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Democracy Now! A coluna semanal de Amy Goodman traduzida para o português

Democracy Now! Acoluna semanal de Amy Goodman traduzida para o portuguêsO único caso de Guantanamo que será julgado em Nova York

11 de abril de 2011, de Nova York, Amy GoodmanNo mesmo dia em que o Presidente Obama lançou oficialmente sua campanha para reeleição, o procurador-geral de seu governo, Eric Holder, anunciou que o julgamento dos principais suspeitos dos ataques de 11 de setembro de 2001 não será realizado em tribunais federais, mas sim diante de polêmicas comissões militares na prisão de Guantánamo, em Cuba. Holder culpou os membros do Congresso, os quais, segundo afirmou, “intervieram e impuseram limitações que impedem ao governo levar a julgamento, nos Estados Unidos, qualquer prisioneiro de Guantánamo.” No entanto, um caso de Guantánamo será julgado em Nova York. Não, não se trata do julgamento de Khalid Sheikh Mohammed, nem de nenhum de seus supostos cúmplices. Nesta semana, serão expostos à Suprema Corte do estado de Nova York os argumentos contra John Leso, um psicólogo acusado de participar de procedimentos de tortura na prisão de Guantánamo, que Obama prometeu fechar, mas não cumpriu.

Leia também o comentário da equipe do portal.

@2010 Amy Goodman Texto en inglês traduzido por Fernanda Gerpe y Democracy Now! en español,spanish@democracynow.orgEsta versão é exclusiva de

Comentário da equipe do portalNão surpreende o estado de exceção dos EUA no que diz respeito à prisão de Guantanamo e o tratamento dedicado aos detentos lá encarcerados. Esta base militar opera como autêntico campo de concentração, onde o Império abusa da condição de única superpotência do mundo contemporâneo. Os prisioneiros lá encarcerados são fruto da Guerra contra o Terror. Desde sempre o nível de operações das forças especiais e dos serviços de inteligência é de tempo completo. No período da Guerra Fria, ambas as partes das forças armadas dos EUA e aliados, assim como dos concorrentes do Bloco Soviético, operaram todo o tempo até a derrocada da chamada Cortina de Ferro. Após o 11 de setembro, ficou escancarada uma guerra sem trégua, nem terreno ou teatro de operações. Esta é a guerra contra as redes integristas, criaturas híbridas da última etapa da Bipolaridade, fortalecidas com as resistências no Iraque e Afeganistão (com mais peso para a última guerra de ocupação). É da regra do Jogo Real da Política compreender que uma instituição não foge à sua natureza mesma. Assim, uma força armada em guerra, pública ou velada, é uma fonte inesgotável de ilegalidade diante das próprias leis de um país. Uma situação de pânico e choque, como o atentado contra as Torres Gêmeas aponta para a anomalia institucional como base de realidade. Importa pouco o que o Pentágono declara e sim o que os burocratas em armas do Império fazem ou escondem. Neste caso vale tudo, até repetir o esquema onde se aplica o horror em escala interna (e reduzida) para elevá-lo ao máximo contra o outro, contra o inimigo. O major John Leso e o coronel Larry James, psicólogos militares, são dois a mais na multidão de operadores da ciência aplicada a serviço da dominação e do exercício da crueldade como forma de aniquilar o inimigo. A “revolução behaviourista” assim como outras “revoluções” científicas foi célebre em recrutar arrivistas e mercenários para todos os fins e meios com o intuito de ganhar pontos tanto dentro de uma instituição indefensável e na carreira da vida. Um Império necessita de gente assim, seja natural ou naturalizada, recrutada de vida inteira ou “virada” no jogo de espionagem. Se a escravidão marcara a formação da sociedade estadunidense, o Projeto Manhattan aumenta a vala comum da abertura de precedentes espúrios para o advento da tecnociência com fins militares (primeiro) e comerciais depois. Passados os anos, os modelos se sofisticaram, tornando-se ainda mais complexos. Guantánamo é uma aberração, é algo tão absurdo quanto imaginarmos uma masmorra pós-moderna. Seus operadores são criminosos de guerra, ainda mais criminosos do que os suicidas que matam inocentes para defender a Umma sob a lei da Sharia e governado por Fatwas. Se a família real saudita é a vergonha dos árabes, Guantánamo é a excrescência o Ocidente.


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Atualizado em: Qua 13 Abr 2011

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