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REMISSÃO

Podem me chamar de tolo, mas acredito em redenção.
Acredito que por mais erros que se cometa, a imagem refletida no espelho dirá sem palavras: Já chega. É hora de parar, se ajoelhar e pedir perdão.
Assim como não pode ser noite para sempre. Assim como a tempestade não pode durar ao infinito. O mal interior não pode reinar indefinidamente.
Em determinado momento a alma gritará e implorará por amor e misericórdia, pois os desejos da carne não mais saciarão, o prazer dos sentidos não mais bastarão e os lugares ocultos estarão iluminados.
Neste momento, quando o ser ansiar por liberdade, sua luz, outrora encoberta, brilhará e proporcionará um novo despertar.
Em algum momento, este dia chegará.
Há séculos lutando pela minha existência, não só carnal, mas ideológica. Há tempos juntando seguidores e me equivocando nas escolhas. Há eras errando pelo mundo com um propósito ilusório: conquista e dominação. Subjugação da espécie que passei a odiar e perseguir. Tudo por não ter coragem de admitir que o maior erro que cometi foi justamente o de escolher não mais fazer parte dela.
Acredite-me, o ser humano tem uma beleza infinita. Com sua falibilidade, fragilidade e ignorância.
Escreveram no livro negro que o conhecimento é vaidade e realmente assim é. E viver por longo tempo é uma maldição.
Estou enfadado de mim mesmo, do que me tornei, das vidas que tirei em nome de uma vingança que só refletia a minha crueldade e que me permitiu extravasá-la.
Já me acusaram de ter parte com o maligno, com cultos diabólicos, mas a única malignidade com a qual entrei em contato foi a minha própria.
Lutei em nome da cruz, empalei em nome do meu país, mas no fundo era por mim mesmo. E agora estou cansado. Simplesmente cansado demais para continuar.
Vou sentar no alto da montanha e esperar o sol chegar.
Sei que a minha luz aflorará algum dia, mas não suportarei esperar mais um século para que isto aconteça.
Vou esperar pelo sol. Assim quem sabe, ao queimar minha carne, ele não reacenda minha alma.
E enfim terei um designação mais amena em minha lápide: AQUI ESTÁ VLAD, aquele que o fogo reviveu.
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Atualizado em: Dom 22 Jan 2017

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