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O CONVIDADO DESASTRADO
É a versão da minha mãe com um velho lenço na cabeça, bem mais idosa e remoendo o passado um tanto engraçado, disse: conduziu-me no colo parte do caminho em direção a um casamento na roça, após ter adormecido. De longe, os lampiões acesos e o som da sanfona indicavam que a festa parecia animada. Ao chegar, sem encontrar um espaço para que eu continuasse dormindo, carinhosamente me deitou sobre a cama dos recém-casados.
No alto da festa, o casal sem dar conhecimentos aos convidados, resolveu antecipar a lua de mel. Entrou no quarto no momento que comecei a abrir os olhos. Notei que o ambiente tornava-se mais escuro na proporção em que a porta ia sendo fechada, empurrando a luz que vinha de lá de fora. Calei no instante em que fui despejado ao chão juntos com as caixas de presentes que cobriam a cama. Pensei em gritar, mas a pancada violenta que recebi me fez mudo por alguns instantes. Logo, tudo começou a estremecer. Sentir que o mundo estivesse desabando sobre minha cabeça. Assim que pude, soltei o grito que estava entalado na minha garganta. Após meu berro, na curta pausa do silencio, ouvir do lado fora alguém a dizer: "Misericórdia! O trem lá dentro ta é bão"!
O casal desesperado ao perceber que mais alguém estava no quarto, no escuro apalpava os móveis em busca do candeeiro para ser aceso. Foi a oportunidade que tive de abrir a porta e escapar por baixo das pernas dos convidados, deixando para trás a cortina aberta para o show inesperado da noite. O sanfoneiro parou, a dança parou - todos mudos e perplexos não desviaram os olhos da porta do quarto até que ela fosse fechada com violência. O casal manteve trancado até o final da festa, mas certamente, a lua de mel tão desejada não aconteceu naquela noite e quando aconteceu, se aconteceu, minhas orelhas ainda ardiam: continuou a dizer minha mãe que havia arrependido do castigo a mim aplicado na época, por ter desvendado por acidente um casamento de lésbicas naquela ocasião.
No alto da festa, o casal sem dar conhecimentos aos convidados, resolveu antecipar a lua de mel. Entrou no quarto no momento que comecei a abrir os olhos. Notei que o ambiente tornava-se mais escuro na proporção em que a porta ia sendo fechada, empurrando a luz que vinha de lá de fora. Calei no instante em que fui despejado ao chão juntos com as caixas de presentes que cobriam a cama. Pensei em gritar, mas a pancada violenta que recebi me fez mudo por alguns instantes. Logo, tudo começou a estremecer. Sentir que o mundo estivesse desabando sobre minha cabeça. Assim que pude, soltei o grito que estava entalado na minha garganta. Após meu berro, na curta pausa do silencio, ouvir do lado fora alguém a dizer: "Misericórdia! O trem lá dentro ta é bão"!
O casal desesperado ao perceber que mais alguém estava no quarto, no escuro apalpava os móveis em busca do candeeiro para ser aceso. Foi a oportunidade que tive de abrir a porta e escapar por baixo das pernas dos convidados, deixando para trás a cortina aberta para o show inesperado da noite. O sanfoneiro parou, a dança parou - todos mudos e perplexos não desviaram os olhos da porta do quarto até que ela fosse fechada com violência. O casal manteve trancado até o final da festa, mas certamente, a lua de mel tão desejada não aconteceu naquela noite e quando aconteceu, se aconteceu, minhas orelhas ainda ardiam: continuou a dizer minha mãe que havia arrependido do castigo a mim aplicado na época, por ter desvendado por acidente um casamento de lésbicas naquela ocasião.
Atualizado em: Sáb 14 Fev 2009
Comentários
Você vai longe e nem precisa ser carregado.
Você vai longe e nem precisa ser carregado.
Rachei o bico de tanto rir... adorei!
Bem escrito... hiláriooooooo!!
concordo , sexualidade é questão de escolha, infelismente o preconceito aisna existe, porém em escala gradativa. Estes dias assisti na Tv Senado uma reportagem, que já está incluso no próximo censo, o grupo de famailia do mesmo sexo, achei bem interessante.
:love: :love: :love: :love: no core!
Rachei o bico de tanto rir... adorei!
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