tudo ao redor.
    Preocupante, eu diria...
    Queria expulsá-lo, mas tu vem
    escondido dia após dia.
    Pela manhã, tarde, noite
    ou pela madru.
    Afinal, quem és tu, querido amigo?
    Quem és tu?
    Te chamam de "Pecado da Ira"
    e "Mandamento do Amor".
    Se tem mais personalidades,
    sejam bem vindas, por favor!
    Transforma-as em peças de xadrez...
    Mas não me abrasse hoje,
    só por uma vez!
    Quero tranquilidade, a calmaria.
    Sem almejar algo para arremessar,
    ou a ira despertar.
    Amigo estresse, por um dia,
    não vem me visitar!
  • Amor de Quarentena

    ***
    - Só que eu te amo.
    - Mas EU... – (não acredito que ela usou uma pausa dramática) -  não te amo. – ela disse colocando a mão em seu ombro – Adeus Kevin.
    Essas palavras soaram como uma chave de fenda enferrujada penetrando profundamente no coração de Kevin. Ele e Vanessa namoraram por dois anos. Foi algo completamente inesperado, mas talvez, se Kevin prestasse mais atenção aos sinais, não fosse tão inesperado assim. A verdade é que, no final, ambos tinham se acomodado com a presença um do outro. Não faziam muito além de transar e ficar no quarto o dia todo pensando em quando transariam de novo, não tinham nada para conversar ou se preocupar um com o outro. Ela não fazia questão de sair com ele, ele não fazia questão de ter ela por perto. Kevin imagina que a amava, no fundo, talvez acreditasse que isso já não era mais verdade. Ela já não demonstrava sentimentos há meses, e ele achava que demonstrava, mas a verdade estava longe disso.
    Kevin, um rapaz de 20 anos recém completos, era magrelo e tinha cabelos negros até os ombros e belos olhos azuis. Foram esses olhos que atraíram Vanessa, não tinha dúvida. E naquela tarde após a escola, estavam no último ano quando finalmente se beijaram. Havia meses que flertavam, ele começava a duvidar que algo iria acontecer. Foi a segunda garota que beijou e foi com quem perdeu a virgindade.
    Ainda morava com os pais. Eles eram jovens, seu pai tinha apenas 39 anos e sua mãe 36, sempre soube que fora uma gravidez acidental de uma noite bêbada com dois namorados apaixonados e não ligava (não existe uma história de amor muito melhor do que essa, certo? Eles estão juntos e apaixonados até hoje). Seus pais foram expulsos de casa por conta disso, também não se importaram, decidiram que todo o amor que não tiveram em casa dariam para aquela criança e que trabalhariam duro para tudo dar certo. Ele trabalhou em bar por muitos anos até virar o dono e ela trabalhava em lojas de departamento, mesmo sem estudos subiu bem na carreira. Nunca tiveram luxos, só que nada lhes faltou.
    E todo o amor que Kevin recebia de seus pais era o mais importante, principalmente nesses momentos de tristeza. Foi com eles que fumou maconha pela primeira vez. Diziam “melhor fumar aqui do que em um beco sujo qualquer, com todas aquelas porcarias que colocam no meio”. Ele fumou e não gostou, nunca mais encostou naquilo. Mas gostava de beber, geralmente não muito, só quando se sentia para baixo ou quando saia com os amigos, ou em festas em casa (na verdade, quando sozinho ele só bebia se estivesse triste).
    Gostava de tocar sua guitarra, pensava em fazer uma tatuagem, queria um dragão no braços inteiro, só que nunca venceu seu medo de agulhas. Era um guitarrista medíocre, contudo, ganhava alguns trocados tocando na noite. Foi convidado para uma banda e entrou no cenários dos pubs, tocava de quarta a sábado e a grana ficou melhor. Ajudava nas contas de casa e grande parte do que sobrava ele guardava para seu futuro.
    Uma vez por mês jogava na loteria com seus pais, cada um escolhia um terço dos números. Davam risada e nunca acompanhavam os sorteios, apenas viam os número dias depois. Nunca ganharam nada, mas o valor era baixo e o pequeno evento em família era prazeroso.
    Eles moravam no sétimo andar e Kevin, sem querer, viu alguém se mudando para o prédio da frente, apenas uma janela abaixo. Depois ele iria descobrir que ali não era o sexto andar como em seu prédio, na verdade era o terceiro, já que os três primeiros andares dali eram comerciais e por ter uma entrada diferente, tinham os três andares ignorados.
    Entre os novos vizinhos, reparou que havia uma garota que parecia ter sua idade. O que lhe chamou atenção nela, a princípio, foram aqueles longos cabelos loiros que brilhavam intensamente, poderiam ser vistos de longe. Parecia ser filha única, assim como ele. Contudo, seus pais já eram grisalhos. Ela não reparou nele e ele não quis ser o sujeitinho estranho que fica observando as outras pessoas por ai.
    Foi então que o mundo inteiro mudou...
    ***
