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Pudim de pinga

Após o retrós,
é a andada que revela
perna desobediente
em percurso
de viradela e corcovo
a dar com o pau
que a calçada está viva,
é o ovo cozido e quente
metido na boca
que inferna voz e discurso,
o bafo do pinguço
é de marafo
e alvoroto estomacal,
de quando em quando,
soluço e arroto,
e não é pouca a saliva,
dá pra domar
incêndio em favela
sem pensar no dispêndio
que do rescaldo
o saldo dá conta,
e há sujeito
que sem alça
ninguém carrega,
há o durão
que não se rende,
renega o porre
e morre renegando,
mas,
quando mija,
mija na calça ou no pé,
há até quem exija
respeito e consideração,
é claro que é dedução,
meu caro,
que não se entende
o que ele fala,
há o que vira garanhão
e o que desvira,
há o machão e aspa-torta,
o que diz palavrão
de dedo em riste,
o sem medo de ser feliz,
o que entorna
e maldiz sua caspa
e se torna triste e se cala
e necessita de porta-voz,
há o que vomita
e dormita caído no chão,
há o submisso
e o inconformado,
o endinheirado e o teso,
o graúdo e pesado
e o esquelético,
sem peso e miúdo,
há o ético contumaz
e o que se compraz
de não ter prurido,
há o poético e o prosaico,
o arcaico e o avançado,
o escancarado e o hermético,
há o que culpa
o dinheiro escasso
e o que inculpa o excesso,
e é assim
com o sucesso e o fracasso,
há o biriteiro assumido,
o que esbraveja
ao ser chamado de cachaceiro
e o que pragueja
contra o legado genético,
e o mais patético de todos,
o eclético
que é um pouco disso tudo
e faz um pouco de tudo isso,
por fim,
de todos os apodos
o apelido que está
na ponta da língua
de todos nós:
pudim de pinga;
e o mais curioso,
quando um bebum
fica furioso
com outro bebum,
aponta pro outro
e se vinga
chamando o outro de pudim!,
enfim,
já vi de tudo,
mas,
agora fico por aqui
que tá na hora de molhar o bico!

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Atualizado em: Qui 27 Mar 2008

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