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Me deixe só

Eu gostava tanto da vida antiga, sabe? A maneira com que as pessoas abraçavam-se e olhavam uma para as outras, sem más intenções, apenas com o carinho necessário para que nos fosse possível seguir adiante. Contudo, a vida muda (evolui?) e devemos mudar com ela. Em frente, sempre avante, por todos os caminhos tortuosos e defeituosos com que possamos nos deparar.

Chove lá fora e eu aqui dentro, segurando meu peito (e meu coração) para que não fuja de mim. Por favor, não vá, não desista de tudo aquilo pelo que passamos. E passamos. Andamos. Paramos.

A chuva bate no telhado, o silêncio lá fora (e dentro de mim) se mantém. Gostaria de poder dizer que aqueles olhares se mantiveram, mas tudo seria uma mera ilusão em que eu me deitaria e me deleitaria.

Amo-te (amo-te?). Não quero mais ter que segurar as intenções dos outros nos ombros e seguir com o traje, como se fosse meu. Não quero ser o ultraje de ninguém. Não quero ser a praxe, medo ou sentimentalismo.

Quero-me dentro de mim mesma. A sós? Junto, conjunto, completo. Tudo ou nada. Obrigo-me a pensar que o lá fora vem de dentro, por mim (de mim).

Desisto, por fim, daquele fulgor de coisas que me levanta, me estende e me acaba. Quero sol. Lágrimas. Quero ventania em mim. Em nós.

Então, por favor, não me deixe só, me deixe comigo, a sós.   
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Atualizado em: Sex 17 Jul 2015

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