    Não havia informações precisas de como tudo começou ou de onde surgiu. Diversos lugares no mundo indicavam casos ao mesmo tempo e fronteiras começaram ser fechadas.
    Tarde demais, infelizmente...
    A princípio era apenas uma tosse mais resistente, alguns espirros, nada que não se curasse com o tempo (acreditavam) e provavelmente deve ser uma gripe mais forte. Quando as pessoas começaram a espirar sangue, que escorria incontrolavelmente de suas narinas, a preocupação surgiu. Logo, milhares morreram e o mundo entrou em quarentena. Ainda era possível ir ao mercado e alguns outros serviços essenciais que ainda funcionavam.
    - Filho, não sabemos como será essa pandemia por aqui. Então, vamos ao mercado para estocar aquilo que realmente importa.
    - Cerveja?
    - Eu criei esse filho tão bem – diz seu pai rindo – muita cerveja, mas um pouco de comida faz bem também.
    Os dois riram e saíram juntos.
    Os pais de Kevin se cuidavam bem, faziam exercícios regularmente e visitas periódicas ao médico para seus respectivos check ups. Em geral eles que faziam as compras nos mercados só os dois e, aos poucos, estocavam tudo que precisavam.
    Ninguém sabia explicar como se dava o contágio, a televisão informava que era por espirros ou tosse e recomendava cobrir com o braço para não infectar outros e a limpar as mãos constantemente. O tempo de incubação era de 7 dias e era extremamente contagioso. Também, nesse período, não era possível detectar os doentes. Após isso, os sintomas se confundiam com o  de uma gripe simples, durava de 7 dias a 15 dias com tosse e espirro, daí a confusão com uma simples gripe. Depois variava, algumas pessoas tinham pouco sangramento, similar ao rompimento de uma veia, como acontecem em temperaturas muito elevadas ou algo do tipo. Em outros casos, ocorriam jorros de sangue pelo nariz e pela boca, com pedaços mais densos. Cientistas trabalhavam incessantemente ao redor do mundo procurando uma cura.
    Logo, as ruas ficaram desertas. Embora o número de vítimas fatais fosse baixo, muitos já estavam em estado grave sucateando os hospitais e acomodações temporárias. Foi quando o primeiro grito veio pela janela.
    - Ei! Vizinho de cabelo cumprido! Sempre gostei de um roqueirinho! – A frase é seguida de risadas divertidas.
    Kevin estava na janela contemplando o vazio da rua e perdido em seus pensamentos. Seus cabelos soltos brincavam na frente de sua face. Quando olhou para frente, viu sua vizinha loira, com um belo sorriso, acenando para ele. Ele vestia uma regata do Iron Maiden. Seus braços eram definidos, provavelmente por tentar tocar bateria, nunca fora muito fã de exercícios.
    - Oi! Vizinha de cabelo amarelo!
    - Preciso conversar com alguém para não ficar louca! Já que não tem ninguém na rua e meu prédio parece vazio, fala comigo!
    - Claro! Qual seu nome?
    - Ariel e o seu?
    - Sou Kevin, muito prazer! Mas acho melhor falar por telefone, minhas cordas vocais não vão aguentar muito! Passa o seu número!?
    - Como você é adiantado. Deveria me pagar um jantar ou uma bebida antes de pedir isso! Mas tudo bem, anota ai!
    Ela passou o número e começaram a conversar. Logo, todos os dias saiam na janela para ver o pôr do Sol juntos. Kevin, apesar de novo, não enxergava muito bem de longe. Só tinha certeza de que a garota era loira, até ver sua foto no celular. Seu coração se apaixonou instantaneamente. Acreditou piamente que era a coisa mais linda que já vira na vida (e isso incluía o por do Sol e a aurora boreal que vira com seus pais no inverno rigoroso da Noruega, mas nessa época ainda namorava Vanessa. Preferia não lembrar)
    ***
    Os amigos de Kevin pararam de lhe responder. Rumores de mortes eram frenéticos e ninguém sabia o que de fato acontecia. Foi quando os doentes começavam a chorar sangue e a morte parecia certa.
    Naquela quarta feira as televisões ainda funcionavam e era possível comprar bilhetes da loteria pela internet. A família de Kevin se reuniu, mesmo sem a energia de sempre, e comprou um bilhete. Foi a primeira vez que viram o sorteio ao vivo.
    Em meio a toda aquela loucura, eles ganharam 46 milhões na loteria daquele dia, que seriam muito bem vindos. Dois dias depois um anúncio informou que a premiação seria suspensa até o final da pandemia. Depois de 4 dias surgiu a notícia de que um cura chegaria até setembro, apenas 5 meses dali. Um fio de esperança, embora não se soubesse toda a extensão daquela doença, sabia que ela começara a matar rápido.
    Muito fugiram das grandes cidades, entretanto a maioria ficou. Mortos surgiram jogados nas ruas e ninguém saia de casa para retirá-los. A calamidade era total. Os mercados foram fechados e começaram a ser saqueados. A família de Kevin conseguiu visitar alguns pela região e estocaram comida para pelo menos 7 meses, então, pararam de sair. Todos pararam de sair de suas casas, era perigoso demais.
