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E as ruínas do mundo vivem intensamente

Quilômetros de terrível engano.
Gota passeia ligeira pela têmpora.
Braços amarelos enfileirados levantam e abaixam. Pedágio acena-me
ali adiante.
Funil de asfalto.
Quênia desaba enquanto procuram caixas-pretas
que viraram celebridades funestas espalhadas 
pelo pacífico sul & o “Fogo atingiu 26 casas na Austrália” durante
a hora do rush no fuso da rainha.

Encontro uma parada bacana.
Simca Chambord posa denodado para smartphones à luz do dia.
Ebola se espalha por toda a terra que permanece sob as nuvens,
a sexta praga do Egito, libera eles, Faraó!
Santorini nos mostrou não foi? Então é isso, não adianta se esconder,
o granizo vem crestar com raios divinos brancaluz cegando até montanhas 
e qual ser humano olhará para outro vivo então
pra lhe ser rebarbativo é a pergunta.
Doce chilrear da máquina de sucos.
Torradas & café. 
Tímida fumaça branca ascende lenta em valsa emudecida de entreato.  
Sanseviérias e o bem-te-vi conversam ao lado de lá.
Dobra diagonal no guardanapo liso.

As ações despencaram, o navio tombou e cidades estão debaixo d’água novamente.
Caminhoneiro alto apoiado no balcão emborca cerveja de copo suado.
Barriga espremida pela camisa de superbotões.
Pergunto sobre a cidade da batata e ele conhece – claro que conhece.
Aponta com o copo
e alerta sobre atalho perigoso.
Última olhada pela lanchonete. A vida continua existindo por ali
também.

Fecharam a estrada para os vizinhos
quando Alá não estava olhando e as areias sabem de tudo.
Líder talibã está valendo cem mil dólares e a tartaruga encalhou no Piauí
enquanto o ‘Beijo da mosca em flor’ vencia concurso de fotografias. 
Aplausos para aqueles que levantam de suas cadeiras
mesmo assim. 
Aplausos para as cadeiras.
E o novo faraó de grife morre de overdose
em seu tapete seiscentos metros acima de uma sarjeta
em Dubai.
Passo pelas quinquilharias e oitenta moedas por um cofrinho suíno é muita coisa. 

Chave no contato,
pés nos pedais,
andorinhas voltam,
estrada ondula derretida sob meus pneus 
e agora não paro mais, quero sossego – não quero as batatas – e um pouco de sombra, 
não porque mereço. Tão-somente montaria
em meu camelo verdelilás diabólico alado de ácido e mergulharia
no primeiro vulcão que encontrasse. Formidável é o vento
batendo no rosto – a sensação que dá. 
Liquefazer-se salvadordalístico em tela de magma.

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Atualizado em: Qui 20 Abr 2017

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