    A última notícia que a televisão transmitiu era de que já havia mais de 5 milhões de mortos ao redor do mundo e 10 milhões de infectados confirmados. Não tinham ideia da dimensão de doentes com sintomas iniciais, aqueles parecidos com uma gripe comum.
    Ariel estava preocupada. Seu pai jazia doente e se trancara no quarto, não queria contato com ninguém, e sua mãe lhe levava comida receosa com o que poderia ver lá dentro. Ambas sabiam que ele não duraria até uma cura aparecer e que seu estoque de mantimentos não era tão grande.
    Mesmo de longe Kevin sentia a tristeza de seu novo amor. E tentava consolá-la por telefone sempre que podia. Até as linhas serem cortadas. A internet não existia mais, a telecomunicação não existia mais. O cenário era cada vez mais nebuloso, contudo, faltava pouco para a cura chegar e tudo ficaria bem. Kevin tinha comida o suficiente e, assim que possível, pediria para Ariel ir para sua casa com seus pais (provavelmente só com a mãe).
    ***
    Sem telefone, os gritos pela janela voltaram. Era a única forma que tinham para se comunicar.
    - Como você está amor?
    - Estou bem. Acho que meu pai não vai sobreviver muito mais tempo. – falar aquilo gritando causou um peso maior do que Ariel poderia suportar. Começou a chorar. – Eu não quero perder meu pai!
    - Queria poder ir ai te abraçar querida. Sinto muito por tudo o que está acontecendo, queria que tudo fosse diferente... mas... - esse “mas” saiu baixo, Ariel não ouviu, contudo viu a expressão de tristeza no rosto de seu amor.
    - O que aconteceu?
    - Meu pai também está doente. E acho que minha mãe está da mesma forma. Eles estão comendo bem menos e não saem do quarto. Pedem para não entrar, só que preciso levar comida para eles. Eles vão morrer logo, eu sei disso.
    - Sinto muito. Nada disso deveria acontecer.
    - Sim. E sabe o mais incrível? Somos milionários, mas o dinheiro não virá nunca. Acho que mesmo se tivéssemos ganho antes não teríamos muito o que fazer com ele. E talvez eu não tivesse te conhecido... – Ele parou um pouco refletindo, então respirou fundo e preparou o próximo grito - Você valeu muito mais do que aqueles 46 milhões.
    - Eu te amo, Kevin – ela gritou a plenos pulmões com o rosto brilhando por suas lágrimas refletindo a luz do Sol.
    - Também te amo, Ariel. Não existe outra pessoa que eu gostaria de passar esses momentos que não fosse você.
    No fundo, eles sabiam que não sobrara ninguém para ouvir sua conversa. Ninguém mais saia nas janelas. As tosses que Kevin ouvia nos corredores de seu prédio cessaram. As pessoas morreram trancadas em casa. Ele não sabia como não havia sido infectado, muito embora seus pais que saíssem na rua, nunca deixou de abraça-los. E, em breve, estariam mortos.
    ***
    - Estou com fome Kevin... A comida acabou aqui tem 4 dias. Meus pais morreram, tive que coloca-los no quarto e cobri-los. Sinto-me horrível.
    - Queria que tivesse alguma forma de lhe mandar comida. Ainda tenho bastante. E sem meus pais, tenho muito mais do que preciso, pelo menos até a cura. Os cientistas disseram que chegaria em setembro, falta apenas um mês! Temos que aguentar e poderei finalmente te abraçar, meu amor.
    - Você é a coisa mais perfeita que encontrei na minha vida – diz Ariel enxugando as lágrimas. – Vamos tentar sim.
    - Vamos conseguir!
    Em seu apartamento, Kevin procurou alguma linha, corda ou qualquer coisa que pudesse jogar até a janela de Ariel para lhe dar comida. Nada tinha a distância certa. Pensou em amarrar roupas, mas não teria força o suficiente para lançar até lá. Conseguiu um fio frágil de nylon, achou que não aguentaria o peso da comida. Decidiu arriscar. Amarrou o fio em um avião de papel e arremessou em direção à janela de Ariel. Treinou a infância inteira aquele arremesso e acertou de primeira.
    - Eu não acredito! Vai dar certo! – Exclamou Ariel pulando e sorrindo. – Vou amarrar aqui.
    Com muito cuidado, Kevin colocou um pacote de macarrão instantâneo no fio e fez deslizar até Ariel. Ela conseguiu pegar. Quase não se controlou, abriu o pacote e já ia dar uma bocada, quando olhou para Kevin rindo.
    - Esquenta isso ai, sua louca! – Kevin não conseguiu segurar a gargalhada.
    Ela riu, mandou um beijinho para ele, agradeceu a comida e sumiu da janela.
    Quase uma semana se passou e Kevin não arriscava enviar nada mais pesado do que um pacote de macarrão instantâneo para Ariel, mas era visível sua condição física debilitada. Ela estava subnutrida e não viveria muito comendo apenas aquela porcaria. Então ele conseguiu colocar um cabide no fio de náilon e grudou uma lata de atum com fita crepe na base do cabide. Era a esperança que tinha para ajudá-la.
    O cabide deslizou vagarosamente. O peso fez com que parasse na metade do caminho. Kevin colocou os pés no parapeito e ficou de pé para dar uma altura maior à sua ponta do fio. A lata começou a se mover, alguns centímetros vagarosos, então o fio não aguentou e se desfez.
    Foi possível ouvir o coração de Ariel partindo da janela de Kevin. Sua expressão de felicidade mudou rapidamente para tristeza e logo desespero. Ela colocou as mãos no rosto, se apoiou no parapeito e chorou.
    - Calma amor, por favor. Vou conseguiu outra coisa. Vou arrumar outra solução.
    - Tudo bem, amor. – disse Ariel sem emoção alguma.
    Então sumiu na janela. Kevin não a viu por dois dias.
    Nesse meio tempo procurou outras alternativas. Não encontrou nenhuma, nada que alcançasse a janela do outro lado da rua. 50 metros para salvar a vida daquela garota, que significava todo o seu mundo e ele não conseguia. Foi então, que Ariel apareceu na janela novamente.
    - Eu te amo, Kevin, nunca esqueça disso. Mesmo sem nunca termos diminuído a distância entre nós, nunca termos nos tocado, nunca termos nos beijado, eu te amo! Você é a pessoa mais incrível que já conheci em toda a minha vida e de todo o meu coração eu queria ter te conhecido em outras circunstâncias. – Ela chorava copiosamente – Mas... eu.... – a voz falhou. Ela não conseguia tirar do peito o que precisava dizer – eu... não... EU NÃO AGUENTO MAIS!! DESCULPE!!
    Ela levantou o braço, ele viu uma pequena marca e em sua mão havia uma pistola negra.
    - Não! PELO AMOR DE DEUS NÃO!
    Era tarde demais. Ele viu um clarão, aquele barulho alto e, então, o corpo de Ariel pendeu para a esquerda e sumiu da visão que Kevin tinha por aquela janela.
    ***
    Um Mês se passara desde a morte dela. Era setembro e nenhum sinal de cura. Mais um mês se passou e outro, logo, era perto do natal. Pensou na família que se fora. Pensou no amor que se fora. Ela não vai voltar. Seus pais não vão voltar. Ninguém vai voltar, estão todos mortos.
    Foi ao quarto dos pais. Com muito cuidado para não perturbar os mortos que ele carinhosamente havia postado na cama de casal, juntos, embaixo do cobertor para não ver mais aquela cena hedionda de como morreram. Abriu o cofre escondido no armário, sabia a combinação de cor, afinal, ele que escolheu, e pegou a arma que os pais deixavam ali dentro. Guardou-a na parte da frente da calça.
    Saiu do apartamento e desceu pelas escadas. O silêncio daquelas escadarias era ensurdecedor, sentiu vontade de chorar, mas não o fez. Que bem lhe faria chorar sozinho em uma escadaria escura? Seguiu seu caminho até chegar ao térreo.
    (Todos mortos. O que posso fazer?)
    Ali tinha uma cadeira onde sentou. Pôde ver, através das duas portas: a primeira era uma estrutura de metal resistente, mas os vidros foram quebrados; a segunda era um portão de aço, que foram barradas com tudo que pudesse fazer peso, como geladeiras, freezers, sofás, tudo que conseguiram usar para que a porta não cedesse com aqueles mortos que andavam lá fora. Ele nunca soube quando essas pessoas voltariam da cova e havia mais de um milhão naquela rua, essa era sua estimativa desde que o fio de esperança de Ariel arrebentou derrubando sua lata de atum. Porém, havia meses que eles estavam ali e não iam embora.
    (Todos estão mortos. E os mortos estão vivos..)
    Aquela rua completamente tomada por aqueles que voltaram de suas tumbas. Imaginou que fossem partir dali antes de sua comida acabar ou que alguém viria ajudar. Ninguém veio ajudar e sua comida acabou, mesmo assim eles estão lá, balançando lentamente de um lado para o outro sem se mover e com aquele gemido baixo.
    Devem estar todos assim, todos mortos, pelo mundo inteiro. Lembrou do dia que seu pai voltou com uma mordida no braço, como ele devorou o pescoço de sua mãe e como teve que abater os dois com um pedaço de pau. Nunca imaginou que fosse capaz de fazer aquilo.
    Lembrou do amor da janela da frente, o amor que nunca beijou, que nunca tocou, da marca em seu braço com a pistola, provavelmente uma mordida que recebeu de seu pai voltando dos mortos. Ele tinha lhe dito para esmagar a cabeça deles antes que voltassem à vida. Ela provavelmente achou que a porta do quarto iria segurá-los. Lembrou do clarão do tiro que lhe atravessou a cabeça e daqueles dois cadáveres grisalhos que invadiram seu quarto e a devoraram. Então abaixou a cabeça e chorou, em silêncio, no meio do som do murmúrio dos mortos.
    Não sabia quando ou como os mortos voltaram. Mas tinha certeza de que agora o mundo era deles.
    Pegou a arma e encostou em sua têmpora direita. Respirou fundo (adeus) e atirou.
  • Amor e Morte - Cap. 2

    Amor e Morte - Cap. 2
    Anteriormente: Jacqueline e Juliano se conhecem. Clarisse e Gilberto se encontram numa feira. Confira os destaques de hoje.
    Juliano e Jacqueline marcam um encontro. Em casa, Carlos sai para ir ao supermercado e Jacqueline Clarisse, como estão a sós, conversam.
       Não sabe o que eu tenho que te contar - Diz Jacqueline e Clarisse ao mesmo tempo.
       Jacqueline: O que é?
       Clarisse: Primeiro eu; Eu conheci um homem; Gostoso e lindo!;
       Jacqueline: Mentira? Sério? Hoje eu conheci um rapaz na faculdade; O nome dele é.... Juliano; Lindo e gostoso!;
       Clarisse: E ai?
       Jacqueline: A gente marcou um encontro!
       Clarisse: O nome do meu eu não sei; Mas ele é lindo, ele é!;
       Jacqueline: Hum....
    Juliano discute com sua mãe, Maria. Mas Eugênio o defende.
       Maria: Esse muleque só sabe namorar! Ele fica com uma, depois outra! Foca nos estudos!
       Eugênio: Deixa ele. O importante é ele estudar!
       Maria: EUGÊNIO!
       Eugênio: MARIA!
    Gilberto chega na sua casa. Carolina está sentada no sofá chorando.
       Gilberto: Carol... O que houve?
       Carolina: Nossa briga de hoje! Estou triste!
       Gilberto: Calma! Vai se deitar! Relaxa!
    Gilberto leva a esposa para o quarto. Lá essa se deita e dorme.
    Dia seguinte. Gilberto vai até a feira comprar verduras. Clarisse vai todas as manhãs para comprar legumes e verduras. Gilberto com a esperança de encontra-la, caminha pela feira. Compra as verduras e vê... de novo Clarisse passeando. Eles se olham levemente. Gilberto vai até a barraca onde ela está e dá um "Oi!". Eles se olham. Clarisse anda e Gilberto a chama.
       Gilberto: Olá!
       Clarisse: Tudo bem?
       Gilberto: Te vejo todos os dias passear...
       Clarisse: Eu não passeio... Eu venho comprar verduras; legumes;
       Gilberto: O fato é que, eu te vejo. Você é linda. Mais que demais.
       Clarisse: Ai obrigada!
       Gilberto: Olha... Esse é o meu número...
       Clarisse: Rsrsrsrs
       Gilberto: O que foi?
       Clarisse: O que você quer?
       Gilberto: Te conhecer...
       Clarisse: Tem uma caneta?
       Gilberto: Sim. Tenho.
       Clarisse: Esse é o meu número! E tome seu cartão! Está com o meu número!
       Gilberto: Rsrsr você é doce!
       Clarisse: Obrigada!
    Gilberto e Clarisse continuam se falando. Eles se dirigem até o banco da praça ao lado e batem muito papo! Clarisse chega em casa e Carlos pergunta:
       Carlos: Posso saber por que demorou?
       Clarisse: Estava conversando com a dona Regina, lá banca dela. Muito doce ela né?
       Carlos: Ah sim.
    Dias se passam e Clarisse e Gilberto estão intimos, um do outro. Falam sobre a vida amorosa de cada. Se amam, por dentro. Mas por fora, nenhum diz sobre os seus sentimentos. Eles marcam de se encontrar no dia seguinte. Dia seguinte: Carlos, na tarde do dia, diz para Clarisse que fazer "bicos" de mecânico, com seu amigo José. Ela aceita e claro! É a oportunidade que a vida lhe deu para se encontrar com Gilberto. Ela se arruma toda, sente-se plena.
    Continua... E no próximo capitulo. Gilberto é assasinado.
  • Ando lendo muitos livros ultimamente

    Uma árvore pega fogo
    E
    Dois párias se matam em um bar enquanto eu leio um livro
    Nada acontece pelas próximas duas páginas
    Mesmo assim me convenço que não é a aposta que torna a vida suportável
    Um gato é atropelado
    E vento solar atinge o polo norte criando uma aurora boreal
    Nada acontece na próxima página
    Mudo a posição das pernas, é tudo que eu faço
    Agora estão esticadas


    As pessoas caminham e tentam não pisar nas minhas pernas
    Enquanto isso uma mãe golfinho dá à luz pela primeira vez
    E algum artista cria uma música lendária que nunca será gravada
    Estamos perto de descobrir quem é o assassino
    Viro mais uma página
    O sinal bate
    Mais uma geleira se parte formando um iceberg
    O livro acaba
    Olho para o teto e penso
    Que seres ridículos nós somos
    Um velho morre na Pensilvânia
    Fecho os olhos e seguro um grito de agonia.
     
  • anestésico é sair do dilema.

    Vexame, e, sabe, vou dizer:
    O roseiral já me povoou de espinhos, mas,
    bem antes, eu, estava sangrando às avessas,
    larápios de entusiasmo duma figa,
    o lugar é o mesmo,

    esse meu cenário está corrompido aos cães,
    sou caça, sou andante apressado das ruas tristes.
    "Amontoa o meu pesar, sangra o desejo.".
  • Ansiedade

    Com as mãos tremulas, respiração ofegante, batimento acelerados, visão embaçada por conta das lágrimas. Comecei a escrever, a cada palavra escrita a dor diminuía, aquelas palavras eram como um pedido de socorro, que aliviava o que sufocava o peito e matava o coração, o medo cercava e a mente condenava. 
    Eram apenas 03:00 da manhã
    e eu estava morta pro dentro.



  • Ao amado

    Queria me encontrar nos braços do meu amado.
    Me embriagar com o cheiro do teu perfume amadeirado,
    Sentir o teu corpo,
    Me esquentando e protegendo do frio.
    Proporcionando ao meu corpo sensações de amor,
    Que nenhum encontro qualquer consegue causar.
    Ter o teu afeto junto aos teus beijos firmes em minha pele,
    Até chegar em minha boca.
    E em minha cama,
    Num ritmo frenético até que ambos alcance o gozo.
    E ainda aos beijos deitados lado a lado,
    trocando carinho e amor por quem se respeita.
    O quarto calmo, a meia luz,
    E eu adormecendo em seu peito,
    Enquanto sua mão toca com carinho meu cabelo cacheado,
    E sua boca sussurando que me ama

    Queria me encontrar nos braços do meu amado,
    Mas ele prefere não ser amado por mim.
    E acabo me embriagando com outros cheiros, sentindo outros beijos,
    Preenchendo de forma superficial o vazio que ele deixou em mim.
  • Apenas Um Garoto

    Em 1994, numa cidade do interior de São Paulo, nasceu um pequeno garoto. Coitado… Desde pequeno já vivia à sombra do tormento que seria sua vida. Logo ao ganhar parte nesse mundo já virara um problema. Seus pais, jovens, 19 anos, o tiveram contra sua vontade, deixaram suas vidas e sonhos de lado por causa dele. O tempo passou, e assim como o tempo, a inocência do garoto foi embora. Com apenas 5 anos ele já sabia que não merecia viver. Já escutava ocasionalmente seus pais brigando e reclamando dele, chamando-o de problema, dizendo que deveria ter sido abortado, mas o garoto nunca abriu a boca pra falar sobre o que escutara em casa. O tempo continuou passando, ele agora tinha 11 anos, e continuava pensando que não merecia viver. Esse garoto, mesmo com todo esse sofrimento, sempre foi muito bom em disfarçar. Ninguém imaginava o que se passava na cabeça dessa criança. Medos, desilusões, depressão, tristeza, amargura. Tudo isso era dele, e apenas dele, pois nem amigos o mesmo tinha capacidade de ter. Um dia ele conheceu um outro garoto, aparentemente feliz. Ele tentou evitar esse garoto, mas não conseguiu, e de alguma forma ganhou seu primeiro amigo nesse momento. O tempo, maldito tempo, continuou passando e apenas estragando o protagonista dessa história. Esse amigo que ele conheceu, seu único amigo, faleceu aos 17 anos. Durante 6 anos esse garoto sentia que merecia viver, sentia que tinha alguém que se importava, mas esse alguém foi removido brutalmente de sua vida. Desse dia em diante o garoto concluiu “Não tenho direito de viver. Não tenho o direito de ter um laço de amizade sequer.” e passou a evitar tudo e todos. Ele viveu sozinho por alguns anos, teve algumas novas amizades e namoro, mas todos, sem exceção, foram decepções. 2015 chegou. Faculdade, carro, dinheiro. A vida desse garoto começou a mudar. Ele novamente fez laços de amizades e está namorando há quatro meses. Esse garoto já está estragando seu namoro, já está se calejando para caso tudo venha a ocorrer de novo e ele seja jogado sozinho na vida, como merece ser jogado. Alguém, por favor, ajude esse garoto. Alguém, por favor, me ajude…
  • Apenas um sonho

    Descobri meu refúgio em você
    Vivemos o melhor que a vida tem,juntos
    Contra todos,vencemos
    Mas,onde você foi?

    Sinto que não posso te encontrar
    E a solidão aumenta a cada segundo
    Lembro de cada sorriso seu
    Não pode ter ido embora

    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar
    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar

    Nosso amor não se perdeu
    Quero cada segundo da minha vida com você
    Só te encontro nos retratos
    A sua espera a toda hora

    Minha vida virou uma escuridão
    Talvez ainda exista no meu sonhos os seus sorrisos
    Não posso ter te perdido

    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar
    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar
  • Apogeu

    Somos todos compostos de rachaduras,
    Profundas, permeáveis, constantes. 
    Somos a chegada em outubro, a despedida em fevereiro,
    Sem avisos, mediações, atos. 
    Somos a estrutura remanescente que se despedaça, corrói e despenca. 
    Somos auditórios vazios e assombrados por fantasmas,
    Melancólicos, cansados, voláteis. 
    Talvez eu só saiba escrever poemas em guardanapos e você talvez só saiba ler eles quando colados na sua geladeira. 
    Entregas, intensidades e fios que escorrem dos dedos. 
    Eu prendi a linha em meu mindinho, mas não cobrei a responsabilidade de tu fazer o mesmo. Seria desumano, seria desleal,
    Do mesmo modo que os nós emaranhados se acumulavam no teu peito "desprendido, desconstruído". Todos somos resumidos por traumas, passado, expectativa,
    O ato não feito, o olhar dolorido, a palavra não dita.
    (Minha intuição é boa, mas eu deveria praticar mais a telepatia)
    Somos as paranóias que mantemos debaixo da cama,
    O sentimento engolido, a acidez que mata as borboletas no estômago. 
    Somos os ventos frios, o gosto do novo que se torna rotina, a presença inusitada no dia agitado, o Sol aquarelando as nuvens. 
    Do meu olho para o teu. 
    Onde quer que esteja. 
    Somos o verão,
    Quente, laranja, de planetas de fogo. 
    Mas também somos o inverno,
    Frio, distantes, de montanhas esquecidas. 
    Há mais alguns guardanapos abaixo de meus dedos. Não vão ser deixados em tua geladeira e muito menos em teu balcão. 
    Não naquele onde jogou tuas migalhas esperando que preenchessem minha caixa torácica. 
    Elas não eram nem suficientes para meu estômago. 
    Desejo bons batimentos cardíacos à você! 
    Somos feitos da mesma matéria, 
    Física, emocional, etérica. 
    Somos feitos das manifestações que em nosso corpo permitimos. 
    Permitir, permitir-se, além das dobras moleculares, do lógico, do controle que escapa dos teus dedos. 
    Somos feitos de quantas vezes morremos por algo, 
    Renascemos por direito de sentir,
    Na pele, no sangue, na alma. 
    Talvez sejamos feitos de medo,
    De tentar, romper, permanecer. 
    Recolho meus poemas, fecho as janelas, tranco a porta. 
    Tu me encarando na escada. 
    Não sou mais o que eu era,
    Apresente-se novamente.
  • Aquela que não sabe amar

    Como você se sente em um relacionamento?Amar é normal certo? Então por que? Por que não me sinto confortável em uma vida onde devo corresponder a outra pessoa? desde muito cedo pude perceber que sou meio estranha, pequenos detalhes que se transformam em grandes coisas, não gosto de que algo ou alguém pareça importar pra mim, não gosto da sensação que isso me causa, não gosto de parecer que mudei por outra pessoa, não gosto de como outras pessoas olham e falam sobre isso, não gosto de ter outras pessoas interferindo em minha vida, não aguento não poder fazer o que quero por compromisso social, do mal estar que isso dá, da vontade de que acabe logo, do desejo de que nem comece; as horas de prazer são boas, mas estão se tornando cada vez mais pesadas, o sentimento de não corresponder a expectativas,  a decepção; O sentimento da liberdade é saboroso, mas não sei se vale a pena; Odeio a insistência, odeio não ser ouvida, também não gosto da minha personalidade e do meu jeito de falar, mas isso são outros detalhes, me amo e me odeio, antíteses de um ser. A culpa também vem incluída, o sentimento que não passa; A imagem do casal é interessante, gosto de imaginar o que os outros pensam enquanto por mim passam, superioridade, narcisismo, tenho todos também, leonina, como dizem... Procuro alguns motivos pra fugir, é difícil desgostar de alguém querido, ele é bem assim, fácil de se gostar, estranho não? Quero chorar, não por motivo, isso nunca precisei, esse sentimento estranho que nunca saiu nem me incomodei em expulsar já é residente, ele sempre deixa um lembrete de tempos em tempos; Não consigo dizer Eu te amo, também não gosto de escuta-lo, isso cria algo muito forte pra mim, muito profundo que me incomoda, não sei se é correspondido, mas já disse, o disse mas sinto que por obrigação, parecia uma boa hora pra se dizer, sabe, será que por este texto a culpa, minha residente mais assídua também aparecerá? aparecerá pra tentar amenizar as coisas que penso sentir com coisas que me fará pensar? Talvez seja por que ele é uma boa pessoa, uma pessoa de verdade, talvez não queira imaginar que isso tudo não seja tão bom pra mim quanto é pra ele, que eu não o ame tanto como ele me ama... Colocando em palavras parece idiotice, em meu ver o amor é um sentimento muito abstrato, talvez por que nunca o senti com tanta força que doesse, talvez assim eu descubra como é, talvez um dia eu aprenda a amar. 